Mais um "Segredo" da Irmã White Sobre Dízimos, que Seu Pastor Nunca Contou para Você!

A irmã White por diversas vezes se manifestou contra a centralização do poder decisório e financeiro nas mãos de poucos administradores. Todas as vezes que alguns homens da Associação Geral tentavam dominar a igreja, Ellen White os reprovava por tentarem controlar rigidamente vários aspectos da obra sem dar liberdade e independência para os membros. Em 28 de junho de 1901, Ellen G. White disse:

“Devem as 'vias regulares' (no inglês, 'regular lines'), que dizem que toda mente deve ser controlada por duas ou três mentes em Battle Creek, continuar dominando? O clamor da Macedônia vem de todas as partes. Devem os homens ir às 'vias regulares' para ver se eles permitirão o trabalho, ou devem eles sair e trabalhar da melhor forma que puderem dependendo de suas próprias habilidades e do auxílio do Senhor, iniciando de forma humilde e criando um interesse pela verdade em lugares onde nada tem sido feito para dar a mensagem de advertência?” - Ellen G. White, Spaulding e Magan, pág. 176.

Toda vez que Ellen White menciona as vias regulares (no inglês, “regular lines”) ela está se referindo à administração das Associações. No texto acima, quando ela menciona as “vias regulares”, está se referindo à Associação Geral que ficava em Battle Creek. Lá em Battle Creek, poucos homens tentavam continuar dominando a igreja e Ellen White reprovou esta postura centralizadora.

Muitos membros, ao transferirem o dízimo para a Igreja através das vias regulares (Associação/Missão) imaginam que juntamente com o dinheiro estão também repassando sua responsabilidade de mordomo para os administradores da Corporação. De fato, cada um de nós tem o livre arbítrio para transferir o dinheiro para onde desejarmos, mas a responsabilidade pelo bom emprego destes recursos não pode ser transferida para as “vias regulares”. Sua responsabilidade como mordomo é individual e intransferível. O mordomo pode transferir o dinheiro, mas não a responsabilidade.

“Deus chama para um reavivamento e reforma. As 'vias regulares' (no inglês 'regular lines') não têm feito a obra que Deus deseja ver realizada. Que o reavivamento e a reforma façam mudanças constantes. Algo tem sido feito nesta linha, mas que o trabalho não pare aqui. Não! Que toda escravidão seja quebrada. Que os homens despertem e percebam que eles têm uma responsabilidade individual. - Ellen G. White - Spaulding e Magan. pág. 175 - Grifo Acrescido.

Este trecho diz que devemos despertar, acordar e perceber que a responsabilidade da obra é individual. As vias regulares (Associação/Missão) não estavam funcionando, não estavam fazendo a verdadeira obra que Deus gostaria, então Ellen White chama a atenção de cada adventista para que se conscientize de sua responsabilidade individual e intransferível.

A centralização dos recursos financeiros na mão de uns poucos privilegiados é a causa de vários problemas na sociedade. O Senhor, o Deus de Israel, sempre estabeleceu formas de diminuir esta desigualdade entre o Seu povo e inibir a centralização de recursos (Ver Levítico 19:9 e 10; 25:13 e 14). Este princípio de evitar a centralização é reforçado hoje por Deus através da orientação de Sua serva:

“A Sabedoria divina deve obter espaço para atuar. Está para avançar sem pedir permissão ou apoio daqueles que têm tomado para si um poder régio. No passado um grupo de homens tentou tomar em suas próprias mãos o controle de todos os recursos vindo das igrejas e usaram estes recursos de forma desproporcional, construindo prédios caros onde grandes edifícios eram desnecessários e deixaram lugares necessitados sem auxílio e encorajamento. Eles tomaram sobre si a grave responsabilidade de retardar a obra onde ela deveria estar avançada. ...Em poucos lugares, cinco vezes mais dinheiro do que o necessário foi investido em edifícios. A mesma quantidade de dinheiro usada no estabelecimento de instalações em lugares onde a verdade nunca foi introduzida teria trazido muitas almas ao conhecimento da salvação em Cristo.” - Ellen G. White, Spaulding e Magan, pág. 174. - Grifo Acrescido.

Que citação impressionante! Não é exatamente a mesma situação que vemos hoje? É o passado se repetindo! As Associações e Missões centralizam todo o dízimo de todas as igrejas e estas igrejas pouco benefício recebem. No capítulo I falamos sobre o princípio da reciprocidade relacionado ao dízimo, mas parece que este princípio não está sendo observado hoje. Dinheiro do sagrado dízimo é hoje gasto prodigamente na construção e reforma de luxuosas sedes administrativas para as Associações e Uniões. Este dinheiro deveria ser investido em obreiros missionários com dedicação integral para pregar aos que não conhecem o amor de Deus. O dinheiro sagrado deveria ser utilizado para a aquisição e distribuição de material evangelístico em grande escala. No entanto a história se repete: os recursos financeiros se concentram na mão de poucos e isso gera as desigualdades. É por esta razão que Ellen White aprovava e patrocinava com o seu dízimo o trabalho independente que seu filho realizava no Sul dos Estados Unidos:

“O Senhor tem abençoado o trabalho que J. E. White tem tentado fazer no Sul. Deus permite que vozes que têm se levantado tão rapidamente para dizer que todo o dinheiro investido na obra deve passar pelo canal designado em Battle Creek não sejam ouvidas. As pessoas para as quais Deus tem dado Seus recursos são receptivas a Ele somente. É privilégio delas dar assistência e auxílio direto às missões. É por causa do mau uso dos recursos que os campos do Sul não se demonstram melhores do que estão hoje”. - Ellen G. White, Spaulding e Magan, pág. 176.

Este texto revela que na época de Ellen White algumas vozes se levantaram dizendo que todo o dinheiro da obra deveria passar pela administração da Associação Geral em Battle Creek. Ellen White diz que através da providência de Deus, estas vozes que sugeriam centralização do dinheiro através destes canais não foram ouvidas. Ela também escreveu que é um privilégio poder dar “auxílio direto” às missões. Por “auxílio direto” podemos entender o investimento em evangelização sem a presença de intermediários. No final do texto acima, Ellen White novamente menciona a má utilização dos recursos como causa das dificuldades dos campos do Sul. Se os recursos fossem bem utilizados, diz ela, a situação no Sul estaria bem melhor. Como estaria a situação da Igreja Adventista do Sétimo Dia se todo o dízimo recebido pelas Associações se transformasse em "assistência e auxílio direto às missões"?

Onde Fica a Casa do Tesouro?

Nos sermões sobre dízimo, nas semanas de oração sobre mordomia, sem dúvida nenhuma o texto mais utilizado na Igreja Adventista do Sétimo Dia para estimular a devolução dos dízimos é Malaquias 3:10:

"Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa".

Há muita discussão sobre onde fica a "Casa do Tesouro". Muitos afirmam que a "Casa do Tesouro" é a Casa de Deus, o Templo onde Deus habita. A Divisão Sul Americana dos Adventistas do Sétimo Dia, através do seu livro de Regulamentos Eclesiástico-Administrativos (mais conhecido como livro de Praxes) afirma que a Casa do Tesouro é a tesouraria da Associação/Missão:

"A casa do tesouro. O dízimo é do Senhor, e deve ser devolvido à casa do tesouro, à tesouraria da associação/missão." - Regulamentos Eclesiástico-Administrativos da DSA 1998 - ítem  V 12 05 4.

Cuidado! O texto que acabamos de citar não está na Bíblia, nem foi escrito por Ellen White. É um texto do livro de regulamentos administrativos da Divisão Sul Americana dos Adventistas do Sétimo Dia. Em ocasião oportuna, discutiremos um pouco mais sobre estes regulamentos administrativos da IASD. Agora o nosso objetivo é descobrir onde fica a verdadeira Casa do Tesouro hoje. Para tanto, devemos compreender o que era a Casa do Tesouro nos tempos bíblicos.

Vamos voltar à época de Abraão. Onde ficava a "Casa do Tesouro" na ocasião em que Abraão deu o dízimo a Melquisedeque? Havia um templo naquela época? Um espaço físico para armazenar o dízimo e as ofertas?

A grande falha na compreensão do assunto do dízimo é imaginar que o dízimo sempre esteve relacionado a um espaço físico, à “Casa do Tesouro”. Esta falha de compreensão é decorrente do estudo sistemático e repetitivo do assunto "dízimo" baseado em apenas no texto bíblico de Malaquias. Após ouvirmos vários sermões sobre o dízimo e várias semanas de oração sobre mordomia onde apenas o texto de Malaquias é citado, acabamos sendo condicionados a associar a palavra "dízimo" sempre à Casa do Tesouro, mas nem sempre foi assim.

A Casa do Tesouro era um conjunto de câmaras ou depósito de mantimentos que foram construídas no templo de Zorobabel, após o exílio babilônico. Neemias também chamou a “Casa do Tesouro” de “Câmaras do Tesouro” (Nee 12:44) e a associou com a casa de Deus: "Os levitas devem trazer o dízimo dos dízimos à casa do nosso Deus, para as câmaras" (Neemias 10:38).

De acordo com o livro das Crônicas, tais câmaras ou depósitos do tesouro de Deus já haviam sido construídos por Salomão, de acordo com o modelo que ele recebeu de seu pai Davi: "Então Davi deu a Salomão, seu filho, o modelo do alpendre com as suas casas, as suas tesourarias, os seus cenáculos e as suas recâmaras interiores, como também da casa do propiciatório; e também o modelo de tudo o que tinha em mente para os átrios da casa do Senhor, para todas as câmaras em redor, para os tesouros da casa de Deus e para os tesouros das coisas sagradas". (I Crônicas 28:11 e 12).

No tabernáculo do deserto não havia tal depósito chamado “Casa do Tesouro”. Como vimos no capítulo anterior, antes do cativeiro babilônico não havia o conceito de armazenar dízimos em depósitos ou câmaras especiais. Muitas vezes os dízimos eram comidos pelos doadores no templo ou em sua cidade a cada três anos.

Malaquias viveu após o retorno do exílio babilônico e quando se referiu à “Casa do Tesouro” estava falando sobre estas “Câmaras do Tesouro” que não existiam na época de Abraão e Melquisedeque. O conceito físico de "Câmaras do Tesouro" está presente apenas em um período da história do povo de Israel quando as instalações físicas do Templo constituíam o centro da prática religiosa e cerimonial judaica.

Apesar de sabermos que a ordem sacerdotal em vigor é a de Melquisedeque, temos muita dificuldade para abandonar nossa "forma levítica" de pensar. Na prática, muitos adventista pensam e agem dentro de um modelo levítico. Comparam os pastores com os levitas e nossa igreja com o santuário. Pensar de forma "levítica" é muito perigoso e pode nos levar a problemas sérios. Não é difícil para uma pessoa que raciocina de forma "levítica" associar a figura do sumo-sacerdote ao presidente da Associação/Missão. Afinal de contas se o pastor distrital é o sacerdote ou levita, o sumo-sacerdote é o presidente da Associação/Missão ou o presidente da Associação Geral.

O sacerdócio levítico é inferior e ultrapassado. Temos que olhar para o povo de Deus através do modelo sacerdotal de Melquisedeque. Desta forma associaremos o templo ao nosso próprio corpo - um lugar santo, habitação do Espírito Santo. No modelo de Melquisedeque os sacerdotes são todos os crentes e não apenas os pastores e o sumo sacerdote é Jesus Cristo, não o presidente da Associação/Missão.

No modelo sacerdotal de Melquisedeque o espaço físico torna-se irrelevante quando comparado com a grandeza da obra confiada ao sacerdócio real: "anunciar as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” - I Pedro 2: 9. Lembre-se sempre de que no modelo sacerdotal de Melquisedeque a missão e obra confiada aos sacerdotes supera em importância qualquer instituição ou estabelecimento físico. Não podemos menosprezar as instalações físicas onde nos reunimos para cultuar a Deus, mas a importância da obra em favor das pessoas carentes do evangelho é maior do que a de um espaço físico ou instituição organizacional.

No modelo de Melquisedeque, com o que poderíamos associar a "Casa do Tesouro" da época de Neemias? De acordo com Ellen White, a Casa do Tesouro hoje não é um local físico, uma câmara, um depósito ou uma conta corrente de Associação/Missão. Segundo ela, a Casa do Tesouro de Deus é o “serviço de Cristo”, é a obra de pregação do evangelho:

“Há apenas dois lugares no mundo onde podemos depositar nossos tesouros: na Casa do Tesouro de Deus ou na de Satanás. E tudo que não é dedicado ao serviço de Cristo é contado do lado de Satanás e vai para fortalecer a causa dele.” - Ellen G. White, Testemunhos, vol. 6, pág. 174. Grifo Acrescido.

Se o dízimo que você deposita na salva de sua igreja não for para o “serviço de Cristo”, ou seja, evangelização e salvação de almas, infelizmente você não o depositou na Casa do Tesouro de Deus, mas sim na Casa do Tesouro de Satanás. Mesmo depositando o dinheiro na igreja verdadeira, se este dinheiro não for destinado para a pregação do evangelho e salvação de almas, este dinheiro foi contado do lado de Satanás, foi para a Casa do Tesouro do Inimigo.

É lamentável que muitos dos nossos queridos irmãos imaginam que simplesmente depositando os dízimos na igreja já estão, através desta doação, trazendo os dízimos à Casa do Tesouro. Graças ao dom profético dado por Deus à Sua mensageira, nós podemos chegar à seguinte conclusão: Só depositamos o dízimo na Casa do Tesouro do Senhor quando este for bem empregado no serviço de Cristo. Quando o destino do dízimo não for o adequado, podemos considerar que ele foi “contado do lado de Satanás e foi para fortalecer a causa dele”. -- Texto extraído da Nova Apostila de Ricardo Nicotra sobre o Dízimo, disponibilizada aqui no site em formato Word 2.000. Clique sobre o link com o botão direito do mouse e escolha a opção "salvar destino como" para descarregar o arquivo em seu computador.


Reação de leitor:

"Discordo totalmente das colocações do Ricardo Nicotra. Não li em nenhum lugar da Bíblia ou do Espírito de Profecia, que Deus nos diga para investigar primeiro como os dízimos estão sendo usados para depois decidir para quem entregá-los."

Prezado irmão:

Você não tem culpa por desconhecer os textos onde Deus, através de Sua serva, pede que haja uma investigação. Isto porque estes textos não foram publicados em português. Mas gostaria de trazer ao conhecimento do amado irmão um destes trechos onde Deus pede uma INVESTIGAÇÃO.

É um texto fortíssimo e importante também. Leia:

"As igrejas precisam despertar. Os membros devem despertar do sono e começar a perguntar: Como o dinheiro que nós colocamos no tesouro está sendo usado? O Senhor deseja que uma cuidadosa investigação seja feita. Todos estão satisfeitos com a história da obra nestes últimos quinze anos? Onde está a evidência da cooperação com Deus? Nossas igrejas e instituições devem retornar para onde elas estavam antes de iniciar o retrocesso, quando elas começaram a confiar no homem e fazer da carne o seu braço. Os filhos de Israel contemplaram a terrível manifestação da presença de Deus no monte, mas antes que Moisés estivesse quarenta dias longe deles, eles substituíram a Jeová por um bezerro de ouro. Coisas semelhantes a esta têm sido feitas entre nós como um povo. Retornemos agora a Deus em penitência e contrição. Confiemos nEle, não no homem." - Ellen G. White, Coleção Cress, pág. 120.

Um abração, Ricardo Nicotra.

Leia mais sobre o dízimo.

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