Clipping BBC/Time: Fé ocupa lugar de destaque na estratégia política de Bush
 

 
George W. BushEm meio aos tributos prestados a Ronald Reagan desde sua morte, comparações inevitáveis foram feitas com o republicano que ocupa atualmente o cargo mais poderoso do mundo.

Assim como o presidente George W. Bush, Reagan era um homem religioso. Mas em um discurso em homenagem ao então líder da Guerra Fria, Ron Reagan Jr declarou que seu pai “nunca havia cometido o erro fatal de tantos políticos" - usar a fé para ganhar vantagens eleitorais.

A declaração foi interpretada como uma zombaria a Bush. O presidente respondeu com uma citação mordaz da Bíblia e disse que nunca pediu a ninguém que votasse nele porque era mais religioso do que o próximo.

No entanto, há poucas dúvidas de que Bush, que descreveu Jesus como seu filósofo favorito, tem administrado uma das Presidências mais religiosas, ambos no estilo e na substância.

“Mas sua expressão religiosa certamente não é apenas eleitoral”, diz John Green, professor da Universidade de Akron, em Ohio, e especialista na relação entre religião e política.

“À medida que mais americanos passaram a ficar mais interessados em idéias religiosas na arena pública, mais políticos de ambos os lados começaram a satisfazê-los”, afirma Green. “Com Bush, vimos essa tendência em sua manifestação mais expressiva.”

Aborto

Os Estados Unidos, fundados por pessoas que estavam sendo perseguidas por causa de sua fé, sempre tiveram um profundo caráter religioso, e durante a década de 90 essas questões espirituais voltaram à tona.

O candidato democrata Al Gore levou isso em conta quando concorreu à Presidência contra Bush, em 2000, e declarou que sempre considerava a pergunta “O que Jesus faria?”, quando tomava decisões políticas.

Mas foi Bush quem mais se beneficiou dos eleitores devotos. Isso significou introduzir um conservadorismo religioso em elementos de sua política social, ao mesmo tempo que não queria alienar os eleitores seculares – banir uma das formas de aborto, o chamado “nascimento parcial”, foi um exemplo.

O encorajamento da abstinência entre os jovens e o investimento de US$ 1,5 bilhão na promoção de “casamentos saudáveis” também fizeram sucesso entre os grupos religiosos.

Evangélicos

Paul Weyrich, um dos fundadores do movimento conservador Fundação Congresso Livre, diz que, aparentemente, 4 milhões de eleitores evangélicos não teriam votado em Bush, em 2000, após revelações de que ele estava envolvido em um incidente, dirigindo bêbado, nos anos 70.

Em uma eleição apertada como a que vem pela frente, os votos deles – alguns analistas acreditam – podem ser cruciais.

“Ele precisar abordar os temas certos para chamar a atenção deles. Não é o Iraque – há um sentimento ambíguo sobre o que se passa lá. Tem que ser a emenda federal sobre o casamento”, afirma Weyrich.

No início deste ano, em meio às centenas de casamentos homossexuais realizados no país, Bush finalmente jogou todo o seu peso nessa emenda constitucional que impedirá tais uniões.

Foi uma medida vista como uma tentativa de agradar os evangélicos em um ano eleitoral, mas, sem uma agenda clara no Congresso, o assunto foi deixado de lado.

“Ele precisa seguir com isso. É um assunto que as pessoas acompanham e que pode render votos”, comenta Weyrich.

“O problema dessa sugestão é que ele vai cair da corda bamba”, discorda Green, que tem dúvidas sobre a importância da “perda” de 4 milhões de votos evangélicos.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2004/06/040617_bushreligiaoas.shtml


Bush e Kerry seriam sócios da mesma ordem secreta

 
Paulo Cabral
 
George W. Bush na Universidade de Yale
Em 1832 foi fundada, na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, a ordem secreta da Caveira e dos Ossos, ou Skull and Bones, em inglês.

A ordem está instalada em uma das mais exclusivas e elitizadas universidades americanas, e o grupo se esforça em convidar para as suas fileiras os rapazes e - só nas últimas décadas - moças, que dão a impressão de estarem destinados a um futuro em posições de destaque e liderança.

Por ser secreta, muito do que se diz em torno da sociedade é baseado em especulações com maior ou menor grau de credibilidade.

Mas entre as informações que gozam de crédito entre jornalistas e pesquisadores que se dedicaram ao assunto, estão listas de membros nas quais dois nomes chamam especial atenção neste ano: os do presidente George W. Bush (classe de 1968) e do candidato John Kerry (classe de 1966).

Superelite

"A existência da sociedade que reúne membros de uma superelite, o convite para que 15 calouros de Yale entrem no grupo por ano e as participações de Kerry e de Bush são fatos. Mas muito do que se sabe a respeito do que se faz lá dentro é baseado em especulações", diz a jornalista Alexandra Robbins, que em 2002 escreveu o livro Segredos da Tumba, sobre a ordem da Caveira e dos Ossos.

Há quem acredite que os bonesmen - homens dos ossos, como eles são chamados nos Estados Unidos - sejam um grupo de conspiradores por trás de muito do que aconteceu no mundo nos últimos dois séculos. A bomba de Hiroshima e a invasão na Baía dos Porcos são dois exemplos comumente citados pelos partidários dessa teoria.

Para outros, eles não passam de um grupo de jovens que se divertem com brincadeiras com bebidas e apelo sexual, dignas das fraternidades que tanto aparecem em filmes B de Hollywood.

Para o historiador Brian McCann, que fez seu doutorado em Yale, falar em conspiração é uma "tolice". Mas McCann acha que o grupo vai além de estar interessado apenas em brincadeiras juvenis.

John Kerry "Apenas pessoas muito poderosas são convidadas para fazer parte do Skull and Bones e quem é convidado não recusa. Forma-se ali uma rede de contatos da elite que fica para a vida toda."

Alexandra Robbins também descarta as teorias conspiratórias, mas considera perturbador que tantas pessoas que ocupam, ocuparam ou podem vir a ocupar cargos importantes nos Estados Unidos façam parte de um grupo que não revela a ninguém o que pensa e discute.

"Não acho que nenhuma alta autoridade deveria ser autorizada a pertencer a um grupo com práticas secretas e interesses misteriosos. Fazer isso é colocar o interesse desses grupos acima do interesse da nação", diz ela.

Encontro

Nenhum sócio da ordem admitiu publicamente até hoje sua participação no grupo. Com Kerry e Bush não é diferente.

O presidente e o candidato já foram, no entanto, indagados várias vezes sobre o assunto. Nessas ocasiões, eles não confirmaram, mas também passaram longe de negar alguma coisa.

Kerry foi pressionado pelo apresentador do programa de televisão Encontro com a Imprensa, que perguntou o que Kerry poderia "contar sobre a ordem". "Não muito, porque é secreto", respondeu o candidato.

Em outra edição do mesmo programa, o presidente Bush também foi indagado sobre a sociedade e respondeu que "isso é tão secreto que nem podemos falar sobre o assunto."

Não há nenhum registro - ou mesmo especulação - sobre possíveis encontros dos dois em reuniões da sociedade.

"Não é nada espantoso que Kerry e Bush façam parte da mesma sociedade secreta. A intenção desse grupo sempre foi encontrar potenciais líderes de diferentes tendências na sociedade. Não é um grupo formado por amigos, mas que forma amigos e contatos para o futuro", diz Brian McCann.

Mas o historiador nota que é revelador que os dois homens que estão disputando o comando do país que se auto-intitula a principal democracia do mundo sejam parte do mesmo grupo de elite de uma universidade americana.

"Como no Brasil, a democracia americana vive em um conflito, uma tensão entre a verdadeira democracia e o patriarcalismo, o compadrio, o pistolão", diz McCann.

"Embora o país se apresente como uma democracia pura, sabemos que quem faz parte de um grupo como esse tem condições de ir bem mais longe e ter muito mais poder. É interessante e revelador que neste ano os dois homens que se propõem a defender a nossa democracia tenham isso em comum em suas histórias."

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2004/06/040617_ordemas.shtml


13/06/2004
Enfrentando os bispos

Será que Kerry é católico o bastante? Há evidência de que a questão está se voltando contra seus críticos

Karen Tumulty
DE WASHINGTON

Mal apareceu na tela de radar da campanha de John Kerry -ou em qualquer outra- quando um arcebispo de Saint Louis, Missouri, disse há quatro meses para uma emissora de televisão local que o senador de Massachusetts, que possui um claro histórico de votação pró-aborto, não deveria se apresentar para a comunhão na arquidiocese. Nos dias frenéticos em que os estrategistas de Kerry se preparavam para sua primeira rodada nacional de eleições primárias, eles estavam mais preocupados em apresentar Kerry aos eleitores como um veterano condecorado do Vietnã, em desembaraçá-lo das contradições de seu histórico de votação no Senado e em como driblar o rótulo inevitável de "liberal de Massachusetts". Em todas as suas discussões internas quanto aos pontos pessoais fortes e fracos do candidato, lembrou um alto conselheiro, ninguém sequer levantou aquele que talvez seja o mais pessoal de todos: o catolicismo de Kerry e o fato de que ele poderia se tornar a primeira pessoa de sua religião desde John F. Kennedy a concorrer como o candidato de um grande partido político.

Se isto não parecia grande coisa na época, agora parece. Um punhado de outros líderes da Igreja apoiou a declaração do arcebispo Raymond Burke, de que políticos católicos que votam contra os ensinamentos da Igreja não estão aptos a receber o sacramento que, mais do que qualquer outro, simboliza a ligação dos católicos com sua fé. Pelo menos um destes líderes -o bispo Michael Sheridan, de Colorado Springs, Colorado- até mesmo sugeriu que os católicos impenitentes que votarem em políticos pró-aborto deveriam se manter longe da fila da comunhão. Enquanto isso, Kerry insiste que ele continuará a praticar tanto sua religião quanto sua política como sempre. Será que o candidato democrata poderá percorrer os domingos dos próximos cinco meses sem que um padre se negue a lhe dar a comunhão? Enquanto Kerry faz campanha nesta semana no Colorado -um Estado que seus estrategistas designaram como um de seus alvos principais em novembro- mais de 250 bispos católicos americanos e vários cardeais também estarão lá, discutindo, entre outras coisas, como lidar com o relacionamento cada vez mais tenso entre a Igreja e muitos políticos católicos.

Os bispos ouvirão uma força-tarefa, liderada pelo arcebispo de Washington, Theodore McCarrick, que supostamente lhes dará um conjunto de diretrizes sobre a questão logo após a eleição. McCarrick disse não se sentir confortável com a idéia de enfrentar alguém no altar, mesmo tendo afirmado que os católicos conscientes de pecados graves não devem tomar a comunhão. O grupo antiaborto Liga Americana da Vida respondeu no início de maio com anúncios de jornal de página inteira no "Washington Times", apresentando uma foto do Cristo crucificado e perguntando: "Cardeal McCarrick, o senhor está confortável agora?"

Tal tipo de recriminação também está pela primeira vez pesando contra muitos políticos pró-aborto por todo o país. O padre da paróquia de Springfield, Illinois, a cidade do senador democrata Dick Durbin -onde os filhos de Durbin freqüentam a escola católica e onde sua filha se casou- anunciou em abril que o senador não receberá a comunhão lá. Apesar de Durbin não freqüentar a igreja regularmente há sete anos, desde que começou a freqüentar a missa perto de seu condomínio em Chicago, o debate resultante o colocou em uma situação difícil. Ele se recusou recentemente a realizar o panegírico no funeral de um amigo por temer que sua presença no altar, ao lado do bispo local, pudesse criar uma situação embaraçosa. "É muito doloroso", disse Durbin à Time. "É uma das experiências mais dolorosas que já passei na vida pública. Não dá para colocar em palavras o quão difícil é lidar com isto."

Mas também está provando ser doloroso para a hierarquia católica americana, que ainda está tentando estabelecer sua credibilidade após o escândalo de abuso sexual que a abalou em 2002. Uma profunda divisão surgiu entre a grande maioria de católicos e a minoria de bispos e padres que estão defendendo publicamente uma linha dura em relação aos políticos católicos -e mesmo eleitores- que se afastam dos ensinamentos da Igreja. Em uma pesquisa da Time realizada há duas semanas, três quartos dos católicos disseram que discordam da Igreja em relação ao aborto, e quase 70% disseram que a Igreja Católica não devia tentar influenciar as posições dos políticos católicos ou a forma como os católicos votam. Tal posição se manteve mesmo entre católicos que se consideram bastante religiosos e freqüentam a missa pelo menos uma vez por semana.

Nada disto passou desapercebido pela campanha de Kerry. "É uma coisa um bispo impedir os políticos católicos de receberem a comunhão, mas outra quando a hierarquia da Igreja começa a pressionar todos os católicos", disse a porta-voz de Kerry, Stephanie Cutter. A campanha do presidente Bush também vê a questão como potencialmente favorável a Kerry. Um alto estrategista de Bush está preocupado que ela provoque a fatia moderada do eleitorado católico que ambos os partidos estão cortejando, coloque Kerry em uma posição simpática de vítima e -o pior de tudo, pelo menos para a campanha de Bush- torne as pessoas conscientes de que ele é um católico. De fato, um dos resultados mais notáveis da pesquisa Time é que um terço dos americanos sabe qual é a religião de Kerry, ligeiramente acima do percentual que citou alguma versão do protestantismo como sendo a religião de Bush. O voto católico, que soma 63,4 milhões, se tornou um dos mais cobiçados após o dos eleitores sem partido definido. Os católicos são particularmente importantes nos Estados politicamente cruciais da Pensilvânia, Michigan, Ohio, Iowa, Minnesota e Wisconsin, correspondendo a 25% a 30% dos votos naquela parte do país, disse o estrategista de campanha de Bush, Ralph Reed. "Em uma eleição apertada, se você aumentar ou afastar tal eleitorado em 10%, são 100 mil votos em cada um destes Estados."

Os católicos já foram um dos blocos mais confiáveis para os democratas, mas seus padrões de votação se tornaram menos previsíveis e mais complexos. Outras seitas adotaram lados claros nesta eleição: os protestantes preferem o presidente Bush por uma margem de 19 pontos percentuais na pesquisa Time (55% contra 36%), e aqueles que não são nem protestantes nem católicos deram a Kerry uma vantagem de mais de 50 pontos percentuais (73% contra 21%). Os católicos estão praticamente divididos: 45% a favor de Kerry, 43% a favor de Bush. Mas dentro destes números, há uma subtrama, uma que reflete a polarização do eleitorado. Entre os católicos que se consideram muito religiosos, Bush desfruta de uma vantagem de 23 pontos percentuais; entre aqueles que dizem não ser muito religiosos, Kerry lidera por mais de 46 pontos percentuais, e entre aqueles que se dizem um pouco religiosos -um grupo quase tão grande quanto os outros dois somados- Bush desfruta de uma vantagem estatisticamente insignificante de 47% contra 43%.

É claro, o que mais importa do que qualquer outra coisa é quais destes grupos de fato comparecerão às urnas no dia da eleição. "Os católicos ortodoxos estão realmente motivados", disse Deal Hudson, um ativista católico conservador que publica a revista "Crisis" e que é próximo da Casa Branca. "Há uma forte energia nas bases contra Kerry." Bush também tem cortejado os católicos conservadores (ele fez uma terceira visita ao Papa há duas semanas), que nos últimos anos têm deixado para trás sua desconfiança dos protestantes evangélicos e cultivado alianças políticas em questões como aborto e casamento gay.

Mas estes são católicos que Kerry nunca esperou conquistar. "Para a maioria dos eleitores católicos, seu apelo -e o apelo da campanha- se deve a questões que são importantes para a religião católica: justiça social, pena de morte, ajuda aos pobres", disse a gerente de campanha de Kerry, Mary Beth Cahill. "Os católicos, como a maioria das pessoas, tratam as questões uma de cada vez, e eles decidirão com base no histórico total de John Kerry e no plano que ele apresentar."

Sua própria abordagem ao catolicismo, disse Kerry, moldou tanto sua identidade quanto seus valores. O ex-coroinha disse que usava um rosário em batalha no Vietnã, mas que passou por um período de agnosticismo e revolta quando voltou de lá, encontrando seu caminho de volta para a religião de seu pai após "ler muito e pensar muito". Ele disse em uma entrevista no final de março: "É uma parte importante da travessia por períodos difíceis em minha vida e continua sendo a base de meus valores -de convicção- sobre quem sou, onde nós nos encaixamos, qual é nosso papel neste planeta". Kerry disse ser fascinado por várias tradições religiosas, e no final dos anos 80 foi para Israel com amigos judeus e leu o Sermão da Montanha no Monte das Beatitudes. Ele disse que ele e sua mulher, Teresa, também visitaram Cafarnaum, o local no Mar da Galiléia onde se diz que Jesus realizou milagres de cura. Kerry acrescentou que saber no ano passado que seus avós paternos eram judeus "abriu uma janela maravilhosa para como todos chegamos onde estamos e nos tornamos quem somos. É uma jornada interessante -uma jornada americana clássica de muitas formas".

Assessores disseram que Kerry fica desconfortável ao ver sua religião em exibição pública. "Para Kerry, sua religião, obviamente, como para a maioria dos católicos, é uma coisa privada", disse um. "O fato disto repentinamente se tornar uma questão eleitoral é algo que repele alguém com seu desejo de reserva e privacidade."

Mas a candidatura de Kerry veio acompanhada de uma "nota doutrinal" do Vaticano, alertando os legisladores católicos de que eles têm "uma obrigação grave e clara de se oporem a qualquer legislação que degrada a vida humana". Alguns líderes católicos influentes disseram que os bispos estão apenas cumprindo seu dever. "Estes bispos não estão interessados em ajudar George W. Bush, pelo menos não a maioria deles", disse o padre Richard Neuhaus, fundador e editor da revista mensal neoconservadora inter-religiosa "First Things". "Você tem pessoas muito proeminentes -John Kerry sendo o primeiro candidato presidencial católico em 44 anos- que parecem estar representando incorretamente os ensinamentos da Igreja. Os bispos têm a responsabilidade de dizer: 'Ei, espere aí -isto não está certo'." Mas outros vêem as próprias ambições dos bispos em ação. "Os bispos não são escolhidos porque são independentes, mas porque são homens de confiança que seguem as políticas da Santa Sé", disse o padre Richard McBrien, professor de teologia da Notre Dame. "Burke, em Saint Louis, está buscando se tornar cardeal. Sheridan, em Colorado Springs, adoraria ser arcebispo. Que melhor forma de ser notado do que negando a comunhão aos políticos e eleitores que são pró-aborto? Eles estão ganhando pontos em Roma!"

Mas a grande parte da hierarquia católica americana preferiria ver o fim desta questão explosiva. "Para a maioria dos bispos, há uma relutância. Eles vêem isto como uma questão extremamente complicada onde é muito difícil traçar linhas", disse o cardeal e teólogo Avery Dulles. "Eles vêem a negação da comunhão como uma espécie de último recurso e consideram outras formas de orientação preferíveis -talvez a negação de certas honras, como graus honorários, e a recusa em permitir a utilização das paróquias e universidades para oradores que são abertamente pró-aborto (...) Negar a comunhão no altar para alguém que vem recebê-la cria uma cena, que é muito desagradável e perturbadora."

E alguns dizem que há dois pesos e duas medidas em ação. Apesar de toda atenção que tem sido dada aos problemas de Kerry como o clero de sua Igreja, "não há um número igual de histórias sobre a forma como Bush tem ignorado sua própria seita, a Igreja Metodista Unida, ao se recusar a receber uma delegação de bispos que queria falar com ele sobre a guerra", disse Philip Amerson, presidente da Escola de Teologia de Claremont, um seminário da Metodista Unida em Claremont, Califórnia.

Kerry já reescreveu a história sobre o que significa ser um católico na política: o último candidato católico para presidente pela chapa de um grande partido concorreu contra a suspeita de que receberia ordens de sua Igreja. Este está encontrando suas crenças sob fogo porque não o faz. E o fato da arma da vez ser um sacramento, dizem alguns líderes católicos, é a reviravolta mais estranha de todas. "A eucaristia trata de nossa unidade, não de nossas divisões", disse o bispo John Kinney, de Saint Cloud, Minnesota. Mas em um momento em que a própria Igreja Católica está dividida quanto a suas obrigações políticas, a eucaristia também poderá se tornar símbolo de controvérsia.

- Com reportagem de Perry Bacon/Washington, Sarah Sturman Dale/ Minneapolis, Rita Healy/Denver e Marguerite Michaels/Chicago

Tradução: George El Khouri Andolfato

Fonte: http://noticias.uol.com.br/time/ult640u569.jhtm

Ver também: http://www.time.com/time/covers/1101040621/story.html

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