Opinião 2
Caros editores do sítio
Adventistas.com
O meu apoio total à sua nota,
sobre a responsabilidade civil (objetiva) da Igreja Adventista do Sétimo Dia,
pois a criança foi entregue, ou melhor, pessoa da igreja, segundo relatos
publicados em jornais, na internet, e a instituição religiosa tomou para si as
conseqüências da falta de cuidado. Há, no mínimo, culpa
“in vigilando”, uma vez que as
pessoas responsáveis pelas crianças tinham poder delegado pela IASD para esse
mister. Se a criança estivesse na
sala adequada, monitorada por membros dessa igreja, e não saísse para o pátio, o
criminoso não a teria visto. Espero que os associados dessa instituição
religiosa não minimizem esta questão. A igreja passou a ser, naquela ocasião, o
fiel depositário da criança – que, na verdade, foi
infiel depositária. Vale lembrar que
a própria Palavra de Deus, a Torah, prescreve acerca da indenização pelo dano
causado.
Quando enviei
mensagem a esse sítio com
relação de e-mails de autoridades governamentais e policiais do Estado de Santa
Catarina, não estava dizendo que os membros associados da IASD haviam
praticado o crime, porém eram responsáveis pelo bem-estar da criança, naquele
momento. Todavia, pelo que se viu nos jornais, saíram a trombetear, difamando o
casal, ou seja, não estavam preocupados pela solução do crime, sim com a
reputação da organização. Graças ao Eterno que a opinião pública, do Brasil e do
exterior, foi insistente e vigilante, cobrando das autoridades estaduais que não
houvesse “panos quentes”. Muito fácil lançar a culpa sobre o rapaz, namorado da
prima da vítima: minimizaria ou eliminaria a responsabilidade da igreja. A
própria Palavra da Deus, a Torah, no livro de Shemor (Êxodo), capítulos 21 e 22,
prescreve a indenização pelo dano causado.
Não temo quaisquer comentários
feitos por “FSG, Rio de Janeiro”, ou quem quer que seja. Não sei quem é. Não
fiquei exultante quando soube do fato pela TV, pela internet. Fiquei triste,
desolado, indignado com a criminalidade cotidiana em nosso país. Indignado
também com a IASD, porque não zelou pelo cuidado com a vida de menores que se
colocam sob seus cuidados. Fiquei dias chorando, tendo pesadelos. Pessoas da
minha convivência sejam da família ou do trabalho, sabem o quanto fiquei abalado
emocionalmente com esse fato. Talvez porque senti bem perto que a vítima poderia
ter sido um dos meus. Fiquei, sim, indignado com a indiferença da organização
adventista em relação à família que foi atingida por essa desgraça.
Que dor: sua
pequenina ir a um local de culto, pessoas da membresia insistirem para levá-la a
um local apropriado e não terem o mínimo cuidado a ponto de acontecer a desgraça
que aconteceu. Não há ninguém que possa medir a dor que aquela mãe, aquela
família, está sentindo. E a revolta, também!
A Rede Record transmitiu
entrevista com a mãe da pequenina. Minha mulher relatou pra mim porque eu não
queria ver na TV: a IASD não a procurou em nenhum momento para lhe dar apoio
moral, psicológico, material, etc. A própria nota oficial divulgada na internet
se preocupou mais em fazer propaganda sobre os predicados positivos da
organização que qualquer outra coisa.
Quanto à afirmação feita por “FSG,
Rio de Janeiro”: “Se
o Sr. Dilmar fosse pessoa de bem...”
não preciso demonstrar. Em relação a você não posso dizer que é ou não idôneo:
não o conheço. Sequer identificou-se. Aqui em Maceió há pessoas, não poucas, que
sabem da minha idoneidade. Sou serventuário do Poder Judiciário Federal há
muitos anos. Penso que aquelas pessoas que desejam encarar os problemas com
seriedade devem mostrar-se, não ficar escondidas sob a máscara de pseudônimos e
siglas, abreviaturas. Graças ao Senhor, não dependo economicamente de
instituições religiosas. Talvez, por isso torna-se mais fácil falar. Quiçá, você
seja, no mínimo, alguém que é remunerado pelo sistema – não pode se expor,
quando não, fanático ou vaidoso e detém algum cargo não remunerado que lhe provê
status temporário no seu pequeno
meio.
Faço apenas um
esclarecimento, quando escrevi “sistema adventista”, referi-me à organização
mundial Igreja Adventista do Sétimo Dia, não aos membros associados.
Infelizmente, pouquíssimos sabem distinguir o que é o clero, o que é a
organização e o que é a membresia, pensam ser tudo a mesma coisa, daí a confusão
quando se ataca o sistema: toma-se as dores como se fosse à membresia.
No momento,
por falta de tempo - o trabalho me chama –, termino por que
renovando meus protestos de estima, consideração
e apoio aos editores deste sítio eletrônico, pois, certamente, foram um grande
aliado na descoberta da verdade dos fatos, ainda que pela mobilização conseguida
a nível nacional e internacional. Continue neste caminho. A verdade
sempre prevalece.
Dilmar de Oliveira Santos.
--
dilmarmcz@yahoo.com.br
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Opinião 3
Prezado editor do sítio adventistas.com, primeiramente desejo parabenizá-lo
pela transparência e ética com que publicou as notícias referentes ao crime
tão bárbaro cometido contra a pequena Gabrielli em minha cidade (Joinville,
SC).
Os sítios oficiais não ousaram expor o caso desta maneira pois o que
está em jogo, como sempre, é a "sagrada" imagem da IASD. Todavia, como
ex-pastor ordenado da IASD, tenho compactuado com a proposta deste sítio, ou
seja, a necessidade de mais democracia, transparência e verdade na
administração da IASD.
Ao acompanhar todos os dias as notícias sobre o
andamento do caso, pude perceber a pseudo ética presente no discurso dos
líderes da IASD e sua extrema preocupação com a imagem da mesma; sendo que
em nenhum momento ficou evidente o amor cristão e genuíno, destituído de
preconceitos, o qual deveria ter sido evidenciado à família da Gabrielli.
Muito pelo contrário, como foi noticiado, houve sim uma preocupação em
transferir a responsabilidade pela guarda da criança no momento do culto
para o casal que a levou, sendo um deles menor de 18 anos de idade, o qual também passou pelo constrangimento de ser acusado como
suspeito do crime. Isso seria conveniente para os líderes administradores da
IASD, pois abafaria a responsabilidade civil da igreja.
Contudo, creio que a
justiça divina e a dos homens está ocorrendo, e defendo a tese de que a família
da Gabrielli deve processar a IASD por negligência de cuidados a criança menor
sob sua responsabilidade.
Que isso sirva de lição para líderes que vestem uma
capa de hipocrisia quanto falam de amor ao próximo.
Falo assim, pois também
passei por uma situação constrangedora quando me demitiram sem justa causa (na
época - 1998 - atuava como pastor ordenado e professor de bílbia na escola
Adventista de Joinville, SC). Fui demitido por vontade arbitrária do presidente
do Campo, o que me trouxe na ocasião muita dor emocional e frustração.
Como também trabalhava como professor e tinha carteira de trabalho assinada pela
organização, a IASD teve que pagar os meus direitos trabalhistas, e eles não
foram justos, pois não pagaram tudo que me pertencia por direito. Sendo assim,
abri um processo trabalhista contra a organização e após três audiências a IASD
foi obrigada por força da lei a me ressarcir o restante.
Foi uma situação
vergonhosa para os administradores e advogados da organização, pois antes de dar
a sentença o juiz ainda perguntou se eles tinham certeza que não me deviam mais
nada, ao que responderam que sim, para em seguida ouvirem a sentença que os
condenou a pagar o que deviam.
Portanto, considerando essa minha experiência
diante dos tribunais em relação a IASD, posso garantir que a política interna do
sistema adventista no que diz respeito a repararação de danos é a de negar a
culpa e eximir-se da responsabilidade, desconsiderando inclusive os direitos
básicos de cidadania e humanidade. Sendo assim, desejo manifestar meu apoio a
família enlutada de Gabrielli na decisão de processar a IASD por negligência no
cuidado de seu pequeno anjo.
Prezado editor, autorizo a publicação de meu nome e e-mail.
Jorge Schemes - Ex-pastor ordenado da IASD
jorgeschemes@yahoo.com.br
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