Ricardo Nicotra em Entrevista Exclusiva: "Somos Mordomos ou Fantoches?"

 

Para começo de conversa, quem é Ricardo Nicotra?

Nasci em São Paulo/SP em dezembro de 1972. Estudei Administração de Empresas e me graduei em Ciência da Computação. Estou concluindo meu MBA (pós-graduação em Administração). Atualmente trabalho numa consultoria de tecnologia.

Como se costuma dizer, nasci em berço adventista. Meu pai sempre foi um dedicado oficial de igreja, ancião, professor de classe bíblica e da escola sabatina. Cresci vendo minha mãe atuar com muita dedicação no departamento infantil e como pianista da igreja. Meus pais são um exemplo cristão para mim de amor, fidelidade e honestidade.

Desde pequeno estive envolvido com as atividades da igreja. Com 15 anos fui professor dos juvenis. Em seguida, fui diretor de Comunicação, da Escola Sabatina, dos Jovens e da Ação Missionária. Também fui Pianista do Coral, Diretor de Grupo e Ancião da Igreja. Mas a tarefa que eu mais gostava era a de Instrutor da Classe Bíblica Batismal. Creio que essa predileção por classes bíblicas e evangelismo público afetaram meu futuro na IASD. Poderei falar mais sobre isso depois.

 

Você se considera uma espécie de "pioneiro" do atual Movimento Leigo no Brasil?

Entendo que o Movimento Leigo sempre existiu. Se hoje ele parece mais forte, ativo e presente em todo Brasil e no Mundo, é simplesmente porque a internet integrou os leigos, criou sinergia e, principalmente, divulgou sua existência de forma bem abrangente. Mas, na realidade, o Movimento Leigo sempre existiu. Então, se formos falar em verdadeiro pioneirismo do Movimento Leigo chegaremos a Jesus Cristo, que foi o primeiro líder leigo da igreja.

Cristo foi um pioneiro leigo completo: Não tinha qualquer vínculo com a estrutura da igreja oficial da época, restaurou os princípios da verdadeira religião e adoração que haviam sido deturpados, ministrou em favor das pessoas de forma voluntária (sem receber salário e auxílios disso e daquilo), criticou fortemente o abuso dos que trabalhavam no templo, foi contra o status quo e enfatizou os princípios do reino em detrimento das tradições oficiais da “denominação”. Por isso eu não sou pioneiro de coisa alguma - apenas tento imitar o modelo do Leigo-Mor, mas sinto que ainda há uma boa distância para percorrer.

 

Quando começou seu desencanto com a IASD? Houve algum incidente específico que motivou aqueles seus primeiros artigos?

Em 1993, decidi contribuir no estabelecimento de um grupo próximo a uma favela. Foi lá que as injustiças e desigualdades do sistema administrativo capitalista da IASD ficaram mais evidentes. Os recursos financeiros do grupinho recém-nascido eram sugados mensalmente. Não é necessário ter pós-graduação em Administração para perceber que algo estava errado. Então comecei a questionar.

Muitos irmãos têm aversão ao questionamento, acham que a dúvida é coisa do diabo. A dúvida leva à investigação, e a investigação leva à verdade. A famosa frase “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” veio como resposta a uma dúvida de um discípulo. Por isso acredito que o questionamento e a dúvida são benéficos se nos direcionarem à investigação e, consequentemente, ao conhecimento da verdade.

 

Fale um pouco do conteúdo dos artigos, de seus objetivos com a divulgação deles, da reação dos irmãos...

Lembro-me do primeiro artigo que escrevi: “Quem está roubando a Deus?”. Gosto das perguntas, pois elas nos fazem pensar. Minha intenção com este título era fazer com que as pessoas parassem e pensassem. Questionassem. Investigassem. Chegassem a alguma conclusão por si mesmas, não apenas confiassem passivamente na orientação formatada pela liderança espiritual. Neste primeiro artigo, escrevi um pouco sobre minha experiência de “dizimista local”.

Depois destes artigos escrevi outros incluindo um estudo bíblico sobre o dízimo, o dízimo na visão dos pioneiros, as práticas administrativas da IASD (praxes) e os métodos usados para convencer a membresia a continuar dizimando mesmo sabendo que o dinheiro é mal administrado (lavagem cerebral), um artigo forte que posteriormente seria usado como justificativa para minha exclusão.

 

Esses artigos foram distribuídos através de e-mail? Como foi a divulgação deles e a receptividade dos leitores?

Os artigos foram distribuídos inicialmente pela internet, principalmente em listas de discussão como a MAB, GEA e a lista da Escola Sabatina. Os artigos geravam debates e contra-argumentações que acabaram fomentando a produção de mais material escrito. Os debates na internet iam se aprofundando e isso gerava a necessidade de mais pesquisa e, naturalmente, os artigos iam saindo, um após outro.

A primeira reação dos leitores foi muito positiva - acima do que eu esperava. Eles liam os artigos e me apoiavam: “Ricardo, eu sempre tive a mesma opinião que você, mas nunca tive tempo, coragem ou habilidade para colocar isso no papel. Parabéns!” Mas a maioria dos que me apoiavam, após as ameaças de remoção de cargos, acabaram apoiando a visão da Associação. São pessoas da mesma natureza dos judeus. Num dia clamavam “Hosanas ao Filho de Davi”, depois de uma semana as mesmas pessoas clamavam: “Crucifica-o”. Desta experiência aprendi que a opinião pública é volúvel e quase sempre reaje em função do episódio mais recente. Por isso meu conselho aos reformadores é que não subestimem a forte influência da liderança eclesiástica sobre a mente do público.

 

E a reação da Administração, como foi que ela se deu? Chamaram você para conversar, ou simplesmente foram excluindo, direto?

Quando souberam dos artigos me chamaram na Associação Paulistana. A princípio fui tratado com simpatia e aconselhado pelos pastores a formalizar sugestões que seriam analisadas pela Associação / União / Divisão / AG e que se fossem aceitas pelo corpo da igreja, seriam implementadas. Aceitei o conselho e voltei com uma solicitação formal de transparência financeira assinada por todos os anciãos e vários líderes leigos do distrito. A Associação sempre prega que a contabilidade é um livro aberto, mas na hora do “deixa eu ver” o livro contábil fica mais fechado do que aquele de Apocalipse 5:3. O pedido de transparência foi recusado.

Depois desta movimentação da liderança em busca da transparência, eu já estava “marcado para morrer”. Começou então o processo de “fritura” que consiste na difamação, terrorismo psicológico, tentativa de “disciplina branca” e uma técnica de guerra que a associação gosta de usar (Prov. 6:19 u.p.): jogar um irmão contra o outro, o famoso “dividir para conquistar”. É uma técnica suja, mas é bem fácil de implementar, requer apenas um pouco de tempo (algumas semanas e algumas visitas pastorais).

Sou uma pessoa observadora e analítica, por isso aprendi muitas técnicas usadas pela Associação: desde os elogios iniciais até as técnicas mais vis. Espero nunca cair na tentação de usar o que aprendi. Creio que a justiça e o amor podem parecer menos eficientes a curto prazo, mas geram resultados mais duradouros e têm a aprovação divina.

 


Ricardo Nicotra, acompanhado de seu pai, mãe e irmã.

 

Lembro-me do seu entusiasmo com o MOVA. Qual era sua proposta com o projeto? Quais os objetivos alcançados? Que fim levou, se é que acabou?

A proposta do MOVA era bem simples: Como muitos irmãos não queriam mais enviar dinheiro para a associação, decidiram se unir para pagar obreiros e comprar material evangelístico. Os membros da igreja gostaram muito da idéia pois os obreiros, além do trabalho externo, também visitavam e davam assistência espiritual para os membros. A Associação sempre alegou que não era contra (para não contrariar os membros), além disso batizava todos os que haviam sido preparados pelos obreiros, mas na prática havia um esforço muito grande para tentar desmoralizar nosso trabalho. Afinal de contas estávamos mexendo com o que existe de mais sagrado para eles: o dinheiro.

Quando viram que não conseguiriam pelos métodos racionais, passaram a pregar que o MOVA viera como instrumento de Satanás para dividir a igreja. A ofensiva foi tão forte que realmente a igreja acabou se dividindo. E na divisão está a força de Satanás, que compareceu pessoalmente possuindo um jovem que pregou com voz grossa numa vigília contra o MOVA. O pessoal ficou apavorado e deixou de contribuir. O MOVA como grupo organizado não existe mais, mas a proposta e o espírito do grupo permanecem através do trabalho missionário dos grupos leigos.

 

A apostila sobre o uso do dízimo veio antes ou depois da exclusão? Há alguma partícula de "vingança" naquilo que você escreve?

O apostilão sobre o dízimo é uma compilação dos artigos escritos antes da exclusão, portanto não se trata de “vingança” em decorrência da exclusão. Os artigos foram um manifesto contra a administração de recursos em benefício próprio. Se houve alguma vingança, creio que a exclusão foi uma “vingança” pelos artigos. Pois na IASD, assim como em todo sistema absolutista, vale a seguinte regra:

  • Não pense, mas se pensar, não fale.
  • Não fale, mas se falar, não escreva.
  • Não escreva, mas se escrever, não assine.
  • Não assine, mas se assinar, não se surpreenda.

 

Já pude observar que muitas pessoas temem colocar-se sob a “maldição de Deus” por administrar o próprio dízimo, o que você diria a quem tem essa preocupação?

A parábola dos talentos ensina que cada um de nós é um mordomo, ou seja, um administrador dos bens do seu Senhor. Os mordomos da parábola tiveram que prestar contas com o senhor e o mais interessante é que o senhor quis saber qual o resultado obtido. O senhor não estava muito interessado em saber se o mordomo havia posto o dinheiro no banco, ou investido na agricultura, comércio ou gado. O senhor os deixara completamente livres para investir onde bem entendessem, mas na hora da prestação de contas o que importava era o resultado, o retorno.

Da mesma forma, no juízo final, deveremos prestar contas a Deus na condição de mordomos dos dízimos e ofertas, ou seja, na condição de administradores dos dízimos e ofertas. Somos mordomos (administradores) de verdade ou somos fantoches na mão de supostos administradores do dízimo da igreja? Temos liberdade para exercer a mordomia (administrar) ou somos livres desde que entreguemos tudo para a Associação?

Na prestação de contas com Deus deveremos mostrar o resultado da boa aplicação dos dízimos e ofertas, não necessariamente temos que prestar contas do canal ou forma. A partir do momento em que eu tenho luz sobre como a administração financeira é feita nas Associações, passo a ser corresponsável e cúmplice pelo fim que é dado ao dinheiro.

Deus não levou em conta os tempos da minha ignorância. Mas se eu sei que aplicam mal e mesmo assim eu continuo enviando o dinheiro para lá, então sou um mau mordomo, um mau administrador. Sem dúvidas terei que encarar a auditoria divina. Essa deveria ser a maior preocupação de quem ainda envia o dinheiro para as Associações. Estão patrocinando a mordomia (agora no sentido de boa vida), a ineficiência e burocracia. Isto já é uma maldição para a igreja que vem sofrendo com falta de recursos e de assistência espiritual.

 

Conte-nos sobre as ações judiciais...

Infelizmente minha história na IASD acabou tendo desdobramentos que eu não desejaria que tivesse. Eu e minha namorada fomos agredidos moralmente por um pastor na saída de um culto JA. Ele me chamou de cachorro, covarde e por duas vezes chamou minha namorada de cabrita. Além disso ele me proibiu de entrar na igreja. Tudo sendo testemunhado pelos membros e transeuntes. Eu o convidei para orar, mas ele disse que não oraria com o diabo. Ele estava ressentido por um artigo publicado no adventistas.com, em que aparecia fotografando um batismo leigo na residência de um dos nossos irmãos. Estes episódios geraram três ações na esfera civil.

No primeiro, este pastor me processou exigindo indenização por danos morais. Perdeu em primeira instância e atualmente o recurso está sendo apreciado em segunda instância. Como os argumentos do recurso não apresentam nada de novo, acredita-se que o tribunal manterá a decisão da primeira instância.

O segundo processo é uma solicitação de indenização por danos morais que eu peço ao pastor e à UCB. Ganhei na primeira instância e o advogado da UCB atrasou o recurso, por isso o processo está concluído e eu ganhei uma indenização de aproximadamente R$ 4.500,00. A UCB já fez o depósito e eu devo sacar nas próximas semanas. O dinheiro será utilizado na campanha de construção da igreja de Jardim Santa Adélia / Jardim Vera Cruz, zona leste de São Paulo.

O terceiro processo ainda não foi julgado, nem em primeira instância. Em outra oportunidade falo mais sobre ele que, na minha opinião, é o mais interessante do ponto de vista jurídico.

 

Ricardo Nicotra, durante tradução inglês-português em Santa Adélia.

 

Você aconselharia outros irmãos a adotarem a mesma conduta, fazendo valer seus direitos na Justiça?

O sábio Salomão escreveu: “Visto como se não executa logo a sentença sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto a praticar o mal.” - Eclesiastes 8:11.

Em outras palavras: Como os infratores não são punidos, então continuam desobedecendo as leis e os princípios de justiça.

Hoje a administração da IASD tem passado por cima de princípios universais de justiça ao lidar com nossos irmãos. Veja o caso de Poá, o caso de Parque São Rafael e o recente caso da Penha. Pastores conduzem votações de exclusão perante a assembléia sem dar direito de defesa aos réus (Às vezes o direito de defesa é dado apenas perante a comissão - isso não é válido pois quem julga é a igreja).

Nossos irmãos, ao abrirem mão de seus direitos, estão estimulando a injustiça. Como assim? Se todos os membros que realmente tiveram seus direitos atingidos entrassem com uma ação, teríamos uma administração que iria começar a se preocupar com os direitos daqueles que durante toda a vida colocaram pão no seu prato.

Veja. Até mesmo um pastor adventista já me processou! E perdeu! E recorreu! Note que do lado de lá há insistência de se fazer justiça pelos meios seculares. Experimente não pagar a mensalidade da escola adventista e veja o que acontece. Experimente usufruir de um tratamento no hospital adventista ou numa clínica adventista e o seu cheque voltar sem fundos.

Recomendo que o membro injustiçado avalie bem a situação antes de processar a União (pessoa jurídica que representa a organização). Muitos irmãos não têm disposição e condições psicológicas para enfrentar uma ação na justiça que pode durar vários anos. As causas são praticamente ganhas pois a injustiça é evidente, mas os advogados da União costumam ser bastante perseverantes: sempre recorrem, pedem adiamento de audiências, entram com agravos de instrumento, embargos declaratórios, e utilizam-se de todos os artifícios permitidos por lei para deixar o processo moroso e adiar a condenação que eles sabem que virá.

Quem pretende entrar com uma ação contra a União também deve procurar um advogado que compreenda a situação e o contexto adventista. Graças a Deus eu encontrei o advogado certo para estas questões, o irmão Reinaldo J. Fernandes de Sorocaba, a quem sou grato pela força e orientação. (Ele é outro que foi excluído da IASD através de um processo injusto, entrou com ação e ganhou).

Infelizmente os processos judiciais no Brasil são tão lentos que só vale a pena entrar com a ação se a motivação for o senso de justiça, não o dinheiro.

 

Como ocorreu a descoberta da corrupção doutrinária, além da administrativa?

Acho que uma coisa leva à outra. Como uma pessoa que administra os recursos de Deus de forma reconhecidamente inadequada pode ensinar a verdade pura e cristalina?

Sempre pensei da seguinte forma: “Em nossos colégios há vários pastores e professores de teologia estudando profundamente todas as nossas doutrinas. Eles não podem estar errados. O povo adventista é depositário das verdades de Deus. Nós temos a verdade 100% pura. Os protestantes tem 90% da verdade, falta o sábado.”

Esta postura de “temos toda a verdade” é a maior maldição que pode cair sobre um povo. Primeiro, porque tal postura leva ao orgulho espiritual. Em segundo lugar, porque desestimula a investigação mais profunda da Bíblia. Afinal de contas para que investigar a Bíblia se a IASD já tem a verdade completa? Basta aceitar o que a igreja diz.

Não é assim. Temos que investigar por nós mesmos.

 

Foi isso que levou você a escrever o livro sobre a Trindade? Quais foram os objetivos?

Eu tentei resistir aos convites para entrar neste assunto, pois num primeiro momento entendia que o assunto não tinha efeito prático, era irrelevante. Mas como a repercussão foi grande, decidi investigar o assunto apenas por curiosidade, mesmo achando que era um tema irrelevante. Quando alguém me perguntava a respeito eu respondia: “Não sei... estou estudando...” Eu resisti um pouco, mas fui obrigado a quebrar os antigos conceitos formados durante vários anos de IASD.

A idéia do livro surgiu depois de uma troca de opiniões sobre o assunto num fórum de debates adventista. Nesta troca de mensagens eu expus o que entendia e no que realmente cria sobre o espírito de Deus. Depois de alguns dias, um pastor adventista me escreveu em particular, perguntando se eu tinha algo escrito que expressasse minha crença sobre o assunto. Eu disse a ele que havia bastante informação na Internet mas de forma dispersa, mas nem tudo expressava exatamente o que eu cria. Daí me senti motivado a reunir as principais fontes bíblicas a respeito e saiu este pequeno livro.

 

Você diria então que o livro surgiu por sugestão de um pastor da corporação?

Ele não sugeriu diretamente que eu escrevesse o livro, mas perguntou se eu tinha algo escrito que expressasse minhas convicções. Creio que a sugestão de escrever o livro veio do Espírito de Deus.

 

Por que EGW ficou de fora?

Optei por usar apenas a Bíblia por várias razões: A primeira é que estamos discutindo uma doutrina e para se estabelecer uma doutrina precisamos da Bíblia e só da Bíblia. Tentar estabelecer uma doutrina usando os escritos de Ellen White não parece ser uma boa idéia. A segunda razão para usar apenas a Bíblia é que desta forma o livro pode ser distribuído para outros cristãos: católicos e protestantes. Se eu usasse os escritos de Ellen White, restringiria a divulgação no meio adventista. Sinto-me inspirado quando leio os livros da irmã White, gosto muito. Mas neste caso achei que seria mais convincente uma abordagem exclusivamente bíblica.

Seu livro já está à venda em alguma loja ou site?

O livro pode ser copiado da internet. É grátis. Podem imprimir e fotocopiar para outras pessoas. Só não vale copiar para vender. Fiquei decepcionado quando descobri que tinha um irmão vendendo minhas apostilas sobre o dízimo por 20 reais cada. Por isso, faço questão de distribuir a versão digital de graça. Eu encomendei algumas unidades numa gráfica. Ficou muito bonito, com capa colorida. É do tamanho de uma lição da escola sabatina de alunos, mas a capa é de papel couchê. Pedi poucas unidades, apenas para o meu uso pessoal. O custo de produção foi baixo, praticamente o custo da fotocópia. Saiu por R$ 5,00 com capa colorida. Se alguém desejar adquirir unidades impressas, entre em contato comigo pelo e-mail nicotra@uol.com.br.

 


Ricardo Nicotra acompanha o Pastor Standish, da Hope International, durante visita ao Brasil.

Pelo enfoque exclusivamente bíblico do livro, pode-se perceber que sua atividade missionária hoje não se limita a advertir irmãos adventistas, mas visa também a outros cristãos?

Hoje meu envolvimento missionário está relacionado à comunidade de Jardim Santa Adélia / Jardim Vera Cruz. Em 12 de Junho, pretendemos mudar para nossa sede própria, daí então teremos mais oportunidades evangelísticas do que tínhamos enquanto nos reuníamos numa casa. Há um grande trabalho a ser feito no mundo. Desde que o movimento leigo surgiu, tenho percebido uma forte tendência dos leigos em pregar para os irmãos adventistas. Isso é bom, mas durante um tempo apenas.

Estamos no momento de sair de Jerusalém e ir pregar em Samaria (outros cristãos) e também nos confins da terra (pessoas que não conhecem a Jesus). O importante é não perdermos o senso de missão. A missão dos leigos precisa estar sempre muito clara na mente de cada um, especialmente dos líderes nas novas comunidades. Se a missão não estiver clara, então corremos o sério risco de estar correndo em círculos.

 

No começo da entrevista você disse sua predileção por classes bíblicas e evangelismo público afetaram seu futuro na IASD, poderia explicar isso melhor?

Meu envolvimento com classes bíblicas e evangelismo público me fez enxergar uma série de fatos que me convenceram sobre a má utilização dos recursos. Se eu não tivesse envolvimento com o evangelismo público não seria capaz de ver tais fatos. Posso citar alguns destes fatos:

1) Quem faz evangelismo na IASD são os membros leigos, não os pastores. Basta ver quantos batismos são resultado do trabalho dos leigos e quantos batismos são resultado do trabalho do pastor. Pergunte ao seu pastor quantas pessoas estão tendo estudos bíblicos com ele atualmente.

2) O apoio da Associação e dos pastores para formar instrutores bíblicos e evangelistas é muito pequeno. Basta verificar quantas horas de treinamento missionário foram dedicadas pelo pastor ou pela Associação para habilitar os leigos de sua igreja neste ano.

3) A presença dos pastores nas classes bíblicas quase não acontece. Não me lembro de ter visto algum pastor visitar a classe bíblica para acompanhar o andamento do trabalho.

4) Com um pastor para várias igrejas, o pastor acaba virando gerente da igreja. Só supervisiona o trabalho que, na realidade, é feito por leigos.

Isso não é novidade para os adventistas envolvidos e comprometidos com o trabalho missionário. Até certo ponto admiro nossos irmãos adventistas que trabalham arduamente para ganhar almas. Investem tempo, esforços e recursos pessoais, colocam o coração na obra de Deus, mesmo sem ter a ajuda da administração. Deus certamente os recompensará por todo suor e lágrima derramados em prol da causa do Mestre. Creio também que Deus haverá de libertá-los do jugo em breve.

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"Apostilão" Sobre Dízimos, de Ricardo Nicotra:

Livro de Ricardo Nicotra Sobre a Trindade

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