Boa Pergunta, Péssima Resposta na RA

A citação abaixo é utilizada na edição da Revista Adventista deste mês, pág. 17, seção "Boa Pergunta", como suposto argumento da identificação do Espírito Santo como uma terceira pessoa divina, integrante de uma comunidade triúna, a quem o Adventismo Romano denomina "Santíssima Trindade" e adora como seu Deus:

"João ficou profundamente comovido ao testemunhar o Salvador do mundo, curvado na mais profunda humilhação, pleiteando fervorosamente, com lágrimas, a aprovação de Seu Pai. No momento em que a luz e glória do Céu envolveram o Salvador, e uma voz foi ouvida, asseverando ser Jesus o Filho do Infinito, João viu o sinal que Deus tinha prometido a ele, e soube, com certeza, que o Redentor do mundo havia recebido o batismo por suas mãos. Pleno de alegria e sentida emoção, ele estendeu a mão e apontou para Jesus, dizendo: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! Este é aquele do qual eu disse: após Mim vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de Mim. Eu não conhecia; Aquele, porém, que me enviou a batizar com águas me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo. Vi o Espírito descer como pomba e pousar sobre Ele; e eu ouvi a voz de Deus testificar que Ele é o Filho de Deus." -- Ellen G. White, em Youth's Instructor, de março de 1874, 7º parágrafo.

O que temos acerca da Divindade nesta citação de EGW?

1. O Filho, curvado na mais profunda humilhação, pleiteando fervorosamente, com lágrimas, a aprovação de Seu Pai. A idéia da crença de Ellen G. White numa Trindade, composta por pessoas divinas, co-iguais, co-eternas e co-substanciais morre aqui. A subordinação do Filho ao Pai detona qualquer presunção de co-igualdade e não-hierarquização entre eles, ou faz do Filho de Deus um ator inconseqüente que veio ao mundo tentar sensibilizar-nos com uma grande peça teatral que teria durado cerca de 33 anos.

2. Luz, glória, ação: uma voz garante que Jesus é o Filho do Infinito! Diante do suposto show de efeitos especiais em que uma tríade de deuses -- Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo -- tenta impressionar a humanidade com o seu Teatro dos Séculos, segundo a ótica trinitarista, João Batista poderia concluir: "Oh, que privilégio! Eu, um simples comedor de gafanhotos do deserto, acabo de entrar em cena e simular que batizei o Deus Filho. Reservem um Oscar aí no futuro pra mim..." Mas a voz foi clara. Jesus não é o Deus infinito. É o Filho do Infinito.

3. João vê o sinal que Deus tinha prometido a ele. Mais claro impossível! Quem prometeu o sinal a João Batista não foi Jesus, a quem conhecia apenas como primo. E não foi também o Espírito, porque este era apenas o sinal prometido. O próprio Deus fez a promessa e em nenhum momento Sua pessoa pode ser aqui confundida com Seu Filho Jesus, ou o sinal por Ele prometido (Espírito). Lembre-se que para João, "espírito" (ruach, no hebraico, e pneuma, no grego) significava apenas vento, brisa, fôlego... "Espírito Santo" era para ele um vento ou brisa santa, evidência da invisível presença divina ou um novo fôlego, inspiração ou capacitação vinda de Deus.

4. João diz: "Eis o Cordeiro de Deus..." Fosse aquele o momento em que, talvez, numa rara, única e primeira oportunidade da história da raça humana, a Trindade estivesse se exibindo e pondo fim a uma suposta revelação gradual da Divindade aos homens, João Batista, inspirado pelos "deuses" ali manifestos bem diante dele e em registro que ficaria para sempre gravado no relato bíblico e evitaria tantos debates e artigos da RA, teria exclamado definitivamente: "Eis a Trindade Divina, que tira o pecado do mundo!" Contudo, não foi o que disse.

5. João explica que Deus, Aquele que o enviara a batizar, dissera que aquele sobre quem visse o Espírito descer e pousar sobre ele, seria Quem batizaria com Espírito Santo. Novamente, é reforçado o argumento que distingue Deus de Seu Filho, Jesus, e do sinal, prometido pelo Pai como identificação deste, o Espírito. Mais uma vez, fica claro também que Ellen White e supostamente João Batista, na descrição feita por ela, identificavam apenas o Pai como Deus.

6. João diz ter ouvido a voz de Deus. Jesus ou o Espírito disseram algo? Não, apenas Deus, o Pai, poderia ter afirmado o que foi dito: "Este é o Meu Filho amado, em quem me comprazo..." Fosse o Espírito Santo uma terceira pessoa da Divindade e o Jesus meio-homem-meio-Deus dos trinitarianos seria, sim, filho do Espírito e não do Pai, uma vez que a Bíblia diz que Maria se achou grávida do Espírito Santo. Nesse caso, talvez fosse o caso de ter se manifestado como papagaio em lugar de pomba, pois aí poderia surpreender a todos bem-humoradamente, dizendo: "Esse é o meu garoto, currupaco!"

7. Essa voz testifica que Jesus é o Filho de Deus. Falando sério, para não deixar qualquer dúvida, a voz que veio do Céu afirmou a todos os que ali estavam presentes e aquelas palavras ecoam ainda hoje em todas as línguas conhecidas para as quais a Bíblia já foi traduzida, dizendo que: Jesus, chamado o Cristo, é o Filho de Deus. Isso equivale a dizer que não existe Trindade. Deus é único, o Pai, e tem um Filho unigênito, Jesus e, ambos, agem na maioria das vezes de modo invisível no mundo, como o vento, e internamente nos seres humanos, como o ar que respiramos. O que passa disso é elocubração teológica.

Hermano de Jesus


Opinião de Leitor:

Caros amigos,

Se o próprio João Batista, que estava lá presente e atento a toda aquela manifestação sobrenatural, não percebeu que a Trindade estava ali em peso naquele momento mais que histórico, como é que o novo redator da Revista Adventista quer tentar fazer-nos agora crer que Deus Pai, Deus Filho e o Deus Espírito estavam ali em plena conexão trinitária, formando naquele momento o "Deusão" máximo, completo, total, triúnico, 3em1, todo-poderosão, a liga tri-legal tchê dos dignatários do Céu, a cúpula triunvirática do Universo... e nenhum escritor bíblico registrou isso com toda clareza?

Precisou Ellen White copiar idéias de meio mundo e contratar não sei quantos redatores e ghost writers para dar uma melhorada na história e ainda contar com os préstimos do redator estreante da Casa Publicadora, para que a gente possa em março 2007 chegar a essa conclusão?

Seu nome é Ozéas, mas não é profeta, me poupe! -- Jgt

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