155 Anos Depois, o Grande Desapontamento Continua...

"Ao serem eles chamados de seu profundo sono, começam a pensar exatamente onde haviam parado. A última sensação foi a agonia da morte, o último pensamento o de que estavam a cair sob o poder da sepultura. Ao se levantarem da tumba, seu primeiro alegre pensamento se expressará na triunfante aclamação: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” I Cor. 15:55." - O Grande Conflito, pág. 550.

Enquanto trabalhei como redator na Casa Publicadora Brasileira, ocupei por algum tempo a função de editor do "Noticiário" da Revista Adventista. E era com emoção que, vez por outra, incluía relatos de conversões, curas inexplicáveis e intervenções divinas, enviados por leigos que nada mais pretendiam a não ser enaltecer o nome de nosso grande Deus. Havia também registros de esforços missionários conduzidos por autênticos pastores, que, mensalmente, procuravam prestar contas de suas atividades ao rebanho que tão bem os remunera.

O "necrológio" ou "obituário" era também uma das seções do noticiário. Que tristeza sentia ao abrir um envelope e encontrar uma foto 3 X 4 junto à carta! Má notícia: "Tomba Mais um Soldado do Exército do Senhor", eu pensava, imaginando uma manchete que valorizasse um pouco mais aquela triste perda. Mortes de crianças e jovens eram as que mais lamentava. Afinal, estavam apenas começando a viver, quando a vida foi ceifada por uma doença ou acidente.

Outra leitura que fazia da seção era calcular a média de idade dos falecidos de cada edição. Essa é uma forma de comprovar os benefícios e vantagens do regime alimentar adventista. A média de vida dos fiéis adventistas é sempre superior...

Faz praticamente dez anos que deixei de trabalhar na Casa Publicadora Brasileira, mesmo assim emocionei-me outra vez ao abrir a Revista Adventista deste mês e conferir o conteúdo da seção necrológica. Por coincidência, era o dia 22 de Outubro, Dia do Grande Desapontamento Adventista.

Quantas histórias exemplares em tão poucas linhas! Maria Gonçalves, de 64 anos, era adventista há 50 anos; o esposo entregou o coração a Jesus e a sobrinha decidiu voltar para a igreja no momento de sua morte. Emília Coimbra, 88 anos, sofria há quinze anos porque estava debilitada fisicamente e, por causa disso, impedida de ir à igreja. Ana Serafina morreu aos 79 anos. Cecília Borges, com 88. Isaque Ferreira, 83. João de Matos, 88. Rosa Santos, 71. Odete Gomes, 83. Antônio Lino, de 95 anos, 58 anos de adventista; orava e lia a Bíblia à meia-noite, diariamente. José Ribeiro Leite, 92 anos, tinha completado recentemente 60 anos de igreja. 

O caso mais comovente foi para mim o da irmã Josefina, 103 anos de idade, 81 anos de adventista, durante os quais leu a Bíblia 75 vezes. Quantas vezes essa irmãzinha não implorou a Deus pelo imediato retorno de Cristo? Oitenta e um anos de negação do próprio eu, oitenta e um anos de ansiosa expectativa, oitenta e um anos de fervorosas orações são muito tempo. Oitenta e um anos de esperança são também oitenta e um anos de angústia. Infinito número de pessoas socorridas, contatos missionários, alimentos dados... 

Quarenta, cinqüenta, sessenta, setenta, oitenta anos de espera e Jesus não vem. Um grande desapontamento diário pelo qual passam os mais antigos na fé, por minha culpa, por sua culpa, por culpa da liderança e de toda a igreja que não acorda para a necessidade de apressar o trabalho que nos foi confiado, abreviando a volta de Cristo... - Robson Ramos

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