Ex-Obreiro do IASP Conta
Como é Trabalhar para uma Empresa Adventista

Neste mês completaram-se 2 anos que eu fui contratado pelo IASP - Hortolândia-SP para exercer a função de professor na faculdade de educação física. Com muita tristeza declaro a quem queira saber como é trabalhar na Obra, uma vez que foi justamente esta a época em que mais tive de agarrar nas mãos de Deus para não vir a tornar-me um ateu, um descrente da fé, e cair nas terríveis garras da apostasia espiritual.

Na verdade, nunca cheguei a lecionar na faculdade, pois os diretores nunca cumpriram o que acertaram comigo, que seria ficar meio ano lecionando de 5a série até o ensino médio e então, assumir definitivamente a faculdade. Em meio ano de muito esforço, onde procurei não questionar as ordens "divinamente inspiradas" e "infalíveis" de meus líderes, as coisas até andaram bem, pois dentro de 6 meses fui promovido ao status de Obreiro, e agradeço ao IASP por este ato de reconhecimento que me deixou muito feliz.

Sempre achei cruel esta acepção de pessoas que a Obra costuma praticar, quando não concede este status a demais funcionários que são da mesma fé, trabalham com o mesmo amor, doam-se para a Obra, e na grande maioria dos casos ficam excluídos dos auxílios generosos que poucos desfrutam.

Com o tempo comecei a me deparar com problemas que nunca imaginei encontrar numa instituição como o IASP, mas que infelizmente fazem parte do dia-a-dia daquela escola, como a política de contratar professores não adventistas para lecionar nas faculdades, dificultando o acesso de professores adventistas para estas funções, como aconteceu comigo, pois mesmo estando cursando o doutorado na USP, fui impedido de assumir aulas na faculdade, porque as disciplinas são PRIORITARIAMENTE oferecidas aos professores não adventistas, que fazem seu lobby junto a um determinado coordenador de curso que também não  é adventista (não sei se já foi substituído) e que juntos pressionam os pastores diretores e aos poucos vão dificultando a colocação de adventistas para lecionar na faculdade de educação física.

É muito triste ouvir dos alunos que os corredores da faculdade do IASP se tornaram em "templos de apostasia", pois muitos destes professores falam abertamente que não crêem em Deus e que são evolucionistas.

Decepção maior que esta tive de enfrentar em  minha experiência como obreiro do IASP, quando em janeiro de 2001 sofri uma enfermidade de recuperação muito lenta, chamada Paralisia Facial. Fiquei 5 meses com o lado direito do rosto totalmente paralisado e deformado, e sem condições de trabalhar, e então meus problemas com o Sistema começaram... Nenhum líder do IASP foi me visitar em casa, apenas uns 2 ou 3 colegas que não pertencem à administração. Nenhum pastor orou comigo para minha recuperação, e cada diretor começou a dificultar a minha permanência em seu quadro de funcionários diretamente relacionados.

Quando voltei a trabalhar, fui muito humilhado por líderes e diretores, na tentativa de forçar um pedido de demissão e assim se livrar de um "peso", pois esta é a tática que eles usam quando querem demitir alguém. Logo depois fui demitido, sem justa causa, e até hoje estou numa luta jurídica contra o IASP, e digo isto com muita dor no coração, pois muitos líderes da Obra nos forçam a entrar na justiça contra suas arbitrariedades. Eu procurei ajuda pessoalmente na União Central e eles não quiseram se envolver. Eu me lembro muito bem que o Presidente me disse: "A gente aqui não pode fazer muito".

Também telefonei para a Divisão solicitando que alguém viesse até o IASP e julgasse o meu caso, mas nenhum pastor quis se envolver. Um deles, se não me engano era o tesoureiro da Divisão, me disse que o IASP era uma empresa como outra qualquer e como tal poderia demitir qualquer funcionário. Então eu lhe disse que uma vez que ninguém na Obra julgaria o meu caso, eu apelaria para "César" e entraria na justiça do trabalho. Ele me disse que eu não deveria jamais processar a Obra, e eu lhe respondi que não iria processar a Obra, mas apenas a empresa IASP, como ele mesmo afirmara.

Mesmo assim, eu tentei muitas vezes conversar com a mesa do IASP pacificamente, mas eles nunca me receberam. Hoje, o meu caso está na justiça, pois cansei de apelar a União e Divisão e muito mais para a mesa do IASP e estes me tratarem de forma humilhante e ignorante, não me permitindo sequer defender-me de suas acusações. Os diretores do IASP me acusavam de fingir-me de doente para não trabalhar, mesmo vendo meu rosto deformado e tendo em mãos todos os laudos médicos oficialmente periciados pelo INSS.

Quando passei pelo exame médico demissional obrigatório, o médico do IASP me examinou e me considerou INAPTO ao trabalho, e por causa deste documento eles não conseguiram até hoje homologar a rescisão do contrato, pois nenhuma delegacia do trabalho autoriza a demissão de um funcionário com um laudo desta natureza. Para minha pior surpresa, os pastores diretores do IASP pressionaram este médico que voltou atrás e deu um novo laudo, contradizendo o primeiro, sem sequer me examinar novamente.

Graças a Deus, a Justiça Constitucional do Trabalho não aceita tal mudança repentina de laudo, que na verdade não passa de um ato de má fé.

Após estes acontecimentos, tenho a dizer a todos que estão lendo este manifesto, que no IASP acontecem muitas coisas que desagradam ao Senhor Deus, mas mesmo assim, o Senhor Jesus Cristo continua ao lado de seus servos fiéis que ainda permanecem lá no IASP, e eu creio que lá existem muitos homens de fé, realmente envolvidos na Obra de Cristo.

O IASP também tem muitas coisas boas, e não tem culpa de ser dirigido por homens que um dia andaram com Deus, mas em algum momento resolveram seguir seu próprio caminho, conforme sua própria mente humana falha, e interessados apenas em suas realizações familiares e pessoais.

Tudo o que eu estou fazendo contra eles, não é por dinheiro ou por simples opnião, mas porque creio plenamente na fé Adventista do 7o Dia, creio que esta é a Igreja Verdadeira e pura de nosso Senhor Jesus Cristo, e como adventista desde o ventre materno, sei que o IASP não é propriedade exclusiva destes pastores equivocados, talvez até apostatados, mas é um patrimônio de toda a santa comunidade adventista do 7o dia, e merece nosso respeito, carinho e dedicação.

Deus me perdoe se eu estiver agindo de maneira errada, mas não posso me calar diante de tais acontecimentos. Não quero mais meu emprego de volta, pois Deus já resolveu minha situação financeira, quero apenas que o IASP - e a Obra em geral - voltem a ser dirigidas por homens cheios do Espírito de Cristo, homens mansos, sábios, misericordiosos, justos e perdoadores.

Sei que também sou falho, cometo erros, não sou o dono da verdade, mas neste caso, falo sem nenhum medo de errar, não estou lutando contra diretores homens, mas sim contra espíritos malignos que de todas as formas querem afastar os filhos de Deus de sua Obra já tão mal administrada e para isso usam pessoas que se afastaram de Deus e ocupam posições estratégicas nesta Obra santa, para assim trazerem escândalos, apostasia e vergonha para a Causa do Mestre Cristo Jesus.

Portanto irmãos, orem por mim, orem pela Obra, orem pelo IASP, amem a Obra, amem esta Igreja, não façam movimentos de separação, entendam que ainda existem muitos pastores fiéis que não se dobraram a Baal, e fiquem firmes na igreja e na fé, e lutem dentro da igreja pela moralização dela. Mas nunca nos esqueçamos que também somos falhos e erramos e que todos os dias precisamos andar com Deus para não cairmos nos mesmos pecados que apontamos nos outros.  Obrigado. -- Eduardo Luiz de Souza, Doutorando em Engenharia Ambiental na USP.


Reação do leitor

Prezado editor, acabo de ler o último parágrafo do texto do irmão do IASP:

"Portanto irmãos, orem por mim, orem pela Obra, orem pelo IASP, amem a Obra, amem esta Igreja, não façam movimentos de separação, entendam que ainda existem muitos pastores fiéis que não se dobraram a Baal, e fiquem firmes na igreja e na fé, e lutem dentro da igreja pela moralização dela. Mas nunca nos esqueçamos que também somos falhos e erramos e que todos os dias precisamos andar com Deus para não cairmos nos mesmos pecados que apontamos nos outros.  Obrigado. -- Eduardo Luiz de Souza, Doutorando em Engenharia Ambiental na USP."

O que gostaria de dizer a esse nosso irmão é que ele tem condições de analisar com seriedade os estatutos e o regimento interno da Corporação. E acredito que os comentários no http://www.adventistasleigos.com podem ajudá-lo sobremaneira a entender que o que ele pretende e que eu destaquei em vermelho é uma impossibilidade total em razão das condições jurídicas nas quais as instituições ASD foram transformadas.

O Irmão Eduardo precisa entender que a IASD não é a Corporação ASD, e para ele isso é urgente e importante.

Estar fora da Corporação ASD não é o mesmo que estar fora da IASD. -- Elihaj Harosh


Prezado Irmão Eduardo!

Eu posso imaginar como você se sente com relação ao que fizeram com você, que foi muito pior do que fizeram comigo. Também fui professora da instituição e fui perseguida até que me mandaram embora, só que me pagaram tudo direitinho, pois eu não estava doente, pelo contrário, gozava de bom estado de saúde.

É preciso que você entenda que o que está acontecendo dentro da Organização Adventista é profético e você deve observar que NÃO SÃO OS MEMBROS QUE ESTÃO FAZENDO UM MOVIMENTO SEPARATISTA, mas é a Organização que os está colocando para fora, por quererem viver na verdade com que nossa Organização foi fundada e que hoje se desviou. Assim como você foi colocado para fora, eu também e outros tantos, todos aqueles que se colocarem do lado da verdade pura da doutrina de nossa Igreja, também serão descartados.

Se não estamos na Igreja hoje, não é porque não queremos, mas é porque somos tidos como alarmistas das verdades que o SENHOR nos mandou a proclamar e que a Organização está se esquivando de fazer, pois estão se associando com os gentios e o SENHOR condena tais associações. Veja esta condenação quando o povo de Israel foi orientado para tomar posse da terra prometida!

Um abraço em Crsito Jesus, Tânia Mara.

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