Voz do Espírito ou Telepatia Satânica? – Parte 2

Analisando as Impressões Subjetivas a Partir da Experiência de Will Baron

“Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios.” 1 Timóteo 4:1

 

1. Introdução.

Do estudo anterior, podemos chegar a 2 conclusões principais:

1. Não há nada na Bíblia que autorize a idéia de que Deus empregue o método de impressões subjetivas para Se comunicar com Seus servos.

2. O Espírito de Profecia desaprova qualquer dependência de impressões subjetivas ou coisas semelhantes.

Com respeito à forma de Deus Se comunicar com o ser humano, Arthur White já dizia: “O processo pelo qual o profeta recebia a mensagem divina não era conversa face a face com Deus, nem por outro lado era simplesmente mediante impressões ou fortes sentimentos; mas por um processo definido e divinamente escolhido, denominado ‘visões’.” (White, Arthur L., Ellen G. White – Mensageira da Igreja Remanescente, p. 9.)

O mesmo parecer emite J. Robert Spangler: “Estou seriamente preocupado com o ‘método’ de comunicação. Assim sendo, não fui capaz de encontrar nada nas Escrituras afirmando que Deus usa o processo de vozes interiores para comunicar Sua vontade para a humanidade.” (SPANGLER, J. Robert. O dom de profecia e as “vozes mentais”. In: COON, Roger W. (compilador). Assuntos Contemporâneos em Orientação Profética – Antologia de Artigos e Monografias, p.396)

Estando as bases do assunto já bem assentadas, dedicaremos o presente artigo para demonstrar que as impressões são o modus operandi de Satanás. Para tanto, faremos um resumo da experiência de Will Baron, destacando alguns dos trechos mais expressivos de sua história. O relato completo dessa experiência pode ser encontrado no livro Enganado pela Nova Era, da Casa Publicadora Brasileira, o qual o internauta faria bem em adquirir. Doravante, as páginas indicadas sem referência a uma obra específica pertencem a Enganado pela Nova Era. Subsidiariamente, também faremos uso do livro Viagem ao Sobrenatural, no qual Roger J. Morneau (autor) fala de seu anterior contato com o Satanismo.

 

2. Antes do Envolvimento com o Misticismo.

Will Baron havia nascido num lar cristão. Seus pais freqüentavam a igreja semanalmente. Mas, pouco a pouco, ele começou a desenvolver certa apatia em relação ao Cristianismo. À medida que foi crescendo, passou a se envolver com amizades mundanas e destituídas de Deus. Além disso, devido ao problema da depressão e à influência de um professor, Will começou a manifestar certo interesse pelo estudo da Psicologia. Passava muitas horas devorando livros de Psicologia, a fim de entender melhor a natureza da mente humana. Por fim, durante o curso universitário, seus princípios cristãos, que já estavam bastante debilitados, foram definitivamente extirpados. Will começou a ir a shows, a boates e a ver filmes pornográficos.

Tempos depois, sendo já um engenheiro formado, caiu numa profunda crise de depressão, quando ocorreu uma experiência que haveria de marcar a sua vida daí por diante, a qual ele narra nos seguintes termos:

“Lembro-me de ter-me sentido perdido e bastante deprimido no escritório de engenharia, certa ocasião. Eu simplesmente não sabia o que fazer da minha vida. Enquanto tirava algumas cópias de desenho de máquinas, pude ouvir com clareza uma voz no fundo de minha mente.

“‘E o que dizer de sua alma?’, perguntou aquela voz.

Foi como se uma clara e profunda voz da consciência tivesse me falado...

“Sob a influência da psicologia secular, eu continuava vivendo uma vida sem Deus. Meditando sobre o sentido da palavra alma a que se referiu aquela voz, perguntei a mim mesmo: ‘Seria esta a voz de Deus insistindo comigo para que voltasse ao cristianismo? Será que minha alma precisa ser salva da condenação?’” Pp. 31 e 32.

Foi essa voz, aparentemente inocente, que mais tarde levou Will Baron ao seio do misticismo. A julgar pelo teor da mensagem (“e o que dizer de sua alma?”), poderíamos realmente considerar aquela voz como um toque do Espírito Santo. Mas, os resultados não são de molde a favorecer a posição de que tal impulso tenha sido de Deus.

 

3. Começa o Envolvimento com o Misticismo.

Algum tempo depois, Will Baron viu o anúncio de um feira esotérica numa revista.

“A propaganda chamou minha atenção de modo peculiar. Era como se alguma coisa bem lá dentro de mim respondesse através de um impulso sutil para eu ir ver a feira de fenômenos psíquicos...” P. 33.

Will foi ao local em que a feira estava sendo realizada. Tratava-se de uma organização chamada “Caminho Iluminado”. Lá, ele conheceu a diretora do centro, cujo nome era Muriel. Naquela ocasião, Muriel revelou várias coisas que uma pessoa que não pertencesse à família de Baron não teria condições de conhecer. Ele diz que, durante a consulta, Muriel parecia estar recebendo informações de uma voz interior para dar seu diagnóstico espiritual. Ver p. 36.

Essa experiência o impressionou tanto que ele resolveu assistir a algumas aulas de metafísica no Caminho Iluminado. Numa dessas aulas, Muriel explicou o que seria a voz interior:

“– Deus se comunica conosco através de nosso ego superior... A menos que desenvolvamos nosso ego superior e nos tornemos sensíveis a ele, não poderemos entrar em contato com Deus... O ego superior está sempre dentro de nós, mas, na maioria das pessoas, permanece adormecida no subconsciente...

“– Não procure uma voz audível ao ouvido humano... Não é assim. O ego superior fala através de sua mente à medida que você entra em sintonia com ele...” P. 44.

Após essas e outras explicações, Muriel anunciou ao grupo de estudos que havia chegado o momento de praticar a meditação. Depois de um período de concentração e introspecção, Muriel invocou a presença de um guia espiritual chamado Djwhal Khul. Esse guia começou, então, a falar através dela. Baron desconfiou de que não houvesse na verdade nenhum ser sobrenatural presente na sala, mas que Muriel estivesse utilizando esse recurso para criar um efeito mais dramático. Foi quando ela advertiu:

“– Não use por demais sua mente tentando descobrir os grandes mistérios das esferas divinas... É melhor que você apenas medite na luz e permita que o divino processo de intuição e iluminação lhe traga conhecimento e sabedoria. O uso demasiado do intelecto por parte de um discípulo será um estorvo no desenvolvimento de sua consciência superior. Siga diretamente à fonte de todo conhecimento e sabedoria. Ouça a voz de Deus.” P. 48. Pode haver alguma coisa mais diabólica? Ao passo que a senhora White nos diz que Deus “requer que Seu povo empregue a razão, e não a ponha de lado por impressões”, essa falsa profetiza assevera que o uso demasiado do intelecto pode ser um estorvo ao desenvolvimento espiritual e que devemos, portanto, seguir nossa intuição. Nada poderia ser mais falso e demoníaco!

Depois de canalizar as mensagens de Djwhal Khul, Muriel solicitou que os outros membros do grupo fizessem o mesmo, sendo então revelada a falácia desse método de orientação espiritual:

“– Quero que vocês relaxem... Quando chegar a sua vez de canalizar, simplesmente verbalizem quaisquer pensamentos que lhes vieram à mente...” P. 50. A fraude é tão evidente que chega a ser revoltante!!! E os pensamentos fortes que muitos adventistas do sétimo dia atribuem a Deus não passam também de pensamentos comuns de suas próprias mentes. [Poderia Deus deixar impunes aqueles que atribuem levianamente a Ele coisas oriundas apenas de suas mentes carnais?!] A falsidade dessa prática fica ainda mais evidente quando Baron confidencia que, ao chegar a sua vez, não tinha mensagem alguma para canalizar; e que para não deixar de falar alguma coisa, verbalizou os dizeres “Amai-vos uns aos outros”. Depois disso, à medida que foi se acostumando com o processo, ele passou a canalizar mensagens maiores. É claro que sim, pois sua mente tinha sido condicionada a isso. Ver p. 53.

 

4. O Envolvimento com o Misticismo se Aprofunda.

Pouco a pouco, as vozes mentais foram se tornando mais freqüentes e tomaram o controle da vida de Baron. Certo dia, acordou com “uma voz interior da consciência que falou” a ele “de maneira muito clara”, dizendo-lhe que abandonasse Cathy, uma quase namorada. Ver pp. 57-59. Noutra ocasião, a voz interior mandou que Baron abandonasse seu antigo hobby de consertar carros velhos. Ver pp. 61 e 62. Mas, é a experiência da aquisição de um automóvel novo que chama particular atenção.

Certo dia, Baron recebeu claras instruções de sua voz mental para comprar um carro da marca Plymouth Champ. Rebelando-se contra aquela orientação específica, decidiu-se a ir primeiramente a uma concessionária Volkswagen. Não conseguiu, no entanto, fechar nenhum negócio, pois a voz interior insistia para que ele comprasse um Plymouth Champ. Depois, dirigiu-se a uma concessionária Toyota; todavia, nem mesmo conseguiu chegar até lá, pois sua mente dizia que ele deveria comprar um Plymouth Champ. Tanta foi a insistência de seu ego superior que ele consentiu com a idéia de comprar um carro daquela marca. Ver pp. 63 – 66. É curioso que algo semelhante, em maior ou menor grau, também aconteça com os cristãos que admitem ouvir a voz do Espírito Santo. Ficam angustiados e aflitos até que colocam em prática a sugestão sutil de suas mentes. É evidente que isso não passa de uma artimanha de Satanás para destruir os filhos de Deus; e, pelo que se vê, milhões de cristãos estão caindo na rede do engano.

Como os cristãos evangélicos são ensinados a crer unicamente em Deus e em Seu Filho Jesus, Satanás não avança com seu estratagema sobre eles para outros níveis de envolvimento; mas, como Will Baron estava participando de um grupo da Nova Era, em que se acredita em guias espirituais, duendes, fadas e gnomos, Satanás pôde aprofundar seu engano místico. Certo dia, enquanto Will praticava sua meditação matinal, apareceu-lhe um ser sobrenatural irradiando uma luz branco-dourada. Conforme seu próprio testemunho, Will percebeu por “um forte pensamento intuitivo” que aquela pessoa era Djwhal Khul. O diálogo entre Will e o guia não ocorreu pelas vias normais. “A comunicação parecia estar sendo feita telepaticamente. Percebi claramente sua mensagem, mas parecia ouvi-la com um ‘ouvido interior’, como se a sua voz estivesse falando diretamente ao interior de minha mente.” P. 72. Depois de um breve diálogo, o guia desapareceu. Essa experiência fez com que Will mergulhasse ainda mais no universo do ocultismo.

“Djwhal Khul ensina, especificamente, que o guia Jesus está vivo no planeta, diretamente ocupado com o destino do cristianismo, transmitindo, por meios telepáticos, idéias ao subconsciente dos líderes da igreja cristã.” P. 78. Sim, é exatamente isso o que está acontecendo! Um suposto guia chamado “Jesus” está falando aos cristãos através de impressões subjetivas. Sobre a identidade desse guia “Jesus”, não há nem necessidade de que falemos mais alguma coisa, pois é notório de quem se trata. Essa revelação de Will Baron é realmente de estremecer, pois significa que muitos cristãos estão sendo guiados por Satanás sem o saber. Ele está fazendo isso silenciosamente, bem ao seu estilo. Portanto, alerte-se: se você está ligado à rede de comunicações de Satanás e pauta a sua vida por sugestões mentais, trate de se desconectar, pois disso depende a sua alma. Nós não precisamos de impressões subjetivas ou coisa parecida. Temos a Palavra de Deus! “Lâmpada para os meus pés é a Tua palavra, e luz para os meus caminhos.” Salmos 119:105.

    

5. Efeitos do Envolvimento com o Misticismo.

Você dirá talvez: “Espere aí. Esse tal de Baron se envolveu com o misticismo e eu sou um cristão adventista do sétimo dia. Meus pensamentos fortes não podem ter a mesma origem que os dele. Jesus disse: ‘pelos seus frutos os conhecereis’. Até hoje, as sugestões de minha mente, que eu creio serem a voz do Espírito Santo, sempre me levaram a avançar na vida espiritual e não a regredir.”

É verdade que Jesus disse que nós poderíamos conhecer os falsos profetas pelos seus frutos (Mateus 7:15-20), mas essa regra não é absoluta; deve estar associada a outras, tais como a fidelidade ao “Assim diz o Senhor” (Isaías 8:20). Uma vida transformada, íntegra e austera, não é monopólio da verdade bíblica, eis que também se verifica no meio ocultista. Vejamos o testemunho do próprio Baron:

“Ao pensar em minha mudança, compreendi a dramática transformação ocorrida em meu estilo de vida desde o dia em que comecei a freqüentar as aulas no Caminho Iluminado e desde que comecei a ser discípulo de Djwhal Khul. Minha vida voltada para as coisas espirituais já não era mais compatível com o estilo de vida mundano de meus colegas. Perdi todo o interesse de visitar bares, um de meus passatempos favoritos. Desde o dia em que fiz o voto de celibato não saí com mais nenhuma moça. Ao descobrir quanto lixo ameaçador, quanto material sexualmente estimulante, e quanta violência eram apresentados pela mídia, fui, gradualmente, deixando de freqüentar cinemas. Fiz até mesmo um esforço consciente para eliminar todas as profanidades e expressões chulas de meu vocabulário à medida que tentava viver uma vida tão santa quanto possível.

“Em lugar de namorar e condescender com entretenimentos ‘mundanos’, procurei gastar meu tempo no estudo de literatura esotérica, na oração, e na meditação. Passeios na Natureza e visitas a museus tomaram o lugar das visitas às praias e festas. Na aspiração de buscar o reino de Deus em lugar das coisas deste mundo, gastei grande parte do meu tempo na contemplação da minha jornada espiritual com ‘Deus’.” P. 86.

Se compararmos bem, a descrição do novo estilo de vida de Will Baron ganha com folga do modo de vida que muitos adventistas estão levando. Isso basta para mostrar que a simples regra “pelos seus frutos os conhecereis”, embora válida e verdadeira, não é suficiente para definir a origem divina de um fenômeno.

 

6. O Controle Místico Levado ao Limite.

Mas, Will ainda seria levado ao limite de sua sujeição aos poderes das trevas. Certo dia, Muriel lhe telefonou dizendo que o Caminho Iluminado estava precisando arrecadar 6.000 dólares para uma campanha de divulgação de seus ensinos. Tendo consultado o saldo de sua conta, Baron resolveu enviar todo o dinheiro que possuía: 500 dólares. Alguns dias depois, ele acordou em desassossego, com a idéia fixa de que deveria mandar mais 500 dólares. Depois de muito pensar sobre o assunto, consentiu com a idéia e remeteu um cheque nesse valor. Todavia, apenas alguns dias haviam transcorrido quando, de novo, despontou em sua mente a vívida idéia de enviar mais dinheiro, só que agora na quantia de 1.000 dólares. Will ficou apreensivo, pois era um montante bem elevado e ele não dispunha de mais dinheiro na conta. Depois de muito relutar, decidiu enviar mais dinheiro usando seu cartão de crédito. Isso lhe devolveu a paz. Entretanto, pouco tempo depois, Will acordou com a seguinte música em sua mente:

“Leva-o até o limite,

“oh, ho, ho.

“Leva-o até o limite,

“Oh, ho, ho...”

Essa música não era nova. Tratava-se de uma canção muito popular em anos anteriores. Juntamente com a música, veio-lhe o pensamento de doar mais 1.000 dólares. Embora Will relutasse muito e não aceitasse enviar mais dinheiro, foi vencido pelo tormento da música em sua mente. Exausto, remeteu mais 1.000 dólares para o Caminho Iluminado. Uma semana depois, o mesmo fenômeno se repetiu e ele teve que enviar mais 3.000 dólares. Posteriormente, quando Will contabilizou o total de suas doações, percebeu que somavam 6.000 dólares, exatamente a quantia de que falara Muriel. E, assim, cada vez mais Will Baron foi sendo envolvido pelas teias do inimigo. Ver maiores detalhes sobre esse episódio no capítulo “Levado Até o Limite”.

Essa depressão, esse sentimento de angústia pelo não cumprimento dos pensamentos fortes ou vozes interiores é muito comum entre as pessoas que crêem em tal fenômeno como sendo divino, tanto entre os adeptos da Nova Era como entre os adventistas do sétimo dia.

 

7. Assistindo às Convenções Evangelísticas.

No Caminho Iluminado, Muriel pediu a seus alunos que assistissem aos programas evangelísticos de Kenneth Copeland, um pregador cristão. No começo, Baron achou esquisita a recomendação, mas, tendo surgido a oportunidade de ouvi-lo pessoalmente, resolveu ir a uma Convenção em que Copeland havia de pregar.

Ao ouvir Copeland, a atenção de Baron foi chamada para 2 pontos especiais:

1) Copeland afirmou que havia recebido uma mensagem de Deus de que Jesus apareceria em breve, em forma física, pelos corredores de muitas igrejas.

2) Copeland disse também que era possível receber conhecimento espiritual diretamente de Deus, através do poder do Espírito Santo.

Baron percebeu quão similar eram esses ensinos com os da Nova Era e entendeu por que Muriel estimava tanto o talento desse e de outros pregadores cristãos. Já pensou nisso, querido irmão? Você pode ser um cristão ortodoxo e ainda assim um adepto da Nova Era! Ou, pior que isso: você pode ser adventista do sétimo dia e também estar contaminado por postulados da Nova Era, a despeito de sua descrença na doutrina da imortalidade da alma! Pensou que estivesse imune?! Esse é o problema de Laodicéia: “Estou rico e abastado, e não preciso de coisa alguma”!

 

8. A Conversão do Caminho Iluminado ao Cristianismo.

Pouco tempo depois da Convenção de Kenneth Copeland, Muriel fez o anúncio inesperado de que os outros guias espirituais não se intrometeriam mais com o Caminho Iluminado, pois ela seguiria apenas a “Jesus”. Disse também, mais tarde, que Djwhal Khul não era uma fonte segura de conhecimento, que ele havia caído pelo orgulho e que, talvez, pudesse ser o próprio Satanás.

Will ficou revoltado com as palavras de Muriel, mas, pouco a pouco, foi se convencendo de que ela estivesse certa e de que “Jesus” e o Cristianismo eram fontes superiores de sabedoria mística.

Para garantir a Will que essa mudança era acertada, Satanás lhe proporcionou uma experiência fantástica: uma visão de “Jesus”. Nessa revelação, mais uma vez se destacou o fenômeno psíquico da voz mental:

“‘Jesus’ parecia falar comigo audivelmente, mas eu o ouvi com um tipo de ‘ouvido interior’.” P. 136.

Noutra ocasião, Will teve um sonho em que era  iniciado num sacerdócio místico, o sacerdócio de Melquisedeque. Ele ficou muito feliz por isso, pois acreditava que Deus o estava chamando para uma missão muito importante.

Depois disso, no centro metafísico, chamado agora de “Novo Caminho Iluminado”, Muriel fez um sermão muito interessante. Vejamos a semelhança de sua mensagem com a crença de muitos adventistas do sétimo dia:

“Muriel começou o sermão e falou acerca da necessidade de viver uma [1] vida pura, seguindo [2] o exemplo de Jesus Cristo, descrito na [3] Bíblia. Deu ênfase à exigência de [4] obedecer à vontade do ‘Pai’, manifesta mediante [5] a voz do ‘Espírito Santo’...” P. 143. Fascinante! E deveras preocupante! A mesma ênfase bíblica de seguir o exemplo de Jesus. A mesma recomendação à santificação. A mesma exaltação da Bíblia. Mas, como Satanás sempre o faz, tudo isso vem misturado com o engano de que Deus Se comunica diretamente conosco através de sugestões sutis. Que estratégia bem planejada! Por causa desse único ponto, milhões hão de se perder!

Transcorreram 2 meses, depois daquele sermão, e Will Baron foi inspirado a participar mais uma vez da Convenção Anual dirigida por Keneth Copeland. Agora, ele se considerava um cristão nascido de novo, embora ainda se sentisse parte do movimento da Nova Era. Numa das noites de culto, o famoso pregador convidou à frente todos os que quisessem se dedicar ao ministério; mais do que depressa, Baron aceitou o apelo, esperando ser revestido de poder sobrenatural para cumprir a missão para a qual fora separado (segundo cria): o sacerdócio de Melquisedeque.

 

9. Pregando o Evangelho da Nova Era no Centro Comercial e na Praia.

Nesse ínterim, Baron começou a se dedicar um pouco mais ao estudo das religiões. Ele considerava prazeroso aprender sobre as diversas denominações cristãs e seus grandes expoentes.  Para tanto, passava horas pesquisando sobre o assunto na biblioteca local. Mas, agora, a ordem do seu ego superior era para que fosse pregar no centro comercial. Não sabendo como realizar essa empreitada, permaneceu em estado de expectativa, até que lhe fosse comunicada mais luz. Contudo, a voz mental era insistente. “Brotou dentro de mim uma apreensão mórbida, que não desaparecia. A ordem tornou-se uma obsessiva ‘forma de pensamento’, uma idéia poderosa e persistente que exigia transformar-se em ação.” P. 150. Se você já se sentiu deprimido ou aflito por causa de uma idéia obsessiva, cuidado! Provavelmente, Satanás deve estar no controle de sua vida, sem que você o saiba ou o evidencie.

Em suas meditações, Baron começou a receber esclarecimento sobre como deveria pregar aos transeuntes. Deveria abordá-los, individualmente, e falar da volta de Jesus. [Estarrecedor! Um verdadeiro adventista da Nova Era!] Baron opôs firme resistência a esse padrão de pensamento, mas em vão. As impressões subjetivas verdadeiramente o dominavam. Ele era um escravo das forças satânicas. Não podendo vencê-las, consentiu com a idéia de pregar no Centro Comercial. Para maiores detalhes da luta que Baron travou no tocante à pregação no Centro Comercial, ver pp. 147-153.

Certa noite, acordou com sua cama tremendo fortemente. De repente, ouviu uma voz que lhe transmitiu a mensagem: “‘Voltarei em breve. Você precisa fazer minha obra. Esgota-se o tempo.’” P. 154. Intuitivamente, entendeu que ‘Jesus’ apareceria dentro de uns 15 anos e que sua vinda deveria ser proclamada. Algumas semanas depois, em sua meditação matinal, recebeu a instrução para que fosse pregar na praia Venice. Depois de muito relutar, foi até a praia, mas não teve coragem de pregar aos transeuntes. Posteriormente, por insistência da voz mental, voltou novamente à praia, mas agora com um esclarecimento adicional sobre como deveria pregar. Em vez de falar em voz alta às multidões, foi instruído a preparar um painel com uma mensagem sobre a volta de Jesus e colocá-la no calçadão da praia. Os curiosos haveriam de abordá-lo e ele poderia testemunhar-lhes um pouco do Evangelho da Nova Era. Will Baron explica que essa “nova tarefa se” adaptava “mais à” sua “personalidade”, embora ainda continuasse “apreensivo quanto a voltar a Venice” (p. 162). Importa ressaltar que, em geral, é assim que as impressões funcionam: elas atuam em harmonia com as tendências naturais do indivíduo.

No calçadão da praia, Baron pôde falar a algumas pessoas, mas foi a conversa com um senhor de idade que deixou a descoberto o cerne da estratégia de Satanás:

“A certa altura, um senhor idoso começou a contar-me como gostava de ler a Bíblia...

“Voltando minha atenção para o senhor, comentei:

“ – Ler a Bíblia é bom, mas tem suas limitações. Ela não lhe diz o que Deus quer comunicar-lhe exatamente agora. A única forma de saber a vontade de Deus para o senhor neste momento é meditar e ouvir a voz do Espirito Santo.” P. 167.

Sim, é por aí que Satanás deseja que os cristãos enveredem. Convida os crentes a desprenderem as atenções das Escrituras, para as quais Jesus sempre direcionou a mente Seus discípulos (Mateus 4:4; 22:29; Lucas 10:26; e João 5:39 e 45-47), a fim de conectá-las com a “linha telefônica” das trevas. Será que você já não está ligado a essa “rede de comunicações”? Se estiver, não perca tempo! Bata o “telefone” na cara do enganador!

Mas, Baron diz mais!!! “A ênfase principal de minha mensagem era... dizer-lhes da importância da meditação como método de obter acesso a sua [de ‘Jesus’] grande sabedoria e poder para curar. Se tão-somente pudesse persuadir as pessoas a meditarem, eu sabia que a voz do ego superior – aquela voz da consciência interior – faria o restante para levar a pessoa ao caminho espiritual. Eu esperava que o inquiridor encontrasse a senda cristã da Nova Era.” P. 168. Perceberam? Se alguém ao menos der atenção à voz de sua mente, terá uma porta aberta para os enganos de Satanás. Ele as enganará pessoalmente por telepatia!!!

As igrejas protestantes já assinaram há muito o contrato de adesão com as “Centrais Telefônicas de Satanás”. Um amiga de Baron, evangélica e secretária numa grande editora cristã, confidenciou-lhe que “estava freqüentando estudos bíblicos no qual o professor” pedia “que os membros da classe se” assentassem “em silêncio e” tentassem “ouvir a voz de Deus” (p. 15). Cenas como essas já não são raras nas igrejas cristãs. Certa vez, numa igreja mórmon que visitei, o dirigente da classe de estudos orientou os presentes a não se levantarem abruptamente após a oração, mas a ficarem em silêncio, por alguns instantes, ouvindo a voz do Espírito. No tocante a essa prática, pode-se dizer que as igrejas pentecostais constituem um dos “aparelhos” mais eficazes (e populares) de Satanás, pois a freqüência com que o “Espírito” Se comunica é impressionante! Mas, o pior de tudo é que Satanás já conseguiu introduzir esse método dentro das igrejas adventistas. Certa feita, na igreja adventista na qual congrego, o pastor fez pedido semelhante à daquele professor mórmon: que, ao término da oração, os adoradores tentassem ouvir a resposta de Deus por meio de Seu Espírito.

Cena cômica e deprimente é quando pessoas que acreditam serem guiadas pelo Espírito Santo e que possuem gostos e opiniões diferentes se encontram eventualmente. Eu mesmo já presenciei uma ocasião dessas: 3 irmãos de fé, com posições divergentes entre si, reivindicando serem dirigidos por Deus. A quem lhes assistia ficava a indagação: se os 3 são guiados pelo Espírito, onde estará o problema, na transmissão ou na recepção da mensagem?!

Voltemos, agora, à experiência de Baron. Noutro dia, quando estava se dirigindo à praia novamente, o seu “ego superior” trouxe à tona, mais uma vez, o desígnio original de que Will pregasse o Evangelho da Nova Era no Centro Comercial. Will desobedeceu e foi à praia; mas, ao voltar para casa, sentiu-se profundamente deprimido, o que lhe provocou uma profunda crise emocional. Ver pp. 174-178.

 

10. Batizado com o Espírito – Um Pentecostal da Nova Era.

Certa noite, Will conheceu um rapaz no Centro Comercial, cujo nome era Dan, com quem começou a entreter conversa espiritual. Dan lhe falou sobre o batismo com o Espírito Santo e revelou que 5 minutos antes, quando estava saindo do shopping, uma voz interior lhe ordenou que voltasse e se sentasse num dos bancos.

“‘Voz interior’, pensei. ‘Hummmmm, isto é interessante.’

“ – Não entendi por que deveria voltar e sentar-me – comentou Dan. – Mas pude sentir a atuação do Espírito Santo. Por isso vim e me sentei aqui, neste banco. Apenas alguns segundos depois de ter-me sentado, você se aproximou.

“Eu estava fascinado. Não sabia que cristãos comuns recebiam instruções de vozes interiores do jeito como eu recebia.” P. 184.

Como fruto daquela conversa, a convite de Dan, Will resolveu visitar a Igreja Apostólica da Paz num certo Domingo pela manhã. No culto, diante dos veementes apelos do pregador e com a aquiescência de seu “ego superior”, Baron decidiu aceitar o batismo. Ele conta que, enquanto descia às águas e o pastor pronunciava as palavras próprias do rito, a voz de “Jesus” lhe dizia para que fosse pregar o Evangelho no Centro Comercial; advertia-o também de que, a partir daquele momento, ele estava se consagrando totalmente ao serviço divino, não podendo mais hesitar, reclamar ou procrastinar.

Depois do batismo, Baron foi conduzido a uma sala em que uma senhora lhe perguntou se ele gostaria de ser batizado com o Espírito Santo. Embora surpreso, Will respondeu prontamente que “sim”. Então, sendo assessorado por aquela senhora, Baron começou a repetir rapidamente palavras de agradecimento a Deus pelo dom da salvação. Foi animado a repetir a mesma frase com grande velocidade, até que começou a balbuciar sons a esmo, destituídos de sentido, considerados a manifestação do Espírito Santo. Tinha sido batizado com o “Espírito”!!! [Misericórdia!!!]

 

11. Desmascarando a Mente-Mestra do Engano.

Depois de narrar sua atuação secreta dentro de uma comunidade cristã, cujo objetivo era introduzir postulados da Nova Era entre seus membros, Will Baron segue diretamente para o episódio de seu livramento, quando a Mente-Mestra do engano foi desmascarada e ele descobriu que Djwhal Khul e “Jesus” não passavam de anjos caídos brincando com sua alma. É obvio que não poderemos contar aqui o que aconteceu. Isso está narrado no livro. O final da história é deveras surpreendente! Foi através da leitura dos escritos de Ellen G. White que Will Baron percebeu quem era na verdade seu guia. Para maiores detalhes o leitor terá que comprar o livro. Com certeza, não vai se arrepender.

Mais importante do que o final, todavia, é o apêndice número 2 do livro, do qual alguns trechos merecem ser aqui reproduzidos, face a lucidez de seus esclarecimentos.

Baron adverte que o perigo dessa prática de tentar ouvir a voz de Deus “jaz no fato de que” a pessoa fica aberta “para receber uma entidade angélica que lhe implanta pensamentos, idéias e impressões na mente. Com base em minha experiência pessoal, creio que os anjos satânicos podem implantar pensamentos telepaticamente no cérebro” de uma pessoa, “sem a necessidade de qualquer estado místico.” Este apenas “vivencia pensamentos e imagens devocionais que se materializam na consciência”, as quais ele considera a voz de Deus (p. 225).

Ele revela que “esquadrinhando a Bíblia toda, foi uma surpresa o fato de não encontrar um único exemplo de alguém que se assentasse em silenciosa meditação para esperar que a voz de Deus lhe desse instruções.” (p. 226).

“Em lugar disso”, continua, “considerando o contexto, o uso do termo meditação na Bíblia sempre evocava o significado de refletir sobre a Palavra escriturística de Deus ou sobre as qualidades divinas dEle...

“Em todos os casos em que o salmista usa o termo meditação, refere-se a sua contemplação intelectual das Escrituras e do modo como revelam o caráter de Deus...

Nem um profeta sequer do Antigo Testamento comentou que se havia assentado em silêncio, esforçando-se para aquietar a própria mente a fim de ouvir a mensagem proveniente da voz ‘interior’ de Deus. Em todos os casos de comunicação com os profetas, Deus tomou a iniciativa e abordou diretamente Seus porta-vozes.” P. 227.

 

12. Conclusão.

Roger J. Morneau, que na infância fora católico e que depois se envolveu com o Satanismo, também faz algumas ponderações da mais extrema relevância. Ele diz que os espíritos de demônios foram instruídos por Lúcifer a estimularem as pessoas a dar mais atenção aos seus sentimentos do que à Palavra de Cristo e Seus profetas. Ver Viagem ao Sobrenatural, pp. 50 e 71.

Mas, provavelmente, a declaração mais reveladora de todas é a que Morneau registra ter sido proferida pelo sacerdote satanista num seção espírita:.

“ – O Criador – disse ele – não pode mentir, nem tampouco induzir os sentimentos das pessoas para que creiam em Sua palavra. Ao invés disso, Ele quer que aceitem sua palavra simplesmente porque confiam que ele sempre fala a verdade. Em contrapartida, os espíritos podem mentir, e tirar vantagem do fato de que os seres humanos dão ouvidos aos seus sentimentos quando a questão é decidir o rumo de suas vidas. Os espíritos exploram essa fraqueza ao máximo, fazendo com que as pessoas tenham fortes sentimentos com relação as coisas que os espíritos querem que elas creiam. Eles enchem a mente humana com pensamentos errôneos. As pessoas aceitam tais idéias naturalmente, e sempre o farão.” Viagem ao Sobrenatural, p. 74.

Perceberam?! Pode existir algo mais claro que isso? Satanás confessou que Deus simplesmente não utiliza o método de vozes mentais ou sugestões sutis. Somente os espíritos diabólicos o fazem. Portanto, meu(minha) querido(a) irmão(a), se você tem dado ouvidos às suas impressões, aos seus sentimentos, sua alma está correndo grave perigo!

Talvez você seja tentado a pensar que o autor deste artigo não tem conhecimento experimental das vozes mentais e que esteja motivado apenas por preconceito ao denunciar a crença nelas. Se você pensa assim, saiba que se enganou. Eu mesmo já senti esses impulsos e, de certa forma, ainda os sinto, mas devido ao estudo da Bíblia e do Espírito de Profecia, consigo hoje discernir o natural do sobrenatural. A rigor, há 3 formas básicas de impulsos mentais:

1.      A Natural Criatividade do Ser Humano. Ao criar o homem, Deus o dotou de raciocínio e inteligência. Portanto, é natural que tenha idéias originais, novas e surpreendentes. Estranho seria se isso não ocorresse, já que a criatividade constitui um dos fatores que nos diferenciam dos animais inferiores. Assim, se você já acordou de manhã com alguma idéia interessante na mente, isso não tem necessariamente nada de anormal ou sobrenatural. Deus o criou assim.

2.      A Atuação Regeneradora do Espírito Santo. Aliado ao raciocínio humano, existe também a atuação do Espírito de Deus, que, ao contrário do que muitos imaginam, não consiste em idéias novas, com instruções sobre o que fazer e o que não fazer com respeito aos problemas do dia a dia, mas no ato de trazer à lembrança as verdades já aprendidas, visando à transformação do indivíduo na semelhança com Cristo (2 Coríntios 3:18).

3.      As Impressões Subjetivas de Satanás. Por fim, existem também os pensamentos fortes oriundos de Satanás.

Como o ser humano pode eventualmente ter idéias originais, já que foi criado à imagem e semelhança de Deus (é um ser racional), muitas vezes fica difícil discernir o que é natural, próprio da criatividade do ser humano, daquilo que é inspirado por Satanás. Todavia, conquanto seja difícil, distinguir entre uma e outra não é impossível. Cabe ao indivíduo analisar a situação cuidadosamente, à luz da razão e da Palavra de Deus, para agir em consonância com a vontade divina. Nesse contexto, afiguram-se como oportunas as palavras da serva do Senhor:

“O Senhor requer que Seu povo empregue a razão, e não a ponha de lado por impressões. Sua obra será compreensível a todos os Seus filhos. Seus ensinos serão de molde a se recomendarem ao entendimento das pessoas estudiosas. São calculados a elevar a mente. O poder de Deus não é manifestado em toda ocasião. A necessidade do homem é a oportunidade de Deus. Testimonies, vol. 1, pág. 230, 1861.” Testemunhos Seletos, vol. 1, p. 170.

Esperamos que as colocações deste e do precedente artigo sejam úteis para todos aqueles que dele tomarem conhecimento, a fim de que compreendam melhor a genuína obra do Espírito de Deus e estejam a salvo das operações ocultas de Satanás. -- Henderson H. L. Velten, editor dos sites www.concertoeterno.kit.net e www.profecia.com.br

 

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