Voz do Espírito ou Telepatia Satânica? Uma Análise Bíblica sobre as Impressões Subjetivas

 

1. Incrível! Todos Viraram Profetas!

Se não fosse pela nítida precariedade de seu fundamento bíblico e pelo caráter evidentemente não-extraordinário de sua prática, poderíamos dizer que a experiência religiosa de grande parcela dos adventistas atuais representa um remake do Pentecostes, o esperado derramamento da chuva serôdia, não tanto pelas curas e milagres que estejam sendo operados (pois, sejamos francos: nos conhecidos padrões bíblicos, tais sinais e maravilhas não estão ocorrendo!), mas pelo número de crentes que afirmam serem guiados pela voz do Espírito.

Incrível! De repente, todos viraram profetas! Aqui não se faz referência apenas àqueles que promovem agitações pelas igrejas asseverando ter recebido alguma mensagem especial da parte de Deus, mas em particular ao crente comum, que pretende pautar a sua vida por supostos impulsos do Espírito Santo. Pensamentos fortes, impressões subjetivas, voz mental, ou qualquer outra expressão similar, são formas de denominar o mesmo fenômeno, em que os sentimentos são considerados um conduto pelo qual Deus revela Sua vontade ao indivíduo.

Não há nada na Bíblia, absolutamente nada, que autorize a idéia de que Deus Se comunique diretamente com o cristão através de idéias inspiradas, as quais devam servir de guia para a aceitação de doutrinas ou para as escolhas corriqueiras da vida. A inexistência de respaldo escriturístico para essa crença já constitui, em si mesma, argumento cabal para sua completa rejeição. Dizer que Deus Se utilize de semelhante método para guiar a vida do cristão é rebaixar Sua glória, Sua sabedoria e Seu poder, eis que Seus métodos já estão indicados nas Escrituras e são, como não poderia ser o contrário, incalculavelmente melhores.

 

2. Como Deus Se Comunica com o Homem.

Em toda a Bíblia, sempre que Deus desejou transmitir mensagens para Seu povo, serviu-Se de profetas (Amós 3:7), homens especialmente designados como porta-vozes da vontade divina. Como era a comunicação de Deus com Seus profetas? O próprio Deus responde: “Então, disse: Ouvi, agora, as Minhas palavras; se entre vós há profeta, Eu, o SENHOR, em visão a ele, Me faço conhecer ou falo com ele em sonhos.” Números 12:6.

As 2 maneiras apontadas por Deus para falar ao profeta são as visões e os sonhos. Nada de voz mental ou influência sutil! Referir-se a impressões subjetivas como algo de procedência divina é acender fogo estranho no Tabernáculo do Senhor. A mesma verdade é realçada em Jó 33:14-16: “Pelo contrário, Deus fala de um modo, sim de dois modos, mas o homem não atenta para isso. Em sonho ou em visão de noite, quando cai sono profundo sobre os homens, quando adormecem na cama, então lhes abre os ouvidos, e lhes sela a Sua instrução.”

Deus até pode Se comunicar diretamente com pessoas comuns, mesmo sem chamá-las para o ministério profético, mas Ele sempre o faz seguindo os métodos já dantes determinados (sonhos e visões). Por exemplo, José recebeu orientações especificas [1] para não abandonar Maria (Mateus 1:20), quando esta se achou grávida pelo poder do Espírito Santo; [2] para fugir para a terra do Egito (Mateus 2:13), quando Herodes intencionou matar a Jesus; [3] para voltar à terra de Israel (Mateus 2:19), logo após a morte de Herodes; e [4] para habitar na Galiléia (Mateus 2:22), porquanto Arquelau, filho de Herodes, reinava na Judéia. Dessas 4 ocorrências, nenhuma faz alusão a pensamentos fortes ou sentimentos inspirados; em todas elas, José foi orientado por sonhos.

Aos magos também foi concedida instrução especial sobre o que deveriam fazer, quando Herodes lhes recomendou que voltassem para indicar o local em que Se encontrava o Recém-Nascido Rei dos judeus (Mateus 2:12); todavia, também nesse caso, a mensagem divina foi revelada por meio de um método legítimo, o sonho. Por fim, para citar apenas mais um exemplo, não se pode esquecer da mulher de Pilatos, que mandou comunicado a seu marido pedindo-lhe que não se envolvesse com Cristo, porque muito sofrera em sonho por causa dEle (Mateus 27:19).

 

3. Características Distintivas das Visões e dos Sonhos.

A Bíblia fornece as características de um sonho ou visão autênticos e apenas com o preenchimento desses requisitos pode a manifestação ser considerada como proveniente do Céu.

Enquanto em visão, o profeta, por vezes, fica de olhos abertos (Números 24:2-4, 15 e 16); também permanece sem respirar (Daniel 10:17); embora, ao ser abordado pelo Espírito, o profeta perca as forças físicas (Ezequiel 1:28; 3:23; e Daniel 10:8 e 9), é logo após revestido de poder sobrenatural (Ezequiel 2:1 e 2; 3:24; e Daniel 10:10, 11, 18 e 19). Tais evidências físicas, somandas a outros critérios já bem conhecidos (“À Lei e ao Testemunho, se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva” Isaías 8:20; “Pelos seus frutos os conhecereis” Mateus 7:16), constituem sinais divinos para a identificação das manifestações verdadeiras.

Quanto à origem dos sonhos, a senhora White declara: “[1] Há muitos sonhos que derivam dos fatos ordinários da vida, e com os quais o Espírito de Deus nada tem que ver. [2] Há também sonhos falsos, como há falsas visões, que são inspirados pelo espírito de Satanás. [3] Os sonhos do Senhor, porém, são classificados em Sua Palavra a par das visões, e são, como estas, o fruto do Espírito de Profecia. Esses sonhos, se se levar em conta as pessoas que os tiveram e as circunstâncias em que foram dados, trazem em si mesmos o cunho de sua autenticidade.” Testemunhos Seletos, vol. 2, p. 274.

“Uma ocasião o filho da Sra. White, W. C. White, fez-lhe esta pergunta: ‘Mamãe, a senhora fala muitas vezes em coisas reveladas à senhora durante a noite. Fala de sonhos em que lhe é comunicada luz. Todos temos sonhos. Como a senhora sabe que Deus lhe está falando nos sonhos de que a senhora tantas vezes fala?’ ‘Porque’, respondeu ela, ‘o mesmo anjo mensageiro que fica ao meu lado instruindo-me nas visões da noite, fica ao meu lado a instruir-me nas visões durante o dia.’ O ser celeste a que ela se referia, era em outras ocasiões mencionado como ‘o anjo’, ‘meu guia’, ‘meu instrutor’, ‘o jovem’, etc.” White, Arthur L., Ellen G. White – Mensageira da Igreja Remanescente, p. 16.

 

4. Por que São as Impressões Subjetivas Indignas de Crédito?

Quanto às impressões subjetivas, por sua vez, [1] não somente inexiste recomendação bíblica para sua aceitação, como também [2] o Espírito de Profecia claramente as rejeita. Diz a senhora White: “Impressões apenas não são guias seguros no cumprimento do dever. Muitas vezes o inimigo persuade os homens a crer que é Deus que os está guiando, quando na realidade estão seguindo apenas o impulso humano. Mas se vigiarmos cuidadosamente, e tomarmos conselho com nossos irmãos, ser-nos-á dada compreensão da vontade do Senhor; pois a promessa é: ‘Guiará os mansos retamente, e aos mansos ensinará o Seu caminho.’ Sal. 25:9.” Atos dos Apóstolos, p. 279.

Pode haver maior clareza do que isso? Ao invés de seguirmos nossos próprios impulsos mentais, recomenda o Espírito de Profecia que procuremos nos aconselhar com outros irmãos de fé, maneira essa bem mais racional de se chegar a uma conclusão correta sobre determinada questão. Satanás está mui desejoso que consideremos nossos próprios impulsos, nossas próprias idéias, como um toque do Espírito Santo. Futuramente, isso se revelará um laço mortal para os professos seguidores de Cristo.

É perigoso confiar nos sentimentos ou impressões, pois são guias que não merecem confiança.Fé e Obras, pp. 52 e 53. “Nem podemos confiar em impressões.Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 49. Claríssimas são as orientações do Espírito de Profecia! A senhora White não diz que as impressões merecem confiança algumas vezes e outras, não, mas simplesmente que não merecem qualquer confiança!

Os sentimentos são muitas vezes enganadores, as emoções não são salvaguarda segura, pois são variáveis e sujeitos a circunstâncias externas. Muitos são enganados por confiarem em impressões sensacionais.” Mente, Caráter e Personalidade, vol. 1, p. 126. “Teus sentimentos, tuas impressões, tuas emoções não merecem confiança, pois não são seguros.” Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, p. 694. Aqui está posta a razão fundamental por que as impressões não podem servir de guia para nossas decisões. As impressões “são variáveis e sujeitas a circunstâncias externas”. Definitivamente, a senhora White adverte: elas não são seguras. Ela não diz que algumas vezes elas não são seguras; ou que, em determinadas circunstâncias, elas não são seguras, mas que, definitivamente, não são seguras!

Ao passo que as impressões subjetivas podem sofrer forte influência de circunstancias externas, as visões estão imunes a esse problema:

“Vi que as experiências extáticas corriam grande perigo de ser adulteradas, e a crença e conhecimento que essas pessoas tinham antes influenciavam, em grande medida, essas práticas. Portanto, não se podia ter confiança implícita nelas. Mas se alguém se achasse insensível a tudo ao seu redor, deveria estar no estado em que S. Paulo se achava, (não podia dizer se no corpo ou fora dele) e Deus com Ele Se comunicava através de Seu anjo – não haveria então perigo algum de engano. [...]

“Vi que o peso da mensagem agora era a verdade. A Palavra de Deus deveria ser estritamente seguida e soerguida para o povo de Deus. E seria maravilhoso e lindo se o povo de Deus fosse atraído a um canto [lugar], para ver a operação de Deus mediante experiências de visões.” – Manuscrito 11, 1850.” (Citado em White, Arthur L., Os Adventistas do 7º Dia e as Experiências Carismáticas).

A rigor, sempre que a senhora White se refere a impressões subjetivas, ela destaca suas conseqüências negativas:

“... não abramos as portas de par em par para o inimigo entrar por meio de impressões...” Mensagens Escolhidas, vol. 3, pp. 404 e 405.

“... os que atentam meramente às obras maravilhosas, e são guiados pelo impulso e pelas impressões, serão iludidos.Reavivamentos e seus Resultados, p. 56.

 

5. Impressões Subjetivas – Um Laço Perigoso para o Povo de Deus.

No passado, assim como no presente, Satanás tentou desviar a atenção dos crentes da Palavra de Deus, único guia seguro da vida, para focalizá-la em impressões subjetivas. Durante o Movimento Adventista, isso quase desvirtuou todo o trabalho de Guilherme Miller: “Por este tempo começou a aparecer o fanatismo. Alguns, que haviam professado ser zelosos crentes na mensagem, rejeitaram a Palavra de Deus como o único guia infalível, e, pretendendo ser guiados pelo Espírito, entregaram-se ao governo de seus próprios sentimentos, impressões e imaginação. Alguns houve que manifestaram um zelo cego e fanático, condenando a todos os que não lhes sancionassem o proceder. Suas idéias e atos fanáticos não encontraram simpatia da grande corporação dos adventistas; serviram, no entanto, para acarretar o opróbrio à causa da verdade.” O Grande Conflito, p. 395. O mesmo já havia acontecido antes, no tempo de Lutero. Ver o capítulo “A Europa Desperta”, no livro O Grande Conflito. Por causa disso, a senhora White adverte: “Quando as pessoas falam levianamente da Palavra de Deus, e colocam suas impressões, sentimentos e exercícios religiosos acima da norma divina, podemos saber que elas não têm luz.” O Maior Discurso de Cristo, p. 146.

Alguns dirão, no entanto, que suas impressões nunca os levaram a pôr de lado o estudo da Bíblia; dirão ainda que elas só servem de guia em assuntos de menor importância e não na definição de doutrinas; portanto, são inofensivas. Mas, é aí mesmo que reside o perigo. Não importa quão boas sejam as sugestões de nossas mentes; não importa também se elas fazem ou não que nos desviemos do estudo da Bíblia. Deus já declarou por Sua serva que Sua aprovação não repousa sobre os que se deixam levar por esses métodos; por isso, a única alternativa segura é seguir a orientação e abandonar por completo a fé nessas impressões.

Além disso, dizer que as impressões só servem de guia para as decisões do dia a dia, mas não para firmar doutrinas, é ilógico. Qual seria o motivo dessa separação? O mesmo Espírito que revela em que ônibus devemos entrar ou qual profissão devemos escolher é incapaz de mostrar quando uma doutrina é falsa ou verdadeira?

Não há dúvida de que, na crise final, a crença em impressões mentais também será um meio que Satanás novamente empregará para levar os filhos de Deus à perdição. Diz a senhora White:

“Nestes dias de enganos, todo aquele que se acha firmado na verdade terá de combater pela fé uma vez entregue aos santos. Toda variedade de erro será trazida à luz na misteriosa operação de Satanás, a qual, se possível fora, enganaria até os escolhidos, desviando-os da verdade... Haverá falsos sonhos e visões, que encerram alguma verdade, mas desviam da fé original. O Senhor deu uma regra pela qual distingui-los: ‘À lei e ao testemunho: se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não têm iluminação.’ Isa. 8:20, Trad. Trinitariana. Se eles desmerecem a lei de Deus, se não dão atenção a Sua vontade tal como é revelada nos testemunhos de Seu Espírito, são enganadores. Eles são controlados por impulso e impressões, que acreditam serem do Espírito Santo, e consideram mais dignos de confiança que a Palavra Inspirada. Pretendem que todo pensamento e sentimento é uma impressão do Espírito; e quando se raciocina com eles segundo as Escrituras, declaram que possuem alguma coisa mais digna de confiança. Ao passo, porém, que pensam ser guiados pelo Espírito de Deus, estão na verdade seguindo uma imaginação trabalhada por Satanás. Bible Echo, setembro de 1886.” Mensagens Escolhidas, vol. 2, pp. 98 e 99.

Um pálido quadro do que se dará futuramente pode ser pintado da seguinte maneira: pouco antes do fim do tempo da graça, os servos de Cristo serão mergulhados num período de dificuldades indescritíveis. Ficarão confusos e desorientados, sem saber o que fazer, sem saber que rumo tomar. No começo da crise, muitos serão demitidos de seus empregos, serão impedidos de comprar e vender, não poderão freqüentar a tão desejada universidade, passarão por privações de todo tipo, o que os levará quase à loucura.

Será uma crise sem precedentes na História do povo de Deus. Nessas circunstâncias, parecerá que Deus abandonou Seu povo e que Seu livramento demora a vir. Sem um norte para suas decisões, cada qual se voltará para dentro de si, tentando ouvir qualquer voz interior, para saber que caminho tomar. Sem dúvida, os que assim procederem se entregarão às opiniões mais naturais às suas próprias tendências e personalidade; e Satanás, que nada deixa de fazer para arruinar uma alma, sugerirá pensamentos que os levarão à ruína.

Talvez, olhando hoje para o futuro, muitos sejam levados a exclamar: “Conheço as profecias, sei o que acontecerá, portanto, não serei enganado.”. Ocorre, contudo, que existe uma enorme diferença entre falar acerca da crise vindoura e viver nela; no momento da aflição, quando os guardadores do Sábado estiverem enfrentando terríveis dificuldades, os que acreditam em impressões subjetivas terão uma porta aberta para os enganos de Satanás.

Os verdadeiros servos de Deus precisam aprender a se despojar de tudo, até mesmo de seus impulsos mais íntimos. No meio da dificuldade, terão que dizer: “Não vejo saída para os problemas que me cercam. Não sei o que fazer! Mesmo assim, prefiro não seguir nenhum sentimento ou desejo do meu coração. Aguardarei o livramento do Senhor, fazendo apenas o que firmemente Ele revelou em Sua Palavra.” Tão somente os que adotarem essa atitude estarão a salvo das sutilezas do enganador.

 

6. Até Mesmo Mundanos São Guiados pelo Espírito?

O curioso é que pessoas de todos os ramos religiosos dizem ouvir a voz do Espírito, dizem ser guiadas por pensamentos fortes ou coisas semelhantes. Católicos, protestantes, espíritas, budistas, hinduístas, adeptos da Nova Era, muçulmanos, judeus, enfim, pessoas de todos os grupos religiosos dizem receber mensagens de Deus, cuja autenticidade não pode ser avaliada objetivamente. Pessoas entregues a todos os tipos de vícios, pessoas frívolas, amantes de si mesmas, vaidosas e impuras de mente e de alma dizem ter impressões de Deus. No final das contas, parece que o Espírito vai guiando a vida de todos, mesmo daqueles que notoriamente já se alistaram do lado do exército inimigo!

Na verdade, tudo isso não passa de uma estratégica satânica. Não importa quão sincero seja o indivíduo, ou mesmo que esteja guardando os mandamentos de Deus e seguindo outras instruções bíblicas; se ele não aprendeu ainda a viver somente pela fé na Palavra de Deus, sem precisar de impressões subjetivas, não passa de uma presa segura nas mãos de Satanás.

Essa é uma advertência que precisa ser considerada. É como se fosse um anzol na boca do cristão; por enquanto, ele pode se preocupar em fazer a vontade de Deus, guardar Seus mandamentos, cuidar de sua saúde, de seu vestuário etc., mas, no momento certo, Satanás puxará a vara e ele não terá forças para resistir. Sim, é exatamente isso o que acontecerá. No momento certo, o circuito, que durante tanto tempo funcionou em coisas de pouca importância, desempenhará seu verdadeiro papel; e, assim, multidões que hoje estão no exército do Senhor se alistarão do lado do adversário.

 

7. Sendo Assim, Qual é a Obra do Espírito Santo?

Alguns dirão: “Tudo bem, pode até ser que você esteja com a razão; mas, não acha que já está exagerando??”. De forma alguma! O problema todo é conceitual. Colocaram na cabeça dos cristãos, bem como na dos adventistas, que o Espírito Santo veio com a missão de guiar as pessoas, em seus problemas diários, através de impressões subjetivas. Mas, isso não somente não tem fundamento nas Escrituras como também contraria o que está revelado quanto à obra do Espírito.

Jesus não disse: “Quando vier o Consolador, Ele vos dará pensamentos fortes. Fiquem atentos para eles!”. Suas palavras foram: “Quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” “Mas o Consolador, o Espírito Santo, a Quem o Pai enviará em Meu nome, Esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.” João 16:8 e 14:26. O texto é claríssimo! O Espírito não veio para dar pensamentos fortes para as pessoas. Sua missão é outra e está baseada no “convencer” e no “fazer lembrar”.

Até mesmo a conversão não ocorre do nada. Diz o apóstolo Paulo: “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo.” Romanos 10:17. Primeiramente, a pessoa precisa ouvir a mensagem; somente depois o indivíduo será levado a fazer a sua escolha, momento em que o Espírito Santo Se servirá das palavras ouvidas e fará com que elas ecoem na mente do indivíduo. Não se trata de um pensamento novo, oriundo de uma voz mental. O Espírito não age assim.

Alguns poderiam objetar: “Mas, e quanto àqueles que nunca leram ou ouviram a Bíblia ou qualquer coisa da mensagem cristã, em países de maioria hindu ou muçulmana, e vieram a se converter pela atuação do Espírito? Como esses casos podem ser explicados?”. Não há dúvida de que o Espírito Santo não está limitado ao trabalho humano, podendo agir diretamente no coração do indivíduo, mas em todos os casos em que Ele preferiu agir assim, empregou os métodos já dantes ordenados: sonhos e visões.

“Mas isso é limitar demais a obra do Espírito!!!”, protestarão alguns. De modo nenhum, pois foi Ele mesmo Quem escolheu tais métodos. Se pensarmos de outra forma, daqui a pouco estaremos aceitando a comunicação por bolas de cristal, palma da mão, copo d’água, xícara de café etc. Isso seria um total absurdo!!! Todavia, não é exatamente isso o que tem acontecido? Retirar pedaços de papel de caixinhas de mensagens bíblicas, esperando receber daí orientação especifica para problemas do cotidiano, abrir a Bíblia aleatoriamente com o fim de obter um pronunciamento de Deus, ou crer em pensamentos fortes são práticas eivadas de irracionalidade, superstição e paganismo (leia-se espiritismo), que nada têm a ver com a fé bíblica e que infelizmente encontraram guarita  no meio adventista.

Alguns poderiam alegar o texto de Isaías 30:21 para contrariar o que temos apresentado: “Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele.”. Entretanto, aplicando o princípio da analogia da fé, segundo o qual as Escrituras divinamente inspiradas emitem um só parecer para cada assunto, não podendo entrar em contradição consigo mesmas, Isaías 30:21 exige outra interpretação.

Primeiramente, importa ressaltar que, em seu devido contexto, esse texto se refere à promessa do regresso dos judeus à sua pátria, depois do cativeiro na Babilônia. Quando aplicada secundariamente à vida cristã, essa passagem deve assumir o seguinte significado: sendo o cristão tentado a se desviar do reto caminho, o Espírito Santo fala à sua mente, servindo-se das verdades que já havia conhecido anteriormente. Por exemplo, se o cristão é tentado a comer algo impróprio, o Espírito traz á lembrança os ensinos dantes aprendidos, insistindo com o indivíduo para que não desrespeite o pacto com seu Deus.

 

8. Um Povo Racional.

Atualmente, existem pessoas que servem a Deus segundo a melhor luz que possuem, que respeitam Sua Palavra, Sua Lei e Suas instruções, mas que seguem também os impulsos de seu coração na hora de se posicionar em um assunto de menor importância. Apesar de sua sinceridade e virtude, sua experiência religiosa necessita de amadurecimento: “O Senhor requer que Seu povo empregue a razão, e não a ponha de lado por impressões. Sua obra será compreensível a todos os Seus filhos. Seus ensinos serão de molde a se recomendarem ao entendimento das pessoas estudiosas. São calculados a elevar a mente. O poder de Deus não é manifestado em toda ocasião. A necessidade do homem é a oportunidade de Deus. Testimonies, vol. 1, pág. 230, 1861.” Testemunhos Seletos, vol. 1, p. 170.

Quão bom seria se os que se deixam guiar por pensamentos fortes ou impressões subjetivas gravassem em seu espírito as palavras da serva do Senhor: “O Senhor requer que Seu povo empregue a razão, e não a ponha de lado por impressões.”. Isso os guardaria de decepções e dos enganos de Satanás.

Usar a razão! Como é difícil para muitas pessoas seguirem esse conselho. As impressões são bem mais cômodas, pois não dependem de esforço. Deus deseja que empenhemos nossas faculdades para vencermos as dificuldades do dia a dia. Não que Deus não espere que O busquemos em oração para resolvermos nossos problemas. Muito pelo contrário. Os que não fazem de Deus sua coluna e seu baluarte, com toda certeza, fracassarão. Mas, como já dissemos, o erro das pessoas no tocante a esse assunto é conceitual.

Ninguém precisa confiar em pensamentos fortes para ter a certeza de que esteja sendo guiado por Deus. Se orarmos a Deus com fé, apresentando nossos problemas e perplexidades e empenharmos todas as nossas faculdades mentais, físicas e espirituais para resolvermos a dificuldade, Deus melhorará o desempenho de nossa mente e de nossa forças e a solução virá. O que se dá no campo mental não difere do que ocorre no plano físico.

Se queremos ter boa saúde, devemos seguir estritamente os princípios do viver saudável. Deus apenas potencializará os resultados, pela força do Seu Espírito. Mas, com certeza, Ele não introduzirá nada de novo, sobrenatural. Certo é que, em se tratando da saúde física, vezes há em que Ele emprega Seu poder para curar o indivíduo de forma miraculosa. Mas, isso é uma exceção. No que tange às nossas decisões, Ele também pode empregar métodos sobrenaturais, mas tais métodos se restringirão aos que Ele mesmo autorizou em Sua Palavra: sonhos e visões. Nada de voz mental, pensamentos fortes ou sugestões sutis!

 

9. Forjando Uma Suposta Realidade Bíblica.

Ainda sobre esse assunto, declara a senhora White: “Não devemos permitir que as idéias humanas e as inclinações naturais alcancem a supremacia.Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 502. Mas, por que não? A Bíblia responde: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” Jeremias 17:9. É incrível como as instruções da Palavra de Deus são mal atendidas! Mais engraçado ainda é que as pessoas só conseguem aplicar as passagens bíblicas para outros, nunca para seu próprio caso. Não querem enxergar as claras proibições de Deus quanto ao denominarmos nossos próprios pensamentos de voz do Espírito. Declara o profeta Jeremias: “Assim diz o Senhor Deus: Ai dos profetas loucos que seguem o seu próprio espírito sem nada ter visto.” Jeremias 13:3.

“Mas Deus não falava com os homens da Antigüidade? Deus não respondia às orações de Abraão, Moisés, Elias e Paulo? Por que não falaria Ele conosco agora?” Por certo que Ele pode falar, e a Bíblia diz que Ele falará! Mas, quando o fizer, Ele o fará por meio de sonhos e visões! Do contrário, cairíamos em contradição. Por que teria Deus falado através de sonhos e visões aos homens dos tempos bíblicos e hoje Ele preferiria falar através de pensamentos fortes? Por que teria Deus mudado Seu método? Ademais, se Ele já fala através de sugestões mentais, por que haverá ainda necessidade de que o Espírito seja derramado para dar sonhos e visões a Seus servos? É interessante observar que a profecia de Joel 2:28 e 29 faz inequívoca referência a sonhos e visões, mas não diz nada acerca de impressões. Qual a razão disso? A resposta é desnecessária.

Ao lerem este artigo, por certo que não poucos dos nossos irmãos se indignarão e, talvez, o contestarão sob a alegação de que já experimentaram fortes impressões do Espírito, cujos frutos asseguram terem sido, de fato, de origem divina. Talvez isso já tenha sucedido com você!

Querido (a) irmão (a), por mais doloroso que possa ser para você ouvir isto, é necessário dizê-lo: você está enganado e precisa se desvencilhar desse “artefato” satânico! A crença em impressões subjetivas não passa da vontade humana de reproduzir, a qualquer custo, um padrão (equivocado e irreal) dos tempos bíblicos, em que Deus supostamente Se comunicava com as pessoas por meio de seus próprios sentimentos. Dizemos “equivocado” e “irreal” porque a idéia que muitos fazem do cotidiano dos servos de Deus do passado é fantasiosa e sem fundamento histórico ou bíblico.

A vida daqueles homens de outrora era tão normal quanto a nossa; eles não eram abordados por Deus a todo momento, nem ficavam a conversar com Ele por telepatia sobre assuntos triviais. Tanto é assim que as cenas de tais encontros ocupam lugar de grande destaque nas Escrituras, refletindo sua natureza incomum e sobrenatural. E, com exceção do trato de Deus com Moisés, as mensagens divinas eram invariavelmente outorgadas por meio de sonhos e visões. Sejamos incansáveis em repetir: nada de voz mental ou sugestões sutis!

 

10. Para Concluir, Um Desafio.

Terminamos este artigo com o seguinte desafio:

Adventistas do Sétimo Dia, vocês dizem seguir a Bíblia e somente a Bíblia; dizem confiar apenas no “Assim diz o Senhor”. Se isso é verdade, apresentem um texto, ao menos um, que fale indubitavelmente de impressões subjetivas de maneira favorável. Não apresentem textos dúbios, que possam ser encaixados num contexto de visão ou sonho. Se puderem fazer isso, desconsiderem o que foi apresentado acima. Se não o puderem, rendam-se à verdade e Deus os abençoará! -- Henderson H. L. Velten, editor dos sites www.concertoeterno.kit.net e www.profecia.com.br.

[Aguardem! Em breve, o artigo 2 sobre impressões subjetivas]

 

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