Sem Base Bíblica, Crença na Trindade Obriga Teólogos a Citarem a Tradição dos "Pais da Igreja"

O desenvolvimento histórico de uma doutrina deve basear-se primeiramente nos escritos Bíblicos, que darão respaldo para se criar, ou se desenvolver a idéia do que se pensa, para daí então, respaldados em relados inspirados, construir a filosofia doutrinária. Sendo assim, a partir daquilo que está claramente exposto nas Escrituras sobre a teoria, seja ela qual for, desenvolvemos a prática da fé.

Em outras palavras, não podemos pegar um ensino qualquer pregado por qualquer pessoa, mesmo que seja um "Paulo" ou um anjo do Céu (Gál. 1:8), e nos envolver com ventos de doutrinas, como é explicado no EDITORIAL da Revista Parousia, na página 5, primeiro parágrafo, que nos garante que podemos aceitar ensino "que transcenda a tudo aquilo que conhecemos no reino natural", ou mesmo que transcenda a tudo que podemos conceber pela razão e achar que "este ensino não poderia ter sido inventado", sem analisarmos seus fundamentos primordiais. A exemplo do que estamos dizendo, imagine se alguém contasse a história da "mula sem cabeça", isso é fora da razão, transcende ao que conhecemos no reino natural e foge completamente à razão. Assim acontece com certas teorias também, pois, infundadas em tudo ou fundamentadas em nada, é-nos dito que as precisamos aceitar pela fé.

Quando olhamos para os tempos passados nos dias dos apóstolos, encontramos um Mestre que ensinou teorias que iam de encontro aos ensinamentos seculares farisaicos, mas que, todavia, baseou-Se nos princípios das Escrituras: "A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos" (Lucas 24:44). Os fariseus se distanciaram muito do ideal divino e, por essa razão, em várias ocasiões, foram advertidos pelo Mestre, uma vez que suas vãs tradições anulavam o divino ensinamento.

Em dias atuais, temos teorias em cima de teorias baseadas em tradições de escritos de pessoas não autorizadas pelo Espírito Santo, ainda que denominadas "pais da Igreja". Muitos doutores em teologia agem como se esses escritos fossem sagrados, quando, na realidade, vemos pelos relatos históricos, que tais escritores eram anti-cristãos.Mesmo assim, tais pessoas são citadas e apresentadas como autoridades pela Revista Parousia nas páginas 31 a 39.

Podemos mencionar aqui algumas destas personalidades, que são escritores católicos, as quais o autor da revista chama, já dentro do RESUMO, de "pais da igreja pré-niceanos". Destacamos alguns destes pela importância que tiveram na construção da doutrina católica:

  • Orígenes de Alexandria - filósofo seguidor de Platão e Sócrates, pertencente à igreja grega oriental, simpatizante ao cristianismo, instituiu a doutrina da reencarnação, por isso rejeitado pela Igreja Católica, pois suas teorias helenísticas iam de encontro com as romanas;
     

  • Clemente de Roma - um dos bispos mais conceituados em Roma por sua dedicação e perseverança nos ensinos romanos, instituiu a penitência e a auto flagelação;
     

  • Atenágoras - filósofo ateniense, convertido ao catolicismo;
     

  • Cipriano - mais conhecido com São Cipriano pelo destaque de suas magias, bispo de Cártago e feiticeiro, escreveu o famoso livro de feitiçaria de São Cipriano;
     

  • Atanásio - este merece uma maior atenção, pois em seus escritos baseia-se toda a teoria da Trindade, retirada do "Credo de Atanásio", que consta de 40 itens, do qual fazemos questão de transcrever apenas os 6 primeiros:

    • 1 - Quem quiser salvar-se deve antes de tudo professar a fé católica.

    • 2 - Porque aquele que não professar, integral e inviolavelmente, perecerá sem dúvida por toda a eternidade.

    • 3 - A fé católica consiste em adorar um só Deus em Três Pessoas, e três Pessoas em um só Deus.

    • 4 - Sem confundir as Pessoas nem separar a substância.

    • 5 - Porque uma só é a Pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo.

    • 6 - Mas uma só é a divindade do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, igual a glória, co-eterna a majestade.

É de se estranhar que a própria Revista Parousia, na página 37, mencione o Credo de Nicéia e juízos em relação aos ensinos heréticos que "a todos estes a Igreja Católica e Apostólica anatematiza" e omita o Credo de Atanásio que também fala da igreja católica, pois estas são, infelizmente, a base literária da IASD para provar a doutrina da Trindade.

Estes escritores, ou bispos romanos, acima citados, torcendo o que os apóstolos nos deixaram, mudaram a verdade de Deus em mentiras (II Tessalonicenses 2:11 e 12), e nossos doutores em teologia baseiam-se neles para chamar a essas teorias de "mistério de Deus", quando na realidade o verdadeiro mistério de Deus é cumprido em Seu Filho Jesus Cristo: "Para que o coração deles seja confortado e vinculado juntamente em amor, e eles tenham toda a riqueza da forte convicção do entendimento, para compreenderem plenamente o mistério de Deus, Cristo" (Colossenses 2:2).

Hoje temos dentro de nossas igrejas uma teoria completamente contrária ao que podemos conceber como razão e a tudo o que conhecemos no reino natural chamado de "Mistério da Santíssima Trindade", que vem perturbando cristãos adventistas mal informados a respeito da fé bíblica de nossos primeiros pais. É exatamente o despreparo dos fiéis nesta área crucial do ensino das Escrituras que torna os cristãos tão vulneráveis aos argumentos insanos desses que se dizem doutores da Palavra de Deus.

 

A Trindade nas Escrituras

Tomando como base a investigação das evidências bíblicas analisaremos os textos dentro de seus contextos gramaticais comparando-os com os escritos em hebraico ou grego.

"Várias passagens do Antigo Testamento sugerem ou mesmo implicam que Deus existe em mais do que uma pessoa". Isso não quer dizer absolutamente que seja uma Trindade, mas que é uma relação em mais de uma pessoa, "uma relação binária" (Parousia, pág.5), relação esta entre o Altíssimo e o Filho do Altíssimo, entre O Eterno e Miguel – Aquele que é igual a Deus.

No Relato da Criação, já no primeiro capítulo de Gênesis há uma indicação de uma pluralidade de pessoas agindo em conjunto na divindade. Em Gênesis 1:1 e 2, a palavra hebraica aqui utilizada para definir o agente da ação da criação é ELOHIM. Como já foi visto em estudos anteriores, ELOHIM é um plural não múltiplo, mas composto por dois componentes: ambos, um par, uma dupla, que age em conjunto na divindade, "e o Espírito de ELOHIM pairava sobre a face das águas". Concordando com o mesmo princípio, João, referindo-se ao mesmo verso de Gênesis 1 explica com muita propriedade quem é o outro que não é o Altíssimo, mas que interage na criação, chamando-O de "Verbo": "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez" (João 1:1-3).

Em Gênesis 1:26, temos mais uma vez a evidência do plural relativo ao agente da criação do homem, uma dupla agindo: "Pai e Filho empenharam-Se na grandiosa, poderosa obra que tinham planejado - a criação do mundo. A Terra saiu das mãos de Seu Criador extraordinariamente bela (...) Depois que a Terra foi criada, com sua vida animal, o Pai e o Filho levaram a cabo Seu propósito, planejado antes da queda de Satanás, de fazer o homem à Sua imagem. Eles tinham operado juntos na criação da Terra e de cada ser vivente sobre ela. E agora disse Deus a Seu filho: 'Façamos o Homem à Nossa imagem'" (EGW, História da Redenção, pág. 20 e 21, A Criação).

Entendendo um pouco o Hebraico com relação ao nome de Deus, Êxodo 6:3 nos diz que o Senhor sempre se apresentou aos antepassados de Moisés pelo nome de Todo-Poderoso (Shadai), "mas pelo Meu nome, o Senhor (YHWH), não lhes fui conhecido". Notemos que a construção do nome YHWH em hebraico é um composto do presente do verbo ser HWH (é) mais uma partícula gerúndica Y, que dá um sentido de continuidade deste verbo, ou seja, o nome de Deus é "o ETERNO". E assim Deus se apresenta a Moisés.

Analisando o que nos diz o salmista Davi em Salmos 110:1: "Disse o SENHOR ao meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés". É muito simples entender o que está sendo dito aqui. "Disse o Eterno (YHWH) ao meu Senhor (ADONAI)". Referindo-se ao mesmo texto, Jesus indaga aos fariseus a cerca de Si mesmo: "Reunidos os fariseus, interrogou-os Jesus: Que pensais vós do Cristo? De quem é filho? Responderam-lhe eles: De Davi. Replicou-lhes Jesus: Como, pois, Davi, pelo Espírito, chama-lhe Senhor (Adonai), dizendo: Disse o Senhor (YHWH) ao meu Senhor (ADONAI): Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés? Se Davi, pois, lhe chama Senhor (ADONAI), como é ele seu filho?" (Mateus 22:41-45)

Este conceito era muito conhecido entre os judeus e Paulo interpreta da seguinte forma: "todavia, para nós há um só Deus (YHWH - o Eterno), o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor (ADONAI - o Filho), Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele" (Coríntios 8:6).

Por esta mesma razão, Paulo em sua primeira carta a Timóteo 6:15 e 16 nos diz que há um único Ser "que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem é capaz de ver. A ele honra e poder eterno"; mas nos deixa claro também que Ele, o Pai, é "único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores".

Se o Pai é o Eterno, e Adonai é o Outro que estava com o Pai na criação, este Outro tem que ser "Aquele que é igual a Deus", Miguel, que não é o Rei, mas o Príncipe do exército do Senhor (ver Daniel 12:1 e Apocalipse 12:7); Aquele que tem lugar de destaque ao lado do Pai no trono celeste; que se assenta à direita do Pai. Quando Cristo veio à esta Terra pecaminosa, deixou Sua posição de Príncipe, "pois Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus, antes, a Si mesmo Se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-Se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a Si mesmo Se humilhou, tornando-Se obediente até à morte e morte de cruz" (Filipenses 2:6-8).

Ao ressuscitar, após um curto período de tempo entre seus discípulos, regressou ao Céu e foi recebido em Glória assumindo novamente a posição que antes Lhe era por direito, a de Príncipe - "Deus, porém, com a Sua destra, o exaltou a Príncipe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão de pecados" (Atos 5:31). Entretanto, chegará um dia, quando "O sétimo anjo" tocar a sua trombeta, "dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do Seu Cristo, e Ele reinará pelos séculos dos séculos" (Apocalipse 11:15). A partir daí então Cristo será reconhecido Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, juntamente com o Pai. "Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E, quando diz que todas as coisas Lhe estão sujeitas, certamente, exclui Aquele (YHWH) que tudo Lhe subordinou. Quando, porém, todas as coisas Lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também Se sujeitará Àquele que todas as coisas Lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos" (I Coríntios 15:27 e 28). Isso confirma o que o próprio Cristo disse: "o Pai é maior do que eu" (João 14:28).

Comentando sobre a posição que Cristo ocupa como Príncipe, a Sra. White comenta: "Aqui está a grande questão. Aqui estão os dois grandes poderes confrontando-se um com o outro, o Príncipe do Senhor, Jesus Cristo, e o príncipe das trevas, Satanás. Aqui está o conflito aberto. Existem apenas duas classes no mundo, e toda a raça humana estará sob uma dessas (duas) bandeiras, a bandeira do príncipe das trevas ou a bandeira de Jesus Cristo" (EGW, Mind, Character, and Personality, Volume 1, page 29, paragraph 2 - Chapter Title: Spiritual Influences and the Mind Each Must Choose One of Two Banners).

Entretanto, a Doutrina da Trindade destrói completamente esta análise, pois anuncia um Cristo em igualdade com o Pai sendo co-eterno. Ora se Cristo fosse eterno Ele não teria morrido. Se Cristo não morreu, Ele também não ressuscitou, mas reencarnou, e isso é espiritismo, "E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé; e somos tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado contra Deus que Ele ressuscitou a Cristo, ao qual Ele não ressuscitou, se é certo que os mortos não ressuscitam. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados" (I Coríntios 15:14-17). Temos aqui um problema: aceitar que houve um sacrifício de um ser humano, mas que a sua divindade não morreu, é admitir que o sacrifício de Cristo foi um sacrifício apenas humano, não de um ser divino, o que invalida completamente o plano da salvação. É chamar a Deus de mentiroso.

O conhecimento em Deus e no Seu Filho Jesus Cristo é progressivo, mas a verdade, esta não muda. Ela é uma só. O próprio fato de dizer de Deus que Ele é amor (I João 4:8), implica em dizer que Ele é toda a plenitude da Divindade. Ele não tem amor, Ele é amor. Não necessita de um outro ser para dizer que Deus é amor, como nos é dito em Parousia, pág. 8 e 9, pois "Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores" (Romanos 5:8). "O Pai é toda plenitude da divindade - o Filho é toda plenitude da divindade manifestada - e o Consolador é o Espírito em toda plenitude da Divindade, tornando manifesto o poder da graça divina a todos quantos recebem e crêem em Cristo como um Salvador pessoal. Há três personalidades vivas pertencentes ao trio celeste - o Pai, o Filho e o Espírito Santo" (EGW, Evangelismo (tradução em inglês), pág. 614 e 615), e é somente através destes três grandes poderes que o crente poderá vencer nas batalhas diretas contra o inimigo e chegar até as mansões celestes.

Há aqueles que se dizem doutores das Escrituras, como também havia nos tempos em que Jesus por aqui andava, dizendo que "a filiação de Jesus, porém não é ontológica, mas funcional" (Parousia, pág. 9, 2º semestre, 2005). Ainda traz um texto de Erickson, 1:338, dizendo que "O Filho não Se tornou menos do que o Pai durante a Sua encarnação terrestre, mas subordinou-Se funcionalmente à vontade do Pai". Vejamos, ocorrem aqui dois grandes erros:

  • Primeiro - a subordinação do Filho ao Pai não é funcional, ou seja, Jesus, sendo Filho sempre foi subordinado ao Pai e sempre será, como já vimos a cima: "Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E, quando diz que todas as coisas Lhe estão sujeitas, certamente, exclui Aquele que tudo Lhe subordinou. Quando, porém, todas as coisas Lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também Se sujeitará Àquele que todas as coisas Lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos" (I Coríntios 15:27 e 28).
     

  • Segundo - Cristo é o Filho legítimo, não somente aqui na Terra. Ele sempre foi o Filho Unigênito do Pai. Unigênito (monoguenês) quer dizer único, único de uma espécie, singular. Sendo Cristo o Filho desde a eternidade. "O Soberano do Universo não estava só em Sua obra de beneficência. Tinha um companheiro (...) Cristo, o Verbo de Deus, o Unigênito de Deus era um com o eterno Pai - Um em natureza, caráter, propósito - o único ser que poderia penetrar em todos os conselhos e propósitos de Deus (...) O Pai operou por Seu Filho na criação de todos os seres celestiais (...) O Rei do Universo convocou os exércitos celestiais perante Ele, para, em sua presença, apresentar a verdadeira posição de Seu Filho, e mostrar a relação que Este mantinha para com todos os seres criados. O Filho de Deus partilhava do trono do Pai, e a glória do Ser eterno, existente por Si mesmo, rodeava a ambos (...) Perante os habitantes do Céu, reunidos, o rei declarou que ninguém, a não ser Cristo, o Unigênito de Deus, poderia penetrar inteiramente em Seus propósitos, e a Ele foi confiado executar os poderesos conselhos de  Sua vontade" (EGW, Patriarcas e Profetas, pág. 33-36 - Título: Por Que Foi Permitido o Pecado?).

Se não fosse dessa maneira, perderíamos de vista a salvação, pois chamaríamos ao Pai de mentiroso. Ele nos diz pela Sua Palavra que "enviou Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nEle crer não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16). Mas quem é o pai da mentira senão aquele que desde o princípio foi mentiroso? É preciso entender que a verdade não é progressiva, mas sim o conhecimento da verdade. Este é ampliado a cada vez que estudamos um determinado assunto. Mas ela, a verdade, não se modifica. Portanto, dizer que a verdade se modificou é uma mentira que vem sendo pregada em nossos dias como se fosse uma verdade, para que se possível enganasse aos próprios escolhidos.

"Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho" (I João 2:22) e assume a existência de uma Trindade.

 (Copiado do Www.Adventistas.Ws)

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