Esposa de Pastor Usa Dízimo para Ajudar o Marido no Evangelismo

"Clama em alta voz, não te detenhas, levanta a tua voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó os seus pecados." - Isaías 58:1

Sou esposa de pastor e por anos tenho orado para que Deus ponha mão na sua Obra (administração). Vejo que este movimento leigo de usar o dízimo dentro das especificações bíblicas na igreja local é algo novo e biblicamente correto. Não é como outros movimentos que tenho visto no decorrer dos anos, feito por pessoas revoltadas e que se voltavam contra a igreja e sonegavam os dízimos do Senhor. 

Há cerca de 12 anos tenho dedicado metade de meu dizimo para ajudar o evangelismo de meu marido e de igrejas mais pobres que tenham um projeto sério de evangelização. 

Como não sou e nunca fui obreira sempre tive liberdade de o fazer já que meu dizimo não ficava retido em folha e nem ninguém sabia ou sabe quanto ganho. Mas sempre o fiz com um certo sentimento de culpa a respeito disto por pensar que estava sozinha, mas pela Internet descobri outros que não dobraram seus joelhos a Baal.

Não sou a favor do congregacionalismo, mas concordo com a posição do jovem Ricardo Nicotra de que há o sistema Organizacional Justo e o Injusto e que hoje, nossa organização pratica o último. Desejo e oro para que volte ao plano de Deus na Bíblia e no Espírito de Profecia que é o Organizacional Justo.

Mas quero expor o que me levou a assim proceder. No início de nosso ministério cuidávamos de um distrito com 4 igrejas e 7 grupos. Através de evangelismo, meu esposo, eu e os abnegados e simples irmãos abrimos mais 4, o que fez nosso distrito ficar com 15 congregações, a maioria delas em estado muito precário. 

Certa vez, numa das igrejas (90 membros), o teto do banheiro feminino caiu. Graças a Deus foi num horário em que não havia ninguém na igreja, mas não havia dinheiro. Como um irmão havia comprado areia para construir um quartinho em sua casa, mas não conseguiu ir em frente, ele doou a areia para a igreja. Da época da construção da nave da igreja sobrou num canto um pouco de pedra, a mão de obra nós tínhamos na igreja, já que vários irmãos eram pedreiros. Bem, meu esposo achou que estava fácil de se resolver, foi até a associação, apresentou o que a igreja tinha e o que faltava (ferro e cimento) e solicitou que a Associação ajudasse. 

Como já estávamos no fim do ano, cerca de final de outubro, o tesoureiro do campo afirmou que o orçamento da associação para aquele tipo de ajuda já tinha acabado e TALVEZ só para o novo ano, se a mesa aprovasse. Meu marido voltou de mãos vazias. Esta foi a primeira vez que lancei mão de meu dízimo e compramos o material restante.

Fiquei irada com este acontecimento, pois parece que depois que um pastor senta atrás da mesa de administrador esquece das necessidades do campo (quando a gente faz observações, dizem que é porque agora, como administradores, vêem as "grandes" necessidades da Obra, que nós "reles" distritais não sabemos), ["reles", isto é por minha conta, nunca nenhum administrador me disse isso em palavras, ficou apenas este sentimento].

Bem, este episódio agravou-se dentro de mim cerca de 40 dias após. Foi na abertura da trienal. Todos os 253 delegados receberam uma pasta bonita e ficaram muito contentes com a administração, creio não precisar dizer que todos foram reeleitos com a exceção de um departamental que estava "dando trabalho" para o Presidente. 

Agora, pasmem! Fiquei sabendo que cada pasta daquela havia custado $17,00 (do dinheiro da época), ou seja a associação gastou (eles chamam isso de investir na satisfação dos membros) $4.301,00 só com as tais pastas. Quase sem acreditar, fui a associação e o irmão que era caixa, tão abismado quanto eu, me disse que foi ele quem pagou a fatura da "coisa" e me mostrou a nota que ainda estava na mesa dele, e me disse cumprir ordens.

O valor que havíamos solicitado para reconstruir o tal banheiro era cerca de $100,00 (dinheiro da época, não me lembro bem mas creio que era Cr$ 100.000,00), ou seja, nada mais que 6 pastas. Indaguei de Deus por justiça e nestes anos sempre me perguntei até onde Deus permite grassar a injustiça. Sei que Ele poderia ter destruído a Satanás lá no céu, mas permitiu continuar para que nós entendêssemos a sua malignidade. Penso que isso é o que Deus está fazendo ao permitir que esses maus administradores continuem sem pôr as mãos na consciência. Desde então, meu dizimo tem sido dividido pela metade e algumas vezes mando 20% p/ associação e 80% eu administro, mas só em casos muito extremos.

Quero deixar claro que nunca apoiei qualquer movimento de não dizimar. Também não creio que o dízimo deva servir a qualquer projeto dentro da igreja, por exemplo, subvencionar excursões de jovens, etc. O destino do mesmo deve ser sempre dentro das indicações bíblicas, obra de evangelização.

Quando comecei a acompanhar as discussões a respeito, vi que era exatamente o que já tenho feito por anos, e, fiquei feliz por ver que Deus está mobilizando seus servos fiéis leigos a colocar a público e deixar que cada um decida como deve proceder sob a luz que tem. Nunca tive coragem de expor estas idéias pessoalmente pois as conseqüências administrativas a meu esposo seriam imediatas, assim creio que os membros leigos devem levar esta obra. Dificilmente os obreiros estarão a frente da mesma. Por conversas discretas aqui e acolá, sei que a maioria dos pastores da linha de frente e alguns administradores que são fiéis e sabem que Deus não lhes tirará o pão, concordam com esta posição.

Por motivos óbvios, assino com um pseudônimo, mas as idéias e fatos expostos são genuínos. Queira Deus que chegue um dia que abertamente possamos discutir estas idéias sem medo das retaliações e deixar que a guia da Palavra e o Espírito de Deus guie as ações, e não as tradições humanas. - Extraído do Mova News, edição nº 1.


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