O Que Há de Novo no Evangelho Eterno Adventista?

Comentário adicional para a Lição 4 da Escola Sabatina à Luz da Mensagem de 1888

Pensamentos sobre “Um concerto eterno”
(Lição 4, para 25 de janeiro de 2003)

 

A "mensagem do terceiro anjo, em verdade"

Se nós adventistas do sétimo já compreendêssemos claramente (e cremos que isto ocorrerá) o novo concerto, sucederiam grandes bênçãos a todos os níveis na igreja.

Mas por 150 anos viemos tendo grandes dificuldades para captar quão boas são as boas novas contidas no novo concerto. Antes de 1888, a serva do Senhor declarou que tínhamos estado "pregando a lei, a lei", até que chegamos a uma seca comparável a das colinas de Gilboa, que desconhecem o orvalho e a chuva. [Nota do Tradutor: "A mensagem do evangelho de Sua graça devia ser dada à igreja em linhas claras e distintas, para que não mais o mundo dissesse que os adventistas do sétimo dia falam na lei, na lei, mas não ensinam a Cristo nem nEle crêem" Testemunhos para Ministros, pág. 92.]

Depois de 1888, freqüentemente a compreensão das igrejas evangélicas guardadoras do domingo sobre o novo concerto nos confundiu. Inclusive hoje se faz esforços constantes para nos levar a crer como outros dirigentes religiosos que carecem da compreensão sobre a "mensagem do terceiro anjo, em verdade". Muitos de nós têm se acostumado a assumir que a posição deles sobre o "evangelho" é a mesma da "preciosa mensagem" que "em sua grande misericórdia enviou o Senhor" em 1888. Os mesmos pretendem que Lutero, Calvino e Wesley proclamaram em seu tempo esta mesma justificação pela fé.

O que se esquece é que "o evangelho eterno" da "mensagem do terceiro anjo", nestes últimos dias, é uma compreensão mais profunda que a que os reformadores foram capazes de captar durante as trevas da Idade Média. As boas novas que inclui, são paralelas e consistentes com a verdade adventista singular da purificação do santuário. A verdade do novo concerto ministrada por nosso grande Sumo Sacerdote no lugar santíssimo, é a mensagem especial desde 1844. Tem por objeto a preparação de pessoas para a transladação. A mensagem tem que cumprir uma obra mais profunda que a preparação das pessoas para a morte (maravilhosa como é). O grande Sumo Sacerdote, em Sua obra final de expiação, está levando a cabo o trabalho mais maravilhoso que já se cumpriu em 6.000 anos de história.

 

A parte humana no concerto

Aqui é que entra em cheio a posição de 1888 sobre o novo concerto.

Na compreensão de 1888, é fundamental o reconhecimento de que sempre se tratou da pura promessa de Deus. Ele não "negociou" com as pessoas, se tratasse de Adão, Noé, Abraão ou Moisés. O único elemento que configura o concerto, é a promessa de Deus. Ele quis que suas mentes estivessem asseguradas de que "do Senhor vem a salvação" (Jonas 2:9), de que não há lugar para salvadores do tipo "faça você mesmo".

A razão pela qual quis que o povo compreendesse isto, é porque o mínimo que contribuímos de alguma forma a nossa salvação do pecado, produz em nós um horrível sentimento de orgulho. O egoísmo está incluído nisso. E o pior é que não nos damos conta do que percebem os que nos rodeiam. Criamos inconscientemente ao redor de nós uma atmosfera que, apesar de todas nossas boas obras, se torna repulsiva.

O novo concerto recorda a cada passo que somos pobres, mendigos. Mas isso, no final, situa os nossos pés sobre a sólida Rocha.

Na primeira página do livreto da Escola Sabatina, formula-se a pergunta: "Que lugar têm a fé e as obras na parte do concerto que diz respeito ao homem?" A resposta: A fé crê, RECEBENDO assim a promessa; as obras vêm então a ser o produto da fé. Por certo, que não há "parte humana" em Seu concerto. É o concerto da graça -não há "parte humana" na graça- e Deus o chama sempre de "MEU concerto". De acordo com Efésios 2:8 e 9, até a própria fé é um "dom de Deus... para que ninguém se glorifique".

Quase imediatamente, nos confrontamos com a idéia do velho concerto, "como uma disposição" (domingo). Define-se a "obrigação do concerto" como nossa "obediência". Mas visto que o concerto de Deus é Sua promessa, a única obrigação do concerto é o cumprimento, por parte de Deus, do prometido (algo certamente seguro). Nossa obediência nunca pode formar parte do concerto da graça: nossa obediência é só o resultado de ter recebido esse concerto ou promessa, pela fé. Se não compreendermos isto, o velho e o novo concertos se confundem. A nota em negrito afirma que "nossa obediência" é um "elemento" principal no novo concerto. A lição da segunda-feira nos recorda "a parte que Noé tinha que cumprir neste acordo", que "a idéia de um concerto implica mais de uma parte"... Se dá com isso uma nova definição ao concerto eterno de Deus, o apresenta como um acordo, contrato ou transação.

Ecos de Mineápolis! Seguimos estando ainda ali onde estivemos há 114 anos?

Receber e crer genuinamente

Na terça-feira, a pura promessa de Deus a Abraão é redefinida como uma "oferta", sendo que o texto (Gênesis 12:1-3) apresenta uma pura promessa da parte de Deus. Foi a saída de Abraão de Ur dos Caldeus "sua parte no concerto"? Ou foi por acaso a sua circuncisão? Mesmo se respondermos sim ou não, de nenhuma forma foi meritória; não contribuiu para nada na sua salvação (alguns insistirão em que foi "o meio de sua salvação", ignorando que só o sangue derramado de Cristo o é). Três livros na Bíblia esclarecem estes conceitos: Gênesis, Romanos e Gálatas. Os três coincidem em que a saída de Abraão de Ur, foi o RESULTADO de CRER nas promessas de Deus, e de nenhuma forma a base para as mesmas (Ver, por exemplo, Romanos 4:3-14).

A seção da sexta-feira reconhece sem ambigüidades que as promessas de Deus em Êxodo 6:1-8 são as mesmas que as Suas promessas do novo concerto. Observe-se que aí não existe "oferta" alguma a Israel, que não há acordo de nenhum tipo com eles. Simplesmente lhes prometeu a salvação. Se o tivessem escutado e crido, tal como fez Abraão, sua história teria sido gloriosa. 

"Lembrei-Me da Minha aliança... Eu sou o Senhor... e vos tirarei... vos livrarei... resgatarei... vos tomarei por Meu povo, e serei vosso Deus... vos levarei à terra... vo-la darei por herança, Eu sou o Senhor."

Finalmente na quinta-feira: Lendo Jeremias 31:31 a 34 fica claro que Israel vinha vivendo sob o velho concerto desde os tempos do monte Sinai. O novo concerto estava ainda no futuro para eles. Sua incredulidade nacional o tinha transportado para o futuro. Inclusive depois do cativeiro, continuou predominando a mente do velho concerto, até a própria crucificação do seu Messias. Está para nós ainda no futuro?

"Desde eras eternas o concerto da graça (favor imerecido) existiu na mente de Deus. É conhecido como o concerto eterno, pois o plano da salvação não foi concebido após a queda do homem" (A Verdade Sobre os Anjos, pág. 25)

"A obra do pecador não é fazer paz com Deus mas aceitar a Cristo como a sua paz e justiça. Assim o homem se torna um com Cristo e com Deus" (AFC 112)

"Tem que receber a Cristo como a seu Salvador pessoal e tem que crer nEle. Receber e acreditar é sua parte no contrato" (ELLC 12)

 

Comentários de Ellet J. Waggoner

O sinal do concerto: a verdadeira circuncisão

Esta é a Minha aliança, que guardareis entre Mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado (Gên. 17:10).

E [Abraão] recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que crêem, estando eles também na incircuncisão; a fim de que também a justiça lhes seja imputada (Rom. 4:11).

Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no Espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus (Rom. 2:28 e 29).

Circuncidados pelo Espírito

Sabemos que a lei é espiritual (Rom. 7:14). Isto é, é a natureza do Espírito Santo, uma vez que a Palavra de Deus é a espada do Espírito de Deus, que é capaz de implantar a lei de Deus no coração do homem. Assim, a circuncisão é obra do Espírito Santo. Estêvão chamou de incircuncisos os malvados judeus dizendo: Vós sempre resistis ao Espírito Santo... (Atos 7:51). Está, pois, evidente que, embora em Romanos 2:29, em algumas versões da Bíblia apareça a palavra espírito  escrita em caracteres minúsculos, refere-se de fato ao Espírito Santo e não ao espírito do homem (no original grego não há distinção entre maiúsculas e minúsculas). A versão Reina-Valera de 1890 [em espanhol] traduz corretamente: Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no Espírito, não segundo a letra...

Se nos lembrarmos de que a circuncisão foi dada como sinal da justiça pela fé, e que a herança prometida a Abraão e sua semente foi segundo a justiça da fé (Rom. 4:11 e 13), compreenderemos que a circuncisão era a garantia (ou hipoteca) dessa herança. O apóstolo declara também que obtemos a herança em Cristo, tendo nEle também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida... (Efés. 1:10-14). A possessão prometida a Abraão e à sua semente foi assegurada tão-somente mediante o Espírito de justiça; portanto, desde o princípio não existiu circuncisão autêntica que não fosse a do Espírito.

Circuncidados em Cristo

E estais perfeitos nEle, que é a cabeça de todo o principado e potestade; no qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, a circuncisão de Cristo (Col. 2:8-11). A circuncisão deveria ter o mesmo significado tanto ao ser dada quanto em qualquer momento subseqüente. Logo, desde o princípio, significou justiça somente mediante Cristo. Assim demonstra o fato de a circuncisão ter sido dada a Abraão como sinal da justiça da fé: E creu ele no Senhor, e imputou-lhe isto por justiça (Gên. 15:6).

Quem é a "circuncisão"?

Filipenses 3:3 responde a essa pergunta: Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne. Isso não é mais do que dizer em outras palavras que a circuncisão a que é do coração, no Espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus (Rom. 2:29) Portanto, jamais alguém que não cresse foi circuncidado e se alegrou em Cristo Jesus. Essa é a razão por que Estêvão chamou os judeus incrédulos de incircuncisos.

O significado da circuncisão

Não dispomos aqui de espaço para entrar em detalhes sobre essa questão, porém, os textos já citados nos colocam na pista. Um estudo cuidadoso dos capítulos do Gênesis, os quais nos falam do concerto que Deus fez com Abraão, servirá também para esclarecer o tema.

Em Gênesis 15 vemos que Deus fez um concerto com Abraão na  base de sua fé. O capítulo 16 explica como Abraão deu ouvidos à voz de sua esposa, em lugar de ouvir a voz do Senhor, e se esforçou para cumprir a promessa de Deus mediante a carne, o que o levou ao fracasso. Seu filho tinha de nascer segundo o Espírito e não segundo a carne. Ver Gálatas 4:22, 23, 28 e 29.

No capítulo 17, observamos o reavivamento da fé de Abraão, assim como a renovação do concerto. Então aconteceu a circuncisão como selo. Foi-lhe secionada uma parte da carne como indicativo de que não devia pôr sua confiança na carne, mas devia esperar a justiça e a herança somente mediante o Espírito de Deus. Os descendentes de Abraão teriam assim um contínuo memorial de seu erro, e uma admoestação para confiar no Senhor e não neles mesmos.

Porém, eles perverteram o sinal. Conceberam-no como um indicativo de que eram melhores que os demais povos, em lugar de considerá-lo  como uma evidência de que a carne para nada aproveita. Contudo, o fato de os judeus terem pervertido e malinterpretado o sinal não destrói seu significado original. (E. J. Waggoner. Carta aos Romanos, pág. 29).

Comitê de Estudo da Mensagem de 1888

Leia Carta aos Romanos, de Waggoner, no Www.Adventistas.Info

Em breve: Tira-dúvidas Sobre os Dois Concertos!

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