Deus Tem um Povo ou uma Igreja na Terra?

Quem é o povo de Deus? (Primeira parte)

Por Lindenberg Vasconcelos

Quando observamos a preocupação de Deus com a salvação da humanidade, em todos os tempos, Ele sempre procurou estabelecer um vínculo ou elo de preservação de Suas Palavras, independente de nações. Para Ele, o que estava em jogo era a continuação de Suas verdades. Da Sua relação com os seres humanos. Seu interesse estava voltado para o plano da Salvação e o restabelecimento de sua imagem perante o universo.

Vejamos:

1. Isaías 43:24 " Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados, me não lembro";

2. Isaías 48:9 " Por amor do meu nome retardarei a minha ira, e por amor do meu louvor me conterei para contigo, para que te não venha a cortar";

3. Ezequiel 20: 9, 14, 23 e 44 " ...por amor do meu nome..."

Quando Deus pediu para Abraão sair de sua terra, e ir para outra que Deus lhe mostraria, foi lá, por aquelas pairagens, que ele entrou em contato com um sacerdote do Deus altíssimo chamado de Melquizedeque. Vejamos: Gên.14:18 "E Melquizedeque, rei de Salem, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus altíssimo". Quatrocentos anos depois, já estabelecida a nação dos Hebreus, ou habirus, mesmo vivendo como escravos no Egito, Moisés, antes de ser o libertador desta mesma nação, fugindo para o deserto de Midiã, entrou em contato com Jetro, e este era sacerdote: Êx.3:1 " E apascentava Moisés o rabanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho, atrás do deserto, e veio ao monte de Deus, a Horobe".

Podemos observar que Deus era conhecido de muitas nações. E muitas delas O adoravam como Deus verdadeiro. Embora o politeísmo era a marca de muitos povos, Deus também era conhecido de muitas nações. Nunca foi intenção dEle ser marca ou patente de uma nação ou povo peculiar. Muito pelo contrário, Era seu propósito ser conhecido e adorado por todos. É claro que nem todos tinham o correto conhecimento dEle. Mesmo assim, Ele aceitava a adoração da parte deles. Uns tinham mais luz que outros. Todavia, Ele julgava a medida da luz que era conhecido.

Quando foi prometida a terra para Abraão, Deus foi muito claro com ele ao afirmar que o próprio Abraão não desfrutaria dessa terra prometida. Ali havia povos que conheciam a Deus e muitos que O haviam rejeitado voluntariamente, porém, nem todos tinham atingido o limite da misericórdia divina. Para que tal ato acontecesse, era preciso que tais povos expulsassem a Deus completamente de suas vidas. Assim, sua destruição (a destes povos) seria por causa do distanciamento deles em relação a Deus. Precisamos entender que Deus não é um sadomasoquista interessado no sofrimento humano. Ou que Ele vai destruindo todos aqueles que não o adorem. Não é bem isso.

Acontece que aqueles povos se colocaram num lugar tão distante, ou avançaram em suas iniqüidades que, infelizmente, a bondade de Deus não mais os alcançariam. Por isso, eles se destruíram, e não Deus os destruiu. Veja o que está escrito em Gên.15:13 a 18; principalmente o 18 que diz: " e quarta geração tornará para cá, porque a medida da injustiça dos amorreus, não esta ainda cheia".

A intenção de Deus era que todos os povos O adorassem livremente. Não importando a cor da pele, língua ou nação. Deus é de todos e para todos. Sendo assim, Ele jamais foi exclusivo de uma raça, povo, nação ou língua. E hoje, igualmente, Ele não é marca registrada de uma determinada denominação ou igreja. Deus não é propriedade de nenhuma religião ou credo. Ninguém será salvo somente se seguir o credo ou ensinamentos de uma determinada igreja. A salvação não está limitada ou condicionada a uma igreja ou confissão religiosa.

Deus tem verdades essenciais e são tais verdades que têm importância para Ele. E essas verdades estão esparramadas por todo cristianismo. E não algo isolado ou circunscrito a uma igreja. A salvação foi um " ato de Deus em Cristo - I Cor. 5:19 " Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação". Como vemos, a salvação foi um ato de Deus em Cristo e não de uma Igreja e seus membros. A salvação não está condicionada a placa de uma igreja, de uma denominação, instituição ou organização filantrópica.

Houve um tempo em que Deus desejou fazer de Israel um povo separado para ser depositário de seus oráculos sagrados. O que vimos foi um povo orgulhoso e que restringiu a salvação aos próprios Israelitas, o conhecimento a cerca de Deus virou orgulho nacional. O não judeu era considerado um cão (um ser desprezível).

O gentio ou pagão era olhado com desprezo e isolado da comunidade de Israel. Tal orgulho afastou Israel das demais nações. O isolacionismo foi a marca registrada durante muito tempo do povo Hebreu. Se julgavam os detentores da verdade. Deus era exclusivo da nação de Israel. Esse foi um dos maiores erros desde povo. E parece que continua sendo de algumas denominações no tempo presente. 

Quando um povo religioso arroga ter o monopólio da verdade ou quer patentear a  Deus, o mesmo deseja restringir as misericórdia de Deus apenas e tão somente para si. Deus, a Bíblia, O plano da salvação, etc. não pertence a alguém em particular ou a um determinado grupo religioso. Essa é a visão mais medíocre que  alguns religiosos podem ter atualmente.

Então, pós calvário, Deus resolveu "borrifar" a Suas verdades a todos os gentios, e não somente aos judeus. Coube aos cristãos serem os novos disseminadores dessas verdades. Porém, não deveriam repetir os erros do povo de Israel. A salvação não estava e nunca esteve condicionada a apenas a uma nação ou algumas pessoas.

O problema começou quando uma ou outra igreja cristã resolveu ser a detentora dessas verdades. Isto é, " nós temos a verdade e você só será salvo se seguir os nossos ensinamentos". E a partir do ano cem, vamos encontrar os "pais da igreja" brigando por tais verdades e acrescentando outras. Cada um querendo ser o detentor da verdade. Por toda idade média, a Igreja Romana perseguiu e queimou aqueles que não concordavam com suas idéias. Chegando mesmo a instituir um tribunal para julgar tais hereges. Parece que essa mesma postura a Organização adventista tem adotado com todos aqueles que lhe causem algum desconforto. O espírito de ajuda, de oração, de erguimento, de conforto e consolação raramente é manifestada na vida dos pastores, salve algumas exceções. Iremos aprofundar esse assunto nos próximos artigos, aguardem.

Bem, chegamos aos séculos dezenove e vinte e, pelo que parece, a briga ficou meio generalizada. As igrejas cristãs, em especial algumas denominações, estabeleceram credos e doutrinas condicionando a salvação à aceitação de seus dogmas de fé. A próprio Igreja Adventista do Sétimo Dia condicionou a salvação, por muito tempo, a guarda do sábado e as leis de Deus. A preocupação era mais a pregação do sábado do que a salvação em Cristo Jesus. Isso quando não entrava pelos caminhos do regime alimentar. E ainda hoje é assim, só que um pouco mais velada, para não causar tanto impacto assim.

No fim do século dezenove nasceu a Toda Poderosa Organização Adventista, a detendora das verdades de Deus para os últimos dias. Arrogou para si a única Igreja depositária de toda verdade. Aquela que seria a "reparadora de roturas, restauradora de veredas". Dessa forma, deu um "chega prá lá" nas demais igrejas.

Porém, o mesmo orgulho religioso que destruiu os Israelitas começou a minar a pureza doutrinária dada à Igreja Adventistas do Sétimo Dia. A doutrina em si é verdadeira e pura, porém, a cúpula está pervertendo tudo aquilo que lhe foi confiado. Hoje, a Organização Adventista está mais para uma Empresa Multinacional, com muitos líderes retrógrados e falidos; com raras exceções. Seus interesses empresariais são dois: números de clientes (almas) e faturamento (dízimos). Quando um cliente é poderoso, financeiramente falando, as regras elementares do Manual da Igreja, e mesmo as doutrinas, são deixadas de lado.

Muitos irmãos sabem disso, porém, não ousam desafiar a Organização. Acham que a obra ou aqueles que a dirige são "homens de Deus". E, por isso, nada deve ser questionado. Tudo deve ser aceito garganta abaixo e pronto. A Organização "falou, tá falado"! A humildade de muitos faz com muitos erros, e graves erros, sejam cometidos no seio da igreja. A coisa que todo adventista mais teme é a famosa "exclusão do livro da igreja" - sinônimo de apostasia. Pensam que, excluídos do livro de uma igreja, "perdem automaticamente a salvação". Transferem a salvação em Cristo Jesus para um livro de papel. Mais ou menos assim: "Enquanto meu nome estiver no livro da igreja, tenho a salvação. No momento que eu for excluído, estarei fora da eternidade".

Como pastor tive, muitas vezes, de tirar essa idéia da cabeça de muitos irmãos. A culpa é de um ministério que deseja controlar a vida da irmandade. Aliás, número de cliente e faturamento é a preocupação principal. Durante toda a história da humanidade os seres humanos sempre foram salvos pela graça, mediante a fé; e não devido a um livro ou igreja. Os irmãos precisam para de temer e "tremer" diante de pastores. É claro que o respeito para com os mesmo é verdadeiro, porém, são seres falíveis tanto quanto você e eu. Devemos tomar o devido cuidado com as palavras de um ministros, pois nem tudo que ele fala é de Deus ou provém de Deus. Diz a Srª White:

"Deus nos  deu Sua Palavra para que pudéssemos familiarizar-nos com os seus ensinos e saber, por nós mesmos, os que Ele de nós requer...Não basta termos boas intenções; não bata fazermos o que se julga ser direito, ou o que o ministro diz ser o correto. A salvação de nossa alma está em jogo, e devemos examinar as Escrituras por nós mesmos. Por mais fortes que possam ser nossas convicções, por maior confiança que tenhamos de que o ministro sabe o que é a verdade, não seja este o nosso fundamento. Temos um mapa dando todas as indicações do caminho, na jornada em direção a Céu, e não devemos estar a conjecturar a respeito de coisa alguma". GC, 603 e 604; 35ª edição.

Assim irmãos e amigos, nos últimos dias haverá pastores e pastores. A Igreja e as igrejas. Cuidado onde você está colocando o seu firme fundamento. Não confie demasiadamente e nem cegamente com as palavras pronunciadas por um ministro. Ele poderá está tão ou mais confuso quanto você. Temos o exemplo dos Bereanos para seguir. Assim, errar é humano, mas persistir no erro é...

Até o próximo. Um abraço. -- Dr.Lindenberg Vasconcelos. (Leia e opine sobre o assunto. Estamos solicitando que todos aqueles que enviarem e-mails para: psicolin@cable.splicenet.com.br, enviem uma cópia para: adventistas@adventistas.com.)

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