Anjo Recomenda Compaixão e Comprometimento a Pastor Adventista

Recentemente publicamos aqui um resumo da mensagem do anjo que visitou Pastor Richard Wertz no Hospital Adventista Glendale. Ele estava internado, recuperando-se de uma cirurgia de câncer e a aparição teria ocorrido na madrugada de 17 de janeiro de 1979. Pois bem, depois dessa publicação recebemos de um leitor que prefere não se identificar a cópia de um sermão em que o próprio pastor Wertz (hoje ministro ordenado honorário da Pacific Union Conference) conta toda a história. O material foi distribuído entre os pastores da Associação Paulista Oeste na década de 80.

APRESENTAÇÃO

O texto que transcrevemos a seguir refere-se a um sermão apresentado pelo Pastor Wertz , em uma igreja adventista da Califórnia, Estados Unidos da América, em fins de 1982. Por se tratar de uma mensagem incomum, tendo como origem uma extraordinária experiência pessoa1 vivida por esse pastor adventista, achamos por bem reproduzi-la e colocá-la nas mãos dos líderes de nossas igrejas neste campo, na esperança de que seja de ajuda espiritual a todos os nossos irmãos. Deus está interessado na vida particular de cada um de seus filhos, e no bem-estar da igreja, conforme nô-lo afirma a Bíblia inúmeras vezes. E a experiência passada pelo Pastor Wertz é um testemunho pessoal desta verdade.

O presente texto foi traduzido diretamente de uma gravação do referido sermão, cedida ao irmão Coutinho Lopes, do Rio de Janeiro (Fone: 221-4944), pelo Pastor Léo Ranzolin, Departamental J.A, da Conferência Geral, em uma recente visita que ele fez ao Brasil, o que garante a autenticidade necessária.

Sugerimos que este sermão seja apresentado às igrejas, na hora do culto de sábado, para proveito e inspiração de todos, dando ênfase à mensagem central do sermão: Compaixão e Comprometimento.

Que a igreja viva uma experiência mais profunda de comunhão com Deus, e de comunhão fraternal de uns para com os outros, e de preocupação pela salvação dos pecadores. Essa é a nossa grande necessidade.

Campinas, 28 de Junho de 1984.

Tércio Sarli

*Observação

Esta é uma cópia do original que foi distribuído para os obreiros da Associação Paulista Oeste e assinada pelo presidente da mesma.

Como o que chegou às minhas mãos foi uma cópia xerox e já um tanto apagada para ser recopiada resolvi reproduzi-la eletronicamente, e dou fé de que não há qualquer acréscimo particular.

O SERMÃO

Palavras do pastor local ao apresentar o pastor Wertz:

O pastor Wertz é atualmente pastor da Igreja de Hollywood, e recentemente, ao passar uma temporada em um de nossos hospitais em tratamento de saúde, teve uma experiência incomum, esclarecedora e enriquecedora, que tem relatado em várias igrejas. Deste modo, o Pastor Wertz está conosco esta noite, o que nos dá muito prazer. O Pastor Wertz, como sabemos, foi secretário da Associação do Sul da Califórnia, da Igreja Adventista, por alguns anos.

Fala do Pastor Wertz:

Muito obrigado. Trabalhamos juntos, muitos anos no Missionary College, o que apreciei muito.

A primeira coisa a fazer é me desculpar. Eu deveria ter vindo há algumas semanas atrás, mas tive algumas coisas a fazer no verão que nada tinham a ver com esta experiência; mas quero assegurar-lhes que estou feliz por estar esta noite com vocês. Tive o privilégio de vir muitas vezes ao New Hall quando era o secretário da Associação, o que muito me alegrava porque vocês têm aqui muitas pessoas extraordinárias.

A história que lhes vou contar começou realmente na primavera passada. Todos os anos, na primavera, eu me submeto a um completo exame médico e na última vez eu escolhi um dos nossos médicos da Igreja de Hollywood, Dr. Woodruf, porque ele é um médico competente, e foi por isso que ele achou em mim algo que não gostou. Eu me sentia bem, não tinha dores, nenhum sintoma de qualquer doença por vários anos, mas durante os exames ele encontrou algo que o preocupou um pouco. Eu posso dizer isso porque se preocupou ele, preocupou a mim também.

Depois do exame eu perguntei: Dr. Derryl, o que está errado? O que foi que achou?

- Bem, disse ele, não posso fazer muitos comentários agora. Eu achei uma certa tumefação na próstata, e acho que você deve ir a outro médico meu amigo, também diplomado na Universidade de Loma Linda. Ele é especialista nessa área, e quero que o examine.

Assim eu concordei e fui ao Dr. Lee, no Memorial Hospital. Ele fez um exame completo e mais quatro biópsias. Depois que vieram os resultados, o Dr. Woodruf achou que havia um processo maligno, ainda pequeno, estágio inicial. O Dr. Leo recomendou que atacássemos imediatamente; disse que acreditava num excelente resultado, e que o prognóstico era excelente naquele momento.

Bem, quando alguém lhe diz uma coisa dessas você começa a pensar seriamente em coisas que não tinha pensado por muito tempo. Assim, pedi uma reunião com os anciãos da igreja - e temos dez anciãos maravilhosos - e lhes contei o que se passava comigo. Disse-lhes o que eu teria de fazer no verão, e lhes pedi que orassem por mim e me ungissem. Expliquei o meu problema e eles ficaram preocupados.

Realizamos várias reuniões de oração e depois, os anciãos junto com alguns Pastores me ungiram, e pus o caso nas mãos de Deus. Falei com os médicos a respeito do que havíamos feito, e pedi-lhes um prazo. Apenas queria saber o que Deus me havia reservado. Concordaram em me dar algum tempo, e acharam que havíamos feito bem. Eu não estava pedindo um milagre. Os médicos também oraram comigo.

Depois eles concordaram de marcar um dia, e se nada houvesse mudado, prosseguiríamos no tratamento. Quando chegou o dia, fui examinado novamente com todo o rigor, e as condições não haviam mudado muito. Após muita oração, decidiram fazer um implante, uma .técnica nova que consiste em colocar vários elementos de radiação formando um círculo em torno da próstata ao invés de extirpá-la. Eles têm comprovado nos últimos dez anos que esse é talvez o melhor método, especialmente para esse tipo particular de câncer. Assim, em meados de julho marquei uma consulta, fui para o hospital e foi realizada a operação. Assim foi feito, com todos os implantes e a remoção de todos os nódulos, de modo que não houvesse possibilidade de uma reincidência. Os núcleos de irradiação foram implantados e ainda estão comigo, mas sem qualquer perigo para mim ou pessoas próximas de mim. Não sei exatamente como atuam os núcleos, mas fui também submetido a outros tipos de radiação durante um mês, para reforçar o trabalho dos implantes.

Eu não me lembro bem dos primeiros dias após a operação. Sei que estavam todos lá, minha esposa, meus filhos, enfermeiros, todos cuidando 24horas por dia para que cada detalhe fosse bem-atendido, até mesmo com cuidados exagerados, pois afinal era a minha família, e todos estavam terrivelmente preocupados.

Ao fim do terceiro dia chamei-os todos e disse: "Bem, vocês aqui tanto tempo sem dormir, por que não vão para casa e tiram uma noite de descanso, e voltam amanhã? Estou certo de que a crise foi superada e nada há a temer.

Decidiram fazer assim, e tive então a pior de todas as noites. Não sei porque, talvez porque todos se foram, não me deram mais nenhum remédio após as 23 horas. Eu não podia entender.

Não quero que ninguém imagine que o que sucedeu na manhã seguinte foi devido a algum medicamento que eu tivesse tomado ou deixado de tomar, ou tomado em excesso. Talvez por isso eu tive uma noite desagradável, e não dormi. Eu não podia rolar na cama, qualquer movimento provocava dores, e por isso estava ansioso que chegasse a manhã. Quem já esteve doente sabe como se sente feliz quando o sol aparece na janela. De manhã você sabe que a noite acabou. O dia tem algo que torna as coisas melhores.

Quando o sol chegasse aquela manhã, as enfermeiras já teriam aparecido para seus deveres de rotina e mandariam que eu relaxasse, pois o desjejum viria pouco depois. Não tinha meu relógio e não sei a hora exata, mas enquanto esperava fiquei terrivelmente transtornado. Os médicos me disseram que isso era normal após uma cirurgia como aquela. Eu estava desapontado e me fazia todos os tipos de perguntas: - Será que vou ficar bom? Será que não? De repente achei-me fazendo essas perguntas e pensei: o que estará errado? A gente é levado a isso, numa hora dessas.

Então eu orei pedindo que esse mal-estar me abandonasse. Logo depois senti-me complemente livre daquela opressão. Logo em seguida, enquanto eu repousava em meu travesseiro, começou a formar-se uma luz nos pés do meu leito. Inicialmente pensei que aquela luz viesse da janela, pelo reflexo de alguma coisa. Movi-me na cama de um lado para outro procurando ver o que era olhando fixamente aquela luz, e então notei que no centro da luz havia uma forma gloriosa, um ser alto, quase do teto ao chão. Eu sabia que não podia ser o Espírito Santo, porque somos ensinados que não podemos vê-lo, nesta era em que vivemos; então uma voz começou a falar. Nesse momento eu não podia fitar a luz, que se tornou por demais intensa.

Eu estava tão confiante que continuei a olhar a glória daquele ser. Eu estava quase cego pela luz, e não posso descrever aquela imagem gloriosa. Quando sua voz começou a falar eu fiquei atônito. Não era exatamente uma voz humana; não posso descrevê-la, mas era como um trio de vozes masculinas falando, não cantando, mas falando; foi o som mais belo que já ouvi em toda a minha vida!

A primeira coisa dita pelo anjo trouxe uma verdadeira paz ao meu coração. Disse simplesmente: "Você vai ficar bom." Isso naturalmente significou muito para mim. Então ele me disse porque ficaria bom. Ele disse: "Eu quero que você fique bom porque quero que volte para sua família e sua Igreja e lhes diga certas coisas."

A primeira coisa que o anjo disse foi que contasse à minha família, e à minha igreja, que Deus estará voltando muito, muito em breve. Na verdade, o anjo disse é que a Segunda vinda de Cristo está mais próxima do que qualquer um de nós acredita, e muito mais perto do que estamos pregando.

Bem, para um pastor ouvir aquilo... eu fiquei absolutamente atônito. Isso é o que tenho esperado, isso é o que tenho pregado há anos - que Jesus logo venha. Ouvir o anjo afirmar que Jesus está vindo, muito mais próximo do que acreditamos ou pregamos! Então a voz do anjo hesitou um momento e falou de novo. "Cristo já teria vindo se não fosse por duas razões." Quando o anjo disse isso, eu me esforcei por ter bem abertos os meus ouvidos. Em minha mente comecei a imaginar todos os tipos de coisas que ele diria, estranhos problemas que nos prendem aqui. Eu esperava que falasse de tudo, talvez, mas não foi o que ouvi.

O anjo disse que a primeira razão de Cristo não haver voltado ainda é por causa da falta de compaixão. Falta de compaixão em nossos lares, entre marido e mulher, entre filhos e pais; falta de compaixão na Igreja entre os membros, e falta de compaixão na Igreja para com o mundo. O anjo ressaltou que é muito fácil para nós dirigirmos em auto-estradas, ver milhões de pessoas em ambos os lados e não nos preocuparmos realmente. Eu tive de admitir que tenho passado muitas vezes pelas estradas sem pensar nas pessoas que não estão salvas, sem pensar nas comunidades que atravessava.

A segunda razão dada pelo anjo era também simples. A segunda razão dada pelo anjo porque Cristo não veio ainda é a falta de comprometimento, envolvimento. A primeira, falta de compaixão, a seguir, falta de comprometimento. Nós temos a verdade, não temos que esperar por uma nova teologia; é um equívoco fazê-lo. Nós temos a verdade, e a temos já há bastante tempo. O problema não é a mensagem. O problema é o nosso comprometimento com essa verdade. Nós cremos ter a verdade. Nós cremos, nós aceitamos, mas nós não nos comprometemos em divulgar a mensagem. O Evangelho de que Cristo está vindo.

Jesus não virá até que estejamos completamente comprometidos com a divulgação do Evangelho. Isso deve ser a primeira coisa em nossas vidas. Não faz a menor diferença a profissão que temos, não faz a menor diferença o quanto ganhamos. Nosso primeiro dever é levar o Evangelho a todos os lugares, a cada vizinho, a cada lar, a cada pessoa.

Houve ainda, uma pausa antes de o anjo fazer um novo pronunciamento, bem antes de se retirar. Foi um pronunciamento muito triste. Eu podia notar tristeza na voz do anjo. Disse-me algo de início muito doce: "Pensar que Nosso Senhor já poderia ter vindo, pensar nisso; mas ainda não..." A voz parou. Tentei virar-me no leito, e depois que consegui a luz foi diminuindo até desaparecer. Eu percebi o último lampejo de glória, ao deixar o anjo o meu quarto.

Eu acho que devo fazer uma confissão: Eu não sou mais o mesmo desde aquela experiência. Eu estava tão grato porque o anjo ama a igreja bastante para vir e nos dizer que Jesus está pronto para voltar breve, e nos dizer quais são os nossos verdadeiros problemas: falta de compaixão e falta de comprometimento.

Logo que pude, logo que voltei para casa, reuni minha família, pois o que o anjo disse era para eles. Falamos sobre compaixão. Nossa família tem sido muito unida. Meus filhos e eu, embora vivendo em Estados distantes, nos reunimos sempre que possível, duas ou três vezes por ano, e ainda assim, a mensagem foi para nós.

Falamos da falta de compaixão. Falta de amor verdadeiro, amor devotado, esse tipo de amor que careceremos quando começar o tempo de provação. O tipo de amor que nos mantém unidos, sem contar onde estamos ou o que fazemos.

Depois de haver falado à minha família a respeito de compaixão e comprometimento, fui à minha Igreja. Havia uma indicação de que a mensagem era especialmente para eles; isso me foi dito, que era uma mensagem geral para cada igreja, em Hollywood, e logo que me senti com forças para subir ao púlpito, trouxe-lhes esta mensagem.

Naquele Sábado, quando preguei a mensagem, alguns oficiais sabiam que eu iria fazê-lo. A igreja estava lotada, com muitos irmãos de outras igrejas, com gravadores, como vocês estão agora esta noite, e gravaram o sermão. Aparentemente isso tem acontecido em todos os lugares. Eu me sinto bem desde que seja a vontade do Senhor.

Eu pesquisei muito sobre compaixão e muito sobre comprometimento, pois eu desejo saber mais a respeito desses dois assuntos na mensagem do anjo, e desejo falar-lhes um pouco sobre compaixão, uma compaixão dinâmica de que a Igreja de Deus tanto carece.

Vocês sabem, Jesus era seguido por multidões em qualquer lugar a que fosse. Jesus não tinha privacidade. Ele estava sempre à disposição, à disposição do doente, à disposição do pobre, até mesmo dos indivíduos mais baixos, vergados pelos vícios. Ele mostrava preocupação permanente pelas pessoas. Mesmo dentro da multidão Ele não ignorava o indivíduo. Ele amava o homem, amava a mulher, e os amava ternamente. Foi por isso que dele disse Mateus, (Mat. 9:36): "Quando via a multidão, Ele tinha grande compaixão delas..." Essa é a palavra - Ele Se movia de compaixão, diante da multidão, porque elas pareciam desgarradas como ovelhas sem pastor. Quando Jesus via as multidões, compreendia que elas não estavam preparadas para enfrentar os problemas que as cercavam.

Ele se compadecia, comovia-Se por sentir as nossas enfermidades. Em Hebreus 4:14, lemos que Ele é um bom Sumo-Sacerdote, porque Ele se comove por sentir as nossas aflições, nossos problemas, nossas preocupações.

Lembremo-nos agora da experiência de quando Jesus ressuscitou Lázaro. Jesus sabia o que ia fazer.

Jesus disse a família que Lázaro dormia, não estava morto; e então explicou o que exatamente queria dizer: Lázaro estava realmente morto, mas que Ele demonstraria Seu poder de ressurreição.

A Bíblia conta que ao ver Maria, Marta e os familiares e amigos chorando, Ele chorou. Pensem nisso - lágrimas de Deus, porque Ele estava cheio de interesse, cheio de compaixão.

Como podia ser isso? Jesus nos transmite isso - Ele tem compaixão por ti e por mim. É isso que necessitamos para sermos mais completos e mais eficientes, de modo a que o Evangelho possa terminar sua obra em nossa geração, muito em breve. Eu creio que Jesus Cristo virá em breve. Se nós não ocuparmos nosso lugar, é-nos dito que outros virão do fora, mesmo não preparados, e tomarão nosso lugar. Como indivíduos temos que estar prontos. Irmãos e irmãs - eu não quero que o meu lugar seja tomado. Quero estar perto para ser usado, e estou certo de que vocês querem estar prontos para serem usados. Mas tenho de estar cheio de compaixão. O que significa isso? Do que estamos falando?

No Dicionário Webster, a definição para compaixão é: "Uma preocupação espiritual pela tragédia de alguém, um sentimento intenso de compartilhar do sofrimento alheio, impulso por um forte desejo de levar alívio." Sentir-se triste por alguém e ajudá-lo.

Compaixão é uma palavra maior do que simpatia. A compaixão é de origem divina. Deus está cheio de compaixão. Assim também o Filho. Jesus está cheio de compaixão, e demonstrou isso. Irmãs e irmãos, é desse tipo de compaixão que necessitamos hoje. Compaixão que nos faça amar o menos amável. Compaixão que nos ajude a ver além da forma exterior das pessoas, e compreender a sua solidão. A arrogância freqüentemente esconde a insegurança que está por detrás de uma pessoa, e nós olhamos a arrogância e não buscamos o problema que está por detrás de uma pessoa. A irritabilidade, que é um sintoma de frustração ou doença. A compaixão nos ajuda a penetrar a máscara, ajuda-nos a mergulhar no interior das pessoas, ultrapassando a cerca que as envolve. Ajuda-nos a descobrir a verdadeira pessoa atrás da fachada que a esconde.

Quando eu trabalhava em Oklahoma City, ouvi uma experiência que me ajudou a melhor compreender o significado de compaixão. Em algum lugar, bem ao sul, havia uma senhora de cor, que muito se regozijava em servir ao seu dono. Foi há muito tempo, durante a escravidão. A escravidão estava para acabar, os escravos estavam para ser libertados, e essa senhora gostava de servir ao seu senhor. O trabalho daquele senhor era fazer esculturas de rocha. Era famoso. Um dia a escrava o viu trazendo uma grande peça de granito para dentro do estúdio. Ficou curiosa por saber o que ele faria com aquela pedra. Ele começou a trabalhar na escultura de uma estátua encomendada por certo grupo de pessoas. A escultura era de um anjo. A mulher nunca vira aquilo antes e ficou observando dia após dia.. Finalmente, a escultura estava pronta, um maravilhoso anjo de granito. Belo, maravilhoso à vista. Ela então perguntou ao amo: "Como é que o senhor sabia que havia aquele belo anjo dentro daquela pedra?"

Pensemos nisso por um momento. Porque, vejam, aquela rocha pode ser gente. Olhando a rocha, imaginamos muitas coisas sobre as pessoas. Em qualquer situação que olhemos, a rocha nas mãos de um mestre pode transformar-se num anjo. À vista de Deus, à vista de Cristo, o mesmo pode acontecer com as pessoas.

A compaixão sente. Vivemos numa sociedade freqüentemente insensível ao sofrimento humano; e algumas vezes nós também somos insensíveis ao sofrimento humano. Somos insensíveis ao sofrimento uns dos outros.

Quando ainda era pastor em Chicago, em um viaduto um homem foi emboscado e espancado até a morte por uma quadrilha de adolescentes. Ele pediu socorro - ninguém apareceu. Eu estava no hospital, bem do outro lado de nossa Igreja, quando uma jovem foi agredida e esfaqueada até morrer. Um policial me disse que ela gritava por socorro, mas ninguém acudiu, ninguém se importou o bastante para socorrê-la. Ninguém quis se envolver, ninguém quis se aborrecer.

Eu creio que muitos ouviram do desabamento de um estádio durante uma partida de futebol no Sudoeste. Nem pararam o jogo. Gente ferida, chorando e o jogo continuando. Gente sofrendo e gritando e ninguém tomava conhecimento.

Caminhando em outra cidade um dia, eu deparei com uma multidão olhando para cima. O que faria você vendo uma multidão olhando para cima? Pararia e olharia também. Lá em cima, num parapeito, um ser humano, um homem, ameaçando saltar, tirar sua própria vida.

Quando uma coisa dessas acontece, suponho que a verdade do coração daquela pessoa vem à tona. Eu estava orando pelo homem, e ouvi alguém dizer ao lado: "Tomara que ele salte logo. Eu tenho que ir trabalhar." Eu tive de morder a língua algumas vezes para não dizer algo àquela pessoa.

Vivemos num mundo insensível. Falta de compaixão. É falta de compaixão que aparentemente está havendo na igreja. Falta de compaixão de uns para com os outros. Falta do amor fraternal de que falou Jesus a seus discípulos? Porque eles se amam uns aos outros.

Em uma corrida em Ontário, Canadá, o povo foi convidado, e garantiram que não haveria perigo. Mas houve muitos feridos.

Quando a companhia de Jesus é repelida, o homem torna-se mórbido, cético e brutal. Onde podemos encontrar um espírito de amorável cuidado pelos outros?

Oh! Irmãos e irmãs, isso é algo que necessitamos na Igreja, para os idosos; é algo que necessitamos na Igreja, para os irmãos e irmãs doentes; é algo que necessitamos muito para nossas crianças e jovens; é algo que necessitamos muito para os pais.

Não faz muito tempo, eu estava visitando um irmão em uma das nossas instituições médicas; e vi que havia uma outra irmã da igreja que estava quase à morte. Tinha quatro filhos na cidade, mas nenhum viera visitá-la durante meses. Eu os chamei para que viessem vê-la, eles simplesmente não tiveram tempo.

Compaixão - A compaixão atua, não é apenas um tipo de sentimento que se entristece, mas torna-se parte da pessoa.

O que diz Jesus em São João 17:17? "Assim como Tu me enviaste ao mundo, também os enviei ao mundo." O que queria Jesus dizer com isso? Talvez que a mesma compaixão que o Pai lhe dedicara, Ele dedicaria aos outros, à sua igreja. Ele disse: "Vós sereis meus discípulos, se amardes uns aos outros."

No livro Conselhos sobre Mordomia, pág. 23, é-nos dito que o Senhor permitirá que os sofrimentos e calamidades caiam sobre os homens e mulheres para nos despertar de nosso egoísmo, para imprimir em nós os atributos de seu caráter. E aqui estão: "Compaixão, ternura, amor." Se não passarmos por essas experiências, não tomaremos outro rumo. Ao passarmos por experiências tristes e probantes, a compaixão será trazida aos nossos corações, amor virá à Igreja, e haverá mais interesse entre os membros da família. Cada crise, cada tragédia, cada calamidade oferece um desafio à compaixão atuante da Igreja remanescente.

No livro Conselhos sobre Mordomia, pág. 13, encontramos o seguinte pronunciamento: "A sabedoria do inimigo se opõe ao plano da salvação - a lei da ação e reação. Realizando-se o trabalho do bem-estar social atingem-se dois alvos: Traz bênçãos em alto grau aos que o promovem e aos que o recebem. Estamos nós devidamente preocupados com os pobres de nossas comunidades? Estamos nós devidamente preocupados com os doentes que vivem ao nosso redor? Estamos suficientemente preocupados com o que está acontecendo? Temos nós o tipo de compaixão que o Senhor deseja que tenhamos?

Vocês sabem que por muito tempo eu dirigi o departamento de evangelismo nesta Associação. Eu apreciei muito esse trabalho, Desenvolvemos vários novos métodos de evangelização. Programas de tevê, programas rádio, mas posso dizer-lhes que o trabalho não será concluído pela metodologia, pois é-nos dito em Testemonies, págs. 81-89, que, se nos humilharmos perante Deus, e formos bondosos e corteses, brandos de coração, e piedosos, haverá cem conversões à Verdade onde agora há apenas uma.

Compaixão - é disso que estamos falando.

Preocupação - é disso que estamos falando.

O comprometimento só existe onde há compaixão.

Nós jamais estaremos comprometidos com a Causa se não tivermos compaixão pelas pessoas. Vós não ireis atrás de alguém até que o ameis e realmente vos preocupeis com ele. Vós não dareis um estudo bíblico a uma família até que vos importeis com ela.

Irmãos e irmãs! Eu sei, esta noite, assim como vemos esta luz, que Jesus voltará em breve. Estais vós prontos?

Se vossa prova vier esta noite, por uma ou outra razão - e sabeis que a provação de cada um pode vir de repente, de muitos modos, como a provação pode vir, e subitamente vossa vida terminar - estais prontos agora? Estais comprometidos? Estais cheios de compaixão?

O anjo disse que carecemos de duas coisas: Compaixão uns pelos outros - compaixão pelo mundo, compaixão suficiente, amor suficiente - e então o comprometimento virá e executaremos o trabalho.

O tempo de nossa vigilância chegará ao fim, e então a glória celestial encherá os céus, e poderemos ir para o lar. Assim oremos. - APO (06/1984)


Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com