DEBATE - JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ
Segurança de Salvação: Por Que a Dúvida?

Creio que alguns esclarecimentos se fazem necessários diante do que expusemos na mensagem anterior que intitulamos num tom reconhecidamente irônico“Começa Perseguição Contra Teólogos Adventistas”. O primeiro parágrafo era dirigido ao editor do site, Robson Ramos, e não contávamos que fosse reproduzido. Nele realmente não mencionamos o nome do outro cavalheiro mas não creio termos sido desrespeitosos só pelo fato de usarmos “não sei do que”. Enfim, temos que dar a mão à palmatória. Foi o preço da preguiça de não termos voltado à página onde ele expunha seus pontos de vista. Meu computador anda muito lento. 

Em segundo lugar, quando falamos do placar de 11x0 não queremos falar de nossa superioridade, mas da superioridade da Bíblia para quaisquer questões teológicas.

Não adianta nossos amigos alistarem trechos e mais trechos dos escritos da Sra. White segundo o seu ponto de vista pós-lapsariano. Temos a mesma liberdade de alistar trechos e mais trechos de seus escritos segundo o ponto de vista pré-lapsariano, como fizemos num texto anterior para revelar tal contraste.

Até indicamos o artigo, “O Verbo se Fez Carne”, que apareceu numa edição de O Ministério Adventista em que o autor busca dar uma solução a essa questão. Ao reproduzirmos tal artigo em nosso “Catálogo” de temas para exame, análise e reflexão adicionamos um “Adendo” com nossa própria solução a esse aparente impasse de declarações tanto de um lado quanto de outro (ver item 32a).

Falando-se em críticas a conteúdos da Lição da Escola Sabatina e ao tema da natureza de Cristo, um excelente material sobre este assunto é o artigo do Prof. Pedro Apolinário, “A Natureza Humana de Cristo”, da Revista Adventista de março de 1989 (págs. 42-46). Nele o autor analisa duas Lições da Escola Sabatina onde tal tema é defendido segundo posições opostas, respectivamente por Norman Gulley (1o. trimestre de 1983) e Herbert Douglass (4o trimestre de 1984). Portanto, nosso irmão Fernando conta com um precedente de alguém do mais alto conceito no meio adventista para tecer críticas ao que a Lição apresentou.

Também em nosso artigo “A Salvação Se Processa no Céu ou na Terra?” (nº 20 de nosso “Catálogo”) fazemos referência a conteúdos de validade teológica discutível na Lição 4 do 2o. trimestre de 1990 ao tratar do tema da  “justificação pela fé”, só que o fazemos num teor exatamente oposto ao do que defende nosso irmão Fernando.

Creio ser surpreendente sua posição contra o ensino da “certeza de salvação”. Quer dizer que a gente é batizado, e cinco minutos depois não sabe se aquela cerimônia valeu de alguma coisa? Não há certeza alguma de termos sido aceitos por Deus? E como fazemos para ter tal segurança? Só se atingirmos o estágio de perfeição ontológica e  jamais cometermos pecados? Quando Paulo disse, “Cristo vive em mim”, não acrescentou que “esse viver”  é pela “fé em Cristo?” (Gálatas 2:20). Não são por demais conhecidas as palavras de  Paulo de que “o justo viverá pela fé?”

Fico a imaginar que os que adotam a posição do irmão Fernando têm dificuldade em acompanhar a congregação quando cantando hinos do Hinário Adventista com conteúdos como o do 534 (“Ele me deu certeza da minha salvação”) ou 535 (“Grande é meu prazer de certeza ter: Para o Céu pela cruz irei”), ou 240 (“Que segurança, sou de Jesus, eu já desfruto bênçãos da luz. Sei que herdeiro sou de meu Deus; Ele me leva à glória dos céus!”). Será que se calam no momento em que os hinos atingem estas cláusulas? Creio que somente estes ilustram bem a questão, mas há muitos outros em nosso hinário expressando esta certeza que deve caracterizar o cristão. . ..

Bem, perguntar não ofende, assim, apresento a meus amigos perfeccionistas algumas perguntas que, se não produzirem respostas convincentes e adequadas, ao menos poderão produzir alguma séria reflexão:

1º - Somos pecadores porque pecamos, ou pecamos porque somos pecadores?

2º - Como o pecado de Maria transferiu-se para o “ente santo” (Lucas 1:35) que ela trazia no ventre, gerado pelo Espírito Santo? Em outras palavras, qual foi a “mecânica” dessa transferência, pois Maria transmitiu a Jesus carne, ossos, cartilagens, sangue, pêlos . . . mas o “pecado”, elemento espiritual, como poderia ter contaminado o “ente santo”?

3º - Sendo que até “nossas obras de justiça são trapos de imundície” (Isa. 64:6), e em parte alguma a Bíblia diz que um dia deixarão de sê-lo, como podemos chegar ao estágio de perfeição ontológica ou impecabilidade, sendo que as obras que praticarmos nessa suposta condição prosseguirão sendo imperfeitas? Ou elas se tornariam “obras meritórias” (segundo a teologia católica) a partir de então?

4º - Quando a pessoa supostamente atinge esse estágio de impecabilidade nesta vida, ao orar o “Pai Nosso” deve saltar o pedaço que diz, “Perdoa as nossas dívidas”, uma vez que não terá mais ofensas a serem perdoadas?

5º - Se Enoque atingiu a perfeição ontológica para ser então arrebatado ao céu, teriam Moisés e Elias igualmente atingido tal estágio, uma vez que ambos já estão no céu, como apareceram transfigurados sobre o monte com Cristo (ver Mateus 17)? Onde a Bíblia nos informa disso?

Espero que dessa discussão nasça alguma luz. Os que desejarem quaisquer dos artigos de nosso “Catálogo” acima indicados poderão dirigir-se ao nosso e-mail e remeteremos por via eletrônica o mais cedo possível.

Fiquem todos na companhia do Senhor Jesus.

Prof. Azenilto G. Brito


Reação do Leitor:

Como bons adventistas que somos, não podemos, como faz o autor do artigo supracitado, rejeitar os escritos de Ellen White. Portanto, somente para esquentar o debate sobre a pseudocerteza de salvação, tão entusiasticamente defendida pelos liberalistas, transcrevemos as seguintes citações inspiradas, para, em outra oportunidade, tecermos nossos comentários:

"A queda de Pedro não foi repentina, mas gradual. A confiança em si mesmo induziu-o à crença de que estava salvo, e desceu passo a passo o caminho descendente até negar a Seu Mestre. Jamais podemos confiar seguramente em nós mesmos ou sentir, aquém do Céu, que estamos livres da tentação. Nunca se deve ensinar aos que aceitam o Salvador, conquanto sincera sua conversão, que digam ou sintam que estão salvos. Isso é enganoso. Deve-se ensinar cada pessoa a acariciar esperança e fé; mas, mesmo quando nos entregamos a Cristo e sabemos que Ele nos aceita não estamos fora do alcance da tentação. A Palavra de Deus declara: 'Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados.' Dan. 12:10. Só aquele que 'sofre a tentação... receberá a coroa da vida'. Tia. 1:12.

"Os que aceitam a Cristo e dizem em sua primeira confiança: "Estou salvo!" estão em perigo de depositar confiança em si mesmos. Perdem de vista a sua fraqueza e necessidade constante do poder divino. Estão desapercebidos para as ciladas de Satanás, e quando tentados, muitos, como Pedro, caem nas profundezas do pecado. Somos advertidos: 'Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia.' I Cor. 10:12. Nossa única segurança está na constante desconfiança de nós mesmos e na confiança em Cristo." -- Parábolas de Jesus, pág. 155.

Fernando Pretti


Responde o autor:

É justo deixar o apóstolo Paulo na "lanterninha"?

Quando nos referimos a nossos irmãos que defendem a teoria do alcance da “perfeição ontológica” como não só uma possibilidade para o cristão nesta vida, mas mesmo um requisito para o retorno de Cristo (pois entendem que Ele só retornará quando a Igreja toda for perfeita, imaculada, em sentido absoluto, algo que a Bíblia não ensina em parte alguma) atribuímos o título de “perfeccionismo” a tal linha de pensamento e de “perfeccionistas” a seus adeptos. E não somos os únicos a assim agir. Isto, porém, tem relação direta com sua ênfase nesse aspecto ideológico. Talvez prefiram ser chamados doutro modo, mas que o “apelido” se aplica muito coerentemente com sua postura não resta dúvida.

Aparentemente como represália, pelo menos um desses irmãos faz questão de atribuir o título nada inspirador de “liberalista” aos que não rezam por sua cartilha. Contudo, esse epíteto é indiscutivelmente injusto e ofensivo. Ao nos preocuparmos com um correto entendimento da justificação pela fé segundo o ensino bíblico e dos Reformadores do Século XVI, preocupados com os conceitos catolicizante desses bem-intencionados irmãos, não damos ênfase à libertinagem, apostasia, vida em pecado que automaticamente se ligam à expressão, e o contraste de tal epíteto com o de “perfeccionistas” nos deixa em nítida desvantagem. Ficam assim implícitas insinuações malévolas, e só esperamos que esse irmão se arrependa de tal atitude, se é que quer mesmo atingir a perfeição ontológica. Agindo tão injustamente assim, com essas distorções dos fatos, não chega lá de jeito nenhum. . .

Enfim, o fato é que, para quem não sabe, os “perfeccionistas” dividem-se em várias correntes. Há os da “Comissão de Estudo da Mensagem de 1888”, os da linha dos irmãos Standish, os sautronistas, que defendem posição idêntica, e outros mais que se empenham em diferentes ministérios, todos no louvável empenho de despertar a Igreja e levá-la ao desfrute da “chuva serôdia”, só que por caminhos tortuosos, que, por incrível que pareça, chegam a corresponder a certas noções do catolicismo romano e até do espiritismo, como temos demonstrado em várias matérias de nosso “Catálogo” de temas (ver os artigos de no. 36, “Waggonner em Retrospecto” e 42, “Para Entender Justificação Pela Fé”). Vamos enriquecer mais ainda o primeiro destes artigos com provas irrefutáveis de que ao final de sua carreira E. J. Waggoner adotou conceitos claramente panteístas, como fruto de seu errôneo entendimento da justificação pela fé.

O irmão Bezerra, de Portugal, por exemplo, teve a bondade de enviar-nos um exemplar do livro Adventism Vindicated, de um dos irmãos Standish, em que já começa criticando posições do Pastor Sequeira (também perfeccionista) e da “Comissão de Estudo da Mensagem de 1888”. Estes últimos chegam à pretensão de declarar que sua interpretação da Bíblia é superior à dos reformadores, e “mais madura e prática do que a do apóstolo Paulo”!

Sendo que os Standish acharam defeitos na interpertação dos mencionados membros da “Comissão de Estudo da Mensagem de 1888”, segue-se que imaginam ser a sua interpretação particular do perfeccionismo superior à deles, que seria superior à de Paulo. E se surgir outro grupo reivindicando superioridade sobre as posições dos Standish? Irá o apóstolo Paulo com isso ficando mais e mais na “laterninha” de importância? Meditem sobre isso as mentes equilibradas.

Quando mencionamos este fato num texto anterior, tivemos uma reação simplesmente incrível: não é que o irmão Fernando Pretti deu a entender que é isso mesmo? Ou seja, que a interpretação particular desse tema da justificação pela fé, segundo entende ele e seus amigos perfeccionistas, seria mesmo superior à de São Paulo? E ele cita o livro História do Adventismo como base para tal idéia, livro este que quem traduziu fui eu próprio!

Falando em apóstolo Paulo, no livro que o mencionado irmão português me enviou, o autor se empenha em demonstrar que em Romanos 7 o grande “apóstolo dos gentios” fala de sua vida anterior à conversão, pois agora já seria “perfeito” como um modelo para todos os cristãos. Contudo, pode-se observar nesse capítulo que ele emprega o verbo no tempo presente nas passagens mais cruciais (ver os vs. 15 até 25). Paulo não diz, “fazia o que não queria. . .”, e, sim, “faço o que não quero”, e “a lei do pecado que ESTÁ nos meus membros” (não que “estava” outrora, antes de sua conversão).

Pois bem, vamos repetir o que já apresentamos antes, em termos de pensamentos iluminadores da Sra. White a respeito desta questão:

"Não podemos dizer 'sou sem pecado' até que este corpo vil seja mudado e modelado em igualdade com o Seu corpo glorioso" - Signs of the Times, 3 de março de 1888.

"Enquanto Satanás reinar, teremos o eu a subjugar, pecados perturbadores a vencer; enquanto a vida durar, não haverá detença, nenhum ponto que possamos alcançar e dizer: consegui atingir plenamente. A santificação é o resultado de obediência de toda a vida" - Atos dos Apóstolos, págs. 560 e 561.

"Há tendências hereditárias e cultivadas para o mal que devem ser vencidas. Apetites e paixões devem ser trazidos sob o controle do Espírito Santo. Não há fim para a batalha deste lado da eternidade". Conselhos aos Professores, pág. 20.

A seguir, repetimos o que ela expõe sobre a discutida questão da natureza de Cristo, bem como algumas passagens bíblicas. Ao final acrescentaremos um breve e também iluminador comentário do Pr. Rubens Lessa na Meditação Matinal deste ano, relativa a 2 de abril, para melhor entendimento do texto de Mateus 5:48: “Sede vós perfeitos como perfeito é vosso Pai celeste”:

“Não há ninguém que possa explicar o mistério a encarnação de Cristo.' SDA Bible Commentary, Vol.5, 1129".

"Não O apresenteis [a Cristo] perante o povo como um homem com as propensões para o pecado. ...Ele não poderia ter pecado; Ele poderia ter caído, mas nem por um instante houve Nele uma propensão para o mal". E noutra parte do mesmo texto: "Nunca, de modo algum, deixai a mais leve impressão sobre as mentes humanas de que uma nesga de corrupção, ou propensão para tal, jazesse em Cristo, ou que Ele em qualquer forma se submeteu à corrupção".

E na páginas 1.104 do mesmo volume do SDABC há ainda esta citação da Sra. White: "Sua natureza espiritual estava livre de qualquer mácula de pecado".

Já em Testimonies, vol. 2, pág..509:

"Ele era um poderoso intercessor, não possuindo as paixões de nossa natureza humana, decaída, mas compassivo para com nossas dores, tentado em todos os pontos como nós". E na pág. 202 do mesmo volume: "Ele é um irmão em nossas enfermidades, mas não possuindo idênticas paixões. Como Aquele que é isento de pecado, Sua natureza recuava do mal".

Também seria interessante observar que a Sra. White explica que Cristo foi tentado EM PROPORÇÃO a Sua força espiritual:

"Ele... suportou a tentação na mesma proporção da perfeição de Sua santidade. Mas o príncipe das trevas não encontrou nada Nele; nenhum único pensamento ou sentimento respondeu à tentação". - Testimonies, vol. 5, pág. 422. E em O Desejado de Todas as Nações é dito: "As tentações que Cristo resistiu foram as que achamos tão difíceis de suportar. Foram-lhe instadas em grau tão mais elevado quanto o Seu caráter é superior ao nosso" (pág. 116-original em inglês).

Então, como fica o argumento da "vantagem" que Cristo teria sobre nós caso fosse sem pecado? Tudo foi proporcional... Como cristãos adeptos do slogan Reformado "Sola Scriptura" nos alegramos em ver como as declarações da Sra. White quanto à luta de toda a vida contra o pecado está em harmonia com o que a Bíblia descreve: por ocasião da ressurreição dos salvos é que o corruptível é revestido da incorruptibilidade, este corpo mau é transformado em corpo perfeito (1 Cor. 15:50-55; Fil. 3:20, 21).

Por falar em Bíblia, que deve ser a base de nosso entendimento desta questão e todas as demais questões doutrinárias [que lástima haver os que se dizem cristãos mas negam a validade das Escrituras, como exposto nos últimos parágrafos da exposição que a esta antecede], seria bom analisar alguns dos textos preferidos dos irmãos perfeccionistas segundo o seu ponto de vista, e segundo o que o contexto realmente indica. Para economizar espaço, vamos apenas referi-los e comentar, sem sua reprodução integral:

Mateus 1:21 - Cristo salva o Seu povo dos seus pecados pelo perdão, pois a Bíblia diz que os pecados confessados e abandonados serão inteiramente apagados, lançados no fundo do mar. (Miquéias 7:19). Ele não está ensinando perfeccionismo por esta passagem.

Gálatas 2:20 - No próprio texto Paulo diz que "Cristo vive em mim. ... PELA FÉ". Por estas palavras ele não está promovendo nenhum conceito perfeccionista (a obediência perfeita à lei divina, praticada supostamente pelo 'Cristo interior', uma noção claramente mística e espírita). O próprio Paulo diz em Fil. 3:12 que NÃO ALCANÇOU a perfeição, mas "prossigo para o alvo". E, interessante, também confirma no vs. 15: "Todos, pois, que somos PERFEITOS, tenhamos este sentimento... " para complementar no vs. 16:

"Andemos de acordo com o que já alcançamos". Estes textos merecem profunda reflexão, pois os Filipenses jamais reivindicaram perfeição ontológica. Paulo lhes havia recomendado, entre outras admoestações: "Fazei tudo sem murmurações ou contendas" (vs. 14). Mas se eram PERFEITOS, que necessidade haveria de qualquer exortação a eles? Logo, essa perfeição é RELACIONAL (enquanto ligados ao Único que foi realmente perfeito em tudo: Cristo).

Hebreus 2:17 - Todo o contexto destaca a identificação de Cristo como nosso irmão para pagar POR SUA MORTE, o preço de nossa libertação. Nada há na passagem que fale da vida de Cristo tendo uma parcela de pecado como base dessa identificação, sendo ressaltado apenas o seu sofrimento e tentação, com vitória. Extrair do texto um conceito de natureza pecaminosa" de Cristo é pura distorção de sentido.

1 João 4:1-6 - Estes textos devem ser entendidos à luz de seu contexto histórico. João não está falando em Cristo ter vindo em carne pecaminosa, nem acusando os que não aceitam as teses perfeccionistas como tendo o "espírito do anticristo" ou de serem "do mundo".

Infelizmente, alguns de nossos irmãos perfeccionistas não percebem a gravidade de sua interpretação particular desta passagem e ofendem todos quantos não rezam pela sua cartilha. Será que a maior parte da igreja é composta de pessoas tão más, que 'falam da parte do mundo'? Pois o texto se refere a quem não crê que Cristo veio em carne como pertencendo aos que 'não procedem de Deus'...

Bem, tranqüilizem-se meus irmãos NÃO perfeccionistas! O apóstolo está se referindo aos ebionitas e gnósticos de seu tempo que alegavam que Cristo fora apenas um ser espiritual, místico, que não possuía um corpo real. Negando a encarnação, negavam a base da Redenção, daí possuírem um espírito de anticristo e não procederem de Deus. O debate empreendido por João naquele primeiro século da Igreja nada tem a ver com as discussões contemporâneas quanto à natureza de Cristo no seio do adventismo.

Mateus 5:48: “sede vós perfeitos como perfeito é vosso Pai celeste”:

“Quando Jesus mencionou a perfeição divina como parâmetro, o assunto em discussão era o amor. O contexto diz que devemos amar tanto os nosso amigos quanto os nossos inimigos. Quando alguém ama até mesmo os inimigos, é considerado perfeito.

“Mas o que é perfeição bíblica? No Antigo Testamento, as palavras “perfeito”, “perfeição” procedem do termo hebraico tam e tamim, cujo significado é “completo”, “correto”, “inteiro” ou “sem mancha”. Noé, Abraão e Jó são descritos como perfeitos ou sem mancha. De Jô, por exemplo, é dito: “homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal”. Jô 1:1. esses patriarcas, no entanto, manifestaram imperfeições em sua vida.

“Como, pois, foram considerados perfeitos? Aceitando, pela fé, o perdão divino e a justiça que provém do Céu. No Novo Testamento, o conceito de perfeição é mais acessível à nossa mente. Quando somos justificados, o caráter perfeito de Cristo torna-se nosso. Jamais podemos pretender essa perfeição independentemente de Cristo. Por quê? Porque ela é um dom de Deus.

“O Mestre esclareceu bem este ponto: ‘Quem permanece em Mim, e Eu nele, esse dá muito fruto; porque sem Mim nada podeis fazer’. João 15:5. o ‘fruto’ a que Jesus Se refere é uma vida de santidade.

“Ninguém é capaz de acrescentar algo ao que Jesus já fez. Na cruz, Ele confeccionou vestes de justiça para todos nós. Nossa parte é aceita-las pela fé. E qual deve ser o papel que devemos desempenhar em tudo isso? Permitir que Jesus habite em nosso coração, para que cresçamos em maturidade espiritual. Em adição à justificação, Deus provê nossa habilitação para o Céu através de Cristo, que vivem em nós. Hans LaRondelle, teólogo adventista, diz que “a habilitação deve ser revelada no caráter moral do homem, como evidência de que a salvação ocorreu”.

“Podemos ter a perfeição agora, mas somente em Cristo, ou seja, enquanto permanecermos nEle. Paulo disse: ‘Prossigo para o alvo’ Filip. 3:14. Prosseguir para o alvo e permanecer em Cristo são expressões sinônimas”. - Rubens Lessa.

Finalmente, já que nos referimos a alguns hinos que não sabemos se nossos irmãos “perfeccionistas” se dispõem a entoar por conterem expressões de certeza de salvação que rejeitam, lembraríamos o trecho de conhecido corinho que se canta no meio adventista e que sintetiza de modo maravilhoso o ensino bíblico sobre como Deus age conosco: “Deus completa o incompleto do meu ser”. Será que este também estaria na lista de hinos de letras proibidas para os “perfeccionistas”? Seria uma pena...

Prof. Azenilto G. Brito


Resposta em Defesa do Espírito de Profecia

Quem lê os escritos do irmão Azenilto Guimarães de Brito, especialmente sua tréplica no artigo Segurança de salvação: qual é o problema? diante de sua retórica, de seus vastos argumentos e de sua aparente coerência, não pode perceber, de pronto, o que está por de trás deles.

Particularmente, nada temos contra tal irmão, pois parece ser um homem inteligente e, até onde saibamos, nada parece haver que o desabone, no campo pessoal. Contudo, não podemos concordar com ele em sua teologia e crença. Muito menos pretendemos ataca-lo ou desmerece-lo, da forma como faz conosco. Concentramo-nos na sua mensagem e não na sua pessoa, apenas taxando-o de liberalista, não porque seja libertino, mas porque faz parte dessa corrente interpretativa da justificação pela fé. Não sabemos porque se ofende com isso, uma vez que nos taxa de perfeccionista. É uma questão de coerência, e, como ele mesmo diz, de um recurso didático.

Também, não temos a intenção de forçar ninguém, como ele diz, rezar por nossa cartilha, ao contrário do que ele faz, bastando ver a obra de divulgação de seu catálogo de artigos. Ainda bem que suas idéias estão agora vindo à tona, para que se possa julga-las, com mais cabeças pensantes, através deste site.

Durante um bom tempo, trocamos e-mails com o referido irmão, quando este tentou, de todas as formas, abrir nossa mente para dados e fatos explosivos, os quais seria bom que todos conhecessem, de modo que tentamos, várias vezes, levar o assunto para o site, sem que ele o permitisse, pois cuidava poder nos demover de nossa fé e firmeza. Que bom que ele agora o faça publicamente!

Poderíamos, se quiséssemos, transcrever toda essa nossa discussão com ele, para mostrar o modo arrogante e superior como ele se dirige às pessoas que não conseguem pensar como ele, as quais chama de bitolados, apegados a um conservadorismo tolo, desinformados e preconceituosos, que crêem que os pioneiros eram infalíveis e que a salvação é pela fé E PELAS OBRAS, e que ensinavam essa estupidez, seja uma verdade bíblica, e que não agüentem a verdade dos fatos, e que só sabem atacar publicamente em sites polêmicos e que se arrogam o direito de julgar os semelhantes e que são uns teimosos, incapazes de enxergar um palmo adiante do nariz, e que não se aproveitam da luz que brilha adiante, antes tapam as suas vistas com temor delas. (Palavras dele)

De igual modo, ele tentou persuadir os irmãos Jaime Bezerra, Rogério Buzzi e outros mais, com os quais mantemos constantes contatos, e, como não o conseguiu, fica-o tentando com tantos quantos lhe dêem atenção, como pacientemente o fizemos.

Observe-se que, até agora, ele está só no debate. Ninguém ainda ousou defender as suas idéias, e ver-se-á porque! Enquanto isso temos ao nosso lado pelo menos sete pessoas que se manifestaram no site.

Bom é que a verdade venha à tona, pois o citado irmão está deixando transparecer o que pensa, para que os demais irmãos possam julgar onde está a verdade. Por exemplo, ele se utiliza do site, mas o execra e taxa de polêmico; ataca, abertamente a Ellen White e aos pioneiros; enfim, se persistir no debate, ver-se-á o que deveras crê.

É, porém, nosso dever responde-lo. Antes, é necessário mostrar um pouco mais do que ele pensa, partindo do que para nós expressou. Por isso, fazemos o arrazoado a seguir:

Nesses últimos dias de cumprimento profético do ômega das heresias letais(1ME, 350 a 355), em que muitas vozes se têm levantado em nosso meio, para desviar nossos pés do caminho da salvação, sabemos que a voz que diz pertencer a Deus tem de estar em harmonia com a Bíblia e o Espírito de Profecia, sendo que as que não estejam pertencem ao inimigo d`Ele e de todo o bem, as quais faremos bem evitar. Isso é básico!

Assim, dessa forma, poderia algum verdadeiro adventista do sétimo dia rejeitar Ellen White, como sendo a mensageira do Senhor, sobre quem veio o Espírito de Profecia? Poderia ele olvidar que nossa amada IASD, por escolha de Deus, recebeu esse dom profético, justamente para poder discernir, dentre tantas vozes, a voz de Deus?

Pois bem: É parte integrante da apostasia ômega o rejeitar o Espírito de Profecia, e o citado irmão o faz!

Visando alertar a irmandade contra essa apostasia, é que estamos escrevendo o presente artigo, e também responder às declarações heréticas desse que é um dos teólogos e partidários do novo adventismo.

Antes de examinar algumas dessas suas declarações, observemos sobre o que o Senhor nos preveniu há muitos anos atrás, através da serva d`Ele:

"Os homens poderão apresentar um ardil após o outro, e o inimigo procurará desviar as almas da verdade, mas todos os que crêem que o Senhor tem falado por intermédio da irmã White, e lhe tem dado uma mensagem, estarão livres dos muitos embustes que surgirão nesses últimos dias." (3ME, 83 e 84).

Nada temos, repetimos, de pessoal contra o Prof. Azenilto de Brito, reconhecendo nele um homem de predicados excelentes, todavia é nosso dever prevenir os sinceros adventistas, que crêem no dom profético, contra a mensagem que ele prega, inclusive contra a lista de artigos e documentos que ele chama de catálogo de temas explosivos, nos quais lança em descrédito os escritos e a pessoa de Ellen White, bem como apresenta fatos e dados que visam solapar a nossa fé no adventismo histórico.

Não podemos, aqui, transcrever todo esse bombardeio dos escritos do referido senhor, mas faremos algumas transcrições, frutos desse catálogo e de alguns e-mails que dele recebemos, quando ele tentava abrir nossa mente para a suposta verdade. Isso fazemos para que os irmãos julguem, por si mesmos, se essa é a voz de Deus, ou se Ellen White tinha razão ao nos prevenir contra os ardis, desvios e embustes desses últimos dias. Porém, advertimos, por experiência própria, quanto aos efeitos maléficos deles, recomendando aos irmãos que os examinem, claro, como bons bereanos, mas com muita oração, e consagração, a Deus, para não serem enredados pelo erro.

Vejam algumas:

Acerca de Waggoner, ele diz:

"Também é significativa a sua 'Confissão de Fé' emitida pouco antes de falecer em 1916. Ele confessa nela que há 25 anos não cria mais do 'juízo investigativo' nem no 'santuário celestial', o que é uma afirmação muito comprometedora, pois fazendo as contas caímos em 1891, três anos apenas após 1888. E como fica o irrestrito apoio de EGW a ele? Bem, mas esta é apenas uma das dificuldades para meus amigos conservadores e ultraconservadores resolverem."

Falando sobre EGW, ele diz:

"Por exemplo, que choque não seria saberem da opinião especializada do Pr. Fred Veltman, que virtualmente conclui que EGW mentiu! E mentiu mesmo. . . Não tem outra saída. Negou o inegável, acobertou fatos (sobre as cópias e sobre a 'porta fechada'), agiu de má fé. Pode ser uma profetisa de Deus? No entanto, é essa a base ideológica de todo o empenho bem-intencionado de vocês: os escritos dessa mulher."

Falando sobre os erros de EGW, ele diz:

"Nunca li na Bíblia de profetas que 'evoluíram' no seu entendimento doutrinário, nem que cometessem erros sobre história, ciências, mudassem de opinião sobre questões teológicas (a lei em Gálatas, só cerimonial, não, também moral), o dízimo melhor do que a "benevolência sistemática" (mas esta dirigida por Deus), o amálgama de homens e bestas produzindo raças inferiores tanto de homens quanto de animais, erros quanto aos Valdenses e Albigenses, Huss, a torre de Babel antes do dilúvio, etc., etc. etc. Há mitos e mais mitos a serem explodidos." 

Acerca do Espírito de Profecia, ele vive dizendo:

"Como disse, dê-me um tempo. Vou dar-lhe só uma dica: a tradução de Apoc. 19:10 preferida dos adventistas tradicionalistas está ERRADA. A frase que tanto utilizamos, 'espírito de profecia' não tem nada a ver com EGW, pois a tradução correta de 'pneuma tes profeteias' é 'espírito DA profecia'. Assim, esse é outro dos grandes mitos a serem explodidos. Aguarde que há muito mais. O chão vai continuar desaparecendo sob os seus sapatos."

Sobre os mitos, diz mais:

"O problema é que meus irmãos perfeccionistas extraem sua teologia de Ellen White, não da Bíblia. Não sabem a realidade sobre Ellen White, apenas os mitos e mais mitos que se criaram a seu respeito. A Sra. White foi transformada na 'Maria Santíssima' do adventismo tradicional. As coisas simplesmente não são como imaginam."

Acerca de seus fatos e dados contra EGW, diz:

"Eu lhe garanto que me tornarei o maior apologista de EGW e de todas as 'santas tradições' adventistas se me comprovarem de modo claro, não só por retórica, que as matérias todas que propicio a meus amigos e irmãos pesquisadores da verdade são infundadas em seus questionamentos e documentação."

A lista pode ser interminável, e, portanto, poderíamos transcrever mais. Destarte, cuidamos que esses são suficientes para demonstrarmos o que dissemos em parágrafos anteriores: trata-se de uma seqüência de heresias letais, característicos de um neoadventismo instalado em nosso meio, contra o qual estamos em guerra!

Expressões, tais como, ela mentiu, agiu de má fé, dessa mulher e Maria Santíssima do adventismo, bem denotam que tipo de adventista é o referido senhor, desacreditando-o, completamente, perante os verdadeiros adventistas.

É, simplesmente, inacreditável, que isso esteja acontecendo em nosso meio, mesmo já havendo sido advertidos por EGW que tal ocorreria. Sentimos vergonha de que as pessoas possam concluir que a IASD é isso o que pensa e prega tal irmão. O que seria dela se não fossem a vida, obra e escritos da mensageira do Senhor? Nós, os perfeccionistas, não temos vergonha e nem medo de citá-la como fonte autorizada da inspiração divina.

Pseudodoutrinas, tais como, a da certeza da salvação, a da natureza pré-pecado de Cristo, a da justificação pela fé, somente (sem o devido papel das obras e da santificação), a de um santuário metafórico e a de um juízo não investigativo, dentre outras, depõem contra o adventismo histórico, e nos colocam no mesmo pé de igualdade com nossos co-irmãos evangélicos, de onde saímos, e de onde Deus manda sair os Seus (Ap.18:1-4).

Seria bom que a irmandade prestasse atenção no ensino de Cristo: Pelos frutos se conhece a árvore (Mt.7:10)! Quando alguém ataca o Espírito de Profecia, tudo o mais pode ser verdadeiro? Por isso, insistimos que, antes de continuarmos com o debate, o citado irmão possa aclarar muito bem, aos usuários desse site, o que pensa sobre o Espírito de Profecia (da profecia, como ele diz).

Agora, voltando à somente algumas das questões levantadas pelo referido irmão, afirmamos que não dizemos amém a hinos que expressem mentiras, de modo que não o podemos cantar. Enquanto nossa irmandade é ensinada, por música, a acender uma vela, e outras coisas mais que estão contaminando o arraial adventista através da música mundana, acaso os que enxergam o erro podem dizer amém? Não obstante, pelo contrário, como podem os liberalistas cantar hinos inspirados tais como tempo de ser santo...tempo de ser puro, e outros hinos mais, se não crêem que tal tempo chegará e seja impossível ser santo e puro? Só o fazem se for hipocritamente!

Outra coisa temos a esclarecer: nenhum perfeccionista crê nessa perfeição do irmão em tela; isso é uma inverdade! É uma vã tentativa de encontrar imperfeições naqueles que lutam com todas as veras da alma para não se contaminarem com o mundo e suas coisas. Cremos naquela perfeição que nos é dada obter pelo poder de Deus: a obediência voluntária e perfeita aos Seus mandamentos! Acaso não é esta uma característica do remanescente, junto com a crença no Espírito de Profecia (Ap.14:12)?

Pretendemos continuar o debate, respondendo às inúmeras outras questões levantadas nele, parte do que, aliás, já foi feito por Jaime Donegá Bezerra, mas só o faremos mediante o concurso do Espírito de Profecia, o qual só é citado pelo irmão, em caso, quando lhe convém. Por que será que ele ainda cita EGW, se não crê nela? E, por que cita inúmeros textos bíblicos, sem citar a interpretação inspirada de EGW, para eles? Dizer que o contexto de Mt.5:48 é o amor é desviar a mente do fato de que perfeitos serão os puros de coração, os limpos, os mansos, os que sofrem com a injustiça, os que choram, enfim, aqueles que trocam o mundo, e tudo que nele há, pelo Senhor e Suas coisas. Existe, pois amor sem justiça?

Bem profetizou a serva do Senhor que Satanás haveria de anular os testemunhos de Deus entre os adventistas, como podemos ver tão claramente, e, em sua esteira, anular o Santuário Celeste, o Juízo Investigativo, a justificação pela fé e pelas obras (a santificação) e todas as basilares doutrinas dos pioneiros adventistas. Destarte, a Bíblia garante que haverá um remanescente, os escolhidos, que não se deixarão enganar pelas astutas ciladas do adversário, no meio do qual anelamos estar.

Fernando Pretti


Invasão Perfeccionista

Amigo Robson,

Meu irmão, os perfeccionistas que querem tomar de assalto a igreja já conseguiram uma grande vitória: tomaram de assalto o seu site!  Não entendo por que você dá essa chance toda a essas pobres almas que querem despertar a igreja na base de ensinos absurdos. Você precisa se inteirar melhor dos fatos. Esses tais Waggoner e Jones não entendiam era coisa alguma do tema e se propuseram também a despertar a igreja ensinando que "justificar é tornar justo" (conceito tipicamente católico romano) e essas idéias absurdas e antibíblicas da "natureza pecaminosa" de Cristo.

Meu irmão, por favor, não dê esse espaço ao inimigo. Você não percebe que está fazendo o jogo dos que querem jogar a IASD no panteísmo e no catolicismo. Os conceitos básicos desses perfeccionistas são catolicizantes, você nem imagina isso, talvez. Releia com atenção as coisas que eu escrevi no "debate". Se desejar examinar o tema à luz dos artigos que tenho disponibilizado a nossos irmão, está às ordens. São os artigos 20, 34, 43, 36, entre outros. Você perceberá que essa gente tem a mais santa das intenções, porém estão totalmente equivocados. E o problema é o apego infantil, ingênuo e desinformado aos escritos de Ellen White. As coisas simplesmente não são como eles imaginam.

Bem, agora estou com pouco tempo mas espero voltar ao tema. E também espero que leve a sério as coisas que lhe estou falando. De qualquer modo, o debate em si poderá ser proveitoso para aclarar muitas dessas coisas. Há realmente necessidade de melhor entendimento do assunto sobre que, segundo EGW, não há um em cem em nosso meio que entenda plenamente. Ela, inclusive, poderia estar entre esse mais de 99 dentre 100 assim afetados, pois escreve coisas sublimes e maravilhosas a respeito do assunto, mas depois põe tudo a perder com declarações contrárias ao pensamento dos reformadores do séc. XVI. E diz que esses reformadores "tinham uma perfeição compreensão do tema".

Dá para entender uma bagunça dessas?

Até uma próxima. Fique com Deus.

Azenilto Brito

Resposta do Editor:

É filosofia editorial desta homepage permitir o livre debate de temas bíblicos considerados polêmicos. Do debate, deve nascer a luz, desde que não confundamos as idéias expostas com os indivíduos que as defendem e, na falta de argumentos convincentes, ponhamo-nos a atacá-los pessoalmente. 

Como já lhe disse em e-mail particular, creio que o enfoque da discussão pode estar equivocado. A pergunta, talvez, devesse ser: Que tipo de natureza EU tenho? CRISTO vive em mim, pela fé? Estou CRUCIFICADO com Ele? 

Poderia lhe perguntar, mais uma vez, se Cristo possuía umbigo e por esse caminho tentar lhe fazer ver que Jesus nasceu como todos os bebês, do ventre de uma mulher pecadora e após quatro mil anos de pecado. Mas prefiro deixar que o debate siga sem minha interferência.

O importante é que creio na perfeita obediência e perfeito sacrifício de Cristo, o que me falta é a PERFEITA COMUNHÃO com Ele! Quando Cristo viver em NÓS, pela fé, aí, sim, tudo estará perfeito. E Ele poderá retornar para nos reclamar como Seus.

Robson Ramos


Enfoque Certo, Base Errada

Tenho que concordar plenamente com a visão do irmão Robson quanto à necessidade de genuína conversão, mas o “Cristo habita em mim” é “pela fé” (Gal. 2:20). Temos que cuidar para evitar a noção espírita do “Cristo interior”, que guardaria a lei por nós, como se Deus suplantasse nosso livre arbítrio e nos transformasse em autômatos.

Em nada discordamos da necessidade de consagração e novo nascimento, e no artigo que escrevermos para a Revista Adventista de setembro de 1990 cuja seção de cartas de leitores posteriormente trouxe opiniões favoráveis, além de ouvirmos pessoalmente muitos que apreciaram nossa discussão do tema, “Para Entender Justificação Pela Fé” (transcrito como artigo 42 de nosso “Catálogo”), isto é tornado bem claro.

Mas, sejamos realistas, meu caro irmão Robson: Uma coisa é manter um espaço aberto para diferentes opiniões, outra é manter links com sites que defendem determinada opinião que se choca com os princípios bíblicos, baseados em interpretações dos que arvoram uma superioridade até ao pensamento do apóstolo Paulo”. . .

Os que realmente entendem este assunto devidamente perceberão quão catolicizantes são os conceitos desses irmãos perfeccionistas. Eu expliquei muito claramente por que ao nos ser atribuído o epíteto de “liberalista” há uma enorme diferença em relação a quando nos referirmos a eles como “perfeccionistas”. Permanecemos com a mesma opinião. Para bom entendedor, meia palavra basta.

Sobre a longa exposição do irmão Pretti, que bom que ele alega nada ter contra minha pessoa, embora faça o seu “alerta” à comunidade adventista contra o que eu penso ou divulgo nos artigos de meu “Catálogo” de temas para discussão, estudo e debate. Ele toma trechos isolando-os do contexto para passar a pior imagem possível do que dizemos e divulgamos, inclusive coisas de caráter bem pessoal, numa lamentável falta de ética cristã. E ainda diz nada ter contra mim pessoalmente. . .

Enfim, é pena que não se dispôs a discutir uma só das passagens bíblicas que mencionamos, ou mesmo os textos da Sra. White que reproduzimos.

Quando dizemos que a tradução correta de Apoc. 19:10 é “espírito DA profecia”, isto não é nossa própria opinião. É a tradução correta que consta da Bíblia de todos quantos possuem a versão Almeida Revista e Atualizada. Esta é considerada a melhor versão bíblica evangélica em português, inclusive a que se adotava oficialmente na Casa Publicadora Brasileira quando eu ali atuava. E não me consta que eles hajam mudado de postura. Portanto, este irmão nem se deu ao trabalho de examinar a própria versão bíblica que possivelmente adota para seus estudos e sermões. Por favor, meu irmão Pretti, examine-a e se discorda dela, demonstre com fatos que os homens da Sociedade Bíblica do Brasil não souberam realizar bem o seu trabalho. Seriam, quem sabe, uns tradutores incompetentes. . . Deviam consultar os que têm uma interpretação ‘superior à do apóstolo Paulo’ antes de se meterem a traduzir a Bíblia, especialmente o Apocalipse, não crê assim?

Num e-mail que ele nos mandou disse mesmo, sem exageros, que a salvação é “pela fé e PELAS OBRAS”. Gente, será que ele nunca leu Efésios 2:8-10? Os outros perfeccionistas, seus amigos, também crêem assim? Por favor, amigos, informem-se melhor sobre o que a Bíblia ensina antes de saírem por aí expondo suas idéias. . . Eu não disse que seus conceitos são catolicizantes? Eu é que teria motivos para alertar nossa comunidade de fé contra essas noções reacionárias, anti-Reforma do Século XVI, mais compatíveis com os decretos do Concílio de Trento!

Não quero me delongar muito, pois o que acima escrevi dá o necessário respaldo bíblico à nossa posição. Mas esses perfeccionistas parece não gostarem muito de citar a Bíblia em seus arrazoados. Haja textos e mais textos de Ellen White que aparentemente dão razão a suas idéias, sem levarem em conta outros de seus textos que negam tais opiniões.

Uma coisa importante que Ellen White disse, quando houve um debate a respeito do sentido do “contínuo” (de Daniel 8:12) é que não se devia recorrer a seus escritos para definir doutrinas bíblicas, mas deixar que “a Bíblia fale por si mesma”. Parece, contudo, que eles não conhecem muito bem a história adventista. . .

Houve um opositor da nossa igreja que alegou o seguinte: os adventistas dizem que seus ensinos se baseiam “na Bíblia e na Bíblia só”. Contudo, o que se dá é que os adventistas tomam “a Bíblia e a Bíblia só” para defenderem o ministério profético da Sra. White, e daí partem para uma exposição de suas doutrinas com base nas interpretações dessa autora.

Bem, isto logicamente não pode corresponder aos fatos. Então, está aí um desafio aos meus irmãos perfeccionistas. Provem com fatos que essa alegação é falsa. Utilizem-se só da Bíblia e a Bíblia só para defenderem suas idéias. Comecem analisando os textos bíblicos que enumerei acima. Vamos demonstrar com fatos, não com mera retórica, que os que fazem tais acusações contra nós NÃO têm razão. Que tal, não é uma boa idéia?

Aliás, um articulista de certa revista que circula entre adventistas narra o fato de que quando estudante de Teologia, havia um professor perfeccionista no seu colégio. Ele lhe pediu um estudo bíblico sobre o tema, e este professor não foi capaz de atendê-lo. Só pela Bíblia é impossível defender essas noções!

Sobre os hinos que falam da “certeza de salvação”, gostaria de lembrar a este irmão que a maioria deles foi composta em períodos anteriores ao século XIX ou neste próprio século. Tenho certeza que eram cantados ao tempo da Sra. White e ela própria os entoava. Duvido que a Sra. White se calava (como ele praticamente confessa) quando as cláusulas que falam de certeza de salvação eram entoadas. Também há trechos no livro Caminho a Cristo, sobretudo no capítulo, “O Que Fazer com a Dúvida” onde ela incentiva todos a terem certeza de que nossos pecados estão perdoados em Cristo e não haver motivo para dúvidas. Infelizmente não tenho aqui o trecho, mas é bem conhecido, onde ela diz: “Não vos preocupeis com o que Deus pensa de vós, mas sim sobre o que Deus pensa de Cristo. . .”

Há realmente muitos mitos a serem explodidos em nosso meio. Um deles é o da “inspiração verbal” dos escritos de Ellen G. White. Quando nos referimos a coisas que “surpreendem os adventistas”, não são dados e fatos que criamos ou inventamos, mas de pesquisadores que querem pôr as coisas em pratos limpos e demonstrar que não devemos derivar nosso entendimento teológico dos escritos da Sra. White (como ela própria não desejava que se desse), mas da Bíblia.

Certo autor realmente deixa transparecer a idéia de que ela não foi cândida ao acobertar fatos relativos à composição de seus escritos. Infelizmente nem todos em nosso meio estão preparados para certas informações delicadas. O irmão Pretti divulga coisas que a ele confiei, pois imaginei que fosse pessoa devidamente equilibrada e madura, fatos que não deveriam vir à tona sem um adequado preparo na compreensão das pessoas, devido a que tantos têm instilado na mente de nosso povo conceitos errôneos, idéias fanáticas (vejam os “reformistas” e sautronistas como prova disso) fora da devida contextualização histórica, geográfica, literária.

Então, estamos citando o que consta da revista Ministry de novembro de 1990, e não creio que nossa revista para pastores em inglês é comandada por “liberalistas”. Ou será que assim pensam estes perfeccionistas preconceituosos?

O que temos para oferecer é uma transcrição da conclusão final do estudo do Dr. Fred Veltman, que foi encarregado pela própria Igreja para examinar as acusações de Walter Rea quanto a ter EGW copiado de outras fontes na composição de O Desejado de Todas as Nações. Bem, ele chegou à conclusão de que ela copiou de nada menos que 23 fontes diferentes. . . Então, os fatos e dados estão aí para serem devidamente conhecidos e entendidos sem necessidade de acusações malévolas contra os que os divulgam. Não se trata de opinião nossa, preconceituosa, sem fundamento.

Líderes da IASD bem informados e realistas estão chamando a atenção da Igreja para pararem com esse fanatismo, essa mentalidade imatura de transformar EGW num verdadeiro culto, quase uma espécie de “Nossa Senhora Aparecida” do Adventismo.

Vamos entender o seu papel no devido contexto. Ela declara que nunca pretendeu a infalibilidade. “No que respeita à infalibilidade, nunca a reclamei; unicamente Deus é infalível” (Carta 10, 1891). Mas estes perfeccionistas deixam de lado a Bíblia, fundamento da verdade e se escoram em trechos e mais trechos e mais trechos de EGW, embora tenhamos citado textos interessantes dela própria indicando que: a) Jesus não tinha natureza “pecaminosa” coisíssima nenhuma.; b) Não podemos dizer que não temos pecado até o dia da glorificação. E daí, como ficam estas declarações? Estamos torcendo, inventando, “liberalizando” a Igreja ao comentarmos estas declarações?

Então, meus prezados irmãos perfeccionistas, provem pela Bíblia e a Bíblia só que Jesus tinha natureza ‘pecaminosa’ (mas meditem antes sobre as cinco perguntas que lhes dirigimos, as quais, na verdade merecem resposta, não lhes parece?). Não passem por alto com sua retórica repetitiva e insossa a nossa exposição das passagens bíblicas que incluímos em nosso texto acima, e também provem só pela Bíblia que temos de chegar à perfeição ontológica para merecermos a salvação no final de contas.

Da discussão nasce a luz? Depende da disposição mental dos que dela participam. Infelizmente muitos levam estas questões para o campo emocional, deixando de lado a razão. Mas o culto a Deus deve ser “racional”, diz Paulo em Romanos 12:1. A emoção tem o seu lugar, logicamente, mas cuidemos para não confundirmos as coisas.

A todos, felicidades e paz.

Prof. Azenilto G. Brito

P.S.: Waggoner realmente emitiu sua “Confissão de Fé” dizendo aquelas coisas todas. Estamos apenas reproduzindo parte do que ele registrou como seus pontos de vista pouco antes de morrer. Mas mostramos também como o autor do livro Waggoner: O Homem e o Mito busca solucionar o problema que isso causaria, no que tange à posição de Ellen G. White. Mais uma vez, reproduzimos fatos e dados levantados por pesquisadores bem informados, não expondo opiniões preconceituosas de nossa parte, dentro de uma linha teológica “liberal”, ou seja lá o que for...


Fim do Debate?

Prezado Robson,

Agradeço-lhe por manter seu site aberto ao debate. Sua posição é correta e coerente. Ao final, veremos quem tem razão.

Continuo nada tendo de pessoal contra o irmão Azenilto. Apenas tenho convicção de que ele está enganado.

Nada tenho a acrescentar ao que já falei, enquanto ele não concordar em examinar, a fundo, o que EGW diz, e não somente a Bíblia, caso contrário não continuarei no debate. Se ele fosse de qualquer outra denominação, poderíamos ir à tão reclamada sola scriptura, mas sendo ele adventista isso é impossível.

De todo modo, consegui o que queria, ao contrário da vontade dele: trazer a lume o que ele e eu, ou seja, o que nós pensamos, mesmo que para isso ele tenha ficado chateado por ter revelado as coisas, para mim bárbaras, que ele pensa e diz.

Espero que outros irmãos entrem no debate. Apenas digo que nos vários links de seu site existem vários artigos defendendo a justificação pela fé como defendo. Por que o irmão Azenilto não diz as mesmas coisas que diz a meu respeito, em relação aos outros autores?

Digo o que penso, mas de modo claro e respeitoso. Palavras como "bitolado", "desequilibrado", etc, são dele e não minha.

No calor do debate, às vezes ofendemos sem querer. Asseguro-lhe que não é essa minha intenção, e até acredito que não seja a dele. Desde já, publicamente, peço que ele me perdoe, e, de igual modo, eu lhe perdôo, mesmo que não me peça perdão.

Você está correto na sua intermediação, e espero que, daqui para frente, sejamos mais cuidadosos com as palavras dirigidas aos irmãos.

Fraternalmente, 

Fernando Pretti


Desprezo à Obra da Sra. White Preocupa

Prezados irmãos,

Estou entrando na conversa apenas para manifestar meu apoio ao pensamento teológico do irmão Fernando Pretti. Perfeição de caráter é não somente algo possível, mas também uma condição para nossa entrada no Céu. A Bíblia e o Espírito de Profecia são claros nesse sentido.

Contudo, o que mais me preocupa é o claro desprezo do irmão Azenilto para com os escritos da Sr. White. Uso a palavra "desprezo", porque não aceito esta idéia de considerar os escritos dela como os de qualquer outra pessoa, onde se aceita algumas coisas e rejeita-se outras, onde "se julga todas as coisas e se retém o que é bom". Se ela diz algo que não é bom, então não cumpre seu papel como profeta verdadeira e a IASD é mais uma Igreja impostora. Quem rejeita qualquer ponto da Bíblia é considerado culpado de todos. Se o papel dela foi semelhante a de um profeta onde "em sonhos e visões" Deus lhe comunicou Sua vontade para nós, rejeitar qualquer parte, para Deus, é rejeitar o todo. Por isso considero o desprezo do irmão Azenilto ao Espírito de Profecia como sendo total. Ele crê que a Sra. White em alguns momentos mentiu e agiu de má fé.

Apesar dos esforços teológicos do irmão Azenilto de tentar associar os perfeccionistas ao "Ômega", precisamos considerar que o primeiro passo dado por aqueles que caíram nos enganos do "Alfa" foi suplantarem sua fé nos "Testemunhos". Não vejo os perfeccionistas se encaixando nesta situação, até porque é por levarem muito a sério os apelos do Espírito de Profecia, que eles buscam a perfeição de caráter, porém não é assim que se dá com os liberalistas.

Bem, não vou participar mais desta conversa, apenas quero registrar meu total e amplo apoio ao irmão Fernando. Ele está com a idéia correta. O homem para ser salvo precisa da fé em Cristo(Justiça Imputada) e das obras de Cristo(Justiça Comunicada). Todas as duas têm o mesmo autor: Deus. Porém, a primeira é uma justiça Divina sem a cooperação humana e a segunda é uma justiça Divina com a cooperação humana. Como a salvação completa se dará pela avaliação destas duas justiças, há algo no completo plano da salvação que o ser humano tem que fazer: cooperar com Deus. Não há salvação em se confiar somente em uma delas. O irmão Azenilto, além de estar, até o momento, sozinho neste debate, está equivocado.

Abraço a todos,

Herbert de Carvalho


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