2 Testes Simples para Verificar se o Dr. José Carlos Ramos é Deus

 

As duas perto de 90 anos de idade, minha avó e dona Jandira puseram-se a conversar. Minha irmã observava o animado diálogo, e notou um detalhe interessante: ambas falavam ao mesmo tempo, assuntos diferentes. Cada uma contava seu caso, sem ouvir o que a outra dizia. Mas isto parecia não ser problema para nenhuma, e continuavam a falar incessantemente, felizes.

Não se deve rir das duas senhoras. Passam-se os anos, chega a nossa vez... e talvez não encontremos alguém para nos ouvir.

Há muitas pessoas, bem longe dos 90 anos, que já não conseguem ouvir. Já sabem tudo. Salomão os conhecia: “Responder antes de ouvir é estultícia e vergonha” (Prov. 18:13). No debate político, discussões sobre futebol ou polêmicas religiosas, costuma acontecer o mesmo. Os argumentos são para reforçar a própria crença e destruir a do adversário, a qualquer custo. Não importa que o outro lado também possua suas verdades. “Joga-se para a platéia”. Não se responde ao outro. Nos debates religiosos, em geral quem argumenta não o faz para convencer o outro, mas para reforçar a crença de seu próprio rebanho.

Não foi diferente na polêmica sobre a Trindade. Logo que começou, fiquei indignado com a forma que o assunto era tratado pelos que não criam nesta doutrina fundamental do cristianismo. Todos os cristãos sinceros e cultos com os quais eu podia conversar em busca da verdade (não para ganhar uma discussão), criam na Trindade. Troquei alguns e-mails “bravos” com o editor do Adventistas.com., que continuou publicando meus artigos, embora eu deixasse claro que cria na Trindade. Na época, os irmãos Josiel, Elpídio, Jairo, entre outros, escreviam aqui contra a doutrina da Trindade. Eu os lia com suspeição. Não dou crédito automático a nenhuma novidade. Mesmo que pareça correto, é bom examinar com calma, ver outras opiniões. “Examinar tudo e reter o que é bom”.

Então li o livro “A Trindade”. Embora satisfeito com as informações históricas dos Drs. Moon e Reeve, a argumentação do Dr. W. Whidden me convenceu que havia alguma coisa errada. Se a doutrina é verdadeira, por que eles nos tratam como se fôssemos tolos? Porque nos fazem de bobos?

Li também o livro do Ricardo Nicotra, “Eu e o Pai Somos Um”. E distribuí alguns. Caso houvesse erro, as pessoas, com a inteligência e livre arbítrio que receberam de Deus, descobririam e me mostrariam. Todos foram ingratos, não me mostraram os erros, e a maioria ainda se deixou convencer por ele.

Mas, na Revista Adventista de Maio o erudito teólogo, Dr. José Carlos Ramos, finalmente encontra uma falha no livro do Nicotra. Fiquei contente. Até que enfim, pela primeira vez, responde de forma ética, identificando o autor, citando o nome do livro. Em seguida, com argumentação clara, destroça um dos argumentos do Nicotra. Ponto para o teólogo. Vamos todos crer na Trindade de novo.

Ricardo Nicotra se manifestou: “Tirando o último parágrafo do artigo, a matéria me pareceu ser bem respeitosa e, além disso, trouxe alguns dados históricos interessantes”, responde, diplomático. O Nicotra vai me desculpar, mas o melhor mesmo foi o último parágrafo. O penúltimo também foi bom, onde o teólogo, de forma irônica, mostra que a descrença na Trindade levaria a absurdos. Ali, prepara o espírito do leitor para o último parágrafo, (o que desagradou o Ricardo), onde questiona a inteligência e a consciência dos “dissidentes”. Há pessoas reclamando de seu estilo irônico e combativo. Não é errado. O professor argumentou bem, e o ponto alto de seu artigo é exatamente o final. Pelo que entendi, seu interesse era realmente “bater” no Nicotra, intelectualmente. E parece ter conseguido. Qualquer um que ler seu artigo verá que ele possui mais pergaminhos antigos em sua biblioteca que o Nicotra.

 

"O Homem do Deus Sem Corpo"

Gosto do estilo do professor José Carlos Ramos. Sempre que escreve contra a “oposição”, o faz de forma dura. Parece sincero. Se ele não concorda com os “dissidentes” e se acha que sua posição está correta, não precisa ficar com salamaleques e hipocrisia, do tipo “vou orar pelos irmãos”. Mas, porque estaria com tanta vontade de “derrubar” o Nicotra?

Quando o doutor José Carlos Ramos, entrevistado na R.A., há alguns meses, deixou escapar a dúvida se Deus tem ou não um corpo, foi impiedosamente estampado aqui no “Adventistas.com”: “O Deus sem corpo e outras esquisitices dos teólogos adventistas”... E o Ricardo Nicotra bombardeou o pobre teólogo por esta infeliz pergunta. O tema da corporalidade de Deus é complicado, comecei até a ficar com pena do teólogo, imagino-o passando nos corredores da faculdade e ouvindo risadinhas escondidas, alguém dizendo entre os dentes, “olha aí o homem do Deus sem corpo”. Este assunto, embora freqüente com naturalidade os meios teológicos, é tabu entre as classes mais simples, estas, aliás, responsáveis pelos dízimos... portanto, não se fala mais nisso.

Fiquei pensando. O homem não vai deixar por menos. O autor de “A Sinagoga de Satanás”, um dos artigos mais prepotentes já publicados pela R. A. não deixaria esta provocação passar em branco. Mas como dar o troco? Responder à questão? Se afirmar que Deus tem realmente um corpo, receberia perguntas difíceis de pessoas cultas. Se disser que não, seria massacrado pelos que tem certeza. Não convém enfrentar o proletariado. Esta atitude corajosa dos líderes fica interessante em época onde há eleição no Sábado. “Isto fica a critério da consciência de cada um”, dizem, em cima do muro, ou melhor, atrás do muro. Mas na hora de adorar a Deus de joelhos, aí não, aí a consciência não vale, passam o trator em cima da igreja de Poá.

Fiquei esperando a hora da vingança. Mas a encomenda saiu melhor que o esperado. A estratégia com os “dissidentes” sempre foi ignorar até onde possível, depois, lançar difamações, generalizando, nunca dizendo o nome. Vocês perderão seu tempo tentando descobrir o nome de Ennis Méier na literatura oficial adventista. Mas, ataques às suas idéias e até mesmo à sua honra, é fácil. O último artigo do doutor Timm, “a igreja e seus críticos”, é um exemplo de como lançar coisas feias no ventilador. Colocando em um mesmo balaio todos os que discordam da corrupção dos de cima – que não são todos corruptos, é bom lembrar – ele fez seu ingresso glorioso no “clube dos caçadores de hereges”, do qual já faziam parte os doutores José Carlos Ramos e Amin Rodor, às vezes acompanhados pelo pastor Lessa, que intercala fases de bonzinho com períodos de maldade. Assim, o fato do teólogo citar o livro e o nome do Nicotra, é algo inédito.

 

E do ponto de vista da lógica divina?

Imagino alguém ligando para o Nicotra: “você viu?” “Seu nome saiu na Revista Adventista!”. E ele corre para casa, “mãe, mãe, olha eu na revista”, mas quando leu, viu que recebeu o troco por haver provocado o teólogo do “Deus sem corpo”. Mas, embora o artigo tenha o específico propósito de demonstrar que o Nicotra está errado, o teólogo o coloca em uma situação muito melhor que antes.

O doutor José Carlos Ramos referia-se aos dissidentes que não criam na Trindade como “ignorantes”. Agora, diz “quando alguém se arriscar a falar de algo que estudou apenas superficialmente...”

Há uma grande diferença entre um ignorante e um que estudou o assunto, ainda que superficialmente. O teólogo reconhece que o autor do livro estudou - embora não tão a fundo como deveria. “O trabalho do senhor Nicotra é bem elaborado do ponto de vista da lógica humana”, também reconhece ele.

De “ignorante” a alguém que faz um trabalho bem elaborado segundo a lógica humana. O perigo agora é o Nicotra começar a ficar orgulhoso com os elogios e a fama.

O artigo do doutor José Carlos trouxe algumas contribuições notáveis ao estudo da Trindade. E também na esfera da psicologia. Espero que o doutor Timm, especialista em diagnósticos psiquiátricos à distância (vide seu artigo na R.A. de Abril) tenha observado a desenvoltura de seu colega.

Afirma que o trabalho do Nicotra e “outros semelhantes espalhados por aí, é bem elaborado do ponto de vista da lógica humana”, e depois de fazer graça com as supostas conclusões absurdas que o monoteísmo traria, diz: “Quantas revelações se abrem diante de nós pela lógica humana!”

Senhoras e senhores. Quanto ao Nicotra ser da espécie humana, não há dúvida. É normal, portanto, que raciocine como humano. Não se espera que ele raciocine como um computador, um chipanzé, um anjo, ou como Deus. O máximo que ele pode ir com seu cérebro é dentro da lógica humana. Não há possibilidade de extrapolar este limite. Tal raciocínio, tão simples, pode ser estendido sem problemas a todos os seres humanos. Isto inclui o Stephen Hawking, o professor Orlando Ritter e o Papa.

Nenhum homem pode raciocinar com a mente de Deus. Isto inclui o homem José Carlos Ramos. Ele não é Deus. Nem anjo. Seu cérebro funciona estritamente dentro de limites humanos. Se beber muita cachaça, poderá ver jacarés andando no teto de sua casa. Se usar cocaína, terá sensações maravilhosas. Se usar alucinógenos, poderá viajar por outros planetas, conversar com Nabucodonosor ou o mestre Yoda. E depois, pagar o preço com a morte de alguns neurônios. Mas tudo permanece humano, absolutamente humano.

Poderá, se quiser, deixar também que espíritos malignos influenciem sua mente. Mas seu raciocínio continuará restrito aos limites do humano. Poderá também, se permitir, receber influência do Espírito Santo. E, sob sua influência, escrever e fazer coisas maravilhosas. Mas ele continuará humano e dentro da lógica humana. Se, por seu intermédio, bom homem que é, Deus o usar para curar pessoas com câncer, ou fazer machados flutuarem, ou acalmar tempestades, terá sido o poder de Deus, não o dele. Seu cérebro continua humano e sujeito à falhas ocasionais – ou contínuas.

 

Um simples teste: Andar sobre a água numa bacia!

Na questão, há duas implicações óbvias. A primeira é o absurdo. Ele acusa o Nicotra de raciocinar com lógica humana – como se ele, José Carlos, humano, pudesse raciocinar como Deus. A segunda, importantíssima, é que este seu argumento, das revelações que se abrem diante de nós pela lógica humana, é o melhor de todos os argumentos contra a doutrina da Trindade.

Quanto à primeira implicação, parece óbvia, mas há pessoas que acreditam no que dizem os teólogos, sem pensar. Ei, pessoal! Gente! Aqui, momentinho de atenção, por favor. Isto que o doutor José Carlos disse, é absurdo. Ele não tem condição nenhuma de dizer que raciocina com mente divina e o Nicotra, com mente humana. Sim, ele não disse que raciocina como Deus. Mas acusa o Nicotra de não fazê-lo, portanto, é óbvio que considera seu modo de raciocínio superior ao do Nicotra - ou não faria tantas gracinhas depois. Se o seu raciocínio está ao nível do seu oponente, não havia como menosprezá-lo. A única forma de haver sentido em suas palavras, é considerar que ele se coloca como porta-voz, ou ao menos, entendedor da Mente Divina, e exclui o Nicotra desta possibilidade. Porque ele, José Carlos, estaria usando a lógica divina e o Ricardo a humana? Como poderemos julgar isso, qual dos dois fala em nome de Deus, ou com a lógica de Deus?

Para que não digam que estou sendo radical, que não dei uma chance ao teólogo de provar que possui atributos divinos, proponho um simples teste. Em frente à igreja, no UNASP, dando seqüência às comemorações dos 90 anos, será colocada uma bacia cheia de água. E, à vista de todos, o reitor, professor Euler Bahia – (este merece confiança) observará se é água mesmo. A seguir, o doutor José Carlos Ramos, descalço, deverá caminhar sobre a água, sem afundar. Dois passos bastam. Não afundou, serei o primeiro a pedir máximas desculpas e jamais voltarei a questionar qualquer coisa que diga. Afundou, ele pede desculpas, em artigo na R.A., ao Nicotra e a todos os outros a quem vem afrontando e menosprezando porque não crêem como ele.

Considerando que estamos em frente a uma faculdade de teologia, cercado de alunos e professores, é natural que alguém questione o método, pois só Jesus caminhou sobre as águas, mas os profetas transmitiam a palavra de Deus, e, portanto o método apenas provou que ele não é Deus, mas poderia ser um profeta legitimamente instituído e, portanto argumentando com lógica divina etc, etc... está bem, faremos mais um teste.

Embora o professor Euler esteja de saída, seria solicitado apenas mais um favor. Que jogasse dentro da bacia uma agulha de aço. Também verificaria se não há nenhum objeto magnético nas proximidades, incluindo as mangas do terno do teólogo que se sugere portador da lógica divina. Então, repetindo o profeta Eliseu (2 Reis 6:6), ele faria a agulha flutuar, despertando um “ohh!!” de assombro na platéia. É certo que a agulha é mais leve que um machado, mas não há mais machados, nem lenha para cortar no antigo IAE, talvez nem mais as orquídeas do professor Orlando Ritter. A cidade engolfou a escola e destruiu a natureza. E se ele não conseguir? Resposta na R.A. Pedido de desculpas em público.

Mas e se algum estudante do 2º ano de teologia, desapontado por não ver milagre nenhum, questionar porque a prova não é feita também com o Ricardo Nicotra?

Ora, amigo, ao que me consta, o Nicotra nunca pretendeu ser Deus, creio que está cônscio que é apenas humano e sabe que seus argumentos são humanos, não podendo exigir das pessoas que creiam nele automaticamente. Por isso, em seus livros e artigos, procura ser claro, correto, apenas mostrando o que diz a Bíblia e o bom senso exige. Faz uso do dom que Deus lhe deu – a razão – sem querer obrigar ninguém a acreditar nele. Mostra o que está óbvio e claro na Bíblia. Mas não se deve elogiá-lo muito, pois como está ficando famoso, pode envaidecer.

 

Quem sabe, sabe que não sabe...

Cuidado, Nicotra. Deixando o lamaçal da ignorância, você foi alçado ao patamar dos que estudam superficialmente. Mas não pare. Com mais estudo, chegará ao nível dos que estudam profundamente. Alguns mestrados e doutorados depois poderá freqüentar o clube dos doutores da IASD. Se puder seguir adiante, será um filósofo, chegará ao topo, ao lado dos mais sábios de todos os tempos. Ficará junto a Sócrates e o Rei Salomão. Sócrates dirá então com muita sinceridade: “só sei que nada sei”. Salomão, dirá com ar melancólico: “apliquei o coração a conhecer a sabedoria (...); e vim a saber que também isto é correr atrás do vento” (Eclesiastes 1:17).  Demais, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne.  (Eclesiastes 12:12). Resume Millôr Fernandes, (não tão importante como os dois citados acima, mas, nosso contemporâneo): “O mal da cultura é que ela amplia gigantescamente a nossa ignorância”.

Assim é, caro Nicotra. Quanto mais se estuda, mais se sabe que muito mais há para saber. Por isto, os verdadeiros sábios são humildes, não ficam chamando os outros de ignorantes. E a salvação não depende de profundos estudos teológicos, não há nada tão complicado que uma pobre mulher samaritana ao lado de um poço não possa entender.

Fico devendo a explicação sobre onde o artigo do doutor José Carlos Ramos traz um dos mais fortes argumentos contra a doutrina da Trindade. Devo enviá-la ao site em poucos dias, mas é preciso esperar, ver se o homem vai mesmo andar sobre as águas ou fazer a agulha flutuar. Se conseguir, não pretendo nunca mais questioná-lo. Mas, se não aceitar o teste, é porque já sabe do resultado. Terá que se conformar em que os outros também aceitem seus argumentos como mera lógica humana, mesmo que baseados “num amontoado de passagens bíblicas”. -- Tales Fonseca

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Se você lê em inglês, clique neste link -- Matthew 2819 -- para ter acesso a informações confiáveis acerca da possibilidade de que a fórmula batismal trinitariana tenha sido acrescentada já no quarto século ao Evangelho de Mateus.

O teólogo responsável apresenta fortes evidências históricas para a defesa dessa posição, fundamentadas no testemunho de um dos mais importantes historiadores do cristianismo primitivo, Eusébio de Cesaréia.

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