4 Perguntas Sobre o Novo Livro de Ricardo Nicotra

Questão 1: Como faço para adquirir a versão impressa do livro Eu e o Pai Somos Um?

O livro Eu e o Pai Somos Um é grátis na internet. Basta fazer o download, imprimir e distribuir. Só não vale vender para ter lucro! ;)

O livro tem 82 páginas e o formato de uma Lição da Escola Sabatina de aluno, só que a capa colorida foi impressa em papel couchê de qualidade superior ao da lição. Eu encomendei uma tiragem pequena, mesmo assim o custo vai ser inferior ao preço de uma lição de aluno. Como pode? Isso porque, no meu caso, não viso lucro. O livro sai por 5 reais mais frete. Há uma opção mais barata com a capa preto e branco por R$ 3,50 (boa opção para distribuição em massa). O preço é o de fotocópia. A vantagem é que já vem grampeado (brochura, como a lição da ES de aluno). Minha intenção não era produzir para vender. Mas estou às ordens para atender a todos os pedidos dentro da minha limitação de tempo. E-mail: nicotra@uol.com.br.

 

Questão 2: Ricardo, você afirmou que “Ruach” e “Pneuma” significam originalmente vento, fôlego, sopro, respiração. Mas se considerarmos que a Bíblia é um livro entremeado de simbolismo, estes termos não poderiam ter um significado mais amplo? Creio que “ruach” e “pneuma” poderiam muito bem significar uma entidade, um ser pessoal, não acha?

Classicamente, aceita-se dois tipos de interpretação para um termo: (1) O sentido restrito (stricto sensu) e (2) o sentido amplo da palavra (lato sensu). O sentido restrito é o que a palavra significa de fato, sua definição de dicionário. Por isso é bem simples saber qual é o sentido restrito de uma palavra. Basta olhar no dicionário. Neste caso, ruach e pneuma significam vento, sopro, fôlego, etc... O grande problema surge quando tentamos atribuir o sentido amplo à palavra (não só à ruach, mas a qualquer termo).

Quão abrangente podemos ou devemos ser sem extrapolar os limites do bom senso? Neste pequeno livro dei alguns exemplos de versos onde estas palavras foram traduzidas lato sensu, ou seja, recebendo um sentido mais amplo do que o sentido restrito (de dicionário). O tradutor bíblico usou as palavras mente e ânimo como possíveis traduções com sentido amplo (lato sensu) de ruach.

Creio que em contextos simbólicos (profecias ou parábolas, por exemplo) poderíamos ousar ir um pouco mais longe na abrangência do sentido das palavras, mas se começarmos a interpretar a Bíblia abusando do lato sensu, então as interpretações “corretas” serão infinitas. Um perigo! Portanto, interpretar a palavra ruach como “um ser pessoal” parece ir além dos limites aceitáveis para um interpretação lato sensu. É ir além do que está escrito.

 

Questão 3: Se o espírito de Deus é o fôlego que Deus soprou no homem na criação, por que quando Deus retirou o seu espírito de Saul ele não morreu? Por que Faraó percebeu que em José havia o Espírito de Deus se todos os seres humanos vivos têm este espírito (fôlego que veio de Deus na criação)?

A palavra ruach aparece na Bíblia representando dois conceitos diferentes, mas ambos com o significado de fôlego, sopro, etc... Um dos significados de ruach está associado ao conceito do “espírito do homem”. Quando lemos “espírito do homem” devemos interpretar como seu fôlego de vida, dado por Deus e retirado por ocasião da morte. Todos os seres humanos vivos têm este ruach. Veja este verso:

“E o pó volte à terra, como o era, e o espírito (ruach) volte a Deus, que o deu.” -Eclesiastes 12:7.

Para expressar este conceito, a Bíblia usa a expressão “espírito (ruach) do homem”. Então quando lermos “espírito do homem” podemos entender que se trata do espírito, fôlego de vida, sopro vital sem o qual o ser humano não vive (fisicamente falando). É claro que a origem deste fôlego está no Criador, mas não podemos confundir o que a Bíblia chama de “ruach do homem” com o que ela chama de “ruach de Deus”.

Não é difícil entender a diferença entre o “ruach do homem” e o “ruach de Deus”: Na prática, o “ruach do homem” é a força para a vida física e o “ruach de Deus” é a força para a vida espiritual. Há várias pessoas no mundo que têm o fôlego vital, o “ruach do homem”, e andam, trabalham, comem e bebem, mas não têm dentro de si o “ruach de Deus”. Por isso elas têm o poder físico para sobreviver (que veio de Deus na Criação), mas não têm o poder espiritual para vencer o pecado (que também vem de Deus na Redenção).

Isso explica porque Faraó notou que José era diferente dos demais: Ele não tinha apenas o poder físico, o “ruach de homem” como todos os outros, mas tinha também o poder espiritual, o “ruach de Deus”. Isso também explica porque Deus tirou o Seu Espírito de Saul e este continuou vivendo. Deus tirou o Seu espírito, não o espírito de homem de Saul.

Portanto, não é possível concluir que o ruach de Deus é um ser pessoal e o ruach do homem não é um ser pessoal. Está claro que o “ruach do homem” é o poder físico para a vida biológica que Deus concede a todos os homens. O “ruach de Deus” é o poder espiritual que Deus dá aos que o aceitam e se arrependem. Ambos provêm de Deus, mas nenhum deles é uma pessoa distinta, mas sim um elemento de Deus que nos é concedido.

 

Questão 4: A Bíblia diz que os anjos são espíritos e sabemos que os anjos são seres pessoais. Portanto, ao afirmar que os anjos são espíritos a Bíblia não está dizendo que os anjos são ventos ou fôlego, mas sim pessoas com individualidade própria. Como conciliar isto com o que foi escrito neste livro a respeito da palavra “espírito”?

Você provavelmente está se referindo ao texto de Hebreus 1:14 onde os anjos são chamados de “espíritos (pneuma) ministradores”. Você tem razão quando diz que os anjos são seres pessoais. De fato, muitos anjos foram vistos por profetas, inclusive um grupo de anjos com seis asas foi visto por Isaías (ver Isaías 6:2). Podemos, então, afirmar que todos os espíritos são seres pessoais simplesmente pelo fato dos anjos serem pessoas?

De acordo com a definição de Cristo, um espírito não tem corpo visível, tangível (ver Lucas 24:37 e 39), mas sabemos que os anjos têm forma física. Então por que o autor de Hebreus apresenta os anjos como espíritos se eles têm corpo visível e tangível? Uma contradição? Será que o autor de Hebreus queria relacionar o ministério dos anjos com o sentido original da palavra pneuma (vento)? Parece incrível, mas é exatamente isto que o contexto diz. Os anjos atuam como o vento. Veja o que diz o contexto, Hebreus 1:7: “Ora, quanto aos anjos, diz: Quem de seus anjos faz ventos, e de seus ministros labaredas de fogo.”

O autor de Hebreus diz que Deus “de seus anjos faz ventos (pneuma)”. A palavra pneuma, traduzida como ventos no verso 7, foi traduzida como espíritos no verso 14. Trata-se de uma decisão do tradutor, pois a palavra é a mesma no original grego. Ele poderia ter traduzido pneuma no verso 14 como “ventos”, então leríamos que os anjos são “ventos ministradores”. No verso 7, ele poderia traduzir o pneuma como “espírito”, então teríamos: “quem de seus anjos faz espíritos”.

De fato, apesar dos anjos possuírem corpo, Deus faz deles ministros invisíveis quando atuam entre nós. Atuam como o vento, como se não tivessem corpo físico. Mas isso ocorre porque Deus faz deles espíritos ou, se preferir, Deus faz deles ventos.

O vento tem características que são comuns aos anjos: poder, velocidade e, neste caso, a invisibilidade. Tais características também são comuns aos anjos do inimigo. Por esta razão eles também são chamados de espíritos (pneuma) quando atuam de forma invisível. Até mesmo as atuações invisíveis de Deus entre os homens são comparadas ao vento e atribuídas ao espírito de Deus. (Veja João 3:8 e Atos 2:2 e 4).

Há outros versos na Bíblia relacionando os anjos à atuação do vento. Apocalipse 7 fala sobre os quatro anjos que seguram os quatro ventos para que o selamento fosse concluído. Após o selamento, os ventos seriam soltos para causar destruição. Esta descrição é simbólica, pois não são ventos literais que causarão a destruição pós-selamento. A recomendação do “outro anjo” (ver Apoc. 7:2 e 3) deixa claro que os protagonistas da destruição seriam os anjos de Deus (comparados a ventos neste contexto simbólico).

Há ainda outras referências, sempre em contexto simbólico, associando anjos a ventos, por exemplo II Samuel 22:11, Salmo 18:10, Salmo 35:5, Salmo 104:4 (não há espaço para analisar cada referência aqui). Há também as referências em que Deus promete destruir as nações inimigas com o vento abrasador (Isaías 11:15, por exemplo), mas na prática quem faz a destruição dos inimigos são os anjos (veja o caso dos Assírios e a morte dos primogênitos Egípcios). O que eu desejo destacar é a quantidade de referências que comparam a atuação dos anjos ao pneuma (vento),  por seu poder, velocidade, e, principalmente, por sua atuação invisível.

Tal interpretação bíblica parece ser mais razoável do que a simples aplicação do seguinte silogismo (lógica grega):

  • (Premissa 1) Os anjos são espíritos - pneuma
  • (Premissa 2) Os anjos são seres pessoais. Logo, concluímos que todos os espíritos (pneuma) são seres pessoais. (Conclusão falsa!)

A lógica acima é tão falsa quanto a seguinte:

  • (Premissa 1) Os mamíferos são animais.
  • (Premissa 2) Os mamíferos bebem leite quando pequenos.

Logo, todos os animais bebem leite quando pequenos. (Falso, pois nem todos animais bebem leite quando pequenos)

Resumindo, o pneuma (traduzido como espírito ou vento em Hebreus 1) é a forma de atuação poderosa, veloz e invisível de seres pessoais como anjos de Deus, anjos malignos ou o próprio Deus. Não importa se um anjo atua de forma física e visível ou se atua como espírito (vento), de forma invisível, ele atua de duas formas mas é apenas uma pessoa, não duas. O mesmo vale para Deus que atua através de Seu espírito.

 

Importante:
Quero terminar dizendo que pelo fato de eu ter crido na Trindade durante muitos anos e ter demorado muito tempo na fase de transição (sempre resisti muito), então tenho muito respeito e carinho pelas pessoas que ainda crêem como eu cria no passado. Sempre achei que, por ser ASD de berço, eu tinha toda a verdade. Afinal de contas, os doutores em divindade dos nossos colégios devem saber o que estão falando! Mas hoje desci do pedestal e creio que estou no pré-primário, um aluninho de curso básico. Coloquei-me no meu lugarzinho e por isso creio que tenho muito a aprender. E sempre estou aberto para mudar de opinião, como já fiz. Oro para que Deus nos dê cada dia mais vislumbres de sua Verdade, que é Cristo. -- Ricardo Nicotra.

Leia o livro:

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