A Verdade Sobre os 144.000 – Parte 2

Se ainda não o fez, leia primeiro: A Verdade Sobre os 144 Mil.

 

Prezados amigos,

Apesar de o irmão Jairo de Carvalho não ter apontado qualquer falha no raciocínio lógico desenvolvido no artigo “A Verdade sobre os 144.000”, limitando-se a apresentar outro texto de Ellen G. White sobre o assunto, julguei conveniente responder-lhe, a fim de que os leitores deste site possam ser beneficiados com a VERDADE.

Antes de prosseguir, quero insistir na importância de uma análise científica das Escrituras e do Espírito de Profecia, em que a precisão metodológica é levada às últimas conseqüências. De nada adianta rebater um argumento com outro argumento ou um texto com outro texto sem demonstrar cabalmente a inconsistência daquele primeiro argumento e/ou a má utilização daquele primeiro texto. Em outras palavras, não basta, por exemplo, que um adventista cite Isaías 66:23 para um evangélico que esteja argumentando com Colossenses 2:16: é indispensável que se esclareça por que este último texto não está se referindo à abolição do descanso sabático.

[A propósito, ver meus artigos sobre o assunto nos links Site Oferece Interpretação Alternativa para "Sábados" de Colossenses 2:16 e 17 e Figuras de Linguagem: Importantes para a Compreensão da Bíblia? e na seção “Perguntas e Respostas” do site www.profecia.com.br]

Convém lembrar que Colossenses 2:16 é tão inspirado quanto Isaías 66:23, não sendo coerente abandonar o primeiro texto para buscar apoio no segundo. Infelizmente, a maioria dos adventistas do sétimo dia acabam procedendo assim: trocam Colossenses 2:16 por Isaias 66:23; e os evangélicos, por seu turno, também não são merecedores de qualquer elogio, pois desfazem-se de Isaías 66:23 para se apegar a Colossenses 2:16.

No tocante aos 144.000, geralmente ocorre coisa semelhante. Sem que antes se detecte a falha no raciocínio proposto, vários outros trechos da Bíblia e do Espírito de Profecia são trazidos para a discussão no intuito de apoiar posição diversa da que foi primeiramente proposta. Quando muito, isso gera um empate, pois ambos os lados se valem de textos inspirados.

Neste presente artigo, todavia, não me esquivarei de apontar a falha do raciocínio do senhor Jairo de Carvalho, na melhor intenção de defender a VERDADE.

Vale ressaltar também que todo cuidado deve ser tomado para não se apoiar qualquer idéia doutrinária sobre o argumento do silêncio. Quando um texto não diz EXPLICITAMENTE uma coisa, ele simplesmente silencia sobre aquele assunto. Idéias subentendidas não devem ser aceitas, a não ser que possam ser confirmadas por outros textos. Toda e qualquer posição precisa ser comprovada por uma afirmação EXPRESSA, não por inferências. Devemos ser tão exigentes nesse sentido ao ponto de sermos considerados CHATOS: se o texto não diz com todas as letras uma coisa, ele não pode ser utilizado como prova.

 

Evolução ou Desvio Doutrinário?

Por mais que os adventistas atuais não queiram reconhecer, [1] a posição que identifica os 144.000 como o conjunto dos salvos dentre os crentes na terceira mensagem angélica constitui o pensamento dos pioneiros sobre o assunto. Senão, vejamos:

1) John (João) Norton Loughborough assim se expressa: “Se ainda há dúvida quanto a serem os ressuscitados guardadores do sábado numerados com os cento e quarenta e quatro mil, considere-se as seguintes palavras da irmã White em 1.909. Na Conferência Geral de 1.909, o ancião Irwin tinha um estenógrafo acompanhando-o numa visita à irmã White. Ele desejava fazer a ela algumas perguntas e obter cópia exata das palavras das perguntas, e as palavras exatas das respostas. Entre outras perguntas, havia esta: ‘Os que morrem na mensagem estarão entre os cento e quarenta e quatro mil?’ Em resposta, a irmã White disse: ‘Oh, sim, os que morreram na fé estarão entre os cento e quarenta e quatro mil. É-me claro este assunto.’ Estas foram exatamente as palavras da pergunta e da resposta, conforme o irmão Irwin me permitiu copiar do relatório de seu estenógrafo.” Questions on the Sealing Message, p. 31.

Nota: Na qualidade de pioneiro da mensagem adventista, John Norton Loughborough não somente apresenta sua própria posição, como também registra as palavras que a senhora White proferiu sobre o assunto.

2) James (Thiago) White também entendia que todos os adventistas fiéis farão parte dos 144.000, inclusive os que ressurgirão na ressurreição especial. Ele escreveu: “Os que morrem sob a mensagem do terceiro anjo fazem parte dos cento e quarenta e quatro mil. Não há cento e quarenta e quatro mil além desses, mas esses ajudam a perfazer o número. São ressuscitados para a vida mortal pouco antes de Cristo vir, e... serão transformados em imortais quando Cristo vier.” Review and Herald, 23 de setembro de 1.880.

3) Willian (Guilherme) White, filho da mensageira do Senhor, escreveu o seguinte sobre o tema: “Quanto à questão: A irmã White ensinou que os que morreram na mensagem desde 1.844 e dos quais se diz ‘Bem ­aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor’, serão membros dos cento e quarenta e quatro mil? Posso assegurar-lhe, irmão, que esta era a crença e o ensino de Ellen G. White. Muitas vezes eu a tenho ouvido fazer declarações neste sentido, e eu estou de posse de uma carta ao irmão Hastings que é mencionada na página 237 de ‘Life Sketches’, na qual diz claramente que a esposa dele, que havia morrido recentemente, seria um membro dos cento e quarenta e quatro mil. Uma carta recebida há pouco de um irmão de Reno, Nevada, faz referência a uma declaração do livro do pastor Loughborough à página 29, na qual está narrado que a irmã White disse: ‘Os que morreram na fé estarão entre os cento e quarenta e quatro mil. É-me claro este assunto.’ E eu testifico, meu irmão, que está em perfeita harmonia com os escritos, ditos e ensinos dela em todos os atos de seu ministério.” Carta escrita em Santa Helena, Califórnia, em 18 de abril de 1.929.

4) Uriah (Urias) Smith, cujos escritos, embora não infalíveis, são recomendados pela serva do Senhor (O Colportor Evangelista, p. 122; Evangelismo, p. 366; Manuscript Releases, vol. l, pp. 60-64; e Mensagens Escolhidos, vol. 2, p. 225) explica o assunto da seguinte maneira: “Os que morrem depois de se ter identificado com a mensagem do terceiro anjo são evidentemente contados como uma parte dos cento e quarenta e quatro mil, porque esta mensagem é a mesma que a do assinalamento de Apocalipse 7, e por essa mensagem só foram selados cento e quarenta e quatro mil. Mas há muitos que tiveram toda a sua experiência religiosa sob esta mensagem, porém caíram na morte. Morrem no Senhor, e por isso são contados como selados, porque serão salvos. Mas a mensagem resulta no assinalamento de apenas cento e quarenta e quatro mil, porque estes têm de ser incluídos nesse número. Tomando parte na ressurreição especial (Dn 12:2; Ap 1:7) que ocorre quando é pronunciada desde o templo a voz de Deus, no começo da sétima e última praga (Ap 16:17; JI 3:16; Hb 12:26), passam pelo período dessa praga, e por isso pode-se dizer que vieram da ‘grande tribulação’ (Ap 7:14).Tendo saído da sepultura ainda para a vida mortal, tomam a sua posição com os crentes que não morreram, e com eles recebem a imortalidade ao som da última trombeta (1 Co 15:52), sendo, então, com os outros, transformados num momento, num abrir e fechar de olhos. Assim, embora tenham passado pela sepultura, pode-se finalmente dizer deles ‘que dentre os homens foram comprados’ (Ap 14:4), isto é, dentre os vivos, porque a vinda de Cristo os encontra entre os vivos, aguardando a transformação na imortalidade, como os que não morreram, e como se eles próprios nunca tivessem morrido.” As Profecias do Apocalipse (2º edição), p. 294.

Nos primórdios da mensagem adventista, o número de adventistas do sétimo dia era muito pequeno, de tal forma que Uriah Smith pôde exclamar:

“O número cento e quarenta e quatro mil deve significar um número definido, composto de exatamente tantas pessoas. Não pode representar um número maior, indefinido, pois no verso 9 é apresentado outro grupo que é indefinido em suas proporções, e daí se falar dele como ‘uma grande multidão, que ninguém podia contar’. Se os cento e quarenta e quatro mi1 se destinassem a representar tal número indefinido, João teria dito no verso 4: ‘E foi assinalada uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as tribos dos filhos de Israel.’ Em vez disso, porém, ele diz cento e quarenta e quatro mil, doze mil de cada tribo, um número que facilmente pode ser contado. A razão dessa distinção é evidente se tomarmos a inumerável multidão do verso 9 como toda a hoste dos remidos, que terão parte na primeira ressurreição, e os cento e quarenta e quatro mil como os cristãos que estarão vivos na Terra quando Cristo aparecer. E que os cento e quarenta e quatro mil são os que assim estarão vivos e encontrarão a Cristo em Sua segunda vinda, se evidencia pela profecia em que são a seguir mencionados, isto é, Apocalipse 14:1-5. Aqui são representados como saindo triunfantes do último conflito religioso deste mundo (Ap 13:12-18), e como sendo ‘remidos da Terra’, e ‘remidos dentre os homens’. Apocalipse 14:3 e 4. Haverá então só cento e quarenta e quatro mil salvos dentre os vivos quando o Senhor aparecer? Não pode ser esse número de tal modo representativo que inclua muitos outros? Parece ser uma suposição bem plausível que o caso seja este último, a saber que os cento e quarenta e quatro mil só incluam os adultos masculinos unidos ao grande movimento do advento, ao passo que as mulheres e crianças unidas ao mesmo movimento seriam tantos excedentes a serem salvos dentre os vivos naquele dia. A plausibilidade desta idéia consiste no fato de que os hebreus foram assim numerados quando libertos do cativeiro egípcio, o que era figura do livramento do remanescente do verdadeiro Israel do Egito deste mundo na vinda do Senhor. Três milhões ao todo saíram do Egito, contudo foram numerados apenas os que eram aptos para a guerra, de vinte anos para cima, totalizando seiscentos e três mil quinhentos e cinqüenta. Números 1: 2, 3 e 46. Isso seria cerca de um para cinco de toda a multidão, como calcula o Dr. Clarke, a propósito de Êxodo 12:37, onde o número de combatentes é dado como somente cerca de seiscentos mil. Se a numeração de Apocalipse 7:4 se firmasse na mesma base (do que, sem dúvida, não há prova positiva), daria o número a ser trasladado provavelmente mais de setecentos mil em vez de apenas cento e quarenta e quatro mil. Seria de fato mui prazenteiro pensar que tantos estivessem preparados para o aparecimento do Senhor. Mas, olhando o estado do mundo, e observando o rápido declínio religioso destes dias, a indagação é: Onde tantos como cento e quarenta e quatro mi1 poderão ser encontrados que estejam prontos para quando o Senhor aparecer?Review and Herald, 10 de agosto de 1.897.

Depois que os pioneiros morreram, Jesus não voltou, a História prosseguiu e o número de adventistas começou a aumentar rapidamente, um certo grau de desconforto passou a existir no meio da irmandade com respeito à visão primitiva sobre os 144.000. Daí, outra teorias menos traumatizantes foram ganhando lugar, dentre as quais a de que [2] os 144.000 constituem a última geração de crentes na terceira mensagem angélica. Com o tempo, esse se tornou o entendimento majoritário e, por décadas, predominou no meio teológico da Igreja. Enquanto esta contava com 500.000, 1.000.000 ou 2.000.000 de membros, eventos escatológicos como a sacudidura e a perseguição serviam bem ao propósito de explicar por que tantos se perderiam. De qualquer forma, já era uma visão bem menos drástica que a dos primeiros adventistas, segundo os quais apenas 144.000 adventistas seriam salvos desde 1.844.

Entretanto, quando a curva de crescimento da Igreja Adventista do Sétimo Dia tornou-se mais vertical, ultrapassando a casa dos 5.000.000 de membros, mesmo esse entendimento afigurou-se como extremamente pessimista. Para resolver o problema psicológico de muitos, temerosos por sua salvação, confeccionou-se nova teoria: a de que [3] os 144.000 e a grande multidão constituem um só grupo. Assim, querido(a) irmão(a), você não precisa se preocupar com mais nada: “Larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz para a SALVAÇÃO e são MUITOS os entram por ela” (Mateus 7:13). [Oops, algum problema?!] Não deve ser à toa que essa última teoria, que hoje já predomina nos círculos teológicos, coincida com o período mais lamentável de deterioração do estilo de vida adventista!

Mas, na verdade, esse suposto desenvolvimento teológico foi motivado por uma ilusão de ótica dos irmãos adventistas. Mesmo que não o declarem, nem o admitam, aqueles que hoje ainda sustentam o mesmo entendimento do senhor Jairo de Carvalho sentem-se, em geral, mais confortáveis quanto à sua salvação do que os advogados da minha posição. Todavia, isso não tem razão de ser, pelo motivo que demonstrarei a seguir.

 

Poucas Vagas?!

Deixando o cinismo de lado, é preciso reconhecer que o motivo central para a rejeição da doutrina pioneira dos 144.000 não reside em aspectos teológicos, mas em fatores psicológicos (sentimentais). Aqueles que restringem os 144.000 aos que não passarão pela morte (última geração de guardadores do Sábado) têm a sensação de que isso aumenta o número de vagas para a salvação, ao passo que pela doutrina dos pioneiros essas vagas estão quase no fim, se já não acabaram totalmente. Mas, existe aqui um tremendo engano!

Em Uma Igreja Mundial, George R. Knight apresenta a curva de crescimento do número de membros da IASD desde 1.863 até 1.998 (p. 148). Pelo gráfico, percebe-se que a Igreja Adventista só veio a atingir 1.000.000 de membros na segunda metade do século XX.

Pela tabela da p. 133, descobre-se que em 1.863, quando a IASD foi organizada, o total de membros era de 3.500; e que, na virada do século, não chegava a 100.000 (75.767). Em 1.950, 5 décadas depois, a IASD não havia atingido ainda a casa de 1.000.000 (756.712).

Concernente ao número de salvos nas fileiras dos adventistas do sétimo dia, afirmara Ellen G. White:

“É uma solene declaração que faço à igreja, de que nem um dentre vinte dos nomes que se acham registrados nos livros da igreja, está preparado para finalizar sua história terrestre, e achar-se-ia tão verdadeiramente sem Deus e sem esperança no mundo, como o pecador comum.” Serviço Cristão, p. 40.

Numa aplicação retroativa desse texto aos crentes de 1.863 [caso não se considere isso uma violação do pensamento da autora, já que a citação data de 1.893], temos o seguinte quadro: 1 em 20 representa o mesmo que 5%; nem 1 em 20 seria menos de 5%; num total de 3.500, isso significaria menos de 175 indivíduos. Em outras palavras, se todos os adventistas à época da organização da Igreja que estavam realmente preparados para o encontro com o Senhor tivessem falecido a um só tempo, poderíamos dizer que seu número não chegaria a 175.

Num total de 75.000 pessoas, que era aproximadamente o número de crentes em 1.900, “nem um dentre vinte” seria menos de 15.000 indivíduos. Ou seja, na virada do século, caso todos os que estavam verdadeiramente preparados tivessem morrido fulminantemente, seu número seria BEM INFERIOR a 15.000.

É lógico que esses números não são absolutos, representando tão somente uma estimativa grosseira da quantidade de selados que já foram ao túmulo. Deve-se levar em conta que muitas pessoas de 1.863 ainda estavam vivas em 1.900. Estimativas para as décadas posteriores precisariam considerar também a possível e provável queda no percentual de salvos, já que Jesus advertiu que “por se multiplicar a iniquidade, o amor” esfriaria “de quase todos” (Mateus 24:13). Quem sabe “um em cem”! “Um em mil”! Ou pior que isso?!

Meu objetivo aqui não é revelar quantas vagas ainda estão disponíveis para completar os 144.000, mas demonstrar que a visão pioneira sobre o assunto não restringe a oportunidade de salvação, pois o total de membros da IASD durante muito tempo foi bastante reduzido, o que torna igualmente pequeno o número de selados daquelas épocas.

Além disso, convém lembrar que, como toda profecia, Apocalipse 7:4 e 14:1 não devem ser entendidos à luz da predestinação; antes, devem ser aceitos sob o aspecto da presciência de Deus. O Senhor não determinou que apenas 144.000 se salvassem e outros tantos bilhões se perdessem. Ora, “Ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.” 2 Pedro 3:9. Todavia, vendo de antemão que apenas um reduzido número aceitaria plenamente a reforma do Sábado e levaria uma vida de santidade e obediência, Deus revelou essa triste realidade para que servisse de advertência aos adormecidos e indolentes e testemunho ao Universo de Seus avisos misericordiosos à humanidade.

Possivelmente, a maior parte dos futuros 144.000 ainda está viva ou por nascer; talvez nem tenha recebido a mensagem do Sábado e ainda faça parte de Babilônia. Portanto, querido(a) irmão(a), apelo à sua consciência para que a vesga perspectiva de um pequeno número de vagas remanescentes quase no fim não seja uma desculpa para rejeitar a verdade bíblica defendida pelos pioneiros, a autêntica mensagem do selamento dos 144.000.

 

Argumentos não respondidos.

Voltando ao meu artigo anterior e ao e-mail do senhor Jairo de Carvalho, quero registrar aqui que até hoje ainda não encontrei nenhum livro ou artigo que tentasse refutar meus argumentos, detectando e expondo com precisão a falha do raciocínio; todos que discordam da posição que advogo apenas empurram outros tantos argumentos e se dão por satisfeitos.

Gostaria de apelar aos leitores discordantes que apontassem meu equívoco, concentrando-se às seguintes questões:

1)       Não é verdade que TODOS os que morreram na fé da mensagem do terceiro anjo ressuscitarão para ouvir o concerto de paz que Deus fará com os que guardaram a Sua Lei? Ellen G. White não diz que os santos VIVOS, em número de 144.000, ouvirão e entenderão essa voz, ao passo que os ímpios julgarão ter sido um trovão ou terremoto? Os crentes ressurrectos da mensagem do terceiro anjo já não estarão VIVOS nesse momento? Ela diz apenas “santos VIVOS” ou ela restringe sua declaração aos “santos vivos QUE NÃO PASSARAM PELA MORTE”?

2)       Também não é verdade que a obra do selamento começou em 1.844, juntamente com a mensagem do terceiro anjo? Se é assim, não se segue que os que morreram salvos sob essa mensagem também farão parte dos 144.000? Se o selamento teve início quando Jesus entrou no Santíssimo e Apocalipse 7:4 informa que o total de selados é 144.000, não se faz inevitável a conclusão de que os 144.000 são contados desde 1.844?

Alguns autores tentam fugir da evidência argumentando que Ellen G. White fala de 2 obras de selamento, uma geral e outra específica. Mas, onde se encontra tal afirmação em seus escritos? Simplesmente não há; trata-se de um ridículo malabarismo exegético cuja tentativa é confundir a clareza meridiana do assunto.

Assim, ainda estou na expectativa de que alguém se aventure a atacar DIRETAMENTE os pontos que levantei.

 

Enfim, refutando o argumento.

Pois bem, após todos esses comentários, é hora de responder ao senhor Jairo de Carvalho. Não farei com ele o que geralmente se faz em debates bíblicos: citar novos textos sem refutar o(s) que foi(foram) indicado(s). Essa “guerrinha” de textos não conduz a nada, vez que os textos utilizados pelos 2 lados pertencem à Bíblia e ao Espírito de Profecia. Não podemos simplesmente optar por alguns e rejeitar outros.

Convém explicar, todavia, aos leitores deste artigo-resposta algo sobre lógica e argumentação. Numa análise séria sobre qualquer assunto, importa não dispensar prematuramente uma interpretação possível, mesmo que pareça esquisita. Se o texto A pode ser interpretado de 2 formas diversas, nenhuma das 2 deve ser desconsiderada. Mas, se o texto B, que versa sobre o mesmo tema de A, só permite 1 interpretação, deve-se eliminar aquela interpretação de A que não seja compatível com B.

Exemplo: Lucas 23:43 pode significar que [1] no mesmo dia em que Jesus falou ao ladrão arrependido, este iria para o Céu (“Em verdade te digo, hoje estarás comigo no paraíso”); ou que [2] no futuro ele seria levado para lá (“Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso”).

Alguns defensores precipitados da imortalidade da alma descartam de plano a segunda tradução dizendo que seria estranho alguém dizer “em verdade te digo HOJE, ...”. Ora, dizem os imortalistas, não sabia o ladrão que Jesus estava FALANDO com ele naquele dia? Qual o sentido do HOJE? Esquecem-se, todavia, de que essa era uma forma usual de expressão nos tempos bíblicos, cujo objetivo era dar ênfase (Zacarias 9:12; e Atos 20:26).

Mas, por vezes, os adventistas não são menos precipitados. Com ares de triunfo, lançam mão apenas de João 20:17, onde Jesus diz a Maria Madalena, na manhã da ressurreição, que Ele ainda não havia subido ao Seu Pai. Ora, dizem os adventistas, se no primeiro dia da semana, Jesus ainda não havia subido ao Céu, não poderia ter estado lá com o ladrão naquela tarde de Sexta-feira! Mas, a coisa não é tão simples assim, pois poderia ser o caso de Jesus estar Se referindo à Sua ida em corpo. Na tarde do dia da crucifixão, Ele poderia ter ido ao Céu apenas em espírito

Como resolver, então, a dificuldade? Acompanhando a coerência das Escrituras! Gênesis 2:7 diz indubitavelmente que o homem é e não que possui uma alma; descrevendo o processo inverso ao de Gênesis 2:7, Salmos 146:4 diz que, no dia em que o ser humano morre, perecem todos os seus pensamentos; Eclesiastes 9:4-6 e 10 esclarece que os mortos não sabem coisa alguma; e, por fim, em João 11:11-14, Jesus compara a morte ao sono. Portanto, a alma é mortal, como expressamente o afirma Ezequiel 18:4 e 20. Assim, para preservar a lógica interna das Escrituras, a segunda alternativa de interpretação de Lucas 23:43 deve ser preferida.

Voltando ao texto. O mesmo se dá com o texto a que se refere o senhor Jairo de Carvalho. De fato, é preciso reconhecer que a citação de O Grande Conflito, à p. 649, envolve certa dificuldade, pois faz o leitor comum, superficial e desavisado, entender que os 144.000 são constituídos apenas dos adventistas da última geração. Mas, isso em não menos grau do que Lucas 23:43 faz com que católicos e protestantes advoguem a imortalidade da alma; ou Colossenses 2:16 faz com que as pessoas pensem que o descanso sabático foi abolido.

Assim como os referidos textos escriturísticos, a citação de O Grande Conflito à p. 649 pode ser encarada de 2 maneiras. A primeira é a defendida pelo irmão Jairo, a qual faz a senhora White cair em tremenda contradição, envolvendo seus textos em completa confusão. Esse entendimento torna sem sentido as declarações de Ellen G. White que situam o início da obra do selamento em 1.844. Outra possibilidade de interpretação é a que se encontra a seguir:

Às vezes, o número 144.000 é empregado como o título (ou nome) desse grupo, quer esteja completo ou dele se tome uma porção. Há um exemplo semelhante na Bíblia. Os discípulos de Jesus eram chamados de “os Doze”, estivessem todos presentes ou somente uma parte deles. Por exemplo, Paulo assim se expressou: “E apareceu a Cefas, e, depois, aos doze.” 1 Coríntios 15:5. Ora, quando Cristo Se manifestou aos apóstolos, Judas já não estava mais com eles, pois havia cometido suicídio; e Matias ainda não havia sido escolhido. Ainda assim, as Escrituras Sagradas dizem que o Senhor foi visto pelos “Doze”. Esse era o título deles. O mesmo ocorre com os 144.000 na citação de O Grande Conflito em comento. Parte deles passará por todas as pragas, e pode-se dizer que os 144.000 passarão pelo tempo de angústia de Jacó, pois o todo é identificado pela parte.

Talvez alguns rejeitarão esse ponto de vista julgando-o como um infundado malabarismo exegético, mas é preciso que se tenha em mente que tal interpretação é inevitável, já que a outra interpretação criaria profunda contradição entre os pronunciamentos de Ellen G. White sobre o tema. Por se apegarem incondicionalmente à posição que vê nos 144.000 apenas a última geração de adventistas, alguns autores já chegaram a afirmar que o pensamento da senhora White sobre o assunto evoluiu durante seu ministério, de tal modo que suas primeiras palavras sobre o tema estão erradas! Ademais, os que não concordarem com a interpretação de que o termo “144.000” foi utilizado como um título ou nome do grupo de selados na citação de O Grande Conflito, possibilitando que nem TODOS os selados passem pelo “tempo de angustia de Jacó” ou vejam a terra arrasada pelas pragas, precisarão explicar o caso semelhante de 1 Coríntios 15:5.

Também é importante dizer que nem TODOS os guardadores do Sábado que estiverem vivos na época do derramamento das pragas verão a terra arrasada por elas, já que a senhora White claramente revela que estas não serão universais:

Estas pragas não são universais, ao contrário os habitantes da Terra seriam inteiramente exterminados. Contudo, serão os flagelos mais terríveis já conhecidos por mortais.” O Grande Conflito, p. 628.

Se nem TODOS os perseguidos verão a terra assolada pelo sol, por exemplo, também não se faz necessário que TODOS passem pelo tempo de angústia de Jacó ou pelo período do derramamento das pragas.

Mas, por que os que morreram na fé do terceiro anjo merecerão participar do grupo dos 144.000 e desfrutar de privilégios especiais no Reino de Deus se não vieram a participar da aflição do tempo de angústia de Jacó? A resposta é simples: pela sábia e justa vontade de Deus. Ora, eles creram na mensagem do terceiro anjo, foram fiéis aos mandamentos de Deus, inclusive ao Sábado, venceram o pecado em suas vidas e formaram caráter semelhante ao de Cristo, mas, devido à indolência espiritual da grande massa dos professos crentes do advento, provocou-se um adiamento na vinda de Cristo e aqueles morreram antes da finalização da Obra! Deus reconhece o valor desses Seus filhos e lhes concede a graça de fazerem parte dos 144.000, pois que creram e guardaram o Sábado pela pregação da mensagem do terceiro anjo, o qual constitui o selo especial para estes últimos dias.

Esse entendimento é plenamente confirmado pela seguinte declaração:

“Prezado irmão: Quase não sei que lhe dizer. A notícia do falecimento de sua esposa foi para mim avassalante. Quase não o pude acreditar, e ainda agora dificilmente acredito. Deus, no Sábado passado à noite, deu-me uma visão que escreverei.... Vi que ela estava selada, e à voz de Deus se ergueria sobre a Terra, e estaria com os cento e quarenta e quatro mil. Vi que não precisamos chorar sobre ela; ela repousaria durante o tempo de angústia, e tudo que pudéssemos lamentar seria nossa perda de ficar privados de sua companhia. Vi que seu falecimento redundaria em bem.” Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 263.

Concernente a esse texto, possivelmente alguns lançarão a recorrente objeção de que estar “com” os 144.000 não significa ser um deles, não significa inclusão. Mas, isso é uma grande asneira, pelos seguintes motivos:

1) A irmã White não somente diz que a senhora Hastings estaria com os 144.000, como também afirma que ela estava selada. Ora, Apocalipse diz que o total de selados é 144.000 e James White enfatiza que “não há cento e quarenta e quatro mil além desses, mas esses ajudam a perfazer o número”. Visto que a senhora White nada fala em 2 processos de selamento dentro da profecia de Apocalipse 7, segue-se que a senhora Hastings estará incluída no grupo dos 144.000.

2) A tese de que “estar com” não significa inclusão chega a ser ridícula. Por exemplo, se um adolescente diz que vai sair com sua turma de escola, isso quer dizer que ele não faça parte da turma?! Maiores comentários não são necessários diante da fragilidade do argumento.

 

Encerrando.

Que este segundo artigo sobre o maravilhoso tema dos 144.000 possa cumprir o seu propósito de levar esclarecimento e advertência aos que, bem ou mal, estão caminhando na difícil jornada rumo a Canaã.

Que Deus possa abençoar os leitores deste estudo, que o incansável Espírito da verdade possa despertá-los de sua perigosa condição e que a graça sempre atuante de Jesus possa fortalecê-los para oferecerem à Lei de Deus tudo o que ela requer: PERFEIÇÃO DE CARÁTER (pureza, firmeza, mansidão, humildade e amor). -- Henderson H. L. Velten, editor dos sites www.concertoeterno.kit.net e www.profecia.com.br

[Aconselhamos os leitores deste artigo a distribuírem cópias dele em suas igrejas e congregações, a fim de que mais pessoas possam conhecer a VERDADE.]


Caro irmão Henderson,

Li seu último artigo concernente aos 144.000 e sua argumentação visando justificar o fato de o irmão não aceitar o texto do livro "O Grande Conflito", pág. 649, da forma que lê. Pelo que compreendi, a dificuldade está no fato de compreender que há duas espécies de selos: o selamento para a morte em Cristo e o selo do Deus vivo, para a trasladação. É interessante notar que, quando EGW se refere ao fato de a Sra. Hastings estar selada e ao fato de que o selamento já se havia iniciado após 1844, por exemplo, ela menciona apenas as palavras "selo", "selamento" e similares, e não "selo do Deus vivo".

Qual é a diferença entre ambos os selos? O primeiro selo mencionado refere-se ao sábado como dia de guarda. Este marca aqueles que descansam na fé da mensagem do terceiro anjo, aceitando a verdade do sábado. O segundo selo mencionado, o selo do Deus vivo, é obtido somente após ser retirada toda a contaminação da alma. Este é o selo do Deus vivo.

Sobre este segundo selo, que defendo ser a Chuva Serôdia outorgada aos santos pelo anjo Gabriel, discorro no material relativo aos 144.000 que foi enviado ao site.

Para se receber o segundo selo é necessário que a mensagem da Justificação pela Fé conforme apresentada por Waggoner e Jones em 1888 se torne uma experiência na vida cristã. Assim, mesmo alguns dos fiéis pioneiros, como por exemplo Uriah Smith, não poderiam sequer receber o selo do Deus vivo - o selo da justiça pela fé, que é o batismo com o Espírito Santo da promessa - porque não aceitaram esta mensagem.

Desta forma, não admira que a própria compreensão dos mesmos sobre os 144.000 não pudesse por eles ser vista em toda a sua luz.

A luz é sempre progressiva. Assim, hoje temos mais luz sobre os 144.000 do que o tiveram nossos pioneiros. Isto é simples de se compreender, uma vez que Deus sempre atuou por este processo, à luz das palavras inspiradas proferidas pelo apóstolo Pedro de que "a luz aumenta até se tornar dia claro". Desta forma, não desconsideramos por completo o que eles estudaram sobre o tema. Todavia, guiados pela luz divina, nos desviamos de cometer os equívocos de entendimento que estes tiveram no passado.

Sobre a argumentação aqui exposta sobre a questão do selamento, a base inicial para este entendimento encontra-se nos materiais "Eventos Finais: Sacudidura, Chuva Serôdia e Selamento na IASD" e 144.000: Primícias para Deus e o Cordeiro, ambos enviados anteriormente para o site, em especial nos capítulos que discorrem sobre o selamento.

Compreendendo que há duas espécies de selos, fica fácil entender o texto do livro O Grande Conflito, pág. 649 exatamente da forma que lemos. Assim, pelo que atesta este texto, concluímos que os 144.000, que recebem o "selo de Deus vivo", passarão pelo tempo de angústia vivos, sem ver a morte, e serão posteriormente trasladados. Por este motivo, os 144.000 pertencem à última geração que estará viva na terra, e neste grupo não estão inclusos pioneiros que já descansaram em Cristo.

Que Deus abençoe o irmão e a todos os leitores, Jairo Carvalho.


Prezado irmão Jairo,

Mais uma vez o estimado irmão se esquivou de responder tecnicamente aos argumentos propostos. Mas, isso não é de admirar, pois que são, de fato, irrespondíveis!

Vez que não adentrou no mérito dos argumentos que apresentei, não precisaremos mais continuar com este debate. A VERDADE já ficou evidente para todos.

A alternativa proposta pelo irmão de distinguir 2 selamentos com seus respectivos selos (1. Sábado e 2. Caráter/Justificação pela Fé/Chuva Serôdia) é para mim inaceitável e infundada, pois que não se fundamenta em nenhum texto da Bíblia e do Espírito de Profecia, mas apenas no ACHÔMETRO. E lembre-se! Para mim não bastam idéias subentendidas (meras inferências). Se existem 2 selamentos, é necessário que a senhora White expressamente o declare. Caso contrário, tal separação não existe, não passando de um mero artifício teológico para se tentar escapar da verdade.

O “selo do Deus vivo” é com certeza o santo Sábado do Senhor:

“Tarde demais vêem que o Sábado do quarto mandamento é o selo do Deus vivo.” O Grande Conflito, p. 640.

O Sábado do quarto mandamento é o selo do Deus vivo. Chama a atenção para Deus como Criador, e é o sinal de Sua legítima autoridade sobre os seres que Ele criou.” The Signs of the Times, 1º de novembro de 1.899.

E não adianta citar passagens de E. G. White que falam de um selamento no passado e outras tantas que falam da aplicação do selo no futuro. Ora, ocorre o mesmo quanto à sacudidura: ela já começou mas ainda virá, no sentido de que se iniciou mas se intensificará. Da mesma sorte, o selamento já começou mas ainda atingirá seu clímax. A maioria dos servos fiéis de Deus será assinalada quando for promulgado o decreto dominical, mas isso não impede que outros tantos já tenham sido selados antes [desde 1.844].

E que nossa posição está firmemente fundamentada, comprova-se do seguinte extrato da pena de E. G. White:

“Vivem em nossa Terra pessoas que passaram dos noventa anos de idade. Vêem-se em sua debilidade os resultados naturais da idade avançada. Mas eles crêem em Deus, e Deus os ama. O selo de Deus está sobre eles. Farão parte do número dos quais o Senhor disse: ‘Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor.’” Eventos Finais, p. 191.

Precisa ainda de algo mais claro do que isso? Creio que não. De qualquer forma, encerremos o debate por aqui.

Todavia, os demais leitores deste site que estão acompanhando meus artigos sobre os 144.000, aviso que em breve publicaremos o terceiro estudo sobre o assunto. Fiquem com Deus! -- Henderson H. L. Velten, editor dos sites www.concertoeterno.kit.net e www.profecia.com.br

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