Ancião Explica Natureza de Adão Manifestada em Jesus


Depois de ter por longo tempo analisado as considerações que existem sobre a "Natureza de Cristo" neste site, gostaria que você publicasse minhas reflexões sobre o assunto a fim de que possamos trocar experiências a respeito com os demais irmãos que se interessarem e assim crescermos espiritualmente no conhecimento do Senhor Jesus Cristo. Obrigado.

Um abraço,
Jackson Diogo Damásio Outeiro
IASD Central de Campo Grande, MS


Jesus recebeu a natureza humana de Adão antes da queda porque Ele foi tentado como Adão e Eva, vejamos:

“Como Deus, Ele não podia ser tentado; mas como homem, podia sê-lo, e isso fortemente, e podia ceder às tentações. Sua natureza humana teria de passar pela mesma prova e provação que Adão e Eva.”   Mensagens Escolhidas, pág. 129

Observem: Jesus foi provado, tentado como Adão e Eva. Para isto Ele teria que ter a mesma natureza humana de Adão e Eva antes da queda. I Cor. 15: 45 “Assim também está escrito: O primeiro homem, Adão, tornou-se alma vivente; o último Adão, espírito vivificante.”

“Cristo não possuía a mesma deslealdade pecaminosa, corrupta e decaída que nós possuímos, pois então Ele não poderia ser um sacrifício perfeito.” Manuscrito 94, 1893. Mensagens Escolhidas, pág. 131.

Embora não houvesse nenhuma mancha de pecado em Seu caráter (nós nascemos com o caráter deformado, somente com a natureza decaída, natureza de Adão após o pecado), Ele condescendeu em ligar nossa decaída natureza humana com a Sua divindade. Tomando assim a natureza humana, Ele honrou a humanidade. Tendo assumido nossa natureza decaída, Ele demonstrou o que ela poderia tornar-se pela aceitação da ampla provisão que fizera para ela e tornando-se participante da natureza divina.” Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 134.

Em Jesus estavam Irmanadas ambas as naturezas, a de Adão antes da queda e a que Adão passou a possuir depois da queda, mas a natureza de Adão antes da queda que Jesus possuía se sobrepunha a natureza decaída graças ao poder que o Espírito Santo concedia a Jesus.

“As tentações de Cristo e Seus sofrimentos diante delas eram proporcionais a Seu elevado caráter sem pecado.” Mensagens Escolhidas, pág. 131.

Jesus foi tentado a fazer coisas “aparentemente boas” que na essência eram más porque não estavam de acordo com a vontade, com os planos Daquele que é Perfeito, Deus o Pai. Jesus, por exemplo, foi tentado, por Satanás, através de Pedro, veja Mat. 16:22_23, e no Getsêmani  a não receber os pecados da humanidade porque fariam separação entre o Pai e Ele,  Isaías 59:2. Jesus foi tentado, por Satanás a não se separar do Pai, a não interromper o relacionamento com Seu Pai e em conseqüência a não morrer pela humanidade. “O afastamento do semblante divino, do Salvador, nessa hora de suprema angústia, penetrou-lhe o coração com uma dor que nunca poderá ser bem compreendida pelo homem. Tão grande era essa agonia, que Ele mal sentia a dor física.”  O Desejado de Todas as Nações, pág. 753. Jesus  “temia que o pecado fosse tão ofensivo a Deus, que Sua separação houvesse de ser eterna.”  Idem.

Nós que possuímos uma natureza espiritual corrupta, decaída nunca seremos tentados desta forma. Satanás nos tentará a interrompermos nosso relacionamento com o Pai, porque é isto que a nossa natureza desleal e pecaminosa mais quer ao contrário da natureza de Jesus. Jesus não nasceu somente com a natureza decaída. Não nasceu separado do Seu Pai. Ele não experimentou desejos sensuais, cobiça, desejo de mentir de roubar e ira pecaminosa, não existem relatos bíblicos explícitos de que Jesus tenha sofrido estes tipos de tentações. Jesus não era atraído pelo sexo ilícito. Nós sim, somos tentados por estas coisas. Leiamos Hebreus 4:15. Como Jesus foi tentado a nossa semelhança? Como entender isto?

O ato de pecar não consiste necessariamente em fazer coisas más ou boas, mas sim em não escolher o governo de Deus. Cristo foi tentado como nós, a nossa semelhança, na mesma intensidade, e até mais do que nós, mas suas tentações consistiam em fazer coisas “aparentemente boas”, mas independentes da vontade do Pai. Jesus foi tentado no deserto a provar, através de um milagre, que era o Filho de Deus, aliás Ele veio também com este propósito e aparentemente não havia mal nenhum em provar que Ele era o Filho de Deus, mas Ele não caiu na tentação porque naquele momento esta não era vontade do Pai. “Isto foi na verdade uma tentação para Cristo." Mensagens Escolhidas, vol. I, pág 275.

“Cristo viu quão profundo é o domínio do pecado no coração humano, quão poucos estariam dispostos a romper com seu poder. Sabia que sem o auxílio divino, a humanidade devia perecer, e via multidões perecerem ao alcance de abundante auxílio.” Desejado de Todas as Nações, pág. 753.

“É nosso privilégio possuir os mais altos atributos de Seu Ser, se por meio das providências tomadas por Ele nos apropriarmos dessas bênçãos e diligentemente cultivarmos o bem em lugar do mal. Temos razão, consciência, memória, vontade, afeições – todos os atributos que um ser humano pode possuir. Mediante a providência tomada  quando Deus e o Filho de Deus fizeram um concerto para libertar o homem da escravidão de Satanás, foram providos todos os meios para que a natureza humana se unisse com a natureza divina. Nessa natureza é que o nosso Senhor foi tentado. Ele poderia ter cedido às enganosas sugestões de Satanás, como Adão o fez (antes da queda), mas devemos adorar e glorificar o Cordeiro de Deus por não haver cedido um i ou um til em nenhum ponto.” Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 130. Jesus “tomou providências para que nos tornemos participantes da natureza divina, e nos assegura que podemos vencer como Ele venceu. Sua vida testificou que com a ajuda do mesmo poder divino que Cristo recebeu, é possível ao homem obedecer à lei de Deus. Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 132.

“Nos concílios do Céu, Deus disse: Façamos o homem à Nossa imagem, conforme a Nossa semelhança... Criou Deus, pois, o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou.”  Gen. 1:26 e 27. O Senhor criou as faculdades morais do homem e suas faculdades físicas. Tudo era uma reprodução sem pecado de Sua própria Pessoa. Deus dotou o homem de santos atributos e colocou-o num jardim feito especialmente para ele. Só o pecado podia arruinar os seres criados pela mão do Onipotente.”  Mensagens Escolhidas, vol 3, pág. 133.

Semelhante a Adão Deus criou a Jesus, sua imagem e semelhança. O Espírito Santo utilizou o pó (Maria, veja Gen. 3:19 ... tu és pó e ao pó tornarás), como fez na criação de Adão, para trazer Jesus a vida. Nós ao contrário, ao nascermos neste mundo não somos imagem e semelhança de Deus, somos nascidos do pecado, frutos do pecado, nascemos corrompidos, com o caráter deformado, escravos do pecado. Somente passamos a ser imagem e semelhança de Deus, semelhantes a Jesus, quando nascemos de novo pelo poder do Espírito Santo, ou seja nascidos de Deus. Somente então teremos a natureza não caída de Adão, que tinha Jesus, a qual nos capacitará a  vencermos o pecado que se tornará repulsivo a nossa natureza.

Isto não quer dizer que não haverá possibilidade de pecarmos, pois ainda haverá o livre arbítrio. Teremos o poder de não pecar mas não a impossibilidade. Está natureza de Jesus semelhante a que também tinha Adão antes da queda passa então, após o milagre da conversão, a conviver em oposição a nossa natureza pecaminosa, decaída, para que não façamos o que é do nosso querer, veja Gal. 5:17. A medida que permitirmos que o poder do Espírito Santo nos conceda em maior plenitude a natureza divina, a natureza de Cristo, a natureza de Adão antes da queda, seremos então mais semelhantes a Jesus que possuía a natureza decaída mas em maior total plenitude a natureza divina não decaída que Adão recebeu do Criador em sua criação.

Apesar de todas estas reflexões lembremos como disse Ellen G. White: “A encarnação de Cristo sempre foi e sempre continuará sendo um mistério”.

Que Deus nos abençoe, pois a sacudidura já começou.

“A rejeição do testemunho direto da Testemunha fiel e a aceitação de diversas doutrinas errôneas produzirão forte sacudidura”. Primeiros Escritos 270, Testemunhos para Ministros 112, 3 Testemunhos Seletos 271, Testemunhos para Ministros 475.

“Entre essas falsas teorias, acham-se a especulação em torno da natureza de Deus e os conceitos errôneos acerca da recepção do Espírito Santo e do que significa a santificação; o fanatismo será semelhante ao de 1844”. Review and Herald (28.01.1909), (13.10.1904), (11.01.1887); 3 Testemunhos Seletos 270-272.


Comentários de um Pastor Anônimo

Aqui vão algumas considerações sobre a explicação do Irmão Jackson sobre a natureza humana de Adão manifestada em Cristo.

1.     Devemos ser leais e criteriosos na interpretação de citações de Ellen White.  A citação usada pelo irmão Jackson, do Mensagens Escolhidas (volume 3) apenas menciona o fato de que Jesus foi tentado, passou pela provação como Adão e Eva. Não achei ali nenhuma citacão direta e explícita de que Jesus tinha a natureza humana de Adão e Eva.

A conclusão do irmão Jackson baseia-se no método de silogismo, ou seja, Adão tinha natureza humana não-caída, se Jesus foi tentado como Adão, sua natureza era não-decaída como a de Adão e Eva. Se usarmos esse método até as últimas conseqüências, podemos dizer que Jesus foi criado no Éden, do puro pó da terra, tinha o mesmo corpo, (e.g., a mesma estatura) que Adão e Eva, foi tentado no Éden como eles, pela serpente, foi tentado a comer um fruto como eles e por fim, como em sua primeira tentação eles caíram, ao ser tentado, Jesus caiu como eles!

Pergunto, por que o irmão Jackson não usa esse método na seguinte passagem de Ellen White que ele mesmo cita: “…tomou providências para que nos tornemos participantes da natureza divina, e nos assegura que podemos vencer como Ele venceu. “ Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 132. Segundo o silogismo acima utilizado, concluímos que se nós temos natureza caída e Jesus venceu como nós podemos vencer, significa que Ele tinha a nossa natureza caída!! Notaram como podemos fazer com que Ellen White diga o que quisermos se não usarmos métodos abalizados para estudar seus escritos?

Portanto, a implicação de que porque Ele foi tentado como Adão e Eva Ele devia ter a natureza de Adão e Eva antes da queda é arbitrária ao texto e não resiste a uma análise minuciosa do método silogístico empregado. Se Ellen White quisesse dar a entender esse conceito, ela poderia ter escrito claramente: “Como Deus, Ele não podia ser tentado; mas como homem, podia sê-lo, e isso fortemente, e podia ceder às tentações. Sua natureza humana, sendo como a de Adão e Eva antes da queda, teria de passar pela mesma prova e provação que Adão e Eva.” Mas não o fez.  Ficamos apenas com o conceito de que Jesus como homem, foi tentado e passou pela prova como Adão e Eva, ou como os filhos deles ou como toda a humanidade. Ele não estava isento de tentação. Dizer mais do que Ellen White disse é espúrio.

Precisamos ser mais criteriosos ao citar Ellen White para corroborar nossas idéias porque muitas vezes, estamos prestando um desserviço ao Espírito de Profecia. Fazemos de Ellen White muitas vezes uma marionete para apoiar conceitos que ela nunca quis expressar. A Igreja Adventista precisa parar de se auto-atacar usando citações de Ellen White. Precisamos descobrir qual é o todo do que Ellen White quer expressar, sem tirar citações de contexto, ou usar uma ou duas passagens para consubstanciar idéias, como fazem muitas igrejas evangélicas com versos bíblicos.  Qual é o todo da teologia de Ellen White sobre um assunto? Se ela fala claramente algo, precisamos nos agarrar a isso somente e não tentar ler algo que ela claramente não escreveu.

2.     O texto usado de I Cor. 15: 45 “Assim também está escrito: O primeiro homem, Adão, tornou-se alma vivente; o último Adão, espírito vivificante,” é um exemplo clássico da descontextualização de versos bíblicos. A passagem em discussão absolutamente não trata da semelhança das naturezas humanas dos dois Adões e sim da distinção final da natureza humana corporal e espiritual após a ressurreição (veja o contexto do capítulo).

De maneira bem simplificada, podemos dizer que Paulo, ao tratar do assunto da ressurreição, quer traçar uma distinção entre o tipo de corpo e natureza que o homem possui agora e que os ressuscitados e salvos terão. O primeiro Adão aqui representa o nascimento natural de todo homem, e o segundo Adão, Jesus, em termos de representatividade da raça humana e não em termos de natureza humana como se referindo ao segundo Adão antes da queda, representa o nascimento espiritual, do céu (v. 47), celestial (v 48). Portanto, a análise de Paulo trata do assunto da natureza humana de Cristo após a ressurreição à qual todos teremos acesso por ocasião da sua vinda e da primeira ressurreição (salvos vivos e mortos).

3.     A citação “Cristo não possuía a mesma deslealdade pecaminosa, corrupta e decaída que nós possuímos, pois então Ele não poderia ser um sacrifício perfeito.” Manuscrito 94, 1893, novamente não se refere à natureza humana de Cristo e sim ao seu caráter perfeito. Ellen White não escreveu, “Cristo não possuía a mesma natureza pecaminosa e corrupta…” Ela escreveu sim que “Ao tomar sobre Si a natureza do homem em sua condição decaída, Cristo de maneira nenhuma participou no seu pecado.” SBABC vol. 5, 1131. Devemos nos ater exatamente ao que ela expressa.

Deslealdade aqui é no sentido de que seu caráter, sua performance como homem nunca foi manchada pelo pecado. Nós pelo contrário, já fomos manchados, corrompidos e completamente porque usamos o instrumento do pecado, a carne, para realizar atos repetidos e voluntários de pecado. Cristo, por outro lado, embora vivesse na carne (Rom. 8:3: “o fez Deus enviando seu próprio filho em semelhança de carne pecaminosa…”) e possuísse nossa a natureza humana, nunca entregou sua vontade humana ao pecado. Sua vida foi uma constante negação do eu. (Lucas 22:42: “…contudo não se faça a minha vontade, e sim, a tua.”) Jesus nunca participou da pecaminosidade do homem nunca foi manchado pelo pecado, senão Ele teria sido um sacrifício imperfeito. Note que a natureza de Adão antes da queda não é requisito para que Cristo fosse leal, porque Adão em sua natureza antes da queda, não foi leal a Deus, pelo contrário, em sua primeira tentação, caiu. Somente a união incessante de Jesus com o Pai é que o tornou sem pecado. Assim Jesus se torna nosso exemplo na luta contra o pecado.

4.     A citação “Embora não houvesse nenhuma mancha de pecado em Seu caráter, Ele condescendeu em ligar nossa decaída natureza humana com a Sua divindade. Tomando assim a natureza humana, Ele honrou a humanidade. Tendo assumido nossa natureza decaída, Ele demonstrou o que ela poderia tornar-se pela aceitação da ampla provisão que fizera para ela e tornando-se participante da natureza divina.” (Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 134), serve justamente ao propósito de expressar a semelhança da natureza humana de Cristo com a natureza caída do homem. Note que ela não diz que ele não tinha “mancha de pecado em Sua natureza” e sim que não havia mancha “em seu caráter“. Não podemos misturar a natureza caída de Cristo com o resultado de sua vida sem pecado, seu caráter. Os dois são distintos e isso é que torna Jesus um homem perfeito.

Ellen White também diz: “Tomando nossa natureza decaída…” Ellen White teria aqui a mais perfeita oportunidade para dizer: “Tomando a natureza de Adão antes da queda…” mas, ela não o fez. Poderia-se argumentar, mas ele tomou a natureza caída somente na cruz! Leiamos a seguinte passagem que reflete exatamente quando Jesus tomou a natureza caída do homem. “Cristo fez um sacrifício infinito. Deu Sua própria vida por nós. Tomou sobre Sua natureza divina o resultado da transgressão da lei de Deus. Pondo de lado Sua coroa real, Ele condescendeu em descer degrau por degrau ao nível da humanidade caída. (RH, 30 de Abril de 1901). Portanto, o assumir a natureza caída deu-Se no momento exato da encarnação, quando “o Verbo se fez carne e habitou entre nós.” João 1:14.

5.     O irmão Jackson diz: “Em Jesus estavam irmanadas ambas as naturezas, a de Adão antes da queda e a que Adão passou a possuir depois da queda.” Nesse caso precisamos rejeitar o conceito de Paulo em Hebreus 2:17 que diz: “Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos…” Se Jesus possuía duas naturezas humanas, ele era um ser humano híbrido, um espécimen único da raça humana, confuso entre duas naturezas e que nunca poderia ser semelhante “aos irmãos” e não poderia ser um “sumo-sacerdote que pode se compadecer,” pois nós possuímos somente uma natureza humana. Ou temos que concluir que Jesus possuía 3 naturezas, divina, humana de Adão e humana caída, o que é totalmente estranho à cristologia bíblica e de Ellen White. Resta-nos a pergunta: De qual natureza humana Ele dispunha ao viver como homem? Em que momento da encarnação Ele intercala o uso da natureza humana antes da queda e da posterior à queda? Por que Jesus precisava estar unido ao pai, orar, jejuar se sua natureza antes da queda tinha uma inclinação natural ao bem?

Sobre a idéia de naturezas irmanadas, a única evidência bíblica dessa amálgama é que Jesus era completamente Verbo eterno (Deus) e completamente carne (homem - João 1:14). Assim, as únicas naturezas presentes em Jesus era a divina, eterna, não-derivada, auto-existente e a que Jesus recebeu de sua mãe, Maria, a natureza humana caída. Dessa forma Jesus se torna o segundo Adão, ou seja, o segundo representante da raça da humana. Nenhum homem jamais nasceu e jamais nascerá possuindo 2 naturezas, caída e não-caída. Adão ao pecar, perdeu sua natureza imaculada.

O irmão Jackson continua: “mas a natureza de Adão antes da queda que Jesus possuía se sobrepunha a natureza decaída graças ao poder que o Espírito Santo concedia a Jesus.” Parece que aqui ele finalmente aceita que Jesus tinha a natureza caída do homem! É uma idéia interessante mas os termos usados não ajudam. Acho que a solução a esse conceito seria dizer que a natureza humana de Jesus, embora na carne (Rom. 8:3), produziu um caráter imaculado e sem pecado (no espírito) pela Sua união completa e incessante ao Pai através do Espírito Santo.

6.     Jackson continua: “[Jesus] não nasceu separado do Seu Pai. Ele não experimentou desejos sensuais, cobiça, desejo de mentir de roubar e ira pecaminosa, não existem relatos bíblicos explícitos de que Jesus tenha sofrido estes tipos de tentações. Jesus não era atraído pelo sexo ilícito. Nós sim, somos tentados por estas coisas.” 

Eu pergunto, se não existem relatos bíblicos sobre um assunto, como podemos afirmar categoricamente algo que a Bíblia não menciona? Se Jesus não nasceu separado de Seu Pai como todos os homens, então todas as suas orações e esforços para estar unido ao Pai foram uma farsa, pois Ele estava naturalmente unido a Deus e não necessitava orar, jejuar e manter sua união com Deus. Jesus disse: “Eu venci o mundo.” Se Ele não teve que lutar para manter essa união e obter a vitória, que vitória foi esse que Jesus conquistou? Jesus está mentindo, pois sem luta, não existe vitória.

Jesus nasceu, sim, em alienação a Deus e Sua vida inteira Ele lutou para que essa alienação de Deus não se concretizasse completamente na forma de atos pecaminosos. Na cruz, Jesus tremeu ante o fato de que os pecados do mundo tornassem essa alienação eterna e clamou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Mat. 27:46.  Jesus  “temia que o pecado fosse tão ofensivo a Deus, que Sua separação houvesse de ser eterna.” (O Desejado de Todas as Nações, pág. 753). Note que Sua está em letra maiúscula referindo-se a Jesus. Se Jesus não estivesse alienado de Deus, por que então clamar? Seria essa outra farsa?

7.     O irmão Jackson conclui: “Semelhante a Adão Deus criou a Jesus, sua imagem e semelhança. O Espírito Santo utilizou o pó (Maria, veja Gen. 3:19 ... tu és pó e ao pó tornarás), como fez na criação de Adão, para trazer Jesus a vida.

Se Deus quisesse que Jesus tivesse a natureza de Adão antes da queda, por que é que Jesus não foi criado exatamente como Adão o foi, do puro pó da terra, sem passar pelo canal da humanidade caída? A única evidência bíblica é que aprouve a Deus que Jesus nascesse de uma mulher pós-queda (Luc. 1:31), tivesse uma descendência humana pós-queda (Mat. 1:17), tivesse um corpo pós-queda (Heb. 10:5) e uma natureza humana pós-queda (Rom. 8:3).

Concluir que Jesus recebeu de Maria uma natureza antes da queda é cair no erro da Igreja Católica que, para acomodar a idéia de que Jesus era isento da natureza humana pós-queda, forjou a doutrina de que Maria também possuía natureza sem pecado e assim sua mãe também e assim por diante. Essa doutrina é conhecida como a Imaculada Conceição de Maria, ou seja, Maria foi concebida sem pecado, isenta do pecado e assim conferiu a Jesus uma natureza semelhante à de Adão antes da queda. Isso é o mesmo que afirmar que não há pecado no fim das contas pois se Maria isenta ao pecado, quem garante que, por exemplo, o Papa também não nasceu isento ao pecado e por isso pode ser o representante de Deus na terra? Esse é só um exemplo da falácia da doutrina.

A evidência científica da genética e a bíblica (João 1:14, Rom. 8:3, Heb. 2:17; 4:25; 10:5 etc.) portanto, confirmam que Maria concedeu a Jesus sua própria natureza, a caída. Concluir o contrário é pura especulação.

8.     O irmão Jackson continua.“A rejeição do testemunho direto da Testemunha fiel e a aceitação de diversas doutrinas errôneas produzirão forte sacudidura”. Primeiros Escritos 270, Testemunhos para Ministros 112, 3 Testemunhos Seletos 271, Testemunhos para Ministros 475. Estaria ele aqui procurando incluir a cristologia que crê que Jesus possuía natureza caída nessas “doutrinas errôneas”? Se for esse o caso, Ellen White estaria sendo culpada de pregar essas mesmas doutrinas errôneas pois diversas vezes ela afirma que "Cristo assumiu nossa natureza caída e foi submetido a todas as tentações às quais o homem está submetido." MS 80, 1903, p. 12. 17; MR, 29.5. Como explicaremos essa doutrina errônea nos próprios escritos de Ellen White?

9.     O irmão Jackson conclui suas considerações dizendo: “A medida que permitirmos que o poder do Espírito Santo nos conceda em maior plenitude a natureza divina, a natureza de Cristo, a natureza de Adão antes da queda, seremos então mais semelhantes a Jesus que possuía a natureza decaída mas em maior total plenitude a natureza divina não decaída que Adão recebeu do Criador em sua criação. É bom concluir que as únicas pessoas que possuíram a natureza antes da queda foram Adão e Eva. Jesus, possuindo uma natureza caída, como conclui O irmão Jackson, tem hoje a natureza humana vivificada e glorificada pela ressurreição (I Cor. 15:45,).

A única natureza que nós poderemos ser participantes é a natureza caída (carne), como dizia Lutero, “simultaneamente justos e pecadores”, mas vivificada (pelo espírito) e glorificada quando Cristo voltar. Então seremos participantes da natureza divina, e não da natureza de Adão antes da queda. Para efeitos práticos, quem é que quer ser participante de uma natureza que não permaneceu leal a Deus, antes deu lugar à serpente? Embora Deus tenha concedido a Adão uma natureza pura, sem pecado, usar a natureza humana de Adão antes da queda como símbolo de perfeição é ingênuo pois ele não permaneceu perfeito, antes, como dissemos acima, ele caiu em sua primeira tentação (ou ao ser enganado pela primeira vez, como Paulo afirma, o que não deixou de ser pecado). Afinal, baseado na natureza humana de Adão antes da queda, Satanás afirma dia e noite que sem dúvida é impossível ao homem manter-se leal aos princípios de Deus. Jesus, por sua vez, veio mostrar que não somente era possível que Adão permanecesse leal sendo puro e perfeito mas muito mais, Ele provou que o homem, na carne, com sua natureza caída (Rom. 8:3) também pode ser leal aos mandamentos de Deus.

Mas ainda mais importante, Jesus veio salvar o homem, e isso é o que devemos manter em mente ao estudarmos Cristologia, Jesus é nosso maravilhoso e perfeito SALVADOR. Como disse um pastor adventista, “Me alegro que Jesus seja meu exemplo, mas agradeço a Deus muito mais porque Ele é meu Salvador.”

Graças a Deus por um Salvador perfeito!

Um grande abraço ao Irmão Jackson.

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