Perfeição: Missão Possível

Resposta ao artigo que denuncia a Superbom por apoiar uma suposta heresia doutrinária e ao artigo que insinua estar acontecendo uma perseguição aos teólogos adventistas.

Fernando Pretti

Sabemos que as pessoas têm dificuldades para ler artigos muito longos, mas, no presente caso, não o podemos evitar, pois os artigos em epígrafe merecem resposta. E, ainda, para aqueles que, verdadeiramente, querem compreender o que está por trás de tão empolgante assunto, não devem, não podem, contentar-se com leituras superficiais.

Ao contrário do que se pensa, não necessitamos ser Teólogos, Bacharéis, Professores, Mestres, enfim, formados por instituições de ensinos, (Ver 5T, 80 e 82, 2TS, 377 e GC, 606) para recebermos a influência do Espírito Santo, com o fito de compreender, viver e pregar o que é a verdade.

Muito mais nós, adventistas do sétimo dia, que cremos, amamos e aceitamos, integralmente, o dom profético, manifestado na vida, obra e ensinos da serva do Senhor, irmã Srª. Ellen Gould White, que, pelo Espírito de Profecia, tem nos revelado, com minúcias, toda a verdade que Deus Se dignou nos dar (Ver Deut.29:29 e 3ME, 83), nós temos nela um exemplo digno de imitação, pois era uma semi-analfabeta, débil fisicamente e uma mulher numa sociedade machista, e ainda assim foi usada por Deus.

Desafortunadamente, alguns de nossos amados e respeitados irmãos não nutrem pela irmã White o mesmo sentimento e fé, mencionados, citando-a, apenas, para lhes dar força ao pensamento, não que creiam nela, sem reservas, mas porque sabem que nós cremos, e, assim, tentam nos confundir: Não o permitamos!

Suas acusações a Ellen White são de plágio e fragilidade literários, além de incoerência profética, ou seja, não a aceitam como profeta, argumentando que ela voltou atrás em muitos pontos de doutrina, e muitas outras coisas mais, com o intuito de, na linguagem deles, desfazer os mitos em torno dela.

Antes de entrar nos temas em discussão, apesar de acharmos que o assunto não é pessoal, é necessário fazermos uma referência assim, pois ela é parte do contexto.

A árvore se conhece pelos seus frutos (Ver. Mt. 7:16-20). Geralmente, pessoas, que se sentem em nível muito acima das outras, desprezam-nas, principalmente quando estas daquelas discordam. Somos acusados de perseguir (!?) os nossos teólogos, por deles discordarmos, mas, não é exatamente o contrário? Onde é que se encontra respaldo, em nossos escritos, para que se tire essa absurda conclusão? Diferentemente, nos escritos do Prof. Azenilto G. de Brito (Ou será que ele preferiria ser chamado de Bacharel em Teologia, ou Mestre?), o qual respeitamos, contudo discordando frontalmente de sua teologia, podemos ver, claramente, a falta de respeito, e consideração, às demais pessoas que dele discordam.

Sempre que escrevemos algo a alguém, identificamo-nos, por nome, sobrenome, endereço, telefone, e-mail, etc, não dando margem de dúvidas a ninguém para que possa, como ele o faz, se dirigir a nós como um tal fulano, ou beltrano não sei do que. Todavia, ainda assim, ele merece respeito, por isso vamos responde-lo à altura de um debate cristão.

Já expressamos um pouco do nosso entendimento sobre a justificação pela fé e a natureza de Cristo, nos links Perfeccionistas x Liberalistas e Justiças: Imputada e Comunicada, bem como no debate acerca da Denúncia contra a Superbom, o que seria bom ser já do conhecimento do leitor. Vamos, agora, tecer alguns comentários adicionais, tendo em mente os artigos inicialmente referenciados.

Denúncias Infundadas

Onde se tem notícia que uma minoria possa perseguir a maioria? Pelo menos em questões religiosas, isso chegaria a ser uma afronta aos milhares de mártires cristãos que sustentaram a verdade, diante de uma maioria opressora. Se a história nos ensina alguma coisa, é que o que se dá é o inverso, e o futuro repetirá o passado. Ao denunciar a Superbom, quem está perseguindo quem? Quando se se dirige a irmãos de forma desrespeitosa, insinuando uma grave e descabida denúncia, quem está perseguindo quem? Quem são os perseguidores e os perseguidos na eterna celeuma entre liberalistas e perfeccionistas? Quem são aqueles que estão sendo excluídos de suas igrejas? Quem são os ridicularizados?

Basta ver o que nossa liderança faz em relação aos importantíssimos sites, como este que nos abre espaço, e ministérios independentes espalhados pelo mundo: denomina-os, unilateralmente, de anticristinhos e membros da sinagoga de Satanás (Ver fita do Pr. Bullón, gravada na Bahia e artigo do Pr. José C. Ramos, na RA)! O primeiro (Bullón) chega ao cúmulo de ameaçar orar a Deus para que mande lepra nos internautas dissidentes.

O Pastor Raphael Perez (ver link em www.adventistas-aconselho.com) pode nos dizer quem persegue e quem é perseguido nessa história! Nós, também, poderíamos dar o nosso testemunho do que é ser perseguido, e o daremos, um dia. Não o fazemos, aqui e agora, porque somos coerentes com nosso caráter cristão, e estamos aguardando uma posição oficial da nossa liderança quanto às nossas queixas.

Jogo de Cena

Vamos nos deter um pouco sobre as considerações dos denunciantes, tendo em mente que, havendo teólogos liberalistas e perfeccionistas, não há o que se denunciar, pois:

· Material perfeccionista, contrário ao evangelho, é exatamente isso que desafiamos ser provado.

· Dizer que Waggoner e Jones, quando trouxeram a mensagem da justificação pela fé, em 1888, eram perfeccionistas, no sentido pejorativo que se diz, é ignorar a história e não crer no Espírito de Profecia. Se os referidos pastores caíram posteriormente, ou apostataram-se, isso nada tem que ver com sua mensagem, originalmente dada por Deus (Ver O Movimento Adventista e a Justificação pela Fé, de Alberto R. Timm, pág. 23 e Carta 24, EGW, 1892). E se perderam a salvação, isso é algo que não se pode saber, pois só Deus é quem os pode julgar.

· Embora o Prof. Azenilto apresse-se em dizer que fez a tradução do material da Superbom, apenas, de forma profissional, parece-nos mais um jogo de cena, com o intuito de polemizar e confundir, pois ele já se expressou várias vezes contrário a ele, acusando-o de ser falsa doutrina. É claro que não ignoramos o fato de que um dos motivos da sacudidura é a introdução de falsas doutrinas nas igrejas, exatamente o que cuidamos estar ele fazendo, por ser parte dos que disseminam a nova teologia adventista que grassa em nosso meio. Por isso entrei no debate, porque estou em guerra contra ela, e não contra pessoas (Ver Gl.6:10-12), pois foi desposada pela maioria do nosso povo. Isso fica claro, na análise dos anexos recomendados pelo ilustre Professor (Ver link Debate: Cuidado, Muito Cuidado, no site), que, veladamente, concorrem para o descrédito do Espírito de Profecia. Isso é que me dá a certeza de que os liberalistas estão no caminho errado (Ver Mensagens Escolhidas, III, 83-84, Mensagens Escolhidas, I, 48 e Testimonies, IV, 211)!

· Colocar o entendimento adventista histórico no mesmo nível das demais igrejas conservadoras da comunidade evangélica é negar nossa vocação reformadora, nossa missão e trair nosso princípio antiecumênico.

· Dizer que nem ele próprio (o Pastor Alexandre) nem ninguém do seu grupo de estudo, denominado 'Comissão de Estudo da Mensagem de 1888', jamais reivindicou ter alcançado tal meta (a perfeição), mesmo promovendo tal causa por, pelo menos, 30 anos, demonstra que os denunciantes não conhecem a relação entre causa e efeito, embutida na justiça pela fé, e que emitem um julgamento que só a Deus pertence, pois o Espírito de Profecia expressamente diz que Aqueles que estão realmente buscando o perfeito caráter cristão, jamais condescenderão com o pensamento de que estão sem pecado. Sua vida pode ser irrepreensível; podem estar vivendo como representantes da verdade que aceitaram; porém, quanto mais consagram a mente para se demorar no caráter de Cristo e mais se aproximam da Sua divina imagem, tanto mais claramente discernirão Sua imaculada perfeição e mais profundamente sentirão os seus defeitos (San, 7).

· Mencionar que Líderes desse grupo chegam a dizer que o que ensinam é superior à prédica dos reformadores do Século XVI e constitui uma teologia "mais madura e desenvolvida, e mais prática do que havia sido pregada até mesmo pelo apóstolo Paulo é desconhecer o que diz C. M. Maxwell, em seu brilhante livro A História do Adventismo, capítulos 29 a 31, onde ele próprio, líder da nossa IASD, diz a mesma coisa. Essa foi, inequivocamente, a característica do movimento adventista pioneiro, que a nova teologia quer mudar.

· Dizer que somos panteístas, tal qual se vê nas idéias de Jones e Waggoner, no fim de suas vidas, é, mais uma vez, desconhecer a nossa história, e desconhecer o que seja Panteísmo. Ellen White identificou a mensagem panteísta de John Harvey Kellog, em seu livro The Living Temple, como sendo o ALFA das heresias letais, no qual se diz que Deus não é um ser pessoal, mas, sim que Ele é tudo em todos, de modo que ficam desnecessários um sacrifício vicário de Cristo e a intercessão do Espírito Santo, e que, portanto, o Santuário Celestial é uma metáfora, que o juízo investigativo é supérfluo, que a santificação é uma fantasia, sendo impossível uma obediência perfeita à Lei de Deus, enfim, tudo diferente do que dizem os perfeccionistas. Essa conversa panteísta é mais afeta aos liberalistas. 

Portanto, questionamos se é mesmo sério, ou uma brincadeira de mau gosto do Prof. Azenilto, suas denúncias? Até que sermos chamados de perfeccionistas, legalistas, etc, chega a ser uma lisonja, tanto quanto sermos chamados de sabatistas e judaizantes, por nossos co-irmãos evangélicos. Contudo, ser confundidos com os panteístas, causa-nos um certo mal estar, tal qual quando se insinua que nossa mensagem possui fundo romanista, identificando-a com sua teologia tridentina, o que é uma grande inverdade! Daí serem as denúncias totalmente infundadas, não merecendo crédito! 

Apostasia Ômega

Agora, por que é que nossa liderança não responde àquelas que estão nos diversos sites independentes, como neste, refutando-as de forma cabal, ao invés de execrá-los? Na verdade, não pode faze-lo, porque o LIBERALISMO tomou conta de nossa IASD, espalhando escândalos e rebaixando o nível da norma de piedade cristã de uma forma inacreditável. Basta acessar, além deste, o site www.alvorada.net, por exemplo.

Nossos lideres e teólogos, em sua esmagadora maioria, estão repetindo a história, num processo irreversível de APOSTASIA, inclusive doutrinária, sendo isso o ÔMEGA das heresias letais, profetizado por Ellen White (Ver 1ME, 193 a 206). O que estamos fazendo, ao lutar contra essa apostasia e heresias, é, simplesmente, obedecer aos testemunhos inspirados (Ver 1ME, 206). Daí, não se justifica sermos perseguidos pela nossa liderança quando apontamos os seus erros.

Saindo das denúncias e voltando à discussão teológica sobre a justificação pela fé e a natureza de Jesus Cristo, bem se vê que a avaliação do Prof. Azenilto sobre si mesmo, e sobre o que ele chama de placar, a seu favor em 11 x 0, é equivocada. Podemos dizer que, mesmo na tão desejada “sola scriptura”, o tal placar ficará bem desfavorável a ele, assim que concluirmos um artigo que estamos escrevendo. No Espírito de profecia, o placar é de 400 x 10 (se tanto), a favor dos perfeccionistas. (Ver Link As pedras estão clamando). 

Agora, o que é indiscutível, contando-se as manifestações de opiniões de outras cabeças pensantes, no próprio site, é que o placar é de 6 x 1, até o momento em que estamos escrevendo, contra os liberalistas.

Citações Conclusivas

Julguem os irmãos, se é honesto, por parte de um verdadeiro adventista, invocar a “sola scriptura” num debate teológico. Se assim fosse, o SDACB (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia) deveria retirar as milhares de citações do Espírito de Profecia de seus comentários. Destarte, não tememos o debate, seja ele em que nível for, pois cuidamos ter o Espírito Santo para nos ajudar. 

Será que o Prof. Azenilto poderia refutar os argumentos das citações do Irmão Bezerra, Herbert de Carvalho, Rogério Buzzi, Erwin e Lorenzon, que até aqui se manifestaram, além das nossas? Sim, pode ele negá-las, fundamentadamente, onde fica bem claro que Jesus tomou a natureza humana caída e que, não só é possível obedecer perfeitamente a Deus, como é imprescindível?

Quanto à natureza de Cristo, desafiamos a quem puder nos mostrar um único texto, seja na Bíblia ou no Espírito de Profecia, que, CONCLUSIVAMENTE, EXPLICITAMENTE, diga que Jesus tomou a natureza humana não caída! Agora, dentre as várias que se podem citar (Ver IME, 408, DTN, 118, EW, 150 e DTN, 112), com Heb.2:14-18 em mente, analisemos estas declarações CONCLUSIVAS e EXPLÍCITAS, de EGW: 

...A grande obra de redenção só poderia ser levada a cabo pelo Redentor, TOMANDO O OLUGAR DO ADÃO CAÍDO...(RH, 24/02/874). 

Era da vontade de Deus que Cristo TOMASSE SOBRE SI A FORMA E A NATUREZA DO HOMEM CAÍDO (4SG, 115). 

Como poderíamos achar lugar para concluir que Jesus tenha tomado a natureza humana antes da queda?

Quanto à justificação pela fé, além de tudo que escrevemos nos artigos anteriores, recomendamos a leitura atenta dos textos citados por Herbert Carvalho e Jaime Bezerra (Ver Link Debate), além de Erwin (www.fortunecity.com/victorian/twain/1024).

Quanto ao perfeccionismo, celeuma constante entre as duas partes, creio haver aqui um equívoco. Deus ordena sermos perfeitos (Mt.5:48). Não cabe a nós metaforizar ou hiperbolizar a ordem, julgando-a segundo os nossos parâmetros. Ele deu a ordem e Ele vai julgar o resultado. A nós cabe obedecermos, dentro da perspectiva do padrão de perfeição, na esfera humana, que é a Lei de Deus, resumida nos dez mandamentos.

Quando os liberalistas dizem que nunca houve quem tenha chegado a esse alvo, cometem dois erros. Primeiro, porque Enoque atingiu esse alvo (Eventos Finais, 62-63, Sermons and Talk, I, 32 e Testimonies, II, 122), e estou certo que muitos outros também alcançaram.

Observemos, na clareza dos textos, que há uma perfeição requerida, a ser alcançada por nós! E, segundo, porque quem diz se a pessoa atingiu o alvo é o Espírito de Deus! Foi Ele quem disse que Enoque foi perfeito, e não nós. Agora, porque quem quer que seja, se sinta impotente, ou sem disposição e fé para alcançá-lo, não significa que a ordem de Deus seja impossível de ser obedecida. Ele dá a ordem e dá a possibilidade, ou o poder, para cumpri-la. 

Perfeição Possível

Se nos perguntam se já somos perfeitos, respondemos-lhes que isso é prerrogativa de Deus julgar; porém, uma coisa fazemos, que é prosseguir rumo ao alvo, com a fé de que tudo (podemos) naquele que (nos) fortalece (Fil.4;12), inclusive ser perfeito. Examinemos os textos colocados pelo irmão Herbert Carvalho, no site www.adventistas.com , no link Perfeccionistas x Liberalistas: De quem é a culpa...?. A perfeição é, pois, uma necessidade imperiosa!

Que espécie de evangelho é esse que diz que a santificação nessa vida é impossível? Que benefício traz o Espírito Santo a um povo que não crê no poder de Deus para ser perfeito? Afinal, tem Satanás razão quando diz que não pode haver ninguém que cumpra os mandamentos de Deus?

Pensamos que nós, os perfeccionistas, nos encontramos em situação muito mais confortável do que os liberalistas, pois se podemos ser salvos com pecados e imperfeições de caráter, bem está: estamos todos salvos! Mas, se tal não for possível, e se o evangelho tiver reclamos maiores que o deles, e se a porta for, realmente, bem mais estreita do que pensam, pelo menos tivemos uma chance de nos salvar! Mas, quanto a eles... Bem: Graças a Deus, Ele, nosso Justo Juiz, é quem vai julgar!

Finalizando, fazemos nossas as palavras de Kevin Paulsen (Ver link As pedras estão clamando, do presente site): "No dia final do reconhecimento, não distante, aqueles que recusaram se posicionar decisivamente contra a apostasia na igreja encontrarão pouca consolação em citar as imperfeições daqueles que trazem estes assuntos para a atenção deles."

Fernando José Pretti de Oliveira
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