Natureza de Cristo: O Debate
Continua! Que bom que nosso irmão Bezerra admite que, EM PRIMEIRO LUGAR,
"devemos em mente que, de fato, ninguém pode entender o mistério da encarnação de Cristo em sua plenitude. Sobre este assunto devemos ser
extremamente cuidadosos. A pena inspirada diz: 'Não há ninguém que possa explicar o mistério a encarnação de Cristo.'
SDA Bible Commentary, Assim sendo, temos de ser cuidadosos e humildes diante da grandeza do tema e não pretender dogmatizar a respeito. Interessante que no contexto da citação feita acima, há ainda esta declaração: "Não O apresenteis perante o povo como um homem com as propensões para o pecado. ...Ele não poderia ter pecado; Ele poderia ter caído, mas nem por um instante houve Nele uma propensão para o mal". E noutra parte do mesmo texto: "Nunca, de modo algum, deixai a mais leve impressão sobre as mentes humanas de que uma nesga de corrupção, ou propensão para tal, jazesse em Cristo, ou que Ele em qualquer forma se submeteu à corrupção". E na páginas 1.104 do mesmo volume do SDABC há ainda esta citação da Sra. White: "Sua natureza espiritual estava livre de qualquer mácula de pecado". Já em Testimonies, vol. 2, pág. 509: "Ele era um poderoso intercessor, não possuindo as paixões de nossa natureza humana, decaída, mas compassivo para com nossas dores, tentado em todos os pontos como nós". E na pág. 202 do mesmo volume: "Ele é um irmão em nossas enfermidades, mas não possuindo idênticas paixões. Como Aquele que é isento de pecado, Sua natureza recuava do mal". Também seria interessante observar que a Sra. White explica que Cristo foi tentado EM PROPORÇÃO a Sua força espiritual: "Ele... suportou a tentação na mesma proporção da perfeição de Sua santidade. Mas o príncipe das trevas não encontrou nada Nele; nenhum único pensamento ou sentimento respondeu à tentação". - Testimonies, vol. 5, pág. 422. E em O Desejado de Todas as Nações é dito: "As tentações que Cristo resistiu foram as que achamos tão difíceis de suportar. Foram-lhe instadas em grau tão mais elevado quanto o Seu caráter é superior ao nosso" (pág. 116-original em inglês). Então, como fica o argumento da "vantagem" que Cristo teria sobre nós caso fosse sem pecado? Tudo foi proporcional... É interessante observar também estas declarações da mesma autora: "Não podemos dizer 'sou sem pecado' até que este corpo vil seja mudado e modelado em igualdade com o Seu corpo glorioso" - Signs of the Times, 3 de março de 1888. "Enquanto Satanás reinar, teremos o eu a subjugar, pecados perturbadores a vencer; enquanto a vida durar, não haverá detença, nenhum ponto que possamos alcançar e dizer: consegui atingir plenamente. A santificação é o resultado de obediência de toda a vida" - Atos dos Apóstolos, págs. 560 e 561. "Há tendências hereditárias e cultivadas para o mal que devem ser vencidas. Apetites e paixões devem ser trazidos sob o controle do Espírito Santo. Não há fim para a batalha deste lado da eternidade". Conselhos aos Professores, pág. 20. Como cristãos adeptos do slogan Reformado "Sola Scriptura" nos alegramos em ver como isto está em harmonia com o que a Bíblia descreve, por ocasião da ressurreição dos salvos: o corruptível revestido da incorruptibilidade, este corpo mau, transformado em corpo perfeito (1 Cor. 15:50-55; Fil. 3:20, 21). Por falar em Bíblia, que deve ser a base de nosso entendimento
desta questão e todas as demais questões doutrinárias [que lástima haver os que se dizem cristãos mas negam a validade das Escrituras, como exposto
nos últimos parágrafos da exposição que a esta antecede], seria bom analisar alguns dos textos preferidos dos irmãos perfeccionistas segundo
o seu ponto de vista, e segundo o que o contexto realmente indica. Para Mateus 1:21 - Cristo salva o Seu povo dos seus pecados pelo perdão, pois a Bíblia diz que os pecados confessados e abandonados serão inteiramente apagados, lançados no fundo do mar. (Miquéias 7:19). Ele não está ensinando perfeccionismo por esta passagem. Gálatas 2:20 - No próprio texto Paulo diz que "Cristo vive em mim. ...PELA FÉ". Por estas palavras ele não está promovendo nenhum conceito perfeccionista (a obediência perfeita à lei divina, praticada supostamente pelo 'Cristo interior', uma noção claramente mística). O próprio Paulo diz em Fil. 3:12 que NÃO ALCANÇOU a perfeição, mas "prossigo para o alvo". E, interessante, também confirma no vs. 15: "Todos, pois, que somos PERFEITOS, tenhamos este sentimento... " para complementar no vs. 16: "Andemos de acordo com o que já alcançamos". Estes textos merecem profunda reflexão, pois os Filipenses jamais reivindicaram perfeição ontológica. Paulo lhes havia recomendado, entre outras admoestações: "Fazei tudo sem murmurações ou contendas" (vs. 14). Mas se eram PERFEITOS, que necessidade haveria de qualquer exortação a eles? Logo, essa perfeição é RELACIONAL (enquanto ligados ao Único que foi realmente perfeito em tudo: Cristo). Hebreus 2:17 - Todo o contexto destaca a identificação de Cristo como nosso irmão para pagar POR SUA MORTE, o preço de nossa libertação. Nada há na passagem que fale da vida de Cristo tendo uma parcela de pecado como base dessa identificação, sendo ressaltado apenas o seu sofrimento e tentação, com vitória. Extrair do texto um conceito de "natureza pecaminosa" de Cristo é pura distorção de sentido. 1 João 4:1-6 - Estes textos devem ser entendidos à luz de seu contexto histórico. João não está falando em Cristo ter vindo em carne pecaminosa, nem acusando os que não aceitam as teses perfeccionistas como tendo o "espírito do anticristo" ou de serem "do mundo". Infelizmente, alguns de nossos irmãos perfeccionistas não percebem a gravidade de sua interpretação particular desta passagem e ofendem todos quantos não rezam pela sua cartilha. Será que a maior parte da igreja é composta de pessoas tão más, que 'falam da parte do mundo'? Pois o texto se refere a quem não crê que Cristo veio em carne como pertencendo aos que 'não procedem de Deus'... Bem, tranqüilizem-se meus irmãos NÃO perfeccionistas! O apóstolo está se referindo aos ebionitas e gnósticos de seu tempo que alegavam que Cristo fora apenas um ser espiritual, místico, que não possuía um corpo real. Negando a encarnação, negavam a base da Redenção, daí possuírem um espírito de anticristo e não procederem de Deus. O debate empreendido por João naquele primeiro século da Igreja nada tem a ver com as discussões contemporâneas quanto à natureza de Cristo no seio do adventismo. Leia também: |
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