Caros Pastores Adventistas, Nossas Culpas Serão Finalmente Lançadas Sobre Cristo ou Sobre Satanás?

 

Um leitor, que não deseja se identificar, depois de ter lido um material (abaixo transcrito), enviado a ele anonimamente pelo correio, pede ajuda ao “adventistas.com”, sobre a questão dos dois bodes utilizados no dia da expiação do Santuário terrestre. Ele nos sugere que obtenhamos de algum modo uma resposta oficial da liderança adventista para algumas interrogações suscitadas a partir da leitura desse texto.

 

Optou por não discutir esse assunto ao nível da igreja local, porque poderia vir a criar algum tumulto e, por fim, ser até considerado "herético" e excluído da comunidade, uma vez que seu pastor parece integrar o grupo daqueles que não toleram questionamentos.

Por esta razão, apelamos aos pastores e teólogos da IASD que acessam ocasionalmente a esta página para que, por amor à verdade, escrevam-nos, identificando-se devidamente quanto a seu nome e posição que ocupam na Organizaçlão Adventista, a fim de que possamos publicar aqui respostas específicas às dúvidas deste irmão, as quais são as seguintes:

1) Os dois bodes eram semelhantes, perfeitos e ambos eram para fazer a expiação pelos pecados. Como pode um deles ser Satanás?

2) A Bíblia menciona em algum lugar que as nossas culpas serão lançadas sobre Satanás?

3) Qual a verdadeira posição da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre o assunto da expiação? A expiação foi concluída na cruz ou ficou para ser concluída a partir de 1844? Como entender a explicação dada no livro “Nisto Cremos”, página 411: “A expiação, ou reconciliação, foi completada na cruz, conforme antecipada pelos sacrifícios, e o pecador penitente pode confiar plenamente nessa obra do Senhor, concluída.”?

(Abaixo, segue a transcrição completa do material enviado a esse irmão.)


COMO ENTENDER O ASSUNTO DOS DOIS BODES E A EXPIAÇÃO?

Este estudo tem como objetivo esclarecer à muitos cristãos sinceros, o verdadeiro sentido dos dois bodes apresentados para a expiação pelo pecado do povo de Israel.

Uma vez ao ano, no dia 10 do 7o. mês, realizava-se a purificação do Santuário. Da congregação de Israel tomavam-se dois bodes para expiação pelo pecado.

Um sorteio era feito para designar a função de cada bode. Um deles era sacrificado e o outro seria o bode emissário. É importante observar o seguinte: TANTO UM COMO O OUTRO BODE FAZIAM EXPIAÇÃO. Não há como interpretar o texto abaixo apresentado de forma diferente:

“E da congregação dos filhos de Israel tomará dois bodes para expiação do pecado e um carneiro para holocausto. ...Mas o bode, sobre que cair a sorte para ser bode emissário, apresentar-se-á vivo perante o Senhor, PARA FAZER EXPIAÇÃO COM ELE, para envia-lo ao deserto como bode emissário. ...assim aquele bode levará sobre si todas as iniqüidades deles à terra solitária; e enviará o bode ao deserto.” Lev. 16: 5, 10 e 22.

O sangue do primeiro bode era trazido pelo sumo sacerdote para dentro do Santíssimo e espargido sobre o propiciatório.

Em seguida era apresentado o segundo bode. Sobre a cabeça dele eram confessadas todas as iniqüidades dos filhos de Israel. Este bode era levado ao deserto e assim as iniqüidades eram levadas ou removidas para uma terra solitária.

Ora, se ambos os bodes eram para se fazer expiação, o bode emissário não pode ser Satanás. Isto seria admitir que Jesus depende de ajuda do diabo para realizar a salvação do homem.

O Filho de Deus é o único que tira o pecado do mundo. Ele realizou o trabalho dos dois bodes, levando nossos pecados sobre Si, para fora do lugar santo, sendo sacrificado no Calvário. Realizou uma obra plena, completa.

“Verdadeiramente Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre Si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades;....Pelo que Lhe darei a parte de muitos, com os poderosos repartirá Ele o despojo; porquanto derramou a Sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ELE LEVOU SOBRE SI O PECADO DE MUITOS e pelos transgressores intercede.”  Isaías 53:4-12.

Simbolicamente o bode emissário era levado ao deserto. Da mesma forma o Messias teve que morrer fora da cidade. “Porque os corpos dos animais, cujo sangue é, pelo pecado, trazido pelo sumo sacerdote para o santuário, são queimados fora do arraial. E por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta.” Hebreus 13: 11 e 12.

Considerar o bode emissário  como Satanás seria forçar a idéia de que Satanás pode tomar parte na expiação do povo. Isto seria no mínimo ilógico, haja visto ser ele o originador do pecado e mentira.

Acreditar que o bode emissário, Satanás, estará na terra vazia durante o milênio, é o mesmo que dizer que a obra de expiação não foi realizada completamente no madeiro pelo Messias e ainda está dependente de que os pecados sejam confessados sobre a cabeça de Satanás.

Isto contradiz veementemente a Palavra de Deus e torna ineficaz o sacrifício do Cordeiro de Deus. É muito grave tal concepção.

Perguntamos pois:  Pode Satanás ser o bode emissário?

Todos os animais apresentados a Deus, deveriam ser SEM MANCHA E SEM DEFEITO. No caso, eram tão semelhantes, que foi lançado sortes entre ambos. Se um dos dois bodes representava Satanás, perguntamos:

a) Desde quando este personagem é sem mancha e sem defeito?

b) Por que não foi escolhido um bode defeituoso qualquer para melhor simbolizá-lo?

O bode emissário era para “Azazel”. Azazel é um termo hebraico traduzido por “mandar embora”. Era designada uma área para a qual o bode emissário era liberado, sendo um lugar rude e desolado. Esta é a visão judaica sobre o termo AZAZEL.

A verdade é que ambos os bodes e aquela cerimônia representam o eterno sacrifício por meio do Filho de Deus e a total purificação de nossos pecados perante o Pai. Ambos os bodes são expiatórios e representam as duas etapas da obra de Cristo: morrer e levar para fora do arraial nossas culpas. Com o sangue do primeiro bode fazia-se a expiação do Santuário. O seu sangue era trazido pelo Sumo Sacerdote para dentro do lugar Santíssimo e espargido sobre o propiciatório. Findo isto, o segundo bode era apresentado. Sobre a cabeça deste eram confessadas todas as iniqüidades dos filhos de Israel. Este bode era levado ao deserto, para fora do arraial e assim as iniqüidades eram levadas ou removidas do Santuário. Somente então, estaria concluído o dia e o serviço da expiação.

Sem o trabalho do bode emissário, o serviço de expiação do Santuário seria incompleto.

O Filho de Deus é o único que tira o pecado do mundo. Ele realizou o trabalho dos dois bodes, levando nossos pecados sobre Si, para fora do lugar santo. Por isso Ele foi sacrificado no Calvário – “padeceu fora da porta”.Hebreus 13:12.

Não ficou nada para depois e muito menos a necessidade de uma participação de Satanás para completar a obra. A obra de expiação foi completada no Calvário por nosso Senhor Jesus.

Quando o Messias subiu ao Céu, dias depois da Sua ressurreição, Ele entrou diretamente no lugar Santíssimo do santuário celestial, para interceder por nós junto a Deus, Seu Pai: “O qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até o interior do véu; aonde Jesus, como precursor, entrou por nós, feito Sumo Sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.”Hebreus 6:19 e 20. “Pois Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, mas no próprio céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus.” Hebreus 9:24.  “E não por meio de sangue de bodes e bezerros, mas pelo Seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos (Santíssimo), uma vez por todas, havendo obtido uma eterna redenção.” Hebreus 9:12.

Quando o Messias subiu ao céu, assentou-Se junto ao Pai (Deus), logo após a Sua ascensão, no lugar Santíssimo:  “Mas Este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, assentou-Se para sempre à direita de Deus. “ Hebreus 10:12.  Estevão viu o Senhor Jesus em pé à direita de Deus: “Ouvindo ele isto, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra Estevão. Mas ele, cheio do Espírito Santo, fitando os olhos  no céu, viu a glória de Deus, e Jesus em pé à direita de Deus e disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem em pé à direta de Deus.” Atos 7:54-56.

Durante os cerimoniais do santuário terrestre, os sacerdotes oficiavam durante o ano no primeiro compartimento, chamado Lugar Santo. No dia da expiação, uma vez ao ano, somente o Sumo Sacerdote podia entrar no segundo compartimento, chamado Santíssimo, onde Deus Se fazia presente. Entre os dois compartimentos havia uma cortina que os separava. Quando Jesus morreu, o véu que fazia separação entre o Santo Lugar e o Santíssimo, no Templo, rasgou-se em dois, de alto a baixo: “De novo bradou Jesus com grande voz, e entregou o espírito. E eis que o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo; a terra tremeu, as pedras se fenderam.” Mat. 27:50 e 51.

Isto significa que a partir de então estava aberto o caminho ao Santíssimo e todo o crente tem acesso ao Pai, por meio de nosso Sumo Sacerdote, Jesus. 

No momento que: a) aceitamos Jesus como nosso Salvador, b) aceitamos a Lei de Deus como regra para o nosso viver diário e c) havendo completo arrependimento, acompanhado de uma genuína conversão, OS NOSSOS PECADOS SÃO IMEDIATAMENTE APAGADOS.

A igreja pode não ensinar isto, mas é o que está escrito na Palavra de Deus:  Mas este é o pacto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e Eu serei o seu Deus e eles serão o Meu povo. E não ensinarão mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos Me conhecerão, desde o menor até o maior, diz o Senhor, pois lhes perdoarei a sua iniqüidade, e não Me lembrarei mais dos seus pecados. Jeremias 31:33 e 34.

Em Atos 3:19 lemos:  “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados...”

A Bíblia nos ensina que quando o pecador se arrepende e se converte, os seus pecados são APAGADOS e também NÃO HÁ MAIS LEMBRANÇAS  deles.

O apóstolo Paulo disse: “...em quem temos a redenção pelo Seu sangue, a remissão dos nossos delitos...”

Efésios 1:7 : “...em quem temos a redenção, a saber, a remissão dos pecados.”  Col. 1:14.

Miquéias escreveu o seguinte: “E lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar.”  Miq. 7:19.

Devemos observar o seguinte:

a) Quando Deus nos perdoa, Ele ESQUECE, isto é, Ele não  mais Se lembra dos nossos pecados cometidos.

b) Deus também APAGA qualquer registro de pecados confessados.

c) A redenção pelo sangue de Cristo é conferida ao pecador imediatamente. O verbo usado pelo apostolo Paulo é : “em quem TEMOS”. O verbo expressa o presente e não um fato futuro.

d) Deus lança os nossos pecados confessados nas profundezas do mar.

No entanto, ainda existem sinceros cristãos que acreditam que todos os pecados confessados ainda permanecem nos livros de registro no Santuário celestial. Extraímos do livro “Santuário Celestial-Centro de Nossa Esperança”, p. 420 da autora americana Ellen G. White o seguinte pensamento:

“Durante dezoito séculos este ministério continuou no primeiro compartimento do santuário. O sangue de Cristo, oferecido em favor dos crentes arrependidos, assegurava-lhes perdão e aceitação perante o Pai; contudo, ainda permaneciam seus pecados nos livros de registro.

Ora, se a pessoa é remida e Deus não Se lembra mais de seus pecados, apagando-os de Sua memória e lançando-os nas profundezas do mar, como explicar que Cristo seguiu oferecendo Seu sangue e que um juízo investigativo segue no Céu desde 1844, relembrando os pecados já confessados?  Então, para a autora Ellen G. White, efetivamente:

a) Não houve perdão dos pecados até 1844.

b) O sacrifício de Jesus não foi completado no Calvário. Para ela o sacrifício de Jesus não foi 100% eficaz.

É bom lembrarmos das palavras do apóstolo Paulo:  “E não por meio de sangue de bodes e bezerros, mas pelo Seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, HAVENDO OBTIDO UMA ETERNA REDENÇÃO.”  Heb. 9:12.

Ao compreendermos as funções dos dois bodes durante o processo de expiação do santuário terrestre, concluímos que: a) o sacrifício de Jesus foi 100% eficaz, isto é, a expiação foi completada no Calvário;  b) O Filho de Deus era representado pelos dois bodes expiatórios: um tinha que morrer e o outro tinha que carregar os pecados confessados pelos justos;  c) Quando o véu, que separava o lugar Santo do lugar Santíssimo, rasgou-se ao meio, no momento da morte de Jesus, significa que a partir de então o caminho ao Santíssimo está aberto. Desde a Sua ascensão, nosso Sumo Sacerdote – Jesus, entrou no Santíssimo, na presença do Pai, para interceder por nós. Como poderia o véu rasgar-se no templo terrestre e continuar fechado no Céu?

Que as bênçãos do Altíssimo Deus sejam abundantemente derramadas a cada filho Seu.”


Resposta do Dr. Alberto R. Timm, na Revista Ministério:

Ministério: Dizem os críticos, que os adventistas têm a Satanás como Salvador, por causa da compreensão que têm sobre o bode expiatório e Azazel.

Dr. Timm: É uma falsa acusação, normalmente levantada por indivíduos mais preocupados em denegrir a imagem da Igreja Adventista do que em expressar a sua verdadeira posição sobre o assunto. A Igreja realmente crê que o "bode emissário" (hebraico Azazel) em Levítico 16 é um símbolo de Satanás (e não de Cristo), mas sem com isso colocar o inimigo como co-redentor com Cristo.

Essa identificação é sugerida por Levítico 16:8, onde o bode "para Azazel" é mencionado em aposição ao bode "para o Senhor" (Bíblia de Jerusalém), e corroborada pela literatura pseudo-epígrafa, onde Azazel é consistentemente descrito como um ser demoníaco e líder das forças do mal (I Enoque 8:1; 9:6; 10:4-8; 13:1; 54:5 e 6; 55:4; 69:2; Apocalipse de Abraão 13:6-14; 14:4-6; 20:5-7; 22:5; 23:11; 29:6 e 7; 31:5).

Mesmo não aceitando essa literatura como inspirada, é interessante notarmos que I Enoque 54:4-6 fala sobre o futuro aprisionamento dos "exércitos de Azazel", para serem lançados na fornalha de fogo do "grande dia do juízo", em termos muito semelhantes ao relato do aprisionamento e castigo final de "Satanás" mencionado em Apocalipse 20.

Não é sem motivo que, de acordo com A. E. Cundall, "a maioria dos eruditos aceita que Azazel é o líder dos espíritos maus do deserto". Embora, em sentido amplo, o próprio dia em que era realizada a purificação anual do santuário fosse chamado de "Dia da Expiação" (Lev. 23:27 e 28) e o "bode emissário" considerado como parte do abarcante processo expiatório (Lev. 16:10), não podemos atribuir a esse bode prerrogativas salvíficas.

Levítico 16 é claro em afirmar que uma expiação prévia por Arão "e pela sua casa" era efetuada pelo sacrifício de um "novilho" e pela aspersão do seu sangue (vs. 11-14); que a "expiação pelo santuário" era realizada pelo sacrifício do "bode da oferta pelo pecado" e pela aspersão do seu sangue (vs. 15-19); que o cerimonial envolvendo o bode emissário só iniciava após o término da "expiação pelo santuário, pela tenda da congregação e pelo altar" (vs. 20-22); e que outra "expiação" específica pelo sumo-sacerdote "e pelo povo" ocorria através do oferecimento de holocaustos, após o bode emissário ter sido abandonado vivo no deserto (vs. 23-25).

Uma vez que a expiação pelo pecado só ocorria através do "derramamento de sangue" (Heb. 9:22; Lev. 17:11), e que o bode emissário não era sacrificado (Lev. 16:21 e 22), cremos que a função desse bode era simbolicamente punitiva e não redentiva.

Por outro lado, pretender que o "bode emissário" é um símbolo de Cristo significa desconhecer as funções distintas dos dois bodes mencionados em Levítico 16, bem como atribuir características nitidamente demoníacas a Cristo. Não podemos jamais esquecer de que Cristo é descrito nas Escrituras como havendo sido feito "pecado" apenas pelos seres humanos (I Cor. 5:21), mas nunca por Satanás ou por quaisquer dos demais anjos caídos.

Publicada em: http://www.associacaoministerial.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=62&Itemid=49

 

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