Tales Fonseca Desiste de Colocar Todos os Teólogos Num Saco e Jogar no Rio

 

Se ainda não o fez, você deve primeiro ler o artigo:
Afinal, Para Que Servem os Teólogos? (Clique!)

 

Retratação:

Recebi alguns conselhos e pensei melhor. Tenho vários parentes que são obreiros, e muitos pastores que são meus amigos. Realmente, a idéia de pegar todos os teólogos, colocar em um saco e jogar dentro do rio não está correta. Por isso, com humildade, venho aqui mudar a proposta.

Primeiro, não é para jogar todos os teólogos. Só os adventistas, pois não conheço bem o trabalho dos outros, poderia haver injustiça.

Segundo. Antes de colocá-los no saco, cada um deles deverá receber duas chineladas no traseiro.

É evidente que uma proposta destas precisa ser explicada tim tim por Timm Timm.

 

Razões da primeira chinelada

A primeira chinelada é por um atributo inerente à maioria deles. A segunda, pela função que desempenham.

“Após a produção dos últimos livros inspirados da Bíblia (possivelmente o corpus joanino), a igreja patrística que daí se seguiu caracterizava-se basicamente pelo lectio divina, ou seja, todos refletiam de modo doutrinário e contemplativo sobre a Palavra de Deus.” “...Eles eram pobres e perseguidos. Não possuíam propriedades, e nem mesmo cogitavam o que seria uma Faculdade de Teologia.”

O parágrafo acima foi extraído da Revista Teológica do SALT-IAENE, vol. 4 nº 1, Janeiro a Junho – 2000, do primeiro artigo da revista, “Teologia Adventista: Seu Lugar e Função Na Igreja Remanescente”, autoria de Rodrigo P. Silva, apresentado como “doutorando em teologia sistemática”. A revista é muito boa, e as edições seguintes trazem artigos excelentes. Este artigo é um dos melhores e até já foi reproduzido aqui com o título bombástico de: Professor do IAE 2 Diz que Teólogos Devem Respeitar Reflexões Bíblicas de Leigos

Nos parágrafos seguintes, ele mostra como a teologia deixou gradativamente de ser bíblica e formada nas igrejas, e passou a ser escolástica e aristotélica. A Bíblia tornou-se um livro morto  de conteúdo desconhecido, e os teólogos estudavam as sentenças e comentários de outros teólogos. O peso dos argumentos não estava na Palavra de Deus, mas nos autores (auctoritates).

O Dr. Rodrigo mostra então que a teologia quase aniquilou a ciência, já que os governantes, dominados pelo poder papal, condenavam qualquer avanço como bruxaria. Surgiram, em conseqüência, os movimentos da reforma e a Revolução Francesa, que também eram antagônicos entre si. E a teologia protestante se transformou em especulação filosófica. Mas, a Providência Divina faz surgir na história da teologia o movimento Adventista, que continuaria a reforma a partir do ponto em que foi estagnada.

Com muita inspiração, o dr Rodrigo considera então sobre “A Função e o Lugar da Teologia Adventista”.

 

Propostas do Dr. Rodrigo

“Onde nossa teologia deve cuidar para não se tornar friamente medieval como ocorrera à teologia protestante?”

Ele propõe, então, algumas soluções. Primeiro, impedir que “nossas faculdades não se tornem um esfacelado conjunto de matérias e especializações sem nenhuma correlação entre si”, como fazem católicos e evangélicos, segundo ele. “O teólogo não pode se deixar confundir com um médico especialista que só cuida dos ouvidos, negando-se a fazer uma cirurgia do pulmão”, exemplifica ele.  Depois, com palavras difíceis, ele mostra que não há razão na teologia que não ser útil ao trabalho do Pastor. Parabéns, doutor Rodrigo. Como dito na primeira parte, os teólogos que são Pastores merecem e têm meu total respeito.

Sua segunda proposta é a de que “o teólogo diplomado deve respeitar até a mais simples demonstração sincera de fé. Afinal, a sabedoria da religião é maior e muito mais antiga que a ciência da religião.” Novamente, é preciso aplaudir.

A terceira proposta é que, confrontado com questões acadêmicas e racionais, ele deve ter uma clara convicção da verdade. “Ou mantemos a convicção de que existe uma verdade para a qual caminhamos, ou cairemos na idéia de que tudo é relativo e já não existem valores absolutos.” “...nossa convicção máxima deve ser ‘restaurar as verdades’ que a história dos homens deturpou”.

A quarta proposta é que a teologia não deve ser “genitiva”, criando coisas como “teologia dos pobres”, teologia dos negros”, “teologia da mulher”, mas que só existe uma teologia, a partir de Cristo, e sob esta ótica, fala-se então do pobre, do negro, da mulher, imitando o exemplo de Jesus.

A última proposta do dr. Rodrigo P. Silva: O melhor lugar para a teologia é a igreja local, com seus problemas, dúvidas e desafios.”  Não há “cargos de primazia ou inferioridade em relação uns aos outros. Todos devem ser servos uns dos outros e a teologia adventista tem de ser construída por todos (leigos e pastores), alicerçados na palavra de Deus. Grande erro cometeu o catolicismo, por fechar o saber da fé nas mãos de sacerdotes doutores em divindade”. “Todo membro da igreja adventista, independente de sua formação acadêmica (ou até da falta dela) deveria ser um teólogo. Afinal, o que é um teólogo senão um cristão refletindo sobre sua fé?”

Bem, terminando de ler as excelentes considerações do dr. Rodrigo, a gente sente um alívio. Que bom, poderemos nos reunir uns nas casas dos outros, e estudar a Bíblia. Ninguém vai nos perseguir, maltratar, caluniar, disciplinar ou cortar da igreja se vemos as coisas de forma um pouco diferente. Obrigado, dr. Rodrigo. Você é um teólogo pastor, que Deus abençoe seu ministério.

 

Dá para acreditar?

Mas, o que houve no Paraná? É o mesmo dr Rodrigo? O autor do artigo é o mesmo autor do E-mail incluído no artigo Dá para acreditar na isenção de um Pastor que fez seu Doutorado em Teologia pela Faculdade Católica Nossa Senhora de Assunção?

“Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem.” (Mat. 23:3.)

Agora, doutor, em sua homenagem, a razão da primeira chinelada no bumbum:

Durante séculos, os leigos, os pobres, e principalmente, os que pensavam diferente, foram massacrados pela igreja. Milhares foram mortos, torturados, queimados, estripados. Em nome da unidade da fé, tinham seus pés colocados em uma bota de cobre onde era despejado chumbo derretido. Ou, cobertos de banha, os pés eram lentamente assados nas brasas. As mulheres tinham os seios arrancados com uma aranha de ferro aquecida. Havia também o regador de chumbo derretido, a pêra bucal, o banco para descascar o herege vivo, instrumentos para arrancar as unhas e esmagar lentamente os testículos, o fatiador de língua, etc.

Se seus instintos sádicos pedem mais, caro leitor, recomendo o livro Da inquisição à liberdade religiosa no raiar do novo milênio, do dr. Célio Roberto Stange, onde há fotos e figuras destes e de vários outros instrumentos usados para convencer os mais fracos que os mais fortes estavam certos.

Enquanto isso, o que faziam os teólogos? O que discutiam? Abobrinhas!

Os teólogos apenas davam subsídio para os administradores exercerem sua autoridade, e para os ricos ficarem mais ricos às custas dos pobres. Isso sempre foi assim, a Bíblia mostra esta situação em todas as épocas. A corrupção sempre grassou entre as elites, e os pobres é que pagavam o pato. Enquanto isso, o que faziam os teólogos? Discutiam abobrinhas.

Mas isto já passou. Estamos em um novo tempo, onde o braço secular já não permite fogueiras ou instrumentos de torturas. Temos também novos teólogos, que hoje usam terno, e, sorridentes, nos dizem que somos todos iguais. Mas a situação, para quem está em baixo, não mudou muito.

Presidente põe e tira, mandam e desmandam, oprimem, causam terror entre os obreiros. O que acontece? Nada. O que dizem os teólogos? Nada. Estão discutindo coisas mais importantes.

Houve um massacre, um leigocídio, em Poá, SP. O que disseram os teólogos? Nada. Estão discutindo coisas importantes.

Um presidente de Associação na África ajuda a matar mais de mil membros da igreja e é condenado pela ONU. O que dizem os teólogos? Nada. Estão discutindo coisas importantes.

Obreiros calados, pois sabem que, se falam, estão “queimados”. Filhos de pastores revoltados. Pastores massacrados pela administração e por membros ricos e influentes, que dizem “vou conversar isso com o Nagel”. Uma estrutura administrativa gigantesca, modorrenta, ineficaz, com um clero cheio de privilégios e nepotismo. O que dizem os teólogos? Nada. Estão discutindo coisas importantes. E participando das mordomias.

Então, chega a hora das eleições no Sábado. Os membros ficam sem rumo. Acostumados a sempre ter alguém para pensar por eles, ficam perguntando, e agora, votamos ou não votamos? Pois bem, eis que é chegada a hora e a vez dos teólogos. Para isto eles estudaram. E então, é pecado ou não votar no Sábado?

Onde estão os teólogos? Correram todos para cima do muro. “Isto é uma coisa que depende da consciência de cada um”, dizem eles, lá do alto. Do alto do muro. Agora, depende da consciência. O dízimo, a coca-cola, fazer cocô no sábado, sobre tudo há legislação. Mas na hora de enfrentar um poder maior, a lei federal, “isto é com a consciência de cada um”.

Calça comprida em Santa Teresa. O pastor proíbe,  disciplina as mulheres que usam. Calça comprida em Poá, SP, na mesma época. O Advogado da Igreja acusa os membros de fanatismo, e uma das provas, que eles estavam proibindo as mulheres o uso da calça comprida, coisa que a igreja oficial não condena. E onde estão os teólogos? Sempre em cima do muro!

Um presidente de União fica cinco anos no poder enquanto seu filho, com outra mulher, cresce escondido das vistas do mundo. Durante este tempo, persegue, oprime, calunia, mente. Suas mentiras foram gravadas e as autoridades competentes e os teólogos foram comunicados. Por mim. Com cartas registradas, tudo certinho. O que aconteceu? Nada. Nada. Nada.

O pastor Alcy Almeida sofre uma vingança de seus ex-liderados cheia de absurdos e mentiras devidamente documentadas. Os  teólogos são avisados. O que aconteceu? Nada.

Teólogos só vêem os erros dos mais fracos. Só escrevem criticando os desvios de conduta da plebe.

Por isso, caros senhores, não é justo apenas colocá-los no saco e jogar no rio. Uma chinelada, bem dada, antes, por sua covardia. Por fazer o jogo dos que lhes pagam o salário. Por só discutir o que não lhes criará problemas financeiros. E por deixar as ovelhas dispersas, só recebendo lavagem cerebral para serem submissas aos seus donos. Depois, quando as ovelhas começam por conta própria a discutir doutrinas, ficam reclamando que estão perdendo tempo com elas. Dá para agüentar isso?

Ficou faltando a razão da segunda chinelada, que fica para a próxima.

Enquanto isso... Alguém poderia olhar a lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio. Cabe muita gente lá, e, de dentro d'água, todos se curvariam quando o pastor Vilson Oliveira passasse, um espetáculo de afogamento sincronizado, e o local é apropriado para grandes eventos. -- Tales Fonseca.

 

Leia também:

Retornar

Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com