O marca-página à esquerda é o de número 22, da série "Relacionamento com Deus", que teve seleção e adaptação do Pastor Wilson Sarli e foi impresso pela Casa Publicadora Brasileira (Casa Edições). 

Desde que o adquiri, na última promoção "Casa Aberta" realizada em Campo Grande, MS, tenho tentado descobrir qual é o sentido da mensagem que traz, sob a ótica do relacionamento com Deus. E já percebi também que a maioria das pessoas não capta de imediato qual é o recado do cartão. 

Imagine o que devem ter pensado os visitantes que o receberam como lembrança pela presença em alguma de nossas pregações!

Estaria o pastor Wilson Sarli insinuando que devemos abandonar nossos irmãozinhos mais débeis, medíocres ou tímidos à sua própria sorte? Ou quer ele dizer que, se a maioria na Igreja não tem opinião própria nem reage, devemos deixá-la? A frase parece ter um tom tão farisaico que chega a assustar... Um irmão até me disse: "Isso é nazismo! O que estão propondo aqui é formar um grupo de pessoas especiais, excluindo as que consideram inferiores..."

À esquerda, um trecho do folheto "Novas Descobertas para Você", da União Sul-Brasileira. Abaixo, trecho do cartão de boas festas da CPB. Como você vê, a descrição feita enquadra-se muito mais na contrafação da volta de Cristo a ser executada por Satanás.

Embora exista para servir a Igreja, providenciando-lhe literatura adeqüada para sua nutrição espiritual e para o Evangelismo, a Casa Publicadora age como uma editora secular qualquer que só visa ao lucro e nenhum interesse tem no bem-estar espiritual de seus "clientes". Nem mesmo a Lição da Escola Sabatina, que costuma esgotar-se antes que todos a possam comprar, pode ser copiada. E o "irmão-infrator" é ameaçado inclusive com a força da lei! Ridículo, desumano, diabólico.

Não é a primeira vez. Em 1997, o evangelista e ministerial da Divisão Sul-Americana já havia lançado o livro Um Milagre em Sua Vida, através da Editora Betânia. O fato agora se repete com o lançamento de A Última Esperança, pela mesma editora. Chama a atenção porque poderia ser sintoma de insatisfação com a política editorial da CPB, que teoricamente submete todos os originais ao crivo de um conselho de teólogos que os analisam e recomendam ou não sua publicação. Dificilmente, porém, teria havido rejeição. Afinal, Bullón é celebridade adventista e livros, vídeos e CDs com seu nome vendem como pão quente.

O mais provável é que Alejandro Bullón esteja sinalizando que poderia alçar vôo "solo" se quisesse, transformando-se numa espécie de Billy Graham sul-americano. Noutra denominação, isto seria plenamente viável. Com freqüência, vemos pregadores de certo renome e portadores de um "evangelho genérico", realizando cruzadas ecumênicas com a participação de diferentes igrejas. 

O livro não vincula Alejandro Bullón à Igreja Adventista do Sétimo Dia, nem contém qualquer referência ao ministério sacerdotal de Cristo, juízo investigativo, sábado, tríplice mensagem angélica, ou qualquer outra doutrina característica da Iasd. Para você ter uma idéia, segundo dados do Sisac, Alejandro Bullón só falou duas vezes sobre o sábado no programa Está Escrito desde 93: em 19 de setembro de 99 e 20 de março de 2000 (reprise!). Sobre a Volta de Jesus, apenas três vezes o mesmo sermão. E jamais fez qualquer referência ao ministério de Jesus no santuário celestial.

Se estivéssemos falando de um irmão leigo, ou mesmo formado em teologia mas que não devesse dedicação exclusiva ao ministério adventista, este comentário seria descabido. Mas, tratando-se de alguém muito bem pago para divulgar a pura mensagem adventista do sétimo-dia para este tempo, o assunto muda de figura. Nossa igreja pode estar investindo demais na construção da imagem de um homem que a qualquer momento pode renegá-la.

Obs. Depois da publicação deste texto, fomos informados de que o Pastor Bullón fala um pouco mais especificamente sobre as doutrinas características da Igreja Adventista nos comentários em Real Áudio do Curso Bíblico As Revelações do Apocalipse.