Editor Admite Erro em Matéria sobre B. T. Rice

Certos detalhes dos bastidores da Organização adventista só serão desvendados e compreendidos plenamente no Céu. Esse mesmo comentário pode ser aplicável também a aspectos desconhecidos e obscuros da vida de todos nós, mas no caso da nossa igreja é realmente oportuno. 

Gostaria de citar como exemplo dessa falta de transparência e ocultamento de informação o caso do pastor B. T. Rice, a quem equivocadamente apontamos aqui como representante oficial da Iasd numa cerimônia de boas-vindas ao Papa, na cidade americana de Saint Louis. Se não fosse a insistência de alguns irmãos que nos questionaram sobre a total veracidade da notícia, jamais poderíamos apresentar aqui correções e novos dados sobre o caso.

Em resumo, é isto o que teríamos de novidade a dizer sobre o incidente:

1. Depois de pastorear a Northside Seventh Day Adventist Church por cerca de vinte anos, no início de 1998 (um ano antes da visita do Papa), o pastor Booker T. Rice teria sido transferido pela Organização para uma outra função, mas não aceitou o "chamado" e pediu demissão da Obra. 

2. Portanto, quando da visita de João Paulo II a St. Louis, B. T. Rice já não era oficialmente funcionário da Organização Adventista e não a representava legalmente. 

3. Mesmo assim, durante a visita do Papa à cidade, foi identificado pela televisão e jornais impressos como "adventista do sétimo dia".

4. E o nome da Igreja -- Seventh-Day Adventist Church -- consta do documento assinado por ele e entregue ao Papa na ocasião.

Assunto encerrado? Não.

Em primeiro lugar, cabe-nos pedir desculpas aos leitores pela informação incompleta que publicamos há cerca de dois meses no site. Incompleta ou errada? Incompleta e, por isso, errada. Baseados no que a imprensa divulgou na ocasião, fomos induzidos a erro e colocamos em risco a credibilidade do site. Mas a culpa não é só da imprensa nem nossa...

Não se trata de racionalizar o ocorrido, transferindo a responsabilidade para terceiros. Apenas gostaríamos de fazer ver ao leitor que, neste caso, a calculada omissão da Organização Adventista tem também o seu peso e provoca questionamentos.

Por que não houve uma imediata reação de nossos líderes contra a informação errônea divulgada ao vivo pela televisão para o mundo inteiro? Por que se permite que o nome da Igreja Adventista do Sétimo Dia esteja incluído entre as igrejas cujos representantes assinaram aquele documento?

Por outro lado e na mesma ocasião, a Organização Adventista apressou-se em divulgar em seu próprio site e para a imprensa que nada tinha a ver com os grupos de leigos adventistas do sétimo dia que aproveitaram a visita do Papa para distribuir folhetos que relacionavam João Paulo II com o Anticristo.

Ainda estamos à procura de respostas e aguardando novos e-mails, inclusive do próprio pastor B. T. Rice a quem escrevemos. Mas, com base nos dados de que até agora dispomos, permitimo-nos supor que não houve desmentido oficial por algumas das seguintes razões (se não todas):

1. A Organização Adventista não tem qualquer interesse em apresentar-se como contrária a projetos ecumênicos, uma vez que deles participa com freqüência, embora tente negar aos membros leigos que isto ocorra. Um exemplo bem próximo desse assunto é o do Sistema de Saúde Centura, que a IASD mantém em parceria com a Igreja Católica, exatamente na União a que pertencia o pastor B. T. Rice.

2. A participação de ministros adventistas em associações ecumênicas de líderes religiosos é incentivada pela Organização Adventista. Por ocasião de seu pedido de demissão, o pastor B. T. Rice, além de dirigir a Northside Seventh Day Adventist Church, já presidia a St. Louis Clergy Coalition (Coligação Clerical de St. Louis). Tendo sido eleito para o cargo enquanto ainda trabalhava para a IASD e não sendo ele o único pastor adventista filiado à entidade, pode-se dizer que B. T. Rice representaria também o ministério adventista do sétimo dia ao dirigir-se ao Papa em nome da Coligação Clerical de St. Louis. A inclusão do nome da Igreja Adventista do Sétimo Dia entre as denominações por ele representadas parece confirmar esta suposição.

3. Até onde conseguimos apurar, Booker T. Rice pediu apenas demissão do ministério e não, exclusão dos livros da Igreja. Assim sendo, embora não trabalhasse mais para a IASD, permanecia como membro dela e a representou nessa condição perante o Papa. A possibilidade não parece tão improvável se você considerar que Desmond Ford, por exemplo, apesar de tudo que se costuma dizer e escrever sobre ele, permanece ainda hoje no rol de membros da Igreja. E recentemente noticiou-se também aqui na Internet o caso de um teólogo adventista, que pastoreou durante anos uma igreja protestante observadora do domingo.

4. A Organização Adventista não poderia arriscar-se a vir público para qualquer desmentido oficial porque seu próprio presidente, Robert Folkenberg, estava naquele momento sendo investigado sob a suspeita de desvio de milhões de dólares em uma parceria mal explicada, que envolvia investimentos que beneficiariam à Igreja Católica. Mesmo assim, alguns dias após a visita do Papa a St. Louis, o caso ganhou as primeiras páginas dos jornais.

5. A existência de um fato obscuro como esse, em relação aos envolvimentos ecumênicos da Organização Adventista, pode ainda ter sido entendida pela cúpula adventista como uma razão ou pretexto útil para desacreditar outras denúncias da mesma natureza quando formalizadas pela "oposição". Mas, de fato, ainda que o pastor B. T. Rice não houvesse representado a IASD em nenhum momento, sua história não invalidaria nem desmentiria os laços ecumênicos da Igreja Adventista estabelecidos pela ação de homens como Bert Beach e John Graz.


Reação do leitor:

Só uma informação: 

A Igreja Adventista não corta ninguém dos livros da Igreja aqui nos Estados Unidos, o que, por um lado, é excelente, não é? Porque os vivos são julgados somente no último dia da graça, portanto disciplina seria bem mais cabível ou apropriado, mas porque a igreja estaria evitando demandas jurídicas.

Seria juridicamente possível, ao cortar um membro da igreja por qualquer motivo, que este membro viesse a demandar a igreja por difamação e também pela devolução de todos os dízimos e ofertas doados durante o período em que era membro.

Acho um absurdo quando vejo que no Brasil ainda se cortam membros por adultério e outras coisas e ainda levam o assunto em público na igreja. Estão facilitando muito e pedindo uma boa demanda por difamação. Como a maioria do nosso povo é ignorante, o ministério ainda se escapa com essas barbaridades. 

Portanto, Robson, a igreja nos Estados Unidos não "nasceu ontem" como nossas igrejas no Brasil. A individualidade, o indivíduo tem o mesmo peso que a organização. É por isto que os Estados Unidos são desenvolvidos e nós, brasileiros, infelizmente continuamos no terceiro mundo como pais emergente.

A igreja, na América, só cortaria um indivíduo se ela recebesse dele uma carta de renúncia assinada, ou seja, um pedido oficial do seu desligamento. Só assim então a vontade do individuo de desligar-se seria efetuada.

Voce vai numa igreja americana, por exemplo, e verá que no livro de membresia tem 980 membros, porém quando você vai checar mesmo só tem noventa membros freqüentando. Espero que este comentário o ajude a compreender um pouco mais o sistema americano e o caso do pastopr B. T. Rice.

Outro exemplo, se a igreja de Poá estivesse aqui nos Estados Unidos, nunca seria assim vergonhosamente fechada como foi. Por quê? Porque a liderança da igreja local, a comissão, tem o mesmo peso ou mais do que a Associação. Provavelmente, o que a igreja faria se associaria a uma outra associação em outro lugar ou estado. Entendeu?  Deu para perceber como é uma delicia viver num pais civilizado e livre!

Um abraco de seu amigo, 

Nelson Oliveira da igreja adventista de Los Angeles

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