Opinião de Leitores sobre o Desfecho do Caso Gabrielli

"Para mim arranjaram um laranja para 'assumir a bronca' e para mostrar para a imprensa e para a opinião pública que cobra uma solução para o caso. Um crime desta natureza foi planejado. Não foi um ato que uma pessoa embriagada decidiu fazer na hora, fez, saiu de forma anônima e deixou o Brasil todo perguntando por 10 dias quem matou a criança. Enfim... esta estória está mal contada. Mesmo a confissão do cidadão não encerra o caso, pois a confissão pode ter sido feita sob coerção." (Retornar)


Nota do Editor: De qualquer maneira, permanece a responsabilidade civil da igreja, que poderá ser acionada por não cuidar da criança entregue às professoras da Escola Sabatina e pelos danos morais de pressões e acusações infundadas contra o casal que levou a menina à igreja.

Opinião 2

Caros editores do sítio Adventistas.com

O meu apoio total à sua nota, sobre a responsabilidade civil (objetiva) da Igreja Adventista do Sétimo Dia, pois a criança foi entregue, ou melhor, pessoa da igreja, segundo relatos publicados em jornais, na internet, e a instituição religiosa tomou para si as conseqüências da falta de cuidado. Há, no mínimo, culpa “in vigilando”, uma vez que as pessoas responsáveis pelas crianças tinham poder delegado pela IASD para esse mister. Se a criança estivesse na sala adequada, monitorada por membros dessa igreja, e não saísse para o pátio, o criminoso não a teria visto. Espero que os associados dessa instituição religiosa não minimizem esta questão. A igreja passou a ser, naquela ocasião, o fiel depositário da criança – que, na verdade, foi infiel depositária. Vale lembrar que a própria Palavra de Deus, a Torah, prescreve acerca da indenização pelo dano causado.

Quando enviei mensagem a esse sítio com relação de e-mails de autoridades governamentais e policiais do Estado de Santa Catarina, não estava dizendo que os membros associados da IASD haviam praticado o crime, porém eram responsáveis pelo bem-estar da criança, naquele momento. Todavia, pelo que se viu nos jornais, saíram a trombetear, difamando o casal, ou seja, não estavam preocupados pela solução do crime, sim com a reputação da organização. Graças ao Eterno que a opinião pública, do Brasil e do exterior, foi insistente e vigilante, cobrando das autoridades estaduais que não houvesse “panos quentes”. Muito fácil lançar a culpa sobre o rapaz, namorado da prima da vítima: minimizaria ou eliminaria a responsabilidade da igreja. A própria Palavra da Deus, a Torah, no livro de Shemor (Êxodo), capítulos 21 e 22, prescreve a indenização pelo dano causado.

Não temo quaisquer comentários feitos por “FSG, Rio de Janeiro”, ou quem quer que seja. Não sei quem é. Não fiquei exultante quando soube do fato pela TV, pela internet. Fiquei triste, desolado, indignado com a criminalidade cotidiana em nosso país. Indignado também com a IASD, porque não zelou pelo cuidado com a vida de menores que se colocam sob seus cuidados. Fiquei dias chorando, tendo pesadelos. Pessoas da minha convivência sejam da família ou do trabalho, sabem o quanto fiquei abalado emocionalmente com esse fato. Talvez porque senti bem perto que a vítima poderia ter sido um dos meus. Fiquei, sim, indignado com a indiferença da organização adventista em relação à família que foi atingida por essa desgraça.

Que dor: sua pequenina ir a um local de culto, pessoas da membresia insistirem para levá-la a um local apropriado e não terem o mínimo cuidado a ponto de acontecer a desgraça que aconteceu. Não há ninguém que possa medir a dor que aquela mãe, aquela família, está sentindo. E a revolta, também!

A Rede Record transmitiu entrevista com a mãe da pequenina. Minha mulher relatou pra mim porque eu não queria ver na TV: a IASD não a procurou em nenhum momento para lhe dar apoio moral, psicológico, material, etc. A própria nota oficial divulgada na internet se preocupou mais em fazer propaganda sobre os predicados positivos da organização que qualquer outra coisa.

Quanto à afirmação feita por “FSG, Rio de Janeiro”: Se o Sr. Dilmar fosse pessoa de bem...” não preciso demonstrar. Em relação a você não posso dizer que é ou não idôneo: não o conheço. Sequer identificou-se. Aqui em Maceió há pessoas, não poucas, que sabem da minha idoneidade. Sou serventuário do Poder Judiciário Federal há muitos anos. Penso que aquelas pessoas que desejam encarar os problemas com seriedade devem mostrar-se, não ficar escondidas sob a máscara de pseudônimos e siglas, abreviaturas. Graças ao Senhor, não dependo economicamente de instituições religiosas. Talvez, por isso torna-se mais fácil falar. Quiçá, você seja, no mínimo, alguém que é remunerado pelo sistema – não pode se expor, quando não, fanático ou vaidoso e detém algum cargo não remunerado que lhe provê status temporário no seu pequeno meio.

Faço apenas um esclarecimento, quando escrevi “sistema adventista”, referi-me à organização mundial Igreja Adventista do Sétimo Dia, não aos membros associados. Infelizmente, pouquíssimos sabem distinguir o que é o clero, o que é a organização e o que é a membresia, pensam ser tudo a mesma coisa, daí a confusão quando se ataca o sistema: toma-se as dores como se fosse à membresia.

No momento, por falta de tempo -  o trabalho me chama –, termino por que renovando meus protestos de estima, consideração e apoio aos editores deste sítio eletrônico, pois, certamente, foram um grande aliado na descoberta da verdade dos fatos, ainda que pela mobilização conseguida a nível nacional e internacional. Continue neste caminho. A verdade sempre prevalece.

Dilmar de Oliveira Santos. -- dilmarmcz@yahoo.com.br


Opinião 3

Prezado editor do sítio adventistas.com, primeiramente desejo parabenizá-lo pela transparência e ética com que publicou as notícias referentes ao crime tão bárbaro cometido contra a pequena Gabrielli em minha cidade (Joinville, SC).

Os sítios oficiais não ousaram expor o caso desta maneira pois o que está em jogo, como sempre, é a "sagrada" imagem da IASD. Todavia, como ex-pastor ordenado da IASD, tenho compactuado com a proposta deste sítio, ou seja, a necessidade de mais democracia, transparência e verdade na administração da IASD.

Ao acompanhar todos os dias as notícias sobre o andamento do caso, pude perceber a pseudo ética presente no discurso dos líderes da IASD e sua extrema preocupação com a imagem da mesma; sendo que em nenhum momento ficou evidente o amor cristão e genuíno, destituído de preconceitos, o qual deveria ter sido evidenciado à família da Gabrielli.

Muito pelo contrário, como foi noticiado, houve sim uma preocupação em transferir a responsabilidade pela guarda da criança no momento do culto para o casal que a levou, sendo um deles menor de 18 anos de idade, o qual também passou pelo constrangimento de ser acusado como suspeito do crime. Isso seria conveniente para os líderes administradores da IASD, pois abafaria a responsabilidade civil da igreja.

Contudo, creio que a justiça divina e a dos homens está ocorrendo, e defendo a tese de que a família da Gabrielli deve processar a IASD por negligência de cuidados a criança menor sob sua responsabilidade.

Que isso sirva de lição para líderes que vestem uma capa de hipocrisia quanto falam de amor ao próximo.

Falo assim, pois também passei por uma situação constrangedora quando me demitiram sem justa causa (na época - 1998 - atuava como pastor ordenado e professor de bílbia na escola Adventista de Joinville, SC). Fui demitido por vontade arbitrária do presidente do Campo, o que me trouxe na ocasião muita dor emocional e frustração. 

Como também trabalhava como professor e tinha carteira de trabalho assinada pela organização, a IASD teve que pagar os meus direitos trabalhistas, e eles não foram justos, pois não pagaram tudo que me pertencia por direito. Sendo assim, abri um processo trabalhista contra a organização e após três audiências a IASD foi obrigada por força da lei a me ressarcir o restante.

Foi uma situação vergonhosa para os administradores e advogados da organização, pois antes de dar a sentença o juiz ainda perguntou se eles tinham certeza que não me deviam mais nada, ao que responderam que sim, para em seguida ouvirem a sentença que os condenou a pagar o que deviam.

Portanto, considerando essa minha experiência diante dos tribunais em relação a IASD, posso garantir que a política interna do sistema adventista no que diz respeito a repararação de danos é a de negar a culpa e eximir-se da responsabilidade, desconsiderando inclusive os direitos básicos de cidadania e humanidade. Sendo assim, desejo manifestar meu apoio a família enlutada de Gabrielli na decisão de processar a IASD por negligência no cuidado de seu pequeno anjo.

Prezado editor, autorizo a publicação de meu nome e e-mail.

Jorge Schemes - Ex-pastor ordenado da IASD

jorgeschemes@yahoo.com.br


"Para mim arranjaram um laranja para 'assumir a bronca' e para mostrar para a imprensa e para a opinião pública que cobra uma solução para o caso. Um crime desta natureza foi planejado. Não foi um ato que uma pessoa embriagada decidiu fazer na hora, fez, saiu de forma anônima e deixou o Brasil todo perguntando por 10 dias quem matou a criança. Enfim... esta estória está mal contada. Mesmo a confissão do cidadão não encerra o caso, pois a confissão pode ter sido feita sob coerção." (Retornar)

Nota do Editor: De qualquer maneira, permanece a responsabilidade civil da igreja, que poderá ser acionada por não cuidar da criança entregue às professoras da Escola Sabatina e pelos danos morais de pressões e acusações infundadas contra o casal que levou a menina à igreja.

Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com