Jovem Redator da CPB Recrimina "Culto à Personalidade" na Revista Adventista

Obviamente, o estudante de jornalismo Guilherme Silva, que já atua como assistente de editoria da Casa, não pretendia fornecer munição para uma homepage não-oficial como esta questionar o culto a personalidades nas páginas da Revista Adventista. Mesmo assim, o artigo "Muitos Deuses, Nenhuma Esperança", publicado por ele na seção Espaço Jovem da Revista Adventista deste mês e reproduzido abaixo, torna oportuna uma reflexão sobre essa estranha tendência verificada já faz algum tempo nas páginas da RA. É só clicar nos botões abaixo.

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Outra forma condenável de culto à personalidade é a freqüência com que são publicadas fotos (em alguns casos, visivelmente produzidas!) de um seleto grupo de administradores e pastores. Wilson Sarli, Tércio Sarli, Joel Sarli, Alejandro Bullón, Wiliams Costa Jr., Sonete, etc são algumas das "estrelas" do Olimpo Adventista.

No caso da apresentação do Coral Adventista Jovem do Rio de Janeiro no especial de Natal da Xuxa, que deve ser noticiado pela Revista Adventista em fevereiro, a tietagem explícita ofuscou tanto a visão dos participantes e do pastor responsável pelo grupo que ninguém percebeu a idolatria implícita naquele crucifixo enorme levado para o palco.

ESPAÇO JOVEM

Muitos Deuses, Nenhuma Esperança

Guilherme Silva

Era sábado à noite. Passava em frente a um hotel, no centro de Tatuí, quando notei uma aglomeração próximo à porta de entrada. Diminuí a velocidade do carro e pude ver garotas, com uma expressão de ansiedade munidas de canetas, cadernetas e máquinas fotográficas, entre outros apetrechos que caracterizam as "fãs-de-carteirinha". Soube mais tarde que elas aguardavam, havia várias horas, a chegada do cantor sertanejo Daniel. As mais afortunadas conseguiram, depois do longo plantão, um autógrafo ou (a glória!) uma foto com o ídolo.

A expressão fã, segundo o Dicionário Aurélio, vem do inglês e é uma abreviação de fanático, "admirador exaltado de certo artista de rádio cinema, televisão, etc". Tipos fanáticos sempre existiram. Porém, o fã é mais recente. Conforme a definição do dicionário, ele surge com o desenvolvimento dos modernos meios de comunicação.

Assim, a superexposição de determinado personagem, na televisão ou em outro meio, que atua como um palco hiperdimensionado, é um dos principais requisitos para a proliferação do culto à personalidade. Outro aspecto que contribui para a popularização dessa forma de "culto" é a perda da esperança no paraíso divino. A partir do movimento iluminista, que pretendia substituir a fé pela razão, a religião e a idéia de uma vida eterna, no Céu, foram colocadas em descrédito. O Céu foi trazido à Terra, e o culto à criatura assumiu o espaço do culto ao Criador.

Hoje, os astros e estrelas que brilham nas telas do cinema e da TV e são cultuados por milhares de pessoas, configuram o que se pode chamar de paganismo tecnológico. Algo muito parecido com as antigas tradições pagãs de adorar o Sol, a Lua e as estrelas. Segundo o pensador francês Edgar Morin, Hollywood, no mundo atual, substitui o antigo Olimpo, onde os gregos acreditavam ser a habitação de seus deuses.

É evidente que o paganismo contemporâneo apresenta diferenças, quanto à forma, da idolatria da antigüidade. Mas a essência continua sendo a mesma. O amor dedicado aos novos deuses se torna um empecilho para o desenvolvimento da relação com o único Deus. De acordo com Ellen white, "tudo que divide as afeições ou arrebata da alma o supremo amor de Deus ou se interpõe para evitar a ilimitada e inteira confiança em Deus, assume o caráter e toma a forma de um ídolo no templo da alma." - Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 330.

Esse novo paganismo, que interfere na relação entre Deus e o ser humano, aliado ao descrédito na promessa bíblica da vida eterna, no Céu, produz, na sociedade atual, a valorização do presente, em detrimento do passado e do futuro. A Bíblia diz que o Deus verdadeiro e Seus mandamentos são eternos e imutáveis. "Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo" afirma o apóstolo Paulo, em Hebreus 13:8. Os deuses forjados pela indústria do entretenimento, pelo contrário, são deuses do efêmero. A todo momento surgem novos astros e estrelas que se sobrepõem aos anteriores. "O show não pode parar" é a lógica que domina o espetáculo.

Essa lógica ultrapassa a ficção das telas e se instala no dia-a-dia. À medida que o momento presente é supervalorizado, reforça-se o descrédito na promessa divina da vida eterna, formando-se, então, um círculo vicioso.

O verdadeiro cristão, pelo contrário, tem necessidade de meditar naquilo que Deus realizou, no passado, para conhecê-Lo melhor, no presente, e confiar em Suas promessas, quanto ao futuro. Conforme Ellen White, "nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado." - Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 443.

Quando se perde a memória dos feitos de Deus e a confiança em Sua atuação no futuro, surge um deus limitado ao presente, incapaz de atender às necessidades humanas. Esse deus se manifesta apenas por meio das sensações e dos sentimentos, promovendo a excitação dos sentidos. Na adversidade o deus do presente não apresenta resposta. Diante da tragédia e da morte, ele se cala.

Os falsos deuses existiram em todas as épocas, após o pecado, sob formas variadas, com o único fim: desviar a mente do que é divino e prendê-la ao mundano. Hoje, a idolatria está inserida nos meios de comunicação, que estimulam o culto à personalidade, e contagia até mesmo religiões que se dizem cristãs, na medida em que perdem de vista o Deus que atua na História.

Os deuses do mundo podem trazer boas sensações, mas são incapazes de conceder a recompensa prometida pelo verdadeiro Deus: "O mundo passa, com tudo aquilo que as pessoas desejam, porém quem faz a vontade de Deus vive para sempre" (1 João 2:17 BLH).

- Guilherme Silva é estudante de jornalismo e assistente de editoria na Casa Publicadora Brasileira.

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