Depoimento: "Por quase 20 anos, estive casada com um pastor adventista e fui obreira..."

 

Prezado Sr. Editor do Adventistas.com,

Durante quatro gerações minha família tem seguido a Bíblia como manual de vida, congregado na Igreja Adventista do Sétimo Dia a cada sábado e outros dias de culto, e tem divulgado e aguardado pacientemente a volta de Jesus.

Por quase 20 anos, estive casada com um pastor adventista e fui obreira, acreditando, inocentemente por anos, que ser obreira e esposa de pastor seria a melhor maneira de servir a Cristo.

Mas nessa mesma igreja eu vi e ouvi coisas que me causaram uma profunda decepção:

Vi pastores criticando uns aos outros, fazendo politicagem para tomar o lugar dos pastores administradores;

Vi pastores administradores enganando, corrompendo a verdade e torcendo os fatos a fim de tirar vantagem das situacoes;

Vi pastores discriminarem pessoas pobres, doentes, negras, mulheres...

Vi pastores fazerem diferença entre membros ricos e influentes e membros pobres na hora de corrigi-los por algum pecado;

Vi pastores gastarem dinheiro de dízimo com viagens, carros novos, materiais de alto custo e, quando um órfão, uma viúva, um doente lhes pediam ajuda, ouviam deles: "Vamos orar, irmão, tenha fé!"

Vi pastores usarem o nome de Deus em vão a fim de se livrarem de preocupações e aborrecimentos;

Vi e aprendi nessa igreja a condenação a quem usava jóias, mas vi também a super valorização da aparência, roupas e sapatos extravagantes e caros, com a desculpa de que tínhamos que vestir o melhor para Deus; 

Vi e aprendi nessa igreja sobre o preconceito que devemos ter com relação às outras igrejas, pois elas não têm a "verdade" como nós;

Vi e aprendi nessa igreja como ser um hipócrita convincente ao ver irmãos, abraçando e elogiando seus pastores e administradores ao final do culto e, na hora do almoço junto à família e aos amigos, essas mesmas pessoas criticavam o sermão que o tal pastor tinha feito, a maneira como a esposa do pastor estava vestida, os filhos do pastor que são indisciplinados e mal-educados;

Vi ainda nessa igreja brigas e desentendimentos entre famílias que queriam controlar os conjuntos musicais, os corais ou mesmo por cargos e posições de destaque e poder dentro da igreja;

Vi também muitas pessoas doentes física, mental, emocional, moral e espiritualmente, entrarem em nossa igreja em busca de auxílio, de paz e compreensão e saírem ainda mais doloridas, machucadas com a indiferença e o preconceito;

Vi famílias serem destroçadas porque um pai, líder da igreja, não tinha tempo para estar com seus filhos e esposa adorando a Deus na hora do culto ou durante o sábado. Afinal, as comissões são muito mais importantes... Muito mais!

Vi mães deixarem de educar seus filhos no temor do Senhor por estarem demasiadamente ocupadas com o ensaio do coral, com as dorcas ou mesmo nas comissões, onde se quer julgar a vida alheia;

Vi muitos líderes despóticos se ocuparem em fazer com que todos cumprissem as regras à risca em vez de amar desinteressadamente, respeitando a individualidade das pessoas, estudando a Palavra de Deus com elas e orando com elas e por elas;

Vi também nessa igreja pessoas que vivem uma vida dupla: "lobo e cordeiro". Durante a semana em sua casa ou trabalho, são rudes, briguentas, gananciosas, egoístas, mas no sábado, como hábeis atores, vestem a roupa de cordeiro e representam mansidão, simpatia, bondade, ensinando bem aos filhos sobre hipocrisia e mentira;

Hoje, divorciada de meu ex-marido, ex-pastor por motivo de adultério, longe da Obra, tendo que viver no "mundo" (como os adventistas gostam de dizer...), tendo que trabalhar com os "perdidos", percebo que a religião não está dentro da igreja, mas dentro de cada coração que se dispõe, dia a dia a ter Cristo como seu Pastor, seu Médico, seu Professor, seu Amigo e Salvador.

Jesus, que é Filho de Deus, o próprio Deus, desceu e viveu no mundo entre prostitutas, ladrões, endemoninhados, homossexuais, pobres e ricos, homens e mulheres, jovens e velhos, doentes e sãos.

Ele foi tentado em tudo e por isso sabe tudo o que sofremos, nossas lutas, nossas angústias... Passou por tudo isso, não pecou e carregou todas as nossas culpas. Mesmo assim, Ele, que tinha todo direito de nos julgar, não nos condenou. ("Ninguém te condenou? Eu também não te condeno. Vai e não peques mais.")

Assim como Jesus esperou por diversas vezes o genuíno arrependimento de Maria Madalena, Ele espera pelo nosso também, indicando que é paciente com o pecador. Ele é longânimo, misericordioso e perseverante porque "não quer que nenhum se perca, mas que todos cheguem ao arrependimento".

Mas o homem, principalmente aquele que bate no peito dizendo ser "cristão" ou "adventista do sétimo dia", pensa que está apto a julgar, a repreender, a disciplinar, a cortar da igreja aquelas pessoas que ele "acha" não estar dentro dos padrões, dentro das normas...

Paulo disse que "a única coisa que devemos aos outros é o amor". Jesus aconselhou que "não devemos julgar para não sermos julgados na mesma medida", e "quem não tem pecado que atire a primeira pedra..."

Jesus, o Santo, o nosso Salvador, sabe que "todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus". Por isso, Ele morreu por nós, "para que tivéssemos vida, e vida em abundância".

Mas o homem, em seu orgulho, egoísmo e prepotência, acha que pode estar no lugar de Deus, de Jesus Cristo, e julga, e condena, e despreza, e fere, e mata e morre...

Ah, irmãos! Quanto tempo mais viveremos esta religião medíocre, de fachada, retardando assim a volta do nosso Salvador?!

Se cada um de nós se preocupasse somente em ser o templo do Espírito de Deus, deixando Suas boas qualidades transbordarem de nós para os nossos familiares, nossos irmãos na fe, nossos semelhantes e até inimigos... quantas almas já não teriam sido entregues a Ele?! Provavelmente tantas que Jesus já teria vindo nos buscar para estarmos com Ele.

Apesar das decepções, eu continuo sendo membro da Igreja Adventista do Setimo Dia, creio na Biblia como a Palavra de Deus e na salvação em Cristo Jesus. Mas, depois de tantas decepções, tantas reflexões, hoje procuro ser uma pessoa mais verdadeira, mais complacente, mais amável, mais mansa. Procuro estudar e meditar na Palavra sem interferência de terceiros, dia a dia pedindo a Deus sensatez, sabedoria e iluminação. E não só so isso, procuro colocar meus conhecimentos bíblicos em prática nos meus pensamentos, nos meus negócios, nos meus relacionamentos ou com as pessoas com quem entro em contato.

Peço a Deus perdão cada dia, pois sei que meus erros não acabaram, afinal, sou um ser humano caído e, enquanto não for restaurada, não posso me cobrar perfeição. Mas estou deixando que "Deus faça a Sua boa obra em mim"...

Cada dia, tenho procurado olhar as pessoas com mais carinho, mais amor, sem julgá-las conforme as aparências, pois só Deus conhece o coração e as intenções de cada um.

Gostaria muito que minha igreja, aquela em que aprendi tantas coisas desde menina, pudesse parar de medir tanto, de ditar tantas regras e seguisse o ensinamento básico que Jesus nos deixou por escrito e por meio de Sua vida: "Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo", verdadeiramente. Amém! 


Assino embaixo...

Identifiquei-me plenamente com o "DEPOIMENTO: POR QUASE 20 ANOS, ESTIVE CASADA COM UM PASTOR ADVENTISTA E FUI OBREIRA..." (Se puder passar a ela este meu e-mail, fico grata.)

Também fui obreira e cheguei às mesmas conclusões que ela. Seria sensacional, que bom se os pastores e líderes adventistas lessem este depoimento! Mas, mesmo se lessem, nada aconteceria. Jamais desceriam de seus pedestais como absolutos donos da verdade e justiça, para se equipararem a vis mortais. Na cabeça deles, já estão salvos. O céu para eles já é aqui, pois tem uma excelente qualidade de vida, mordomias mil à custa do dinheirinho suado da maioria dos irmãozinhos.

Parabéns, minha irmã! Você foi muito feliz em seu depoimento, assino embaixo. Felizmente temos este site, que é de utilidade pública para pessoas como você e eu que não concordamos com o modus operandi da maioria da IASD.

Estou fora da igreja já há quase dez anos, não agüentei a hipocrisia que você descreveu tão bem, mas continuo amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesma. Estou mais em paz com Deus agora do que quando fazia parte do rebanho adventista. Continuo como membro, não tiveram motivo algum para me tirarem de lá, mas isto não faz diferença alguma. Um grande abraço.


Novo Depoimento: "Convivi com Líderes, Como Secretária Deles e de Meu Ex-Marido, Sei Como Usam Calmantes e Outros Remédios para a Consciência..."

Agradeço a essa irmã por compartilhar do meu "desabafo".

A nossa igreja tem mensagens maravilhosas de perdão, de esperança, de alegria, mas, infelizmente, alguns líderes, pastores e leigos, por traumas emocionais e falta de genuína conversão, apegam-se apenas aos ensinamentos que lhes garantem poder e controle sobre as pessoas que lhes foram confiadas e aterrorizam os fieis com o "lago de fogo", o "castigo" de Deus, utilizando ensinamentos do catolicismo antigo para se auto-afirmarem no poder, talvez inconscientemente.   

Poucos estudam a Palavra de Deus com interesse pessoal, para que Deus transforme as suas vidas a fim de utilizá-los no auxílio aos semelhantes. Realmente, eles acham que são melhores do que os outros, que foram escolhidos por Deus e isso basta. Mas "muitos são chamados, porém poucos escolhidos", porque Deus quer corações enternecidos, cheios de entrega, amor e compaixão pelas almas caídas, das quais eu sou a primeira...  

Concordo quando a irmã diz que muitos desfrutam da mordomia que tem como obreiros, mas quanto a serem felizes e terem paz de espírito, creio que estão longe de terem essas bênçãos. Convivi com líderes por anos a fio, como secretária deles e de meu próprio ex-marido, e sei como utilizam calmantes e remédios para o coração, para a pressão, para continuarem a passar por cima de suas consciências culpadas e manterem o ciclo da "dracma perdida"... Estão dentro da igreja, no coração da Obra, desfrutam dela mas estão perdidos e nem se dão conta disso.  

O pior são as famílias, esposas e filhos que posam de família feliz, mas estão em frangalhos. Aparentam harmonia, felicidade para manterem a imagem do marido, pastor, administrador, obreiro ou líder da igreja, perfeito. Mas os sentimentos que estão nos seus corações, nas suas mentes, só Deus sabe. Pessoas cheias de carências, que por dentro não vêem alívio nenhum na religião. Afinal, foi através dela que lhes foi "tirado" o marido, o pai, o companheiro, o amigo, tão envolvido na "Causa" do Senhor.  

Jesus não pede isso de nós. A religião não pode ser um fardo para a família. O Sábado deveria ser um dia deleitoso, desfrutado pela família em comunhão com o Salvador. Mas infelizmente, o dia de Sábado é usado para discussões, brigas, mágoas, abandono da família...  

Se a família não estiver bem estruturada espiritual e emocionalmente, tudo pode acontecer de mau na igreja. E como Satanás tem preparado armadilhas nesse sentido, principalmente com os líderes! Eles dão descupas que precisam trabalhar para Deus e criam brechas para Satanás acabar com as famílias e conseqüentemente com a igreja e a sociedade.  

Como podem ser líderes se não conseguem liderar suas próprias vidas, suas famílias? Deus tem tido muita compaixão dos nossos líderes, dos nossos pastores... Mas até quando? Ellen White diz que a obra será terminada por leigos e não por pastores, porque estes estão corrompidos em todos os sentidos. Se familiarizaram tanto com a Bíblia, a igreja, o sistema, que tudo isso não lhes causa a menor comoção, tudo está banalizado demais para inspirá-los.  

Por isso, "quem esta de pé, cuide para que não caia". Cuide de si mesmo em primeiro lugar, sua intima relação com Deus e Seu Filho Jesus. Depois cuide de sua família, porque Deus vai perguntar a todos: "Onde estão os filhos que te dei?" Se cada um fizer apenas isso, conseqüentemente a igreja será melhor, mais viva espiritualmente, mais cheia das boas qualidades de Cristo.  

Não devemos seguir pessoas, todas falham. Sigamos apenas a Cristo e deixemos que Ele nos transforme pela contemplação.  

E, amiga, por pior que tenha sido sua experiência na igreja, ela precisa de pessoas conscientes como você, então volte e ajude-a. Afastando-se dela, você não poderá compartilhar suas experiências positivas com Deus com aqueles que precisam de você, lá dentro. Deus nos ajude nessa jornada de lutas porque "os homens podem fazer seus planos, mas é Deus quem dá a última palavra!". Amém!  

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