Remédio para Transformar Joio em Trigo TEXTO: Hebreus 12: 12-17 Quando
nos tornamos cristãos achamos muitas vezes que seremos perfeitos e que não nos
contaminaremos mais com o pecado, ou seremos fortes o suficiente para não
cairmos. Como isto na maioria das vezes não acontece, é fácil nos frustrarmos
em nossa carreira espiritual. A Bíblia não diz que somos perfeitos, nem que todos nós estamos em boas condições espirituais. Isto se dá por dois motivos: 1
- A
igreja é comparada a um hospital, onde há doentes espirituais, que estão
constantemente precisando de cura. 2
- Nem
todos nós fomos colocados na igreja pelo Senhor, mas alguns de nós podem ter
sido introduzidos nela pelo Diabo. Estes
dois motivos por si só são suficientes para não termos uma igreja perfeita e
sim, defeituosa. Alguém pode estar pensando como é possível ser colocado na igreja pelo Diabo, mas a Bíblia diz claramente que um inimigo havia semeado joio no meio do trigo. Portanto, se sou joio e vivo no meio do trigo, não fui plantado pelo Senhor e o meu destino é ser queimado. É
por isto que quando eu ministro estudos bíblicos a alguém, sempre digo que
os iniciantes na igreja nunca devem basear a fé ou crença em ninguém a não
ser em Jesus; pois assim fazendo poderão estar se espelhando em alguém que não
é trigo, e sim joio. E
tem mais um agravante, o joio e o trigo são muito parecidos e é por isto que
aparentemente somos todos iguais; e quase impossível diferenciarmos os
verdadeiros dos falsos cristãos. (Ouvi certa vez alguém pregar
com muita propriedade que há joio no meio dos oficiais da igreja, há
joio no meio dos anciãos e há joio no meio dos pastores também!) Mas
há um detalhe muito importante que não pode ser esquecido: Na
Natureza, o trigo nasce trigo e morre
trigo; o joio nasce joio e morre joio, mas na igreja, Jesus tem o poder de
transformar joio em trigo; graças a Deus por isto. Portanto
não fique preocupado se você foi colocado na igreja por Deus ou pelo inimigo.
Porque mesmo que você tenha sido colocado na igreja pelo inimigo para ser joio,
Deus pode realizar uma obra especial em sua vida; para Deus não existe caso
perdido. Para Deus não existe problema insolúvel. Deus pode perfeitamente
transformá-lo de joio em trigo para sua glória. Remédio É
por isto que no nosso texto para meditação, nos versos 12 e 13, diz que: É hora de fortalecer as mãos fracas e os joelhos desconjuntados ou
paralisados, e dar uma aprumada em nossos caminhos. Deus não quer que
nos desviemos totalmente e nem que fiquemos para sempre mancando, mas quer nos
curar totalmente. E
no verso 14, Ele nos dá a receita de
como curar-nos da doença espiritual que nos envolve. O
remédio é santificação. O
termo santificação tem sido um problema para todos nós. Problema porque
quantas e quantas vezes ficamos indignados ao tentarmos nos santificar e sempre
nos frustramos, por não conseguir nada. Mas
onde está o problema? Santificação não é a solução para a cura
espiritual? E porque não dá certo? Antes de continuar eu quero vos chamar a
atenção para uma historinha pitoresca, mas que ilustra o que estamos falando
neste momento. Certa
feita, um barco a vela perdeu a direção num grande temporal e corria o risco de
naufrágio não tendo na ocasião um condutor adequado para aquela situação;
foi quando o responsável pelo barco se dirigiu aos ocupantes do mesmo
perguntando se tinha no meio deles algum marinheiro. Imediatamente
se apresentou um cidadão e foi lhe dado um roupão de marinheiro e também
botas especiais para que conduzisse a embarcação. Depois de colocar as
vestimentas adequadas ficou olhando para o comandante do barco quando este lhe
perguntou: Amigo você apartir de agora tomará a direção do barco e isto
deve ser rápido. Foi
quando o cidadão disse que não estava habilitado para aquela função. – Mas
você não é marinheiro? – Não amigo
eu não sou marinheiro eu me chamo Marinheiro. Pois
bem em síntese : Precisava-se de um
marinheiro, apareceu um marinheiro que não era marinheiro, e embora tendo agora
roupas de marinheiro, não pode subir no mastro para controlar a embarcação. Isto nos ensina uma lição: Não adianta termos o nome de cristãos, se não o formos autênticos não poderemos subir ao céu. O título de Adventista não levará ninguém ao céu; o rótulo de ancião ou pastor também não garante a entrada no céu. Mas
então o que difere o verdadeiro do falso cristão? Nome e sobrenome Um
amigo meu há uns 18 anos atrás teve um problema terrível quando resolveu
comprar uma casa. Problema porque na aprovação do crédito pela Caixa Econômica
seu nome apareceu negativado. Também pudera; seu nome era Francisco dos Santos.
Apareceram no mínimo uns 200 Francisco dos Santos com restrição, e só depois
de uma busca mais apurada é que teve então o crédito aprovado. Seu nome era
muito comum. Vamos
citar um outro exemplo: Eu me chamo José, e se perguntarem pelo irmão José na
igreja onde freqüento não será possível me identificar. Pois bem eu ainda
tenho outro nome: eu me chamo José Roberto, mas já existiram outros José
Roberto na minha igreja e alguém
que esteve por aqui naquela época poderá
me confundir com outra pessoa. Mas eu tenho ainda um sobrenome; Eu me
chamo José Roberto Siqueira. Agora, sim. José Roberto Siqueira na minha igreja só
tem eu. Pois
bem o que diferencia uma pessoa da outra geralmente é o sobrenome e isto quando
este sobrenome não é muito comum. Os verdadeiros cristãos também
são diferenciados dos falsos pelo sobrenome; portanto apenas o nome de cristão certamente
não classifica ninguém ao céu, não basta ter nome, precisa também ter
sobrenome. E qual é o sobrenome? No
livro de Isaías 6:3,
os Serafins se dirigiam ao Senhor e
para identificar a que Senhor se dirigiam chamavam-no pelo Nome: Santo,
Santo, Santo... Se
a santificação é a qualificação para subir ao céu, porque então não
consigo ser santo?
Se
eu perguntar aqui o que é santificação, poderei ter várias respostas, mas
que se encaminharão mais ou menos nesta direção: Santificação
é separação; ou seja ser separado, e é uma obra da vida toda. Deus espera que
tenhamos um firme propósito de: Nunca
mais cairmos; nunca mais pecarmos; evitarmos a qualquer custo o pecado, e nos
mantermos puros nada menos que até o último dia de nossas vidas; seja isto por
1 , 2, 10, 20 ou 100 anos. “Fiel até a
morte” Apoc. 2:10. Além
da firme decisão de não errar, requer que nos esforcemos para melhorarmos
espiritualmente, fazendo com que o dia de hoje seja melhor que o de ontem, avançando
num processo de purificação sem limites; ou seja, ter como alvo a perfeição
de Cristo. A
vereda
dos
justos
é
como a luz da aurora que vai brilhando, brilhando até chegar a ser dia
perfeito- Provérbios 4:18 . Bom
parece ser complicado demais e se parássemos por aqui, talvez muitos dos
leitores desanimariam por perceber que em suas vidas acontece exatamente o contrário.
Parece que cada dia que passa a gente piora um pouco mais.
Se isto acontece com você, não fique triste; isto é um bom sinal, isto
demonstra que você reconhece as suas fraquezas; pior seria se você achasse que
já está perfeito, e não conseguisse identificar defeitos em si mesmo que
precisam ser corrigidos. Mas
porque achamos difícil a prática da santificação e nos frustramos cada vez
que pensamos nisto? O problema está no fato de que muitas vezes colocamos a
carroça na frente dos burros. A salvação envolve vários processos dos quais
a santificação faz parte, mas não é o único processo e nem o primeiro; e é
aí que está o grande problema. Nós queremos começar pela santificação. Banho no porco Quando
falamos com pessoas que ainda não fizeram uma opção pelo cristianismo e que
tentam mudar alguma coisa em suas vidas, como preparo para pertencer à igreja;
falamos a estas pessoas que Jesus as aceita como estão, e que primeiro tem que
aceitar a Jesus em seus corações e a partir daí contarem com a sua ajuda para
vencer os defeitos de caráter. Falamos isto, pregamos isto, mas não praticamos
isto. Colocando a santificação como primeira coisa a ser feita no processo da
salvação estamos fazendo o que tanto condenamos. Alguém
pode estar perguntando- “Você está
querendo dizer que a santificação não é prioridade? Poderá ser deixada a
segundo plano? Posso deixar para depois? Não! Absolutamente não! Mas no
processo de salvação a santificação não vem antes da conversão. Aplicar a
santificação antes da conversão é tentar se salvar sozinho sem a interferência
de Jesus; é tentar fazer o que é certo pelos próprios esforços; é como
ficar constantemente dando banho num porco. Existe
pessoas que estão fazendo isto com até certo êxito. E nós as encontramos no
nosso dia a dia e ouvimos delas confissões surpreendentes do tipo: Eu
não fumo, não bebo, não jogo, não vivo brigando, não ofendo ninguém, sou
incapaz até de dar um pontapé num cachorro, pago todos os impostos em dia, não
dou prejuizo a ninguém, amo a minha família vivendo muito bem com eles. Não
estou fazendo exatamente o que Jesus mandou?.(1) Aparentemente
estas pessoas estão em situação privilegiada diante de Deus, mas infelizmente
eu tenho que dizer que muitas delas com todas estas qualidades estão
irremediavelmente perdidas. O problema está no fato de se tentar conseguir o céu
pelos próprios esforços. Tudo isto faz parte da santificação, mas praticados
em circunstâncias erradas. Antes de nos santificarmos temos que nos
convertermos. A conversão tem que anteceder a santificação. Mas
o que é conversão? Conversão significa dar meia volta e retornar pelo caminho
por onde estava indo, mas em direção oposta, ou seja: voltar. Quando
a gente está numa estrada seguindo por um caminho errado, o que nos faz tomar
consciência de que estamos errados é o guia rodoviário. A Bíblia é o guia
que mostra a estrada que conduz ao céu, e ela nos diz que estávamos seguindo
para o inferno, e que era necessário dar meia volta porque o caminho para o céu
estava em outra direção. É
por isto que conversão tem que anteceder a santificação; porque eu posso
estar fazendo tudo o que é certo, mas estar caminhando em direção errada. Eu
posso ser honesto, evitar o pecado, amar o próximo, ser bom cidadão, cumprir
com todos os meus deveres, ser um fiel guardador de leis, mas estar na direção
errada. Posso fazer tudo isto e não estar convertido- o
jovem rico que foi ter com Jesus é um exemplo claro disto. Primeiro passo: aceitar Jesus No
ato da conversão acontece uma coisa muito importante que tem que ser o marco
inicial da caminhada rumo ao céu. Tem que haver um reconhecimento de que apesar
de estar fazendo tudo certinho, nada disso poderá me levar ao céu, se não
aceitar a Jesus como meu Salvador. Aceitar a Jesus como Salvador é reconhecer
que meus pecados o levaram a morrer na cruz e derramar o seu sangue, e é
somente pela remissão dos pecados através deste sangue é que poderei ser
salvo. Não adianta ser bonzinho sem reconhecer que toda esta bondade aos olhos
de Deus não serve para comprar a salvação. É somente através do sangue de
Jesus que poderei ser salvo. É somente a misericórdia de Deus que pode me
salvar. Olhando para mim é impossível
me salvar, mas olhando para Jesus é impossível me perder. Nós
falhamos no processo de santificação porque nos esquecemos de que o que
estamos precisando primeiro é de conversão, e a partir daí contar com a ajuda
de Jesus para nos santificarmos de acordo com a Sua vontade. Tentar se salvar
pelos próprios esforços é santificar-se antes de converter-se e isto
geralmente resulta em profunda frustração, mas depois de convertidos sempre
acharemos defeitos em nós, mas sempre convictos de que para o grande pecador
que sou eu foi providenciado um grande Salvador que é Jesus Cristo. Quando
lutamos pelos próprios esforços nos decepcionamos a cada vez que tropeçamos.
Quando somos totalmente dependentes de Jesus, sempre encontraremos defeitos em nós,
mas nunca duvidamos de que Jesus poderá nos salvar. Aliás quanto mais nos
aproximarmos da luz a sujeira poderá ser identificada com mais facilidade; se não
conseguirmos ver defeitos em nós isto pode ser uma evidencia de que estamos bem
longes da luz. Eu
preciso saber se o que preciso no momento é de santificação ou conversão.
Somente o estudo da bíblia é que poderá me dizer o que é que estou realmente
precisando. A bíblia irá me dizer se estou convertido ou não. Primeiro a
conversão, e aí a companhia de Jesus para prosseguirmos na carreira cristã, e
o Espírito Santo vai nos santificando através da palavra de Deus. Só assim
seremos vitoriosos, porque Deus estará conosco nos auxiliando em nosso decidido
esforço de abandonar a cada dia o pecado. A santificação é uma obra da vida
toda, porque a eternidade é uma vida de pureza que deve ser a continuidade
daquilo que decidimos ser agora. Uma vida toda porque nunca chegaremos a achar
que estamos prontos, sempre encontraremos defeitos em nós se formos estudantes
da bíblia, mas é a própria bíblia também que nos dá a segurança de que
estamos caminhando para o céu , e este céu será habitado por pecadores como
eu. Ainda
em nosso texto no verso 15 nos diz que devemos ter o cuidado para que nenhuma
raiz de amargura brotando em nosso meio nos perturbe fazendo com que muitos se
contaminem. Isto acontece como conseqüência da falta da graça de Deus. O
escritor aos Hebreus sabia muito bem que uma pessoa mesmo estando convertida,
mesmo tendo recebido Jesus em seu coração e ter feito um propósito com Deus
de ser fiel até a morte, procurando santificar a sua vida; poderia ter a vida
espiritual afetada por uma raiz de amargura. Quando
você corta superficialmente uma planta ou até mesmo um pé de grama e deixa na
terra a raiz, você sabe perfeitamente que esta planta terá toda a
possibilidade de brotar e vir a crescer novamente. Hoje muitas vezes ouvimos
falar de doenças malignas: (por exemplo o câncer) que por sobrar uma raiz;
apenas um vestígio, torna-se igual ou pior que anteriormente. A
palavra de Deus nos recomenda a termos cuidado para que a amargura não se aloje
em nosso coração. Somos o corpo de Cristo, e como corpo de Cristo temos que
estar unidos sem rancor ou ódio de uns para com os outros. Jesus
julgou este detalhe tão importante que disse: que se Ao
trazermos a oferta, lembrarmos de alguma diferença com alguém, deveríamos
deixar a oferta, ir primeiro Ter com o irmão de depois vir e oferecer a oferta
para que esta fosse aceita por Deus.
Mat. 5:23. Este
assunto é tão sério que o texto diz que por uma única raiz de amargura
muitos podem ser contaminados. O Diabo tem usado este artifício para atrapalhar
a unidade da igreja, porque ele sabe que esta igreja unida, nem o inferno poderá
prevalecer contra ela. Portanto irmão elimine de sua vida toda a possibilidade
de mágoas e amargura contra alguém. A arma contra este fracasso espiritual é
amarmos incondicionalmente uns aos outros. A santificação serve exatamente
para eliminarmos estas raizes do pecado que sobraram em nossas vidas; e no
processo de santificação não é só a amargura que pode atrapalhar, mas o
verso 16 fala que: Por
um manjar poderemos perder o direito de primogenitura. Todos
nós conhecemos a história de Esaú que por um prazer momentâneo sacrificou
uma benção que o acompanharia por toda a sua vida. Caim
também perdeu a benção por acalentar no coração amargura e sentimentos de
rebeldia que o fez oferecer sacrifício parcial a Deus. Moisés
deixou de entrar em Canaã por uma atitude impensada de ira e desobediência
parcial da ordem de Deus. A
Bíblia registra a história de Balaão, que era profeta de Deus e foi ele que
pronunciou uma das mais belas profecias referente a Jesus em Números 24:17- Vê-lo-ei,
mas não agora; contemplá-lo-ei mas não de perto; “UMA ESTRELA PROCEDERÁ DE
JACÓ” Foi
ele também que citou uma das maiores característica do caráter de Deus: Deus
não é homem para que minta e nem filho do homem para que se arrependa.
Números
23:19. No
entanto por amar presentes e riquezas, se corrompeu deixando de ser uma benção
para ser uma maldição para o povo de Deus. No livro Patriarcas e Profetas na
pag. 465 está escrito que “Mediante
esta única falta, Satanás obteve inteiro domínio sobre ele. Sansão,
homem escolhido por Deus, teve uma carreira frustrante por deixar as paixões
carnais dominarem sua vida. Deus prometeu livrar Israel dos Filisteus por seu
intermédio e cumpriu esta promessa na sua morte, ato este que levou seu nome
para a galeria dos heróis da fé- Hebreus
11:32, mas poderia ter sido diferente o fim de Sansão. Poderíamos
continuar citando muitos exemplos de pessoas boas que mancharam o caráter por
apenas uma deficiência. É possível que todos nós tenhamos um pecado
acariciado, e por este único pecado Satanás nos escraviza e por este único
pecado poderemos perder o nosso direito de primogenitura. Veja bem; o direito é
seu, mas tal como Esaú que o transferiu para Jacó, você pode também
estar transferindo o seu
direito para outra pessoa. Em
Apocalipse 3:11-diz que devemos
ter o cuidado para que ninguém tome a nossa coroa. Eu
ouvi certa vez alguém contando um fato sobre a perseguição que os cristãos
sofreram no passado e nesta história conta-se que foi formado um pelotão de
cristãos para serem fuzilados e foi dada a oportunidade para alguém que
quisesse negar a fé em Jesus e se livrar da morte. Uma pessoa do grupo saiu do
seu lugar aproveitando a oportunidade e o curioso é que um dos soldados que
tomaria parte no fuzilamento daqueles cristãos, jogou imediatamente a arma no
chão e ocupou o lugar do covarde. Ao ser interpelado por que ocuparia o lugar
de alguém que seria morto disse que quando aquela pessoa saiu do lugar onde
estava viu uma coroa cair no chão; e ele agora preferia morrer para ter o
direito àquela coroa que minutos antes pertencia a outra pessoa. Eu
vou lhes contar uma outra história, talvez fictícia, mas, que exemplifica muito bem
isto. Nesta
história, retrataremos duas pessoas totalmente antagônicas. Um teve inúmeras
oportunidades de se salvar e se perdeu. O outro, agarrou a primeira oportunidade
que teve. Judas
Iscariotes que teve tantas oportunidades de se salvar acabou perdendo sua coroa
para outra pessoa. Judas
tinha um amigo de infância e cresceram juntos na mesma região, até que ambos
se tornaram jovens e se apaixonaram pela mesma moça. A moça casou-se com o seu
rival e Judas não podendo conter o ciúme jurou publicamente vingança. Algum
tempo depois, se mudou para outro lugar cheio de amargura e sem abandonar suas
ameaças. A
mãe de Judas morreu por ocasião de seu nascimento. Ele se tornou um menino
solitário e mais tarde quando seu pai também morreu, a família Iscariotes foi
praticamente esquecida. Com
o passar dos anos aquele seu amigo de infância acabou o esquecendo e já não
se lembrava mais de suas ameaças cheias de ira. Este homem mudou-se para a planície
do Jordão, onde tornou-se muito rico como agricultor Um
dia ouviu dizer que Judas havia se tornado discípulo de uma apagada figura de
Rabí Galileu. Dizia-se também que o professor galileu, que rapidamente ganhava
popularidade e prestígio, estava causando desassossego e descontentamento entre
o povo por declarar-se o Messias Prometido dos judeus. Caifás
e o concílio, entre quem Jesus estava causando muitas dificuldades, propuseram
silenciá-lo. Procuravam apenas testemunhas que depusessem contra ele para o
encerrá-lo na prisão. Nesta
ocasião Judas aproveitou o momento para se vingar daquele seu antigo amigo de
infância; por quem havia nutrido tanto ódio, acusando-o de seguidor de Jesus.
Judas seria capaz de tudo: subornar testemunhas, diria que Jesus estaria
protegendo seus amigos caso negasse que este seu amigo de infância não era seu
seguidor. Judas
é o exemplo de alguém que permitiu que uma raiz de amargura brotasse em seu
coração. O Diabo possuiu o perverso Judas, abrigando em seu coração não
somente avareza, mas também inveja, ciúmes e vingança. Aquele
seu amigo de infância recebeu a intimação para comparecer perante o concílio
para responder as acusações feitas por ele. Atendeu a intimação, mesmo sem
ao menos conhecer Jesus e no caminho pensava como se livraria das acusações; e
no momento ponderava que um homem poderia salvá-lo de tais acusações e este
homem era O PRÓPRIO CRISTO negando que o conhecia e que era seu seguidor. Uma
coisa todavia era certa: Se ele fosse visto com Jesus, o fato por si só o
condenaria. O problema é que seria muito difícil conversar com Jesus sem ser
visto. Quando
aproximou-se da cidade, viu a distância uma verdadeira multidão subindo
vagarosamente a colina que fica na saída de Jerusalém para o Gólgota. Ele
observava a multidão excitada, e mesmo a distância percebia que todos gritavam
e gesticulavam desordenadamente. Chegando mais perto distinguia soldados romanos
tentando subjugar a desordem. Sua
curiosidade aumentou e resolveu aproximar-se da multidão; desceu do animal e
agora prosseguia a pé a fim de ter uma visão melhor da cena. Aproximou-se de
alguém da multidão e perguntou: -Pode
me dizer amigo, porque toda esta confusão?
O estranho respondeu em gritos, atônito, possesso:
-Voce
não ouviu falar de Jesus de Nazaré? Todo mundo aqui vai seguindo para o
cruxificá-lo! Ai
ele caiu em si e pode perceber do que Judas era capaz, e concluiu: Então aquele
velhaco do Judas mandou seu próprio mestre para a morte?. Foi então que teve
um intenso desejo de ver quem era Jesus. Esqueceu o perigo que representava um
contato com o Nazareno, foi abrindo caminho por entre a turba esvairada até
chegar bem no meio da multidão. Ali
ele viu o Galileu; seu forte corpo debatendo sob incômoda, pesada e rude cruz.
Cena mais infeliz nunca vira; percebia porém que o Galileu não temia os
soldados, não se incomodava com a humilhante morte que o aguardava; estava porém
fisicamente esgotado, mas se esforçava entres gritos e blasfêmias, com roupas
rasgadas, coroa de espinhos na cabeça, sendo cuspido e insultado e a turba
enfurecida davam-lhe punhadas, batiam com canas, e os soldados o obrigavam a
andar mais depressa, usando lanças para ferí-lo. Teve uma hora que Jesus
fraquejou e caiu debaixo da pesada cruz, contorcendo-se, tentou continuar
cambaleante... Foi
neste momento que este homem do qual estamos falando; o amigo de infância de
Judas; o rico fazendeiro da planície do Jordão; percebeu que Jesus num esforço
tremendo virou a cabeça e fitou os olhos nele. Percebeu em seus olhos que mesmo
em situação tão difícil, não temia, estava cheio de coragem e aquele olhar
parecia lhe dizer alguma coisa. Percebeu
então que não se tratava de um homem comum e mesmo sem sequer ouvir uma
palavra de Jesus, mas seu gesto e olhar o convenceram de que realmente estava
diante do Messias, porque somente Deus poderia se manter tão calmo diante te
tal situação. E neste momento esqueceu de que qualquer contato com Jesus,
validaria as acusações contra si, e sem hesitar, sabendo muito bem o que
estava fazendo, deu alguns passos a frente, tomou sobre os ombros a pesada cruz
de Jesus, e começou sua escalada da montanha ao lado de Cristo. Sim
estamos falando de Simão, o Cirineu.(2) Judas
ouviu muitos sermões de Jesus e acabou perdendo sua coroa para alguém que não
tinha ouvido nenhum sermão, mas compreendeu um gesto: o meigo olhar de Jesus. E
nós devemos ter o cuidado de que depois de ouvir muitos sermões a respeito de
Jesus, durante tantos anos, não venhamos a perder a nossa coroa para alguém
que poderá ocupar o nosso lugar nos instantes finais da história deste mundo.
Judas representa os que estão na igreja mas desviaram os olhos de Jesus. Simão
representa os que estão fora da igreja, mas quando perceberem o olhar de Jesus
o fitarão para nunca mais se desviar dele. As
lágrimas de Esaú representam as lágrimas de todos aqueles que depois de ter a
salvação nas mãos, por qualquer prazer momentâneo a perderá, e certamente
chorará e lamentará no julgamento final sem mais chance de arrependimento. Irmão, não venda o seu direito de primogenitura por um manjar. Não troque a sua coroa por nada deste mundo. Amém! -- José Roberto Siqueira, Email: joseroberto@siqueira.com.br Referências:
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