Fanatismo e Reavivamento
Há uma linha tênue que separa o fervor espiritual do
fanatismo. O tempo e as circunstâncias podem mudar um pouco a posição da
linha, mas não muito. A seguir encontram-se sete marcas de um fanático:
- Em geral, os fanáticos revelam-se primeiramente por sua
incapacidade de manter um senso de proporção em suas crenças e práticas.
Não apenas são impressionados com alguma verdade importante; sua mente
fica logo dominada por ela. Falam o tempo todo nela. Vêem tudo em termos
dela e assim perdem a visão espiritual e o senso de proporção. A
situação se agrava quando se concentram em um ponto insignificante, como
muitas vezes é o caso, até que se agigante a tal ponto de obscurecer todas
as principais características da fé.
- Os fanáticos buscam fazer com que todos os demais na
igreja se conformem a seus pontos de vista. É natural que façam isso,
porque se crêem que seus pontos de vista são de tremenda importância, por
que não deveriam buscar fazer com que todos os outros pensem as mesma
forma? O problema aqui não está tanto com o fervor, mas com os motivos que
instigam este fervor.
- Os fanáticos sempre condenam os outros que se recusam a
aceitar a sua linha de pensamento. Quando o fervor se deteriora ao ponto
da intolerância, os efeitos mais perigosos do fanatismo são evidenciados.
Os fanáticos, na maioria dos casos, são incapazes de ver que aqueles que
se recusam crer, que discordam deles, o fazem com base no senso comum e com
honestidade intelectual e espiritual.
- Em geral, quando os membros da igreja se recusam a
aceitar os pontos de vista dos fanáticos, normalmente, estes passam a
criticar a igreja e todo o movimento adventista. Quando se desenvolve
esta disposição crítica, os fanáticos sentem que a igreja está tão
distanciada da salvação e irremediavelmente firmada nos maus caminhos que
devem retirar-se dela. Mais de um fanático, finalmente, deixou a igreja.
- Os fanáticos, a despeito de seu fervor e zelo,
raramente realizam qualquer grande bem. Tem
havido grandes homens de Deus que, por um tempo, foram considerados
fanáticos, devido à ênfase que deram a alguns princípios ou
características da fé. Porém o tempo provou que eles foram erroneamente
julgados devido a alguns resultados construtivos de sua fervorosa ênfase.
Os fanáticos, quando examinados em termos de anos, são aqueles que
deixaram pouco ou nenhum resultado construtivo e um espírito de divisão,
crítica e dúvida no círculo ao qual se mudaram. Isto ocorre, quer
permaneçam ou não na igreja.
- A maioria dos fanáticos parece se contaminar com a mais
sutil das heresias; ou seja, que pelas obras da lei os homens podem ser
justificados. É muito mais fácil para nós pensarmos que, se seguirmos
um determinado programa ou realizarmos certas coisas iremos nos tornar
santos e justos à vista de Deus. Esta heresia muitas vezes se mostra na
ênfase que alguns dão à doutrina da reforma de saúde. Não podemos
assegurar a santidade por aquilo que comemos ou deixamos de comer, embora se
possa concluir que alguns por seguir os preceitos promoveram a doutrina.
Porém devo apressar-me em dizer que a obediência às leis de nosso físico
está vitalmente relacionada com a boa religião.
- Os fanáticos, geralmente, se distinguem por seu orgulho
espiritual. O orgulho tem milhares de formas de se revelar e de se
disfarçar. Pode parecer como fervor a Deus, ou mesmo como humildade.
Nada mais é do que orgulho espiritual quando seres finitos, sem quaisquer
dons naturais melhores ou adquiridos por treinamento, se assentam para
julgar todos os membros da igreja que discordam de seus pontos de vista
particulares sobre o viver santo, ou seu senso particular relativo de certas
crenças.
Permita-me agora oferecer algumas considerações quanto a
como ser zeloso no verdadeiro sentido da palavra. Cristo poderia declarar:
"Pois o zelo da tua casa me consumiu." Ninguém pode duvidar do zelo,
ardor e grandeza da obra que Ele realizou. Porém Ele não estaca contaminado
pelo fanatismo. Em primeiro ligar, Ele demonstrou fervor por viver uma vida
santa. Sua vida era uma constante censura ao pecado e um estímulo à santidade
a todos com quem entrava em contato.
Que Deus conceda a cada um de nós, em todas as nossas
igrejas, um ardor e zelo cada vez maiores e que Ele nos dê, juntamente com
estas graças, as dádivas igualmente importantes do senso comum santificado, do
bom julgamento, da humildade e da tolerância para com aqueles que discordam de
nós. -- Extraído da seção "Consultoria", da Revista do Ancião,
Jul-Set 2001, pág. 25.
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