Leigo Responde a Pastor e Mostra Como Alterar Frases Bíblicas e do Espírito de Profecia

1. COMO INCLUIR NA BíBLIA TEXTOS QUE NELA NÃO EXISTIAM.

Para não ser acusado de plagiário, alerto que vou usar textos do Pastor Pedro Apolinário, professor de grego e crítica textual do Seminário Latino Americano de Teologia, extraídos dos seus livros História do Texto Bíblico e Explicação de Textos Difíceis da Bíblia.

O estudo é sobre a passagem de  I João 5:7: “Pois há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e esses três são um”. Esse texto é um dos citados para confirmar a doutrina da Trindade.

Assim escreveu Pedro Apolinário:

Contra sua legitimidade pode-se dizer:

Nenhum manuscrito grego de data anterior ao século XV a contém. Não vem em muitos manuscritos cursinos e no (palavra em grego) A, B, etc.

Falta em todas as antigas versões, exceto na latina.

Os antigos Pais da Igreja nunca a citaram em qualquer dos seus argumentos a favor da doutrina da  Trindade. Os versos 6,8 e 9 são mais uma vez citados, mas nunca o verso 7.

A favor de sua legitimidade pode ser dito...

A opinião geral dos interpretes da Bíblia é assim expressa pelo Dr. Scrivener:

“Não hesitamos em declarar nossa convicção de que as palavras em questão não foram escritas pelo autor da Epístola de São João; mas que foram colocadas como piedosa e ortodoxa anotação na margem do verso oito, depois foram desta transportadas para o texto nos exemplares latinos da África, e do latim passaram para dois ou três  códices gregos, penetrando depois no texto principal, lugar que não lhes pertence por legítimo direito.” -- História do Texto Bíblico, Pedro Apolinário, Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia – São Paulo, 1990, página 108/110.

III – O Problema

Embora a passagem tenha suscitado polêmica e sugerido longas discussões, aqui se encontra o essencial para nossa orientação:

O SDABC, Volume 7, página 675, tem o seguinte comentário sobre esse problema: “A evidência textual atesta a omissão da passagem 'no céu, o Pai, o Verbo , e o Espírito Santo: e estes três são um. E três são os que dão testemunho na terra...'”

A passagem tal como aparece na King James Version não se encontra em nenhum manuscrito grego anterior aos séculos XV e XVI . As palavras controvertidas acharam seu caminho para a KJV através do texto grego de Erasmo. Diz-se que Erasmo se ofereceu para incluir as palavras duvidosas em seu Testamento Grego se lhe mostrassem um manuscrito que as contivesse. Uma biblioteca em Dublin produziu tal manuscrito (conhecido como 34) e Erasmo incluiu a passagem em seu texto. Crê-se agora que as edições posteriores da Vulgata adquiriram a passagem por erro de um copista, que inseriu um comentário exegético marginal, no texto bíblico que estava copiando. As palavras em questão têm sido amplamente usadas em defesa da doutrina da Trindade, mas em virtude de tal evidência esmagadora contra sua autenticidade, elas não devem ser usadas com esse  objetivo.

Conclusão

Embora esta declaração sobre “as três testemunhas celestiais” esteja em plena harmonia com a teologia bíblica sobre a Trindade, ela não deve ser usada para prová-la, pelas razões que acabam de ser expostas.

Os comentaristas são unânimes em afirmar que João não escreveu a passagem em apreço, mas que teve sua origem na anotação ou nota marginal que um copista fizera no texto que estava copiando. Um outro copista achando-as inspiradoras e oportunas as introduziu num manuscrito posterior...

Nota

O periódico “O Pregador Adventista”, Janeiro-Fevereiro de 1949, pág. 22, trouxe a seguinte informação :

“Cipriano – Bispo de Cartago (que morreu em 258) escreveu as palavras na margem do versículo, como simples anotação sua. Mais tarde foram acrescentadas aos manuscritos posteriores da  Vulgata de S. Jerônimo”. -- Explicação de Textos Difíceis da Bíblia, Pedro Apolinário, Instituto Adventista de Ensino, 1990, páginas 327/330.

Assim sendo, eruditos adventistas concordam que há textos  que foram incluídos na Bíblia posteriormente, o que dá legitimidade à tese de que alguns textos que confirmam a Trindade na Bíblia e nos escritos de Ellen White  provavelmente foram incluídos depois.

2. COMO ALTERAR OS ESCRITOS DE ELLEN G. WHITE

A frase: “A Pessoa, Presença e Obra do Espírito Santo” que define o Espírito Santo como uma pessoa foi escrita por quem? Segundo posso supor, foi escrita por um clone de Ellen White. Em 1999, a Casa Publicadora Brasileira editou a Meditação Matinal: "E recebereis poder". Esse devocional, segundo seu prefácio, consiste de seleções de escritos de Ellen White.

Só que o título original em inglês é “YE SHALL RECEIVE POWER”, e foi traduzido como “E recebereis poder”. Até aí tudo bem, só que um copista adventista resolveu melhorar o título da obra  e conforme a página 3 acrescentou um subtítulo: “E recebereis poder – A Pessoa, Presença e Obra do Espírito Santo”. Daqui a cinqüenta anos alguém poderá dizer que o subtítulo da obra que coloca o Espírito Santo como pessoa, foi escrito por Ellen White! É o que tem acontecido...

3. UM TEXTO QUE PODERÁ SER ALTERADO NO FUTURO.

Assim como textos que não foram escritos podem ser incluídos, textos escritos em primeiras edições podem ser suprimidos em edições posteriores.

Na pág. 41 do livro O Terceiro Milênio, de Alejandro Bullón, há a seguinte citação: “Naquele período, a Igreja cristã passou a ter conflitos internos por causa de doutrinas estranhas que pretendiam misturar-se as verdades bíblicas. Entre as doutrinas em conflito, podemos mencionar: o pecado original, a Trindade...

Portanto, os pastores que acusam os leigos de torcer Escrituras no tema Trindade devem ler melhor os livros da própria Organização.

4. UMA OUTRA FORMA DE ALTERAR TEXTOS BÍBLICOS

(Vide os textos neste site: “Revista Adventista Distorce a Bíblia para Dizer que Pastores são os Intocáveis de Deus” e “Conto do Vigário, Não, Conto do Pastor Sarli”).

5. ANÁLISE DO OUTRO ARTIGO DO PASTOR ANDRÉ REIS: "FATOS OFICIAIS DA CONFERÊNCIA GERAL AO IRMÃO LEIGO SOBRE A TRINDADE"

Neste artigo, o pastor procura dar uma resposta oficial ao meu artigo “LEIGO ESPERA RESPOSTA OFICIAL DA ORGANIZAÇÃO SOBRE A TRINDADE”. O pastor afirma que fez uma breve análise histórica da posição adventista sobre a Trindade. Ele cita que em 1892 um livro publicado pela IASD intitulado Bible Students Library, publicado pela Casa Publicadora Adventista, a Pacific Press em forma de panfletos doutrinários dos Adventistas do Sétimo Dia, fez uma das primeiras referências da Igreja à Trindade no panfleto número 90.

Quem lê o parágrafo acima entende que esse panfleto foi editado para esclarecer pontos doutrinários dos adventistas do sétimo dia. No entanto, o pastor esqueceu de informar que esse texto era da autoria de Samuel Spear que não era adventista e que o folheto era a reimpressão de um artigo que apareceu no New York Independent, de 14 de novembro de 1889, e que não expressava a posição oficial da Igreja, mas consentiu-se publicar. (Vide o texto Trindade: Apenas um Paradigma Teológico, neste site).

Depois o pastor diz que: "É bom ressaltar que alguns dos pioneiros não criam na Trindade a principio como Urias Smith, John Andrews, o próprio Thiago White." Nesse texto, o pastor não incluiu Joseph Bates (Vide neste site Joseph Bates (1792-1872) um Morto que Ainda Fala Contra a  Crença na Trindade). Além de não citar Bates, o texto dá a entender que esses pioneiros mudaram de idéia sobre o Trindade, pois afirma que eles não criam a princípio. O pastor deve nos mostrar onde estão os textos que provam que esses pioneiros mudaram sua crença. ..

Mais adiante, o pastor escreve: "Em 1899,  Ellen White escreveu para os estudantes do Avondale College: 'Necessitamos entender que o Espírito Santo, que é uma pessoa tanto como Deus é uma pessoa, caminha por esse lugar.' Evangelismo, p.616.

"As falsas acusações de que o livro Evangelismo foi adulterado por líderes não procedem pois a única mudança ocorrida foi citar a declaração original de Ellen White que trazia uma virgula em vez de um ponto depois da palavra lugar. Isso em nada muda o fato de que Ellen White afirmou categoricamente que o Espírito Santo é uma pessoa distinta e tão pessoa como Deus."

Segundo informações obtidas por Ennis Meier, o livro Evangelismo foi publicado em 1946, trinta anos após a morte de Ellen White e o material usado no livro nunca havia sido publicado. Não posso afirmar que o texto é falso, nem o pastor Reis pode afirmar que ele seja verdadeiro já que ambos não temos provas, mas se fizermos uma analogia com o subtítulo da meditação matinal de 1999, “E recebereis poder – A Pessoa, Presença e Obra do Espírito Santo, podemos admitir que tanto o texto citado, como o subtítulo, poderiam ter sido acrescentados depois.

O pastor ainda afirma: "Em 1905 , Ellen White defendeu veementemente a doutrina da Trindade ao escrever..." No entanto, os textos citados ou podem ter sido alterados, ou mal traduzidos, e em sua maioria não referem-se ao Espírito Santo como pessoa e em sua maioria são citações existentes no Seventy-Day Adventist Bible Comentary, ou seja não são obras originais.

Há que se considerar ainda que não existem originais destes textos, o que confirma a tese de que eles podem ter sido alterados.

André Reis afirma então que em 1931 um comitê de 4 pastores da Conferência Geral publicou no Yearbook uma sinopse das crenças fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

E depois o pastor afirma: "Como dizer que somente em 1980 foi aceita a doutrina da Trindade? Que base histórica há para isso, nenhuma."

Esses quatros pastores estavam representando a Conferência Geral, ou estavam representando a si próprios? Mais uma vez gostaria de ver esse documento citado. Daí posso deduzir que esse comitê de 1931 não representava a posição oficial da igreja, assim como o comitê de 1980 também pode não ter essa representatividade.

Dá a impressão que não houve votação geral e quatro pastores influentes conseguiram incluir no Yearbook as suas opiniões sobre a Trindade,em 1931 e depois um outro grupo de pastores repetiu o feito em 1980, mas nada oficial.

Depois o pastor relata: Em 1980, na Conferencia Geral de Dallas, a Igreja propôs que 27 doutrinas, que haviam sido esposadas desde os primórdios da IASD pela igreja oficialmente (oficialmente desde quando?) fossem a expressão da crença dos Adventistas do Sétimo Dia, e entre elas a doutrina da Trindade.

No entanto, cabe frisar que até aqui não há uma prova oficial de que a doutrina da Trindade tivesse sido aceita oficialmente em 1931 ou em 1980.

Sobre o tema, um artigo escrito neste site pelo irmão Josiel “Nisto Cremos – Credo Oficial da IASD?" explicou que: “Desde o desenvolvimento da primeira Associação organizada em 1861, a Igreja Adventista do Sétimo Dia teve apenas três declarações que conseguiram certo grau de aceitação oficial, e apenas uma foi votada por uma Assembléia da Associação Geral. A primeira foi a declaração de Uriah Smith em 1872. A segunda data de 1931, e a terceira é a declaração de crenças fundamentais adotada pela Associação Geral, na Assembléia de 1980 . (Knight, George – Revista Ministério, As Mudanças no Adventismo. Edição única. Tatuí – SP – CPB– janeiro/fevereiro 1994, p. 21.

A impressão que eu tenho é que nenhuma dessas mensagens é oficial, elas são extra-oficiais porque nunca foram votadas numa sessão da Assembléia Geral. O livro “Nisto Cremos”  informa que as doutrinas nele inseridas não foram votadas oficialmente e a pagina 4  contem o seguinte texto: “Embora esse volume não represente uma declaração votada oficialmente – já que  somente uma sessão da Associação Geral poderia tomar tal medida – ele deve ser visto como representativo da verdade..."

Portanto o próprio livro “Nisto Cremos” informa que a doutrina da Trindade não foi votada oficialmente.

Outra dúvida: o que  os editores quiseram dizer com a frase: “Embora não represente uma declaração votada oficialmente, deve ser visto como representativo da verdade”. Isso quer dizer que se alguns pastores acham que uma doutrina é verdadeira, nós devemos não só aceitar como verdade, mas fazer uma declaração desta crença no batismo e quem discorda deve ser excluído?

O irmão Josiel informa ainda que a primeira declaração de crenças é conhecida como a declaração de Uriah Smith, datada de 1872 e nela não constava a trindade como crença fundamental, informando ainda que Bates, Tiago White e M. E Cornel não eram trinitarianos.

No mesmo texto, Josiel explica que  há uma diferença entre seção e sessão. No livro “Nisto Cremos”, consta que a trindade foi votada em uma seção da Assembléia Geral. Numa seção, votam alguns pastores e o voto não representa a Assembléia Geral. Portanto, o livro “Nisto Cremos” dá a entender que a votação não foi oficial, e que foi votado numa seção.

Porém, para complicar as coisas, a Revista Adventista de janeiro de 1983 assim explicou:

“A revisão mais recente foi efetuada em 1980, na sessão qüinqüenal da Associação Geral em  Dallas, Texas (vide neste site “O que os adventistas do Sétimo Dia Crêem sobre a Trindade). O livro “Nisto Cremos” fala em seção, a Revista Adventista fala em sessão, poderia algum pastor ainda ligado à Organização nos apresentar essas atas para podermos identificar a verdade?

Erro de tradução? Erro de português? Alteração de textos? Na verdade, o que podemos afirmar é que a doutrina da trindade entrou pela porta dos fundos da Conferencia Geral e assim penetrou no meio da igreja adventista!

É doutrina oficial? Se é oficial, é desde quando? Foi aceita por alguns pastores ou foi votada pela Conferencia Geral? Ellen White questionou os posicionamentos de sua época e defendeu veementemente como o pastor afirma a doutrina da trindade?

O pastor ainda afirma: "Que também não há um documento oficial da Igreja, uma carta de nenhum presidente da Associação Geral, um voto em ata, um livro oficial da Igreja que declare que a IASD repudiou ou repudia e condena a doutrina da Trindade. Esperamos a publicação de tal documento neste site assim que seja encontrado."

Quanto a isso  pergunto: "Há um documento que revela votação  em sessão e não em seção da  Conferencia Geral?" O depoimento de Jose Bates não serve como documento? (Vide neste site Joseph Bates (1792-1872), um Morto que Ainda Fala Contra a Crença na Trindade).

E sobre o Concilio de Nicéia, o pastor não tem nada a declarar? Milhares de adventistas no mundo inteiro questionando a doutrina da trindade, não significam nada para a Conferência Geral?

O pastor Reis ainda afirma: "Por isso, afirmar que a Igreja mudou sua posição em 1980 não resiste aos fatos." No entanto, os pastores Woodrow Whicden, Jerry Moon e John W. Reeve  no livro “Trinity” ensinam que “De fato, os pontos de vista agora adotados foram votados na declaração geral oficial das Doutrinas da Igreja Adventista do Sétimo Dia. A mais recente decisão teve lugar na Conferência de Dallas, Texas em 1980."

Irmãos, que confusão, um pastor diz que é uma doutrina pagã (Búllon), a revista adventista diz que a votação foi numa sessão, o livro “Nisto Cremos” diz que foi numa seção, o pastor André diz que é uma doutrina oficial, o livro “Nisto Cremos” afirma  que não é oficial, Bates negou claramente a doutrina, o livro “ E recebereis poder” foi alterado, um irmão diz que tem uma trindade católica e outra adventista, dá para perceber que a própria Organização não sabe em quem tem crido? Pastor, qualquer um que puder, explique que Babilônia trinitariana é essa?

No final, o pastor afirma: "Perante esses fatos incontentáveis como continuar condenando a Igreja Adventista de um “crime”  que ela nunca cometeu? Que ela seja absolvida dessas acusações."

Pergunto: Diante desta controvérsia, como pode a Igreja Adventista do Sétimo Dia ter condenado a exclusão os irmãos de  Itabuna e de outros locais? (Vide neste site o texto: Organização tenta abafar dúvidas sobre a Trindade no Brasil desde 1987). Qual o crime que eles cometeram? Se  é uma doutrina não oficial, por que a introduziram no certificado de batismo? Se não é oficial, porque deu origem à exclusão? Se é oficial, quem oficilializou? O pastor André citou fatos oficiais ou extra-oficiais? Se é uma doutrina bíblica, por que precisa de tanta explicação fora da Bíblia?

Cremos oficialmente, ou cremos extra-oficialmente? Foi o Espírito Santo de Deus que mandou excluir os irmãos de Itabuna? Pode uma doutrina adventista ser instituída por pastor não adventista, por um concilio de quatro pastores, por uma seção da Conferência Geral? A igreja adventista perdeu o rumo? Se alguém precisa camuflar a verdade para defender uma doutrina é essa doutrina falsa ou verdadeira? Se a trindade não está na Bíblia, como incluí-la no Cânon bíblico? Esta na hora da Conferência Geral honrar a Deus e a seus estatutos e  esclarecer a controvérsia e explicar se concorda com a exclusão dos adventistas que não são trinitarianos. -- Leigo.com

Leia mais:

Retornar

Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com