Se Jesus Disse que Está Conosco "Todos os Dias", Por Que Guardamos o Sábado? É muito conhecido aquele episódio da história de Cristo em que, num sábado, Ele e Seus discípulos cruzaram uma plantação de trigo e, logo adiante, foram condenados pelos fariseus como transgressores do quarto mandamento por arrancarem espigas, debulharem e comerem enquanto caminhavam. Talvez,você ainda não teve a idéia de colocar lado a lado os relatos desse incidente encontrados nos evangelhos sinóticos. Se ainda não o fez, gaste um tempinho, examinando com atenção esses três textos para identificar que pontos têm em comum e em que aspectos se complementam:
Observe que esses trechos assinalados acima são exclusivos do relato a que pertencem, detalhes que não se repetem nos demais. Assim, é como se estivéssemos lendo três reportagens inspiradas, que se complementam! Como resultado, apenas a título de facilitar de forma didática a visualização, com todo o respeito e reverência que merece a Palavra de Deus, poderíamos produzir uma versão "unificada" desses relatos. Uma "notícia" mais completa, juntando tudo que dizem os três evangelistas.
Acredito que podemos extrair algumas lições importantes das frases em negrito no quadro acima: "Em dia de sábado, passou Jesus pelas searas..." 1. Deus faz questão de estar conosco todos os dias e especialmente no sábado. Essa é a primeira e grande lição que esses registros do Evangelho parecem querer nos ensinar. Embora fosse dia sagrado de descanso, Jesus não aproveitou para dormir até um pouco mais tarde, nem deu folga para os discípulos. Naquela manhã de sábado, os doze poderiam estar assentados sob a sombra de uma árvore frondosa, enquanto Jesus apontaria a uma seara ao longe e lhes diria que, se estivessem com fome e passassem por uma plantação de trigo poderiam arrancar algumas espigas, debulhá-las e comê-las sem que estivessem com isso transgredindo o sábado. Mas Cristo tinha outras lições além dessa a ensinar-lhes e o fez de maneira muito prática e inesquecível. Manteve-Se ao lado deles, caminhando com eles, em dinâmica contemplação das obras de Deus, enquanto buscava oportunidades para ensiná-los embora fosse sábado. Na Escola de Jesus Cristo, não existe feriado nem férias. Aliás, isto é uma promessa dEle para todos nós: "Eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século." Mateus 28:20. Percebe que temos um probleminha aqui? Jesus é Deus Conosco todos os dias e não apenas no sábado. Sendo assim, o que existe de diferente ou de especial com o sétimo dia da semana? Voltemos ao Gênesis, para relembrar que o sétimo dia foi abençoado e santificado por Deus, como dia para descanso ou, como sugere a expressão original lá do hebraico, "cessação do trabalho".
Leia de novo e repare que a designação do sétimo dia para descanso abençoado e santificado fez também parte da criação. No domingo, a luz. Na segunda-feira, a separação da águas debaixo e sobre o firmamento. Na terça, terra seca e vegetação. Quarta, astros e estrelas. Quinta, aves, peixes e outros animais aquáticos. Sexta, animais domésticos e selváticos, inclusive répteis, e o primeiro casal de seres humanos. Mas a criação não terminou aí, porque ainda faltava algo para que a felicidade humana fosse completa. No sétimo dia, criou Deus o sábado. Aquele que não Se cansa inventou-nos o descanso, porque sabia que iríamos precisar dele! Desfrutou Ele próprio do descanso de que não precisava, para presentear-nos com um dia especial. "O sábado foi estabelecido por causa do homem," confirma Jesus. Todas as obras realizadas por Deus na semana da criação, foram consideradas por Ele como "muito boas". Mas o sábado, além de "muito bom" como tudo quando Deus fez, foi ainda abençoado e santificado pelo Criador. E os motivos dessa iniciativa divina podem ser compreendidos logo adiante no relato bíblico.
A opção de nossos primeiros pais pela desobediência trouxe como resultados imediatos as maldições da hierarquia e do trabalho cansativo e continuado por toda a existência humana. Eva teria de colocar-se em posição inferior, submeter-se ao marido e deixar-se ser governada por ele. Adão se tornaria escravo do trabalho, tendo que pegar no pesado todos os dias para garantir o sustento de sua família. Assim, o relacionamento do homem com a Natureza (trabalho) e do homem para com o semelhante (convivência) foram imediatamente seriam imediatamente afetados pelo pecado. Terríveis maldições! Não haveria antídotos para elas? Tão certa quanto a prévia disposição divina de enviar Seu Filho ao mundo para salvar os pecadores, foi a provisão antecipada de um dia a cada semana, o sétimo, em que a maldição da hierarquia (domínio e subordinação entre iguais) e a maldição do trabalho cansativo e continuado seriam quebradas.
Embora seja apenas um lembre-te para uma prática conhecida desde o Éden, o quarto mandamento fraciona a maldição do trabalho cansativo e continuado, concedendo ao homem oportunidade de descanso e cessação de suas atividades rotineiras no dia escolhido por Deus. Impede também a continuidade das relações de poder em todos seus níveis, marido-mulher, pais-filhos, patrão-empregado, dono-propriedade e dominador-explorado. Você não deve trabalhar nem mandar outros trabalharem por você! No sábado, a maldição da exploração hierárquica do homem pelo homem deixa de existir. A repetição da lei em Deuteronômio deixa ainda mais evidente o desagrado divino contra hierarquização das relações sociais.
Assim, no sábado, aprendemos com Deus como deveriam ser todos os outros dias da semana. (Continua...) |
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