Texto de Alan Kardec, Assinado por EGW, Seria Aceito Como Inspirado?

"Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas." Mateus 6:24.

Lembro-me haver recebido, em minha casa, a visita de dois irmãos da Igreja de Jesus Cristo e dos Santos dos Últimos Dias. Dialogamos sobre vários assuntos bíblicos, até que em determinado tema um deles, a fim de elucidar seu ponto de vista, recorreu ao livro de Mórmon.

Nesse momento, indaguei se a Bíblia não seria suficiente para fundamentarmos toda a nossa crença. Explicaram-me que o referido livro era tão sagrado quanto à Bíblia e que em certos aspectos sua luz era mais esclarecedora e atualizada que a luz das Escrituras.

Como eu não aceitei tais ponderações, eles me desafiaram a que eu suplicasse a Deus em oração a fim de que Ele me confirmasse que tal livro era de inspiração superior. Então eu disse-lhes que não tentaria ao meu Deus com tal tipo de oração.

Idolatria de EGW

Naquela ocasião, eu não conseguia entender como uma igreja poderia ter como respaldo a suas crenças uma outra revelação que não fosse a Bíblia e a Bíblia só. Mais tarde, pude refletir melhor e concluir que para muitos irmãos de minha igreja esta idéia é perfeitamente plausível, uma vez que o chamado “Espirito de Profecia”, tal qual o livro de Mórmon, funciona como uma escritura em pé de igualdade com as Escrituras Sagradas.

Não sei se a classificação de “santo” e ”sagrado” que se atribui tanto aos escritos, como à própria pessoa da Irmã Ellen G. White é generalizada pela membresia mundial da IASD.

No entanto, como testemunho local, isto é, em nossa IASD Central de João Pessoa, temos a figura do Irmão “X”, gente finíssima, o qual nutre uma tão elevada estima pelos escritos e pela Irmã pioneira de nossa igreja, que dá a entender em seus comentários que a Irmã Ellen White nunca pecou e que seus escritos são muito mais esclarecedores que os escritos dos profetas bíblicos, bem como os escritos dos apóstolos, inclusive as cartas Paulinas.

Segundo ele, Deus derramou muito mais luz a nossa irmã que aos escritores bíblicos. Pelo que, em certa ocasião, disse, ao referido irmão, que para mim era muito mais compreensível (embora não aceitável) a idolatria de Maria por um católico que a idolatria da Irmã White por um adventista.

Alguns poderão argumentar que casos como o citado acima são raros e que não atingem a nossa liderança, e que oficialmente a Igreja não advoga tais conceitos. No entanto, como explicar a dogmatização do Espírito de Profecia [ou crença em Ellen G. White] incluída no voto batismal de nossa Igreja, quando a Bíblia somente nos impõe um único pré-requisito para o batismo: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.” Atos 16:31

Alan Kardec

Em nosso meio, é comum utilizar-se desta “outra escritura” para calar os discordantes da teologia aceita pela maioria. Por isso, em certa ocasião, quando discutia com determinado presidente da Missão Nordeste fui indagado se eu aceitava os escritos do Espírito de Profecia como regra de fé. Respondi-lhe que aceitava como verídicos e dignos de confiança todo e qualquer dos escritos de Ellen G. White, desde que estivessem de acordo com a Bíblia.

Embora não seja profundo conhecedor de tais escritos, tenho praticado alguns conselhos sobre saúde ali exarados, uma vez que podemos encontrar nas Escrituras Sagradas suficientes e substanciosos conselhos para uma vida saudável.

O motivo desta reflexão é tão sério que chego a pensar que, se entregarmos para muitos adventistas uma mensagem de um "espírito", psicografada por Alan Kardec, mas com a assinatura de Ellen G. White, com certeza eles aceitarão como regra de fé, sem mesmo compararem o conteúdo com a Bíblia Sagrada. E se entregarmos uma mensagem extraída dos escritos de Ellen G White, que indubitavelmente esteja em perfeito acordo com as Escrituras, mas assinada por Alan Kardec, automaticamente será rejeitada sem qualquer avaliação. -- Heráclito Fernandes da Mota, Membro da IASD João Pessoa, PB.

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