O SERMÃO
Palavras do pastor local ao apresentar o pastor Wertz:
O pastor Wertz é atualmente pastor da Igreja de Hollywood, e
recentemente, ao passar uma temporada em um de nossos hospitais em
tratamento de saúde, teve uma experiência incomum, esclarecedora e
enriquecedora, que tem relatado em várias igrejas. Deste modo, o Pastor
Wertz está conosco esta noite, o que nos dá muito prazer. O Pastor
Wertz, como sabemos, foi secretário da Associação do Sul da
Califórnia, da Igreja Adventista, por alguns anos.
Fala do Pastor Wertz:
Muito obrigado. Trabalhamos juntos, muitos anos no Missionary College,
o que apreciei muito.
A primeira coisa a fazer é me desculpar. Eu deveria ter vindo há
algumas semanas atrás, mas tive algumas coisas a fazer no verão que
nada tinham a ver com esta experiência; mas quero assegurar-lhes que
estou feliz por estar esta noite com vocês. Tive o privilégio de vir
muitas vezes ao New Hall quando era o secretário da Associação, o que
muito me alegrava porque vocês têm aqui muitas pessoas
extraordinárias.
A história que lhes vou contar começou realmente na primavera
passada. Todos os anos, na primavera, eu me submeto a um completo exame
médico e na última vez eu escolhi um dos nossos médicos da Igreja de
Hollywood, Dr. Woodruf, porque ele é um médico competente, e foi por
isso que ele achou em mim algo que não gostou. Eu me sentia bem, não
tinha dores, nenhum sintoma de qualquer doença por vários anos, mas
durante os exames ele encontrou algo que o preocupou um pouco. Eu posso
dizer isso porque se preocupou ele, preocupou a mim também.
Depois do exame eu perguntei: Dr. Derryl, o que está errado? O que
foi que achou?
- Bem, disse ele, não posso fazer muitos comentários agora. Eu
achei uma certa tumefação na próstata, e acho que você deve ir a
outro médico meu amigo, também diplomado na Universidade de Loma
Linda. Ele é especialista nessa área, e quero que o examine.
Assim eu concordei e fui ao Dr. Lee, no Memorial Hospital. Ele fez um
exame completo e mais quatro biópsias. Depois que vieram os resultados,
o Dr. Woodruf achou que havia um processo maligno, ainda pequeno,
estágio inicial. O Dr. Leo recomendou que atacássemos imediatamente;
disse que acreditava num excelente resultado, e que o prognóstico era
excelente naquele momento.
Bem, quando alguém lhe diz uma coisa dessas você começa a pensar
seriamente em coisas que não tinha pensado por muito tempo. Assim, pedi
uma reunião com os anciãos da igreja - e temos dez anciãos
maravilhosos - e lhes contei o que se passava comigo. Disse-lhes o que
eu teria de fazer no verão, e lhes pedi que orassem por mim e me
ungissem. Expliquei o meu problema e eles ficaram preocupados.
Realizamos várias reuniões de oração e depois, os anciãos junto
com alguns Pastores me ungiram, e pus o caso nas mãos de Deus. Falei
com os médicos a respeito do que havíamos feito, e pedi-lhes um prazo.
Apenas queria saber o que Deus me havia reservado. Concordaram em me dar
algum tempo, e acharam que havíamos feito bem. Eu não estava pedindo
um milagre. Os médicos também oraram comigo.
Depois eles concordaram de marcar um dia, e se nada houvesse mudado,
prosseguiríamos no tratamento. Quando chegou o dia, fui examinado
novamente com todo o rigor, e as condições não haviam mudado muito.
Após muita oração, decidiram fazer um implante, uma .técnica nova
que consiste em colocar vários elementos de radiação formando um
círculo em torno da próstata ao invés de extirpá-la. Eles têm
comprovado nos últimos dez anos que esse é talvez o melhor método,
especialmente para esse tipo particular de câncer. Assim, em meados de
julho marquei uma consulta, fui para o hospital e foi realizada a
operação. Assim foi feito, com todos os implantes e a remoção de
todos os nódulos, de modo que não houvesse possibilidade de uma
reincidência. Os núcleos de irradiação foram implantados e ainda
estão comigo, mas sem qualquer perigo para mim ou pessoas próximas de
mim. Não sei exatamente como atuam os núcleos, mas fui também
submetido a outros tipos de radiação durante um mês, para reforçar o
trabalho dos implantes.
Eu não me lembro bem dos primeiros dias após a operação. Sei que
estavam todos lá, minha esposa, meus filhos, enfermeiros, todos
cuidando 24horas por dia para que cada detalhe fosse bem-atendido, até
mesmo com cuidados exagerados, pois afinal era a minha família, e todos
estavam terrivelmente preocupados.
Ao fim do terceiro dia chamei-os todos e disse: "Bem, vocês
aqui tanto tempo sem dormir, por que não vão para casa e tiram uma
noite de descanso, e voltam amanhã? Estou certo de que a crise foi
superada e nada há a temer.
Decidiram fazer assim, e tive então a pior de todas as noites. Não
sei porque, talvez porque todos se foram, não me deram mais nenhum
remédio após as 23 horas. Eu não podia entender.
Não quero que ninguém imagine que o que sucedeu na manhã seguinte
foi devido a algum medicamento que eu tivesse tomado ou deixado de
tomar, ou tomado em excesso. Talvez por isso eu tive uma noite
desagradável, e não dormi. Eu não podia rolar na cama, qualquer
movimento provocava dores, e por isso estava ansioso que chegasse a
manhã. Quem já esteve doente sabe como se sente feliz quando o sol
aparece na janela. De manhã você sabe que a noite acabou. O dia tem
algo que torna as coisas melhores.
Quando o sol chegasse aquela manhã, as enfermeiras já teriam
aparecido para seus deveres de rotina e mandariam que eu relaxasse, pois
o desjejum viria pouco depois. Não tinha meu relógio e não sei a hora
exata, mas enquanto esperava fiquei terrivelmente transtornado. Os
médicos me disseram que isso era normal após uma cirurgia como aquela.
Eu estava desapontado e me fazia todos os tipos de perguntas: - Será
que vou ficar bom? Será que não? De repente achei-me fazendo essas
perguntas e pensei: o que estará errado? A gente é levado a isso, numa
hora dessas.
Então eu orei pedindo que esse mal-estar me abandonasse. Logo depois
senti-me complemente livre daquela opressão. Logo em seguida, enquanto
eu repousava em meu travesseiro, começou a formar-se uma luz nos pés
do meu leito. Inicialmente pensei que aquela luz viesse da janela, pelo
reflexo de alguma coisa. Movi-me na cama de um lado para outro
procurando ver o que era olhando fixamente aquela luz, e então notei
que no centro da luz havia uma forma gloriosa, um ser alto, quase do
teto ao chão. Eu sabia que não podia ser o Espírito Santo, porque
somos ensinados que não podemos vê-lo, nesta era em que vivemos;
então uma voz começou a falar. Nesse momento eu não podia fitar a
luz, que se tornou por demais intensa.
Eu estava tão confiante que continuei a olhar a glória daquele ser.
Eu estava quase cego pela luz, e não posso descrever aquela imagem
gloriosa. Quando sua voz começou a falar eu fiquei atônito. Não era
exatamente uma voz humana; não posso descrevê-la, mas era como um trio
de vozes masculinas falando, não cantando, mas falando; foi o som mais
belo que já ouvi em toda a minha vida!
A primeira coisa dita pelo anjo trouxe uma verdadeira paz ao meu
coração. Disse simplesmente: "Você vai ficar bom." Isso
naturalmente significou muito para mim. Então ele me disse porque
ficaria bom. Ele disse: "Eu quero que você fique bom porque quero
que volte para sua família e sua Igreja e lhes diga certas
coisas."
A primeira coisa que o anjo
disse foi que contasse à minha família, e à minha igreja, que Deus
estará voltando muito, muito em breve. Na verdade, o anjo disse é que
a Segunda vinda de Cristo está mais próxima do que qualquer um de nós
acredita, e muito mais perto do que estamos pregando.
Bem, para um pastor ouvir aquilo... eu fiquei absolutamente atônito.
Isso é o que tenho esperado, isso é o que tenho pregado há anos - que
Jesus logo venha. Ouvir o anjo afirmar que Jesus está vindo, muito mais
próximo do que acreditamos ou pregamos! Então a voz do anjo hesitou um
momento e falou de novo. "Cristo já teria vindo se não fosse por
duas razões." Quando o anjo disse isso, eu me esforcei por ter bem
abertos os meus ouvidos. Em minha mente comecei a imaginar todos os
tipos de coisas que ele diria, estranhos problemas que nos prendem aqui.
Eu esperava que falasse de tudo, talvez, mas não foi o que ouvi.
O anjo disse que a primeira
razão de Cristo não haver voltado ainda é por causa da falta de
compaixão. Falta de compaixão em nossos lares, entre marido e mulher,
entre filhos e pais; falta de compaixão na Igreja entre os membros, e
falta de compaixão na Igreja para com o mundo. O anjo ressaltou
que é muito fácil para nós dirigirmos em auto-estradas, ver milhões
de pessoas em ambos os lados e não nos preocuparmos realmente. Eu tive
de admitir que tenho passado muitas vezes pelas estradas sem pensar nas
pessoas que não estão salvas, sem pensar nas comunidades que
atravessava.
A segunda razão dada pelo
anjo era também simples. A segunda razão dada pelo anjo porque Cristo
não veio ainda é a falta de comprometimento, envolvimento. A
primeira, falta de compaixão, a seguir, falta de comprometimento. Nós
temos a verdade, não temos que esperar por uma nova teologia; é um
equívoco fazê-lo. Nós temos a verdade, e a temos já há bastante
tempo. O problema não é a mensagem. O problema é o nosso
comprometimento com essa verdade. Nós cremos ter a verdade. Nós
cremos, nós aceitamos, mas nós não nos comprometemos em divulgar a
mensagem. O Evangelho de que Cristo está vindo.
Jesus não virá até que
estejamos completamente comprometidos com a divulgação do Evangelho.
Isso deve ser a primeira coisa em nossas vidas. Não faz a menor
diferença a profissão que temos, não faz a menor diferença o quanto
ganhamos. Nosso primeiro dever é levar o Evangelho a todos os lugares,
a cada vizinho, a cada lar, a cada pessoa.
Houve ainda, uma pausa antes de o anjo fazer um novo pronunciamento,
bem antes de se retirar. Foi um pronunciamento muito triste. Eu podia
notar tristeza na voz do anjo. Disse-me algo de início muito doce:
"Pensar que Nosso Senhor já poderia ter vindo, pensar nisso; mas
ainda não..." A voz parou. Tentei virar-me no leito, e depois que
consegui a luz foi diminuindo até desaparecer. Eu percebi o último
lampejo de glória, ao deixar o anjo o meu quarto.
Eu acho que devo fazer uma confissão: Eu não sou mais o mesmo desde
aquela experiência. Eu estava tão grato porque o anjo ama a igreja
bastante para vir e nos dizer que Jesus está pronto para voltar breve,
e nos dizer quais são os nossos verdadeiros problemas: falta de
compaixão e falta de comprometimento.
Logo que pude, logo que voltei para casa, reuni minha família, pois
o que o anjo disse era para eles. Falamos sobre compaixão. Nossa
família tem sido muito unida. Meus filhos e eu, embora vivendo em
Estados distantes, nos reunimos sempre que possível, duas ou três
vezes por ano, e ainda assim, a mensagem foi para nós.
Falamos da falta de compaixão. Falta de amor verdadeiro, amor
devotado, esse tipo de amor que careceremos quando começar o tempo de
provação. O tipo de amor que nos mantém unidos, sem contar onde
estamos ou o que fazemos.
Depois de haver falado à minha família a respeito de compaixão e
comprometimento, fui à minha Igreja. Havia uma indicação de que a
mensagem era especialmente para eles; isso me foi dito, que era uma
mensagem geral para cada igreja, em Hollywood, e logo que me senti com
forças para subir ao púlpito, trouxe-lhes esta mensagem.
Naquele Sábado, quando preguei a mensagem, alguns oficiais sabiam
que eu iria fazê-lo. A igreja estava lotada, com muitos irmãos de
outras igrejas, com gravadores, como vocês estão agora esta noite, e
gravaram o sermão. Aparentemente isso tem acontecido em todos os
lugares. Eu me sinto bem desde que seja a vontade do Senhor.
Eu pesquisei muito sobre compaixão e muito sobre comprometimento,
pois eu desejo saber mais a respeito desses dois assuntos na mensagem do
anjo, e desejo falar-lhes um pouco sobre compaixão, uma compaixão
dinâmica de que a Igreja de Deus tanto carece.
Vocês sabem, Jesus era seguido por multidões em qualquer lugar a
que fosse. Jesus não tinha privacidade. Ele estava sempre à
disposição, à disposição do doente, à disposição do pobre, até
mesmo dos indivíduos mais baixos, vergados pelos vícios. Ele mostrava
preocupação permanente pelas pessoas. Mesmo dentro da multidão Ele
não ignorava o indivíduo. Ele amava o homem, amava a mulher, e os
amava ternamente. Foi por isso que dele disse Mateus, (Mat. 9:36):
"Quando via a multidão, Ele tinha grande compaixão delas..."
Essa é a palavra - Ele Se movia de compaixão, diante da multidão,
porque elas pareciam desgarradas como ovelhas sem pastor. Quando Jesus
via as multidões, compreendia que elas não estavam preparadas para
enfrentar os problemas que as cercavam.
Ele se compadecia, comovia-Se por sentir as nossas enfermidades. Em
Hebreus 4:14, lemos que Ele é um bom Sumo-Sacerdote, porque Ele se
comove por sentir as nossas aflições, nossos problemas, nossas
preocupações.
Lembremo-nos agora da experiência de quando Jesus ressuscitou
Lázaro. Jesus sabia o que ia fazer.
Jesus disse a família que Lázaro dormia, não estava morto; e
então explicou o que exatamente queria dizer: Lázaro estava realmente
morto, mas que Ele demonstraria Seu poder de ressurreição.
A Bíblia conta que ao ver Maria, Marta e os familiares e amigos
chorando, Ele chorou. Pensem nisso - lágrimas de Deus, porque Ele
estava cheio de interesse, cheio de compaixão.
Como podia ser isso? Jesus nos transmite isso - Ele tem compaixão
por ti e por mim. É isso que necessitamos para sermos mais completos e
mais eficientes, de modo a que o Evangelho possa terminar sua obra em
nossa geração, muito em breve. Eu
creio que Jesus Cristo virá em breve. Se nós não ocuparmos nosso
lugar, é-nos dito que outros virão do fora, mesmo não preparados, e
tomarão nosso lugar. Como indivíduos temos que estar prontos. Irmãos
e irmãs - eu não quero que o meu lugar seja tomado. Quero estar perto
para ser usado, e estou certo de que vocês querem estar prontos para
serem usados. Mas tenho de estar cheio de compaixão. O que
significa isso? Do que estamos falando?
No Dicionário Webster,
a definição para compaixão é: "Uma preocupação espiritual
pela tragédia de alguém, um sentimento intenso de compartilhar do
sofrimento alheio, impulso por um forte desejo de levar alívio."
Sentir-se triste por alguém e ajudá-lo.
Compaixão é uma palavra maior do que simpatia. A compaixão é de
origem divina. Deus está cheio de compaixão. Assim também o Filho.
Jesus está cheio de compaixão, e demonstrou isso. Irmãs e irmãos, é
desse tipo de compaixão que necessitamos hoje. Compaixão que nos faça
amar o menos amável. Compaixão que nos ajude a ver além da forma
exterior das pessoas, e compreender a sua solidão. A arrogância
freqüentemente esconde a insegurança que está por detrás de uma
pessoa, e nós olhamos a arrogância e não buscamos o problema que
está por detrás de uma pessoa. A irritabilidade, que é um sintoma de
frustração ou doença. A compaixão nos ajuda a penetrar a máscara,
ajuda-nos a mergulhar no interior das pessoas, ultrapassando a cerca que
as envolve. Ajuda-nos a descobrir a verdadeira pessoa atrás da fachada
que a esconde.
Quando eu trabalhava em Oklahoma City, ouvi uma experiência que me
ajudou a melhor compreender o significado de compaixão. Em algum lugar,
bem ao sul, havia uma senhora de cor, que muito se regozijava em servir
ao seu dono. Foi há muito tempo, durante a escravidão. A escravidão
estava para acabar, os escravos estavam para ser libertados, e essa
senhora gostava de servir ao seu senhor. O trabalho daquele senhor era
fazer esculturas de rocha. Era famoso. Um dia a escrava o viu trazendo
uma grande peça de granito para dentro do estúdio. Ficou curiosa por
saber o que ele faria com aquela pedra. Ele começou a trabalhar na
escultura de uma estátua encomendada por certo grupo de pessoas. A
escultura era de um anjo. A mulher nunca vira aquilo antes e ficou
observando dia após dia.. Finalmente, a escultura estava pronta, um
maravilhoso anjo de granito. Belo, maravilhoso à vista. Ela então
perguntou ao amo: "Como é que o senhor sabia que havia aquele belo
anjo dentro daquela pedra?"
Pensemos nisso por um momento. Porque, vejam, aquela rocha pode ser
gente. Olhando a rocha, imaginamos muitas coisas sobre as pessoas. Em
qualquer situação que olhemos, a rocha nas mãos de um mestre pode
transformar-se num anjo. À vista de Deus, à vista de Cristo, o mesmo
pode acontecer com as pessoas.
A compaixão sente. Vivemos numa sociedade freqüentemente
insensível ao sofrimento humano; e algumas vezes nós também somos
insensíveis ao sofrimento humano. Somos insensíveis ao sofrimento uns
dos outros.
Quando ainda era pastor em Chicago, em um viaduto um homem foi
emboscado e espancado até a morte por uma quadrilha de adolescentes.
Ele pediu socorro - ninguém apareceu. Eu estava no hospital, bem do
outro lado de nossa Igreja, quando uma jovem foi agredida e esfaqueada
até morrer. Um policial me disse que ela gritava por socorro, mas
ninguém acudiu, ninguém se importou o bastante para socorrê-la.
Ninguém quis se envolver, ninguém quis se aborrecer.
Eu creio que muitos ouviram do desabamento de um estádio durante uma
partida de futebol no Sudoeste. Nem pararam o jogo. Gente ferida,
chorando e o jogo continuando. Gente sofrendo e gritando e ninguém
tomava conhecimento.
Caminhando em outra cidade um dia, eu deparei com uma multidão
olhando para cima. O que faria você vendo uma multidão olhando para
cima? Pararia e olharia também. Lá em cima, num parapeito, um ser
humano, um homem, ameaçando saltar, tirar sua própria vida.
Quando uma coisa dessas acontece, suponho que a verdade do coração
daquela pessoa vem à tona. Eu estava orando pelo homem, e ouvi alguém
dizer ao lado: "Tomara que ele salte logo. Eu tenho que ir
trabalhar." Eu tive de morder a língua algumas vezes para não
dizer algo àquela pessoa.
Vivemos num mundo insensível. Falta de compaixão. É falta de
compaixão que aparentemente está havendo na igreja. Falta de
compaixão de uns para com os outros. Falta do amor fraternal de que
falou Jesus a seus discípulos? Porque eles se amam uns aos outros.
Em uma corrida em Ontário, Canadá, o povo foi convidado, e
garantiram que não haveria perigo. Mas houve muitos feridos.
Quando a companhia de Jesus é repelida, o homem torna-se mórbido,
cético e brutal. Onde podemos encontrar um espírito de amorável
cuidado pelos outros?
Oh! Irmãos e irmãs, isso é algo que necessitamos na Igreja, para
os idosos; é algo que necessitamos na Igreja, para os irmãos e irmãs
doentes; é algo que necessitamos muito para nossas crianças e jovens;
é algo que necessitamos muito para os pais.
Não faz muito tempo, eu estava visitando um irmão em uma das nossas
instituições médicas; e vi que havia uma outra irmã da igreja que
estava quase à morte. Tinha quatro filhos na cidade, mas nenhum viera
visitá-la durante meses. Eu os chamei para que viessem vê-la, eles
simplesmente não tiveram tempo.
Compaixão - A compaixão atua, não é apenas um tipo de
sentimento que se entristece, mas torna-se parte da pessoa.
O que diz Jesus em São João 17:17? "Assim como Tu me enviaste
ao mundo, também os enviei ao mundo." O que queria Jesus dizer com
isso? Talvez que a mesma compaixão que o Pai lhe dedicara, Ele
dedicaria aos outros, à sua igreja. Ele disse: "Vós sereis meus
discípulos, se amardes uns aos outros."
No livro Conselhos sobre Mordomia, pág. 23, é-nos dito que o
Senhor permitirá que os sofrimentos e calamidades caiam sobre os homens
e mulheres para nos despertar de nosso egoísmo, para imprimir em nós
os atributos de seu caráter. E aqui estão: "Compaixão, ternura,
amor." Se não passarmos por essas experiências, não tomaremos
outro rumo. Ao passarmos por experiências tristes e probantes, a
compaixão será trazida aos nossos corações, amor virá à Igreja, e
haverá mais interesse entre os membros da família. Cada
crise, cada tragédia, cada calamidade oferece um desafio à compaixão
atuante da Igreja remanescente.
No livro Conselhos sobre Mordomia, pág. 13, encontramos o
seguinte pronunciamento: "A sabedoria do inimigo se opõe ao plano
da salvação - a lei da ação e reação. Realizando-se o trabalho do
bem-estar social atingem-se dois alvos: Traz bênçãos em alto grau aos
que o promovem e aos que o recebem. Estamos
nós devidamente preocupados com os pobres de nossas comunidades?
Estamos nós devidamente preocupados com os doentes que vivem ao nosso
redor? Estamos suficientemente preocupados com o que está acontecendo?
Temos nós o tipo de compaixão que o Senhor deseja que tenhamos?
Vocês sabem que por muito tempo eu dirigi o departamento de
evangelismo nesta Associação. Eu apreciei muito esse trabalho,
Desenvolvemos vários novos métodos de evangelização. Programas de
tevê, programas rádio, mas posso
dizer-lhes que o trabalho não será concluído pela metodologia, pois
é-nos dito em Testemonies, págs. 81-89, que, se nos humilharmos
perante Deus, e formos bondosos e corteses, brandos de coração, e
piedosos, haverá cem conversões à Verdade onde agora há apenas uma.
Compaixão - é disso que estamos falando.
Preocupação - é disso que estamos falando.
O comprometimento só existe onde há compaixão.
Nós jamais estaremos comprometidos com a Causa se não tivermos
compaixão pelas pessoas. Vós não ireis atrás de alguém até que o
ameis e realmente vos preocupeis com ele. Vós não dareis um estudo
bíblico a uma família até que vos importeis com ela.
Irmãos e irmãs! Eu sei, esta noite, assim como vemos esta luz, que
Jesus voltará em breve. Estais vós prontos?
Se vossa prova vier esta noite, por uma ou outra razão - e sabeis
que a provação de cada um pode vir de repente, de muitos modos, como a
provação pode vir, e subitamente vossa vida terminar - estais prontos
agora? Estais comprometidos? Estais cheios de compaixão?
O anjo disse que carecemos de duas coisas: Compaixão uns pelos
outros - compaixão pelo mundo, compaixão suficiente, amor suficiente -
e então o comprometimento virá e executaremos o trabalho.
O tempo de nossa vigilância chegará ao fim, e então a glória
celestial encherá os céus, e poderemos ir para o lar. Assim oremos. - APO
(06/1984) |