Jesus Cristo Falava Sério Quando Disse: "Sede Vós Perfeitos"?

 

Qual é a perfeição que Jesus nos ordena obter em Mateus 5:48? O que é perfeição bíblica? Precisamos definir bem estes termos, chegar ao exato conceito bíblico, a fim de atingirmos o pretendido objetivo. Provavelmente a rejeição à doutrina bíblica da perfeição esteja fundamentada em conceitos errôneos do que é ou do que não é a perfeição. Precisamos saber tanto o que significa, como o que não significa. Uma compreensão errônea pode nos desviar tanto para:

(a) Um extremismo inatingível: “Não sejas demasiadamente justo, nem exageradamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo.” (Eclesiastes 7.16). Este texto não contradiz o dever de sermos fiéis nas mínimas coisas: “Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco, também é injusto no muito.” (Lucas 16.10). O texto refere-se ao perfeccionismo extremista, o qual é danoso e perigoso.

Seria, por exemplo, alimentarmos a falsa expectativa de não mais virmos a ter desejos pecaminosos ou pensamentos maus, o que eqüivale a alimentar a utopia de ser possível possuir carne santa. Ou criarmos a expectativa de que as tendências ao mal seriam erradicadas também de nossa natureza pecaminosa. Erradicá-las de nosso caráter é possível, mas de nossa natureza pecaminosa é uma impossibilidade. (Por desejo entenda-se, não a decisão já tomada: ‘eu quero fazer isto’ ou ‘eu vou fazer aquilo’, mas tão somente o impulso para fazer. Por exemplo: ‘sinto desejo de comer chocolate, mas não quero satisfazê-lo por ser prejudicial à saúde’. Neste caso não haveria ainda a intenção de comê-lo: não haveria ainda a decisão de praticar o ato.)

Ou distorcer um ensino bíblico de tal sorte que se torne um absurdo, ridículo ou impossível de praticá-lo. Por exemplo: Considerar que para cumprir a instrução do Mestre, em Mateus 5.39 [“Eu, porém vos digo: Não resistais ao perverso; mas a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra.”] o cristão deveria LITERALMENTE oferecer o rosto para que o ofensor o esbofeteie – o que seria ridículo – quando o que Jesus está ensinando é termos tal atitude de compreensão e amor perdoador ao ofensor, que nem nos sintamos ressentidos pelo mal que nos foi feito.

Ou para cumprir Mateus 5.29 [“Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; ... E se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti ...”] o cristão deveria LITERALMENTE arrancar seu olho, ou cortar fora a mão – o que seria absurdo e impossível – quando Jesus está Se referindo a ‘negar o eu maldoso’ que nos incita à cobiça sensual.

(b)   Para uma desilusão: “Apartai-vos de Mim, os que praticais a iniqüidade.” (Mateus 7.23). Iniqüidade é sinônimo de transgressão da Lei, de não ter prestado uma obediência perfeita. Trata-se de imperfeição na obediência à Lei.

Se o perfeccionismo extremista é, de fato, danoso, igualmente o é o imperfeccionismo – a doutrina da imperfeição – que, presunçosamente, espera que Deus o receba na Pátria celestial, ainda que, aqui continue a transgredir a lei, inconseqüentemente. “Continuar a cometer pecados, e mesmo assim esperar ter parte na vida eterna, é reiterar as palavras de Lúcifer: ‘É certo que não morrereis.’ (Gênesis 3.4). Ambos, tanto o perfeccionismo extremista como o imperfeccionismo,  poderão revelar-se desastrosos.

Crer no imperfeccionismo significa descrer nas promessas, e no poder, de Cristo de nos libertar do domínio do pecado, de continuar pecando. "Aquele que não tem confiança suficiente em Cristo, para crer que Ele pode guardá-lo de pecar, não possui a fé que lhe dará entrada no reino de Deus." -- Ellen G. White, Review and Herald, 10 de março de 1904.

 

O que a perfeição não é:

a) Não se trata de perfeição absoluta. Esta é uma característica única, exclusiva de Deus. Todos os seres criados – anjos inclusive – estão excluídos desta categoria de perfeição.

“Eis que Deus não confia nos Seus servos, e aos Seus anjos atribui imperfeições” (Jó 4.18). ‘Os anjos atribuem honra e glória a Cristo, pois mesmo eles não estão seguros, a menos que contemplem os sofrimentos do Filho de Deus. Os anjos do céu estão protegidos contra a apostasia por meio da eficácia da cruz. Sem a cruz, não estariam mais seguros contra o mal do que estiveram os anjos antes da queda de Satanás. A perfeição angelical fracassou no céu; a perfeição humana fracasou no Éden, o paraíso da bem-aventurança. Todos os que desejem segurança, na terra ou no céu, devem acudir ao Cordeiro de Deus.” Ellen G. White, Our High Calling, pág. 45.

Jesus disse: “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim.” (João 12.32). Ele estava Se referindo que os próprios anjos bons ainda mantinham certo grau de simpatia por Lúcifer, mas na cruz seu caráter perverso se revelaria mais claramente, ao ponto dos anjos bons expulsarem Satanás de seus corações. Os anjos bons também não tinham uma perfeita compreensão de todos os aspectos do pecado. Tinham um entendimento imperfeito.

b) Não se trata de perfeição de natureza. Nosso físico continuará a se enfraquecer, a se deteriorar. Nossa memória a falhar. As fraquezas físicas, mentais, doenças, enfermidades continuarão a existir.

c) Não se trata da erradicação de nossa natureza pecaminosa. Nem em convertê-la em ‘carne santa’. Ela continuará pecaminosa, como sempre foi, até o dia da volta de Jesus. Não se reformará. Não melhorará. Não piorará. Continuará a insuflar impulsos, tendências e desejos maus constantemente.

d) Não se trata de atingir um ponto, além do qual não haverá mais aperfeiçoamento. Nem onde já não haveria mais possibilidade de cair, onde estaríamos fora do alcance da tentação. Perfeição nunca é igualdade com Cristo, porque nós viemos a ceder às nossas tendências ao mal hereditárias, e Ele nunca cedeu a elas. Ninguém, que seja perfeito, sentirá que é perfeito, porque quanto mais próximos estivermos de Jesus, mais nitidamente veremos os nossos defeitos e nossa pecaminosidade.

e) Não se trata de uma realização humana: o homem esforçando-se e atingindo a perfeição. Esta seria a “justiça pelas obras”, “justiça própria”, condenada em Romanos 9.31-10.4.   “... não tendo como minha justiça a  que  vem  da  lei ...” (Filip. 3.9), isto é: a que vem apenas do esforço humano em cumprir a lei. Se o homem se abalizar apenas em sua própria força é certo que ‘não há homem justo sobre a terra, que faça o bem e que não peque’ (Eclesiastes 7.20); entretanto, se o esforço humano se unir, e se combinar adequadamente com a onipotência da Palavra: ‘esta é a vitória que vence no mundo: a nossa fé’. (1a João 5.4). O poder infalível da Palavra, ao ser citada na hora da tentação, é o fundamento que nos dá a garantia da vitória sobre o nosso ego pecaminoso.

 

O que a perfeição é:

a) Quando aceitamos a Jesus como Salvador pessoal, Deus Pai nos credita o caráter perfeito, a obediência perfeita de Seu Filho. Neste sentido, “estais perfeitos ‘nEle’”. (Col. 2.10). E todo aquele que – após ter aceito a Jesus – mantém sua consciência limpa, por ter-Lhe pedido perdão de seus pecados, continua sendo perfeito ‘nEle’. Amém?

b) Perfeição é o amadurecimento do caráter cristão; é o resultado da obediência a Cristo pela fé; é o resultado final da Justiça de Cristo pela Fé. Em Apoc. 14.15, relata-se que a ‘já a seara da terra amadureceu’ [está pronta para a colheita], isto é: finalmente o povo de Deus, os cristãos, estarão refletindo perfeitamente o caráter de Jesus. “O amadurecimento do grão representa a terminação do trabalho da graça de Deus na alma. Pelo poder do Espírito Santo deve a imagem moral de Deus ser aperfeiçoada no caráter. Devemos ser completamente transformados à semelhança de Cristo.” -- Ellen G. White, Testemunhos Para Ministros, pág. 506.

Entende-se impecabilidade como um caráter sem pecado e isso é possível sempre que escolhermos não pecar. Um cristão maduro é aquele que já não escolhe mais pecar, independentemente da circunstância em que se encontrar. Sempre opta por não se rebelar, pois “vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim.” (Gál. 2.20).

c)  É uma realização de Cristo, não do homem. Não se trata do que o homem pode fazer apenas por seu  esforço próprio, e sim do que Deus prometeu e realiza em nós quando consentimos e colaboramos com todo o nosso empenho. Para se obter a verdadeira vitória sobre o nosso ego, o esforço humano e a onipotência divina devem estar combinados. Assim como o Cloro e o Sódio, para produzir o sal de cozinha.

Ele prometeu ‘... imprimirei;  ... escreverei ... “ (Jeremias 31.31-33; Hebreus 8.8-12). Como se concretiza este maravilhoso feito? Ao citarmos a Palavra, na hora da tentação!

d) Perfeição é um ideal. Por definição, ideal é um objetivo, do qual podemos nos aproximar mais e mais, facultando contínuo progresso, contemplando sempre nosso Modelo divino, mas que sempre estará numa posição inatingível. Paulo o expressou assim: “Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas vou prosseguindo, para ver se poderei alcançar aquilo para o que fui também alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus. Pelo que todos quantos somos perfeitos tenhamos este sentimento.” (Filip. 3.12-15).

Ainda durante toda a eternidade haverá contínuo e inesgotável crescimento rumo à perfeição.

(Fonte: Este artigo foi extraído da compilação Como Ser Feliz (Como Vencer os Vívios, os Defeitos de Caráter e as Tentações Pela Fé), de Olvide Zanella, págs. 131-136. Trata-se de um ótimo livro, do qual discordamos apenas na defesa que faz da doutrina antibíblica da trindade, no capítulo 3. Você pode adquirir o livro ... por apenas R$ 4,00 - despesas de remessa já inclusas. Capa a cores plastificada, brochura, 224 páginas. Solicite-o à Caixa Postal, 1047 - CEP 85884-000 Medianeira - PR ou 1888CEM@hotmail.com.)

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