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Os Ovos de Hegel e a Resposta de Ricardo Nicotra

O filósofo alemão Hegel (1770-1831) escreveu o texto “Quem pensa abstrato?”, onde se diverte com a história de uma velha fofoqueira e preconceituosa, que vendia ovos na feira da cidade de Stuttgart. Uma freguesa, vestida com roupas caras, veio reclamar, na frente de todo mundo: - Puxa vida! Na semana passada, a senhora me vendeu ovos podres. Aí, a velha, inconformada por ter sido desmascarada, pegou forte: - “Quem você pensa que é, sua sirigaita, para prejudicar meu negócio? Tua mãe fugiu com um soldado francês, teu pai era um bêbado. E eu conheço os machos que compram teus vestidos”.

O discurso da velha serviu para Hegel exemplificar as artimanhas de uma argumentação torta. Preocupado com o método de busca da verdade, ele pergunta: afinal, o que é que a honra da moça tem a ver com os ovos podres? Não há qualquer relação de causalidade entre uma coisa e outra. O que a feirante tinha de provar era que os ovos não estavam estragados. Em vez disso, ataca a honra alheia. Tenta dissipar o fato de ter sido contestado em suas falácias. A menção ao adultério da mãe da freguesa não garantia que os ovos fossem frescos, mas servia para intimidar e esconder a verdade.

Infelizmente, Ricardo, a única coisa que você demonstra é ter baixado o nível da discussão das idéias aos ataques pessoais.  O fato de não ter me identificado diz respeito a questões de ética ao paciente em questão (já explicadas ao editor privadamente), e não ao fato de ser ou não médico, bem como minhas qualificações profissionais. . . Por certo qualquer um poderia ter escrito o que eu escrevi, e ainda assim estar falando a VERDADE.  As idéias não tem cara ou corpo.  Elas apenas podem estar certas ou não...

O fato é que, além da infeliz demonstração de imaturidade e falta de humildade para discutir IDÉIAS e não PESSOAS, você não poderia correlacionar um fator ao outro pois há pelo menos 10 anos o paciente em questão já havia realizado outro procedimento para tratar o mesmo local primário de tumor (que não cabe aqui especificar, por ser dado privativo do doente).  Reicidivas de tumores, especialmente o tipo tão agressivo que levou o paciente à morte são comuns e não relacionadas normalmente (preste atenção nesta palavra) a um estado de depressão profunda.

Agora, voltando ao campo de discussão de idéias, e não de leviandades, em nenhum momento eu descartei a possibilidade de o stress estar associado como fator debilitante do sistema imune ou mesmo ao aparecimento do tumor. Não distorça minhas palavras. Mesmo esta seja uma idéia de discussão interminável (E NÃO CONSENSUAL) em simpósios, livros e revistas científicas e que hora por outra aparecem em um ou outro site da internet.  Mas, como não sou o Todo-Poderoso, e nem tenho pretensão de saber os segredos da vida e da morte, não poderia me arrogar ao vaticínio: “Aposentadoria Precoce e Difamação Mataram o Pr. Darci Trojan”.

A medicina, ao contrário da informática e da contabilidade, é uma ciência que trabalha com probabilidades, e não certezas absolutas (fato que também só pode ser discutido em plenitude dentro de um ambiente científico e de respeito mútuo). Algum mestre da medicina no passado escreveu: “No amor e na medicina, nem nunca, nem sempre”.  Quem é médico, que cuida dos pacientes, que procura aplacar a dor, que conforta a família, e que está do lado do mesmo até o último suspiro do seu paciente sabe do que estou falando. 

Desta frase, porém, existe uma parte que não concordo, quando também alude às incertezas do amor. Creio que o Amor verdadeiro, aquele emanado pelo Todo-Poderoso e manifesto por seu filho Jesus aqui na Terra, esse sim é absoluto. Este não se corrompe, “não busca os seus próprios interesses, não suspeita mal.  Tudo sofre, tudo crê tudo espera e tudo suporta...”  Este amor foi manifesto através da vida do pastor Trojan.  Isto é patente pelo carinho e atenção que ele recebeu de todos, não importando posição social, administrativa, ou se faziam parte da “oposição” ou situação.  Mesmo porque o mesmo, assim como dezenas de pastores que conheço, crêem que todos somos um em Cristo.

Não fique chateado se contrariei sua grande vontade de estar com a razão.  Peça a Deus entendimento se você age sensatamente ao responder do jeito que você fez.  Isto aqui é um ambiente de discussão cristão, e não a tribuna de um congresso estudantil onde frases de efeito e subterfúgios ganham o tema.

Com isso encerro minha participação neste tema.

Muito obrigado, Robson, por ter publicado o meu e-mail prévio.

(Mais uma vez, pelas razões explicadas, solicito não ser identificado.)

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De: Nicotra / Para: Dr. Sem Nome

Prezado Médico Anônimo,

Antes de entrar no mérito da questão, quero afirmar que minha intenção não foi fazer ataques pessoais contra você. Não me daria ao trabalho de atacar um anônimo, mesmo porque um anônimo não tem reputação ou nome para defender - a investida anônima é risk-free. Apenas procurei chamar a atenção para o fato de que uma manifestação anônima não pode ser considerada uma fonte idônea. Só isso. Nada pessoal.

A correlação entre Risco e Resultado não é algo presente apenas no mundo dos investimentos financeiros. Na manifestação das idéias algo semelhante acontece: Quanto menor o risco assumido, menor o resultado esperado. Se uma manifestação anônima tem a vantagem de ser isenta de risco, por outro lado sua confiabilidade tende a ser mais baixa, principalmente com relação aos fatos novos que o anônimo apresenta.

Vamos ao mérito da questão.

Você sabiamente parece admitir que o stress, depressão e problemas emocionais debilitam as defesas do organismo, mas recusa-se a aceitar que tais problemas levaram o Pr. Darci à morte.

Da mesma forma você poderia alegar que a causa da morte de um aidético não foi a AIDS, mas a tuberculose. De fato, a AIDS e a depressão não matam, apenas enfraquecem o sistema imunológico permitindo o avanço de doenças que não progrediriam se as defesas estivessem funcionando bem. A AIDS e a depressão profunda não matam, como disse anteriormente, elas apenas puxam o gatilho.

Você alega que eu não posso correlacionar o câncer e a morte aos problemas emocionais sofridos pelos Pr. Darci porque, há mais de 10 anos, o Pr. Darci precisou de um tratamento no local onde futuramente apareceria um tumor. Um leitor desatento poderia concluir que o tumor já havia sido detectado nesta época ou que já havia ali um princípio de tumor o que não é verdade.

A informação que obtive do seu irmão, Dr. Osmar Trojan, cujo e-mail fui autorizado a reproduzir abaixo, é que o Pr. Darci fez há 13 anos uma cirurgia reparadora de hérnia de hiato, que na época lhe causava um refluxo gastro-esofágico. Na ocasião, o exame anátomo patológico não apresentou nenhum sinal de lesão maligna, pondo por terra sua sugestão de que o problema do Pr. Darci era anterior a sua aposentadoria compulsória.

O diagnóstico de câncer se deu apenas em 2004. Quem acompanhou o caso do Pr. Darci tem convicção de que a depressão, que estava sendo tratada por psiquiatra, foi o fator determinante para o progresso da doença e conseqüente agravamento do seu estado culminando no óbito.

É claro que pessoas relacionadas com a “obra” jamais irão admitir tais fatos. Negarão até à morte a relação causal entre os fatos narrados. Mas a não aceitação por parte da “obra” não muda a verdade.

Um abraço,

Ricardo Nicotra

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E-Mail do Dr. Omar Trojan Desmente Médico Anônimo

Caro amigo e irmão Ricardo,

Tivemos um sábado confortante, com visitas de muitos amigos e renovando a esperança Adventista.

Quanto ao pseudo-problema criado com o "médico" que não quer ser identificado, e escreve como se fosse "obreiro", acho que não há necessidade de preocupação, pelos seguintes fatos:

O Darci há 13 anos, por apresentar refluxo gastro-esofágico, conseqüente a uma hérnia de hiato, que é a principal causa de azia, foi submetido a uma cirurgia reparadora da hérnia, pela equipe médica do Dr. Prof. VICTOR STRASSMANN, no Hospital ALBERT EINSTEIN. Eu assisti a cirurgia, que teve pleno êxito e o exame anátomo-patológico não apresentou nenhum sinal de lesão maligna. É uma cirurgia comum e muitas pessoas acima de 50 anos apresentam o chamado refluxo gastro-esofágico e no caso do Darci, seu problema foi resolvido. Nunca mais teve azia.

Durante os próximos anos, o Darci se submeteu a revisões anuais, incluindo endoscopias e sempre teve os resultados ótimos, sem nenhuma patologia maligna.

Eu, como seu irmão e médico sempre acompanhei seus exames e os resultados e confirmo o que estou dizendo, pois não tenho necessidade do anonimato.

Talvez a direção da IASD, esteja com medo de algum processo e já está orientando algum administrador, ou pastor, que se apresenta como médico para ter um pouco mais de impacto sobre a opinião pública. Isto é covardia.

Termino a discussão afirmando que a lesão maligna que acometeu meu irmão Pr. Darci Trojan, apareceu há menos de 5 anos, não tem relação com a correção cirúrgica de há 13 anos. O diagnóstico de câncer se deu em janeiro de 2004. A cirurgia foi realizada no Hospital SAMARITANO, em março de 2004, e as metástases se desenvolveram rapidamente a partir da cirurgia, mesmo tendo sido submetido a quimioterapia e radioterapia, comprometendo os pulmões, levando a parada respiratória e ao óbito.

A depressão, que estava sendo tratada por Psiquiatra, com certeza foi um fator determinante para o aparecimento e o rápido desenvolvimento de sua doença fatal.

Dr. Osmar Trojan
CRM 14800
trojan@uol.com.br

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