Onde Encontraremos a Igreja Ideal, que Ensine e Pratique a Verdadeira Religião?

“A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” Tiago 1:27.

Apesar do tempo, lembro-me como se tivesse ocorrido ontem, quando o irmão “C”, aquele idoso diácono que após ouvir uma de nossas pregações, proferida no púlpito da Igreja Central de João Pessoa PB, convidou-me para uma conversa em sua casa.

Chegando na casa dele recebi alguns comentários imerecidos quanto à mensagem, logo após me fez a seguinte proposta: “sabe, irmão Heráclito, eu tenho um terreno aqui perto de minha casa e estou disposto a doá-lo a fim de edificarmos uma igreja, e nela fazermos congregar somente os irmãos fiéis da IASD J.Pessoa(trigo), pois há muito tempo que conheço a todos e sei quais os que realmente levam a sério o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo”.

A nós, seres humanos, as coisas mais simples, algumas vezes, parecem ser complicados, e quase sempre olvidamos os conselhos das Escrituras, para enveredarmos em nossa estreita lógica ou alegações meramente humanas. Na realidade, não se pode conceber uma igreja plenamente perfeita, tendo em vista que o elemento humano, imperfeito e tendente a manipular de forma egoísta tanto as coisas quanto às pessoas, é quem está à frente de tal empreendimento.

Embora, sob o aspecto humano, nos pareça impossível encontramos a Igreja ideal, podemos sonhar e até acreditarmos na possibilidade de um dia fazermos parte de um povo guiado pelo Espírito, e com certeza sermos a igreja que refletirá os desejos de nosso Salvador, mesmo que para alguns isto somente seja possível com uma profunda reforma doutrinária, ou como aquele irmão idealizava um “peneiramento” capaz de excluir o “joio” permanecendo apenas os fiéis.

Sabemos que qualquer mudança que se pretenda em termos doutrinários apenas modificará a instituição, isto é estaríamos apenas formatando-a para encarnar mais uma denominação religiosa, pois a pessoa tem o livre arbítrio e a liberdade de pensamento, podendo congregar em uma igreja, mesmo que dentro de seu coração não concorde totalmente com a doutrina.

Talvez tenha sido este o comportamento de Jesus que, mesmo discordando das afirmações teológicas de seus contemporâneos, não fundou uma nova igreja, e embora divergindo do judaísmo era seu costume freqüentar a sinagoga (Lucas 4:16), e por outro lado não nos deixou nos evangelhos nenhuma fórmula que descreva o perfeito esboço doutrinário.

A bíblia nos fala, não de uma instituição religiosa perfeita, mas de um povo que se identifica como sendo os verdadeiros fieis, não pelo corpo doutrinário que asseveram crer, mas pelo comportamento que cada membro deverá manifestar como testemunho de pertencer ao evangelho, isto fica bastante claro no seguinte texto: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”. João 13:35

Tal qual na parábola do “bom samaritano” alguém tenderá a indagar: “O que é ter amor uns aos outros?” Certamente eu não teria como respondê-lo, alias sempre tive grande dificuldade em discernir o verdadeiro significado do amor, visto que em minha mente pecadora aquilo que vejo como um ato de caridade, possivelmente não passa de uma atitude egoísta ou farisaica. Por outro lado a Palavra nos asseguram que Deus é amor, logo, de forma simplória, ter amor é assumir o caráter de Deus, isto é, desejar ser como Ele é,  ou ter o mesmo sentimento de Jesus (Tende em vós este sentimento que houve também em Cristo Jesus, Filipenses 2:5).

Considerando-se este aspecto, parece-nos compreensível concordar que as instruções do Velho Testamento referentes ao dízimo refletem o amoroso cuidado de Deus com os pobres e necessitados, não em estabelecer uma casta de privilegiados ou um mega empreendimento econômico, porém tais instruções nos conduzem a compreensão de que o propósito divino de estabelecer um povo ou igreja para representá-Lo tem como finalidade fundamental ser uma fonte de amor, misericórdia e serviço aos carentes.

Seguindo o padrão da mordomia Veterotestamentária, o Novo Testamento adota o mesmo objetivo, isto é, socorrer os necessitados, e neste aspecto o Livro de Atos dos Apóstolos está repleto destas práticas, inclusive encontramos, também, textos que questionam, de forma prática, se o nosso procedimento está correlato às instruções Divinas, a guisa de informação citamos: “Mas aquele que tiver bens do mundo e vir seu irmão em necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como permanece nele o amor de Deus? 1 João 3:17 Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e necessitarem do pão quotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e saciai-vos, e não lhes derdes o que é necessário para o corpo, que lhes aproveita? Tiago 2:18-16”, tais questionamentos são dirigidos, também, ás instituições e não somente as pessoas individualmente.

Diante destas considerações contextualizadas com as Igrejas de nossos dias, sem sombras de dúvidas teremos de afirmar que aquilo que Deus nos outorgou para ser uma benção os modernos lideres religiosos transformaram em uma maldição.

Heráclito Fernandes da Mota, Membro da IASD Central João Pessoa-PB.

heraclitomota@superig.com.br

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