Cristo Redentor vira alvo de discórdia entre Igreja e agências de propaganda

Tatiana Bar Newell, repórter iG no Rio de Janeiro (tailica@ig.com.br)

Arquidiocese do Rio afirma que imagem vem sendo desrespeitada nas campanhas
e que continuará processando as agências que a utilizarem sem prévia
autorização. Publicitários consideram a medida retrógrada e dizem que
preferem correr o risco de um processo. Você pode votar na enquete do Último
Segundo.

RIO DE JANEIRO - O Cristo Redentor está longe de ser apenas um ponto turístico da cidade do Rio de Janeiro. O monumento virou motivo de acusação por parte da Arquidiocese do Rio contra agências de publicidade que, segundo a Igreja, vêm vulgarizando e desrespeitando a imagem em suas campanhas.

Segundo Antônio Passos, diretor jurídico da Arquidiocese do Rio, a polêmica já dura seis anos. Ele explica que o monumento do Cristo Redentor foi construído em 1926, pelo engenheiro Heitor da Silva Costa, que forneceu os direitos autorais e de imagem à Arquidiocese.

"O terreno é de nossa propriedade, temos todo o direito de processar quem utilizar a imagem sem autorização prévia. Os processos são apenas criminais, exigimos que as campanhas sejam retiradas, mas não pedimos indenização", diz Passos, que prefere não revelar os nomes das agências que estão sendo ou já foram processadas.

Para Sérgio de Paulo, ex-diretor de criação da Young Rubicam e atual presidente da agência Comunicação Carioca, a decisão da Igreja é retrógrada e não tem coerência.

"Quando estava na Young, fui responsável pela polêmica campanha da Du Loren, em que uma freira levantava o hábito e o Cristo Redentor tapava os olhos. Por causa da Arquidiocese, tive que tirá-la do ar. Acho que a Igreja só deve intervir quando sentir que as campanhas são abusivas ou desrespeitosas. Fora isso, não. A Arquidiocese deveria se preocupar com outros problemas da cidade", comenta o publicitário.

O presidente da agência Doctor, Marcos Silveira, que atualmente está com a conta da Du Loren, concorda e afirma que, mesmo correndo risco de ser processado, continuará usando a imagem do Cristo Redentor sempre que achar necessário em suas campanhas. 

"Essa decisão da Igreja é uma verdadeira censura. O Cristo é um monumento como qualquer outro. Eles estão confundindo a imagem de Jesus Cristo sangrando na cruz com o patrimônio que pertence a todos nós", diz Silveira.

"Existem abusos bem piores para a Igreja se preocupar. Os processos que podem vir a acontecer fazem parte do preço da liberdade de expressão que temos que pagar", explica Fábio Seidel, diretor de criação da agência Cult.

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