Quinta-feira, 9 de março de 2000 10:49:00
Israel estuda ardil para proteger Papa no sábado judaico


Reuters

Por Paul Holmes

JERUSALÉM - Israel pode recorrer a um estratagema sutil com um helicóptero para acalmar a indignação despertada entre judeus ultra-ortodoxos pela profanação do sábado judaico durante a visita do papa João Paulo 2º à Terra Santa neste mês.

Alguns judeus ultra-ortodoxos estão indignados com o fato de que pilotos da Força Aérea israelense terão que transportar o papa por diversos lugares em Israel durante o dia de descanso, violando a lei religiosa que proíbe a maioria das formas de trabalho e deslocamento aos sábados.

Um representante do governo israelense disse na quinta-feira que uma opção que está sendo analisada seria "emprestar" um helicóptero Blackhawk da Força Aérea à polícia durante o sábado e pintar o aparelho com as cores da polícia. Os pilotos militares integrariam a reserva policial.

"Em termos filosóficos, a polícia cai numa categoria diferente dos militares em termos de flexibilidade de atuação no sábado", disse o representante do governo. "Essa possibilidade seria tolerável para os rabinos."

O representante disse que outras opções para pôr fim à discussão também estão sendo estudadas, mas não revelou quais são.

Em Israel, muitas tarefas militares de rotina são suspensas no sábado religioso, que começa ao pôr-do-sol da sexta-feira e vai até logo antes do pôr-do-sol do sábado. Mas o trabalho policial pode ser enquadrado na lei judaica que autoriza o trabalho de salvamento de vidas feito aos sábados.

O papa João Paulo 2o vai visitar Israel e Belém, sob governo palestino, entre 21 e 26 de março, numa peregrinação histórica em que vai seguir o caminho percorrido por Jesus.

http://www.bol.com.br/noticias/destaques/2000/03/09/0014.html 


Protestantes Pedem a Adventistas Alemães que se Arrependam pelo Nazismo

Pedem aos estadounidenses que revisem sua atitude com os afromamericanos

MADRID, 9 mar (ZENIT.org) - A comunidade protestante de Espanha acolheu positivamente o documento da Comissão Teológica Internacional no aspecto do convite aos pastores e fiéis católicos a pedir perdão pelos erros históricos cometidos pela Igreja católica. Pedro Tarquis, porta-voz da Federación de Entidades Religiosas Evangélicas de España (Ferede), afirmou à agência «Servimedia» que a «mea culpa» que o Papa assumirá no próximo domingo constitue um passo positivo.

Certamente, Tarquis constata que no pedido de perdão há poucas alusões ao protestantismo, embora assegure que «na Inquisição, milhares de protestantes morreram condenados pela Igreja católica», e tanto o Papa na cerimônia do próximo domingo, como o documento da Comissão Teológica são muito claros ao enfrentar a autêntica natureza deste erro.

Por outro lado, reconheceu que a Igreja evangélica alemã deveria pedir desculpas por alguns de seus comportamentos durante o nazismo. Do mesmo modo, algunas Igrejas evangélicas norte-americanas deveriam reconhecer os direitos fundamentais da população negra. O exame de conciência da Igreja católica neste final de milênio não está sendo seguido por muitas confissões nacionais surgidas da Reforma, con exceção de algum caso isolado como o da Suiça.

Por sua vez, Alberto Benasly, presidente da Liga Antidifamiación e membro da Secretaria General de la Federación de Comunidades Judías de España, declarou que o documento da Comissão Teológica Internacional «é positivo».

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A Igreja Pede Perdão

Vaticano divulga documento que lista seus erros

ARAUJO NETTO
Correspondente

ROMA - "O corpo da Igreja está cheio de cicatrizes e próteses, suas orelhas estão cheias de canto do galo evocativo de renegação, o seu diário é cheio de encontros fracassados por negligência ou lassidão" - a partir desse reconhecimento o cardeal Roger Etchegaray, presidente do Comitê do Grande Jubileu Internacional do Ano 2000, começou a explicar ontem, no Vaticano, para 400 jornalistas, a Jornada do Perdão do próximo domingo, em que João Paulo II, numa missa solene na Basílica de São Pedro, realizará o desejo de, com um ato de coragem, purificar a memória e reconciliar-se com a História do catolicismo.

Um importante passo de penitência que, mesmo sendo público, o cardeal Etchegaray advertiu: "não pode assumir o aspecto de uma espetacular autoflagelação e muito menos ser observado com doentia curiosidade". O segundo dos cinco explicadores reunidos na sala de imprensa do Vaticano para analisar o documento Memória e Reconciliação: a Igreja e as culpas do passado, foi o cardeal Joseph Ratzinger, presidente da Congregação da Doutrina da Fé e da Comissão Teológica Internacional, autora do texto que será enviado às lideranças de todas as outras religiões.

Culpas - Com grande objetividade, o cardeal Ratzinger sintetizou o espírito do documento divulgado ontem e o da Jornada do Perdão de domingo: "A Igreja dirá que não pode condenar suas culpas do passado, mas as reconhecerá presentes em suas próprias raízes." Ratzinger acrescentou: "Além disso, a consciência dos erros cometidos no passado contribui para não nos fazer sentir os ‘grandes heróis do mundo’ - e isso nos ajuda no diálogo com os outros para melhorar o mundo".

Comentando as sempre perigosas relações da Estado com a Igreja, Ratzinger recordou a resposta atribuída ao cardeal Consalvi, secretário de Estado da Santa Sé, em 1804. Prevenido de que o grande desejo de Napoleão Bonaparte era o de destruir a Igreja, o cardeal tranqüilizou seu interlocutor: "Ele não conseguirá, porque nem nós mesmos conseguimos. Se a Igreja resistiu a nós, resistirá também a Napoleão".

A monsenhor Piero Marini, mestre das celebrações litúrgicas, coube a missão de especificar os pedidos de perdão que o papa fará. Sem fazer referência a personagens, datas ou fatos específicos, João Paulo II se limitará a mencionar genericamente os pecados pelos quais pedirá perdão. Erros na verdade, já reconhecidos pelo Papa em momentos anteriores.

OS SETE PECADOS DE ROMA

No documento divulgado pelo Vaticano, a Igreja se desculpa pelos seguintes erros:

1) Pela intolerância e violência contra os dissidentes, guerras de religiões, violências e abusos nas cruzadas, métodos de coação na inquisição: todos pecados cometidos a pretexto de servir a verdade.

2) Pelas tentativas de purificar a memória e de obter verdadeiras conversões.

3) Pelo recurso às excomunhões, perseguições e divisões, todos pecados que comprometeram a unidade do Corpo de Cristo.

4) Pela prática do desprezo, os atos de hostilidade, de omissão e silêncio, reconhecidos como pecados praticados no âmbito das relações com o povo da primeira Aliança, Israel.

5) Pelos vários gêneros de pecados contra o amor, a paz, os direitos dos povos, o respeito às culturas e às outras religiões, no cumprimento da Evangelização.

6) Pelos atos contra a dignidade humana e a unidade do gênero humano, praticados contra as mulheres, raças e etnias.

7) No campo dos direitos fundamentais da pessoa e contra a justiça social, cometidos contra os "últimos", os pobres, os recém-nascidos, com a prática de injustiças econômicas e sociais e da marginalização.


8 de Março, 2000 8:43 AM hora de Nova York (1343 GMT)

João Paulo II Pedirá Perdão pelos Pecados dos Católicos

João Paulo II: beijo na cruz e perdão simbólico  

CIDADE DO VATICANO -- No próximo domingo, o papa João Paulo II irá beijar um crucifixo e pedir um perdão histórico pelos pecados cometidos em nome da Igreja Católica Romana. Será o Dia do Perdão, que culminará com uma missa na basílica de São Pedro.

A confissão dos pecados é um dever de todos os católicos. Mas esta será a primeira vez que a igreja fará uma admissão tão veemente de erros do passado, datados especialmente da época da "Santa Inquisição".

"Repleta da santidade recebida de Nosso Senhor, a igreja se ajoelha perante Deus e implora Seu perdão pelos pecados passados e presentes de seus filhos", disse o cardeal Roger Etchegaray, presidente da Comissão do Jubileu 2000 do Vaticano.

Na semana passada, um documento cuidadosamente redigido pelo Vaticano citou uma amplidão de pecados cometidos durante o Holocausto, a Inquisição, as Cruzadas e atos contra outros cristãos em guerras santas.

A Igreja Católica, que vem procurando melhorar as relações com o judaísmo, admitiu, há dois anos, que alguns cristãos cometeram o pecado da omissão durante a perseguição aos judeus na Segunda Guerra Mundial.

O novo documento do Vaticano disse que é importante preservar "a memória moral e religiosa" do mal causado aos judeus.

"Nessa área, muito ainda tem que ser feito. Mas esse assunto deve ser confirmado e aprofundado", acrescentou o documento.

Nem todos os judeus ficaram satisfeitos; para eles, o Vaticano deveria ter condenado a chefia da Igreja Católica por seu fracasso em salvar os judeus. A Santa Sé e João Paulo II defenderam firmemente o papa Pio XII, que liderou os católicos durante a Segunda Guerra e é candidato à beatificação.

Este filósofo foi queimado vivo em uma praça de Roma durante a Inquisição  

O grão-rabino de Israel, Meir Lau, classificou a mais nova referência ao Holocausto como "bastante decepcionante".

"Não acrescenta nada a declarações feitas no passado", comentou. "É impossível corrigir um crime do passado sem mencionar, por exemplo, que Pio XII não disse uma única palavra sobre as vítimas (do Holocausto)".

O Vaticano também reconheceu os atos de violência e opressão praticados durante a Inquisição, quando um filósofo foi queimado vivo em uma praça de Roma. Além disso, a Santa Sé pedirá perdão pelos missionários que desrespeitaram as diversas culturas e religiões do mundo.

O ato de confissão abrangerá pecados contra mulheres, pobres, dissidentes, grupos étnicos e o que a igreja chama de "não nascidos", uma referência ao aborto.

O documento, porém, reconhece apenas os pecados daqueles que agiam "em nome" da igreja; não admite qualquer pecado praticado pela própria igreja ou por seus papas. Ambos são considerados infalíveis.

(Com informações da Associated Press)

Fonte: João Paulo II pedirá perdão pelos pecados dos católicos


RELIGIÃO
Pela 1ª vez, Campanha da Fraternidade deste ano terá presença de entidades cristãs, além da católica
Igrejas cristãs se unem contra exclusão

OTÁVIO CABRAL
da Sucursal de Brasília

O Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (Conic) lança hoje a 37ª Campanha da Fraternidade. O tema da campanha deste ano é "Dignidade Humana e Paz - Novo Milênio sem Exclusões". É a primeira vez em 37 anos que a Campanha da Fraternidade tem a participação de outras igrejas cristãs além da Católica.

O objetivo principal da campanha é "resgatar a dívida que os cristãos têm com os povos indígenas", de acordo com o secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Raymundo Damasceno.

O lançamento ocorrerá às 14h30 na Catedral Anglicana de Brasília. Fazem parte do Conic as igrejas Católica, Ortodoxa Síria Brasileira, Cristã Reformada do Brasil, Episcopal Anglicana, Evangélica Luterana, Metodista e Presbiteriana Unida.

Dom Raymundo explica que as sete igrejas criaram um fundo comum, denominado de Coordenadoria Ecumênica de Serviços (Cese), para administrar 40% do dinheiro arrecadado entre os fiéis. A expectativa do Cese é que o fundo arrecade cerca de R$ 2 milhões, que serão utilizados principalmente em programas de auxílio aos indígenas. A menor parte da verba será destinada a projetos de combate à seca no Nordeste.

"O objetivo de destinar a verba aos índios é dar um acento de 500 anos de Descobrimento à campanha e resgatar parte das dívidas sociais que os cristãos têm com as comunidades indígenas", disse. O pedido de perdão aos indígenas faz parte de um projeto da Igreja Católica para a celebração dos 500 anos de Descobrimento. Na semana passada, a CNBB concluiu um documento no qual a igreja reconhece falhas e pede desculpas oficialmente pelos erros e ambiguidades do processo de colonização no país.

O documento será divulgado como uma carta aberta à população brasileira e repassado aos 300 bispos do Brasil em 26 de abril, em Porto Seguro (BA), quando serão comemorados os 500 anos da primeira missa rezada no país.

Os outros 60% do dinheiro arrecadado na Campanha da Fraternidade (cerca de R$ 3 milhões) serão utilizados pelas igrejas e dioceses em campanhas para auxiliar populações carentes, principalmente sem-terra e sem-teto.

Às 20h30 de hoje, redes de TV e de rádio irão transmitir uma mensagem do papa e de líderes das outras igrejas participantes do Conic anunciando o início da campanha. A partir de amanhã, anúncios publicitários com o tema da campanha serão divulgados. A CNBB não quis revelar o valor da campanha. A participação de outras igrejas na campanha, segundo dom Raymundo, foi sugerida pelo papa João Paulo 2º.

http://www.uol.com.br/fsp/brasil/fc0803200008.htm


Fraternidade e ecumenismo

Cresceu entre as igrejas a consciência do valor da unidade e da urgência de sua reconstituição

LUIZ DEMÉTRIO VALENTINI

Para os cristãos, o novo milênio traz evidentes apelos de unidade. A trajetória da Igreja pode ser lida sob o prisma da unidade, como um traço a definir sua maior ou menor fidelidade na vivência do Evangelho. Pois a dimensão de unidade é fundamental e decorre do próprio mistério de Deus, que é mistério de comunhão.
Tanto assim que Cristo o relaciona diretamente com a unidade dos seus discípulos: "Que todos sejam um, como tu, ó Pai, estás em mim, e eu em ti, (...) para que sejam perfeitos na unidade" (Jo 17, 21-22). Não poderia haver vinculação mais direta, e apelo mais premente, para a vivência da unidade, fundada na exigência do próprio mistério de Deus.

No último século, cresceu entre as igrejas a consciência do valor da unidade e da urgência de sua reconstituição, diante das divisões acontecidas entre os cristãos. Ao mesmo tempo, cresceu a pulverização de denominações, num fenômeno que agrava o panorama das divisões. Assistimos agora a duas tendências, aparentemente contraditórias: de um lado, igrejas históricas, com tradição estabelecida e comprovada por séculos, despertam para a urgência da unidade e se põem a caminho do diálogo e da busca de superação das divisões. Por outro lado, igrejas recentes, sem nenhum compromisso com a unidade, em atitude proselitista, criam novos fatores de divisão e incentivam uma postura de disputa e de concorrência na busca de afirmação de suas próprias instituições.
No meio disso, levar adiante o processo de unificação dos cristãos, apontado com tanta urgência pelo Evangelho, e estancar novas cisões se constitui num grande desafio e numa grande incógnita neste limiar de novo milênio.

No Brasil, as igrejas que compõem o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, que é entre nós a réplica do Conselho Mundial de Igrejas, aderiu à proposta da Igreja Católica de assumir ecumenicamente a Campanha da Fraternidade que começa hoje. Essa campanha, que permanece com um tema aberto aos problemas sociais, foi assumida já na sua preparação pelas sete igrejas que integram o Conic: a Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa Siriana, a Igreja Episcopal Anglicana, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, a Igreja Metodista, a Igreja Presbiteriana Unida e a Igreja Cristã Renovada.

A campanha será uma preciosa oportunidade para os membros dessas igrejas firmarem seu compromisso ecumênico, de respeito mútuo, de abertura ao diálogo, de estima recíproca e de superação de preconceitos históricos. E será também uma oportunidade para convidar membros de outras igrejas a aderirem a ela, como uma ocasião para também aderir à atitude ecumênica, com os desdobramentos que essa abertura vai nos solicitando.

Em todo caso, já é um princípio promissor termos no ano 2000 essa oportunidade de vivência prática do ecumenismo, a propósito de uma iniciativa, a Campanha da Fraternidade, que já conta com adesão tão ampla da própria sociedade. Os problemas reais da população são o caminho mais seguro para as igrejas encontrarem o rumo de sua autenticidade evangélica e de sua unidade em Cristo.


D. Luiz Demétrio Valentini, 59, é bispo diocesano de Jales (SP). Foi responsável pelo setor Pastoral Social da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) de 1991 a 99.

Fonte: http://www.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0803200009.htm


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