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Batismo de Bebês na IASD? Não tenho participado em todos os sábados das reuniões da Comunidade de Adventistas Leigos de Campo Grande, MS, por várias razões. Uma delas é a opção pessoal por não monopolizar funções, como a de pregador, simplesmente por haver-me formado em teologia e ter trabalhado como pastor-redator da Casa Publicadora Brasileira. Afinal, creio que, no movimento leigo, que busca uma maior aproximação com o modelo da igreja primitiva, todos são missionários, todos devem ser pregadores, todos podem conduzir reuniões, batizar ou oficiar qualquer cerimônia como Santa Ceia, casamento ou funeral. Consagração a Deus é o que conta. Por essa razão, em lugar de me reunir com os irmão do Movimento Leigo, fui à Igreja Central, freqüentada por minhas duas filhas, filho e irmã. Meu filho fará quinze anos neste mês de julho e assentou-se ao meu lado para acompanhar o culto e a Escola Sabatina, que viria a seguir, uma vez que, por temporária falta de espaço provocada pela reforma da igreja, estão realizando dois cultos, um às 8h e outro às 10h30. Depois do louvor e antes do sermão, levantou-se o distrital e começou a tentar encontrar base bíblica para a dedicação a Deus de crianças recém-nascidas. Sem apontar a localização da passagem, pôs-se a ler Deuteronômio 6:4-7 como se o texto referendasse essa versão adventista do batismo católico:
A partir dessa expressão "tu as inculcarás a teus filhos", pôs-se a justificar a dedicação de duas crianças, filhas de casais da igreja. Note, ele não estava propondo a apresentação dos bebês à igreja nem a dedicação e consagração dos pais das crianças a Deus, para que as educassem nos caminhos do Senhor. Não, referindo-se ao caso de Ana e Samuel, afirmou que "a Bíblia recomenda esta cerimônia" e, antes de ajoelhar para a oração, completou o raciocínio: "Neste momento, eu, como sacerdote, intercessor perante Deus, farei a dedicação destas crianças..." Sem que eu lhe dissesse nada, meu filho ainda adolescente imediatamente meneou a cabeça, cutucou-me com o cotovelo e perguntou ironicamente em voz baixa: "Ele está no lugar de Jesus, pai? É sacerdote ou pastor?" Sabe que fiquei feliz? Se, ao menos para o meu filho, esta página servir como estímulo para que tudo que seja dito ou feito na igreja não seja assimilado sem passar pelo crivo das Escrituras Sagradas, todo o trabalho e desgaste que tenho com ela terão valido a pena! É um menino ainda, mas já entende que se o batismo infantil é um erro porque o recém-nascido não está participando racionalmente daquela cerimônia, também a dedicação infantil é equivocada, uma vez que se realiza por decisão de terceiros. E para completar, pastor não é sacerdote, nem intercessor diante de Deus. Cristo, sim, e com exclusividade! Ao final da "intercessão sacerdotal" católico-adventista, disse o pastor: "Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!" E a igreja toda disse: "Amém!" Todos, menos eu e meu filho, que nem os olhos havíamos fechado. Ele se virou para mim e disse: "Só faltou o sinal da cruz e a água benta..." "Nessa altura, Luís, vale tudo na igreja e cuspe de pastor já deve ter virado baba santa...", respondi-lhe. Culto divino Foi uma alegria rever na plataforma, logo a seguir, um velho amigo do primeiro-ano do curso teológico no Educandário Nordestino Adventista. Está quase do mesmo jeito, magro, apenas um espesso bigode parece lhe conferir uma certa autoridade... Ele seria o pregador da manhã, mas pelo conteúdo de sua oração inicial, percebi que havia algum problema... (Sim, irmão, eu estou dizendo que não somos obrigados a dizer "Amém, pastor! Amém, pastor!" nem mesmo durante a oração! E mesmo que estejamos entre amigos, como me sinto na Igreja Central. Deus espera de nós um culto racional, diz a Bíblia.) Em resumo, disse: "Senhor, se temos aqui pessoas com problemas familiares, emocionais, financeiros, de saúde e espirituais, seja Tu a solução, porque o meu assunto é outro." E começou a discorrer, com a ajuda de um laptop e um datashow sobre um sonho seu desde que trabalhou como capelão no Amazonas. Aos poucos, vimos que esse seu antigo sonho na área de saúde e assistência social está hoje estimado em mais de três milhões de reais. E para nossa surpresa, ao final, aquilo que começou como um sonho pessoal já estava sendo chamado de um "plano absurdo de Deus". Com isso, pretendia dizer, como repetiu várias vezes, que "os planos de Deus não podem ser discutidos"! Nada disse sobre o que foi feito da antiga lancha Luzeiro 5, que atendia a população pantaneira. Nada disse sobre porque esse tipo de trabalho demonstrou-se inviável no passado. Nada disse sobre a opção estatutária da Adra Internacional pelo não-proselitismo, não-evangelismo, em troca do reconhecimento e do apoio financeiro do governo dos Estados Unidos. Nada disse sobre a desonestidade de quem superestima atendimentos realizados de forma voluntária, relatando-os como se fossem consultas e tratamentos particulares. Nada disse sobre o fechamento do Cadec de Campo Grande. Nada disse sobre o envolvimento de conhecidas figuras políticas do Mato Grosso do Sul nesse seu sonho, que virou projeto da Organização e, finalmente, PLANO DE DEUS, INDISCUTÍVEL. No auge de seu discurso, entra um conhecido alcoólatra, morador de rua, mas que freqüenta com boa assiduidade as reuniões da igreja, inclusive as de quarta-feira, em que costuma levantar-se para reclamar do excessivo número de lamentações e pedidos dos irmãos que se manifestam, apresentando seus pedidos de oração. Neste sábado, estava, porém, "trêbado" e não tinha condições de permanecer no recinto, sendo retirado amigavelmente por um ancião. Aquele alcoólatra ali presente, naquelas condições tão lastimáveis, parecia uma mensagem viva de Deus aos pastores e à liderança da igreja, dizendo: "Vocês não são capazes de resolver um só caso de doença, que permanece aqui, à porta do templo, e ousam colocar-se diante de Meu povo com um plano mirabolante, que pretende resolver até os casos provocados por tragédias naturais, empurrando-o goela abaixo, dizendo ser um plano Meu e indiscutível?" Ao fim do "sermão", que eu e meus filhos assistíamos pela segunda vez, uma vez que a mesma mensagem havia sido apresentada por ele num recente encontro de universitários, compreendi o que estava acontecendo. Era o lançamento da Recolta 2002, com os mesmos vícios de sempre, até o perigo de fornecer credenciais em branco, que tanto podem desacreditar o arrecadador como facilitar a fraude! "Quem está disposto a colaborar, sem discutir com Deus os Seus planos, coloque-se de pé para receber o material da Recolta. O alvo individual é de apenas R$ 30", disse o pastor. Decidi intimamente que não me levantaria, mas nada disse a meu filho para não influenciá-lo. Veio então a surpresa: Enquanto apenas parte da congregação colocou-se de pé, o maestro encarregado do louvor pediu a TODOS que se levantassem para cantar o hino final! E assim, você pode imaginar o que aconteceu... Praticamente todos receberam o material! Apostasia Ômega Enquanto dirigi-me ao sanitário, deparei-me com um pequeno cartaz afixado em vários locais. Parecia brincadeira, imaginei que alguém não-adventista se equivocara ao colocar aquele convite ali... 1º ÔMEGA-FEST? "Não pode ser coisa de adventista", pensei. "Deve ser alguma daquelas festas com música dançante e cerveja, das quais eu mesmo participei no passado." A maioria dos irmãos deve saber que o Ômega, última letra do alfabeto grego, é símbolo do fim. Jesus, por exemplo, afirmou ser o Alfa e o Ômega, para ensinar que participou tanto do início de todas as coisas quanto participará do final destas, dando início então a novos céus e nova terra. A Sra. White profetizou ainda que a Apostasia Ômega seria terrivelmente devastadora para a Igreja, bem pior que o Alfa das heresias, que foi a publicação do livro Living Temple pelo inventor dos sucrilhos, Dr. Kellogg. Estava sem óculos, aproximei-me um pouco melhor do cartaz para poder ler:
Comentei com meu filho, disse que a Sra. White não recomenda esse tipo de promoção para angariar fundos e ele me disse: "São os meus amigos do Clube de Desbravadores Ômega... Mas também, pai, o que você queria que eles fizessem? Foram pedir verba para o trabalho deste ano à Associação, deram para eles dez reais!" Estou pensando até agora o que é que eu digo para o meu filho. -- Robson Ramos. Leia também: |
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