Remédio para Transformar Joio em Trigo

TEXTO: Hebreus 12: 12-17

Quando nos tornamos cristãos achamos muitas vezes que seremos perfeitos e que não nos contaminaremos mais com o pecado, ou seremos fortes o suficiente para não cairmos. Como isto na maioria das vezes não acontece, é fácil nos frustrarmos em nossa carreira espiritual. Questionamos muitas vezes por que não conseguimos ser o que gostaríamos de ser e muito menos o que Deus gostaria que fôssemos. Neste artigo (sermão), vamos tentar entender porque isto acontece.

A Bíblia não diz que somos perfeitos, nem que todos nós estamos em boas condições espirituais. Isto se dá por dois motivos:

1 - A igreja é comparada a um hospital, onde há doentes espirituais, que estão constantemente precisando de cura.

2 - Nem todos nós fomos colocados na igreja pelo Senhor, mas alguns de nós podem ter sido introduzidos nela pelo Diabo.

Estes dois motivos por si só são suficientes para não termos uma igreja perfeita e sim, defeituosa.

Alguém pode estar pensando como é possível ser colocado na igreja pelo Diabo, mas a Bíblia diz claramente que um inimigo havia semeado joio no meio do trigo. Portanto, se sou joio e vivo no meio do trigo, não fui plantado pelo Senhor e o meu destino é ser queimado.

É por isto que quando eu ministro estudos bíblicos a alguém, sempre digo que os iniciantes na igreja nunca devem basear a fé ou crença em ninguém a não ser em Jesus; pois assim fazendo poderão estar se espelhando em alguém que não é trigo, e sim joio.

E tem mais um agravante, o joio e o trigo são muito parecidos e é por isto que aparentemente somos todos iguais; e quase impossível diferenciarmos os verdadeiros dos falsos cristãos. (Ouvi certa vez alguém pregar com muita propriedade que há joio no meio dos oficiais da igreja, há joio no meio dos anciãos e há joio no meio dos pastores também!)

Mas há um detalhe muito importante que não pode ser esquecido: Na Natureza, o trigo nasce trigo e morre trigo; o joio nasce joio e morre joio, mas na igreja, Jesus tem o poder de transformar joio em trigo; graças a Deus por isto.

Portanto não fique preocupado se você foi colocado na igreja por Deus ou pelo inimigo. Porque mesmo que você tenha sido colocado na igreja pelo inimigo para ser joio, Deus pode realizar uma obra especial em sua vida; para Deus não existe caso perdido. Para Deus não existe problema insolúvel. Deus pode perfeitamente transformá-lo de joio em trigo para sua glória.  

Remédio

É por isto que no nosso texto para meditação, nos versos 12 e 13, diz que: É hora de fortalecer as mãos fracas e os joelhos desconjuntados ou paralisados, e dar uma aprumada em nossos caminhos. Deus não quer que nos desviemos totalmente e nem que fiquemos para sempre mancando, mas quer nos curar totalmente.

E no verso 14, Ele nos dá a receita de como curar-nos da doença espiritual que nos envolve. O remédio é santificação.

O termo santificação tem sido um problema para todos nós. Problema porque quantas e quantas vezes ficamos indignados ao tentarmos nos santificar e sempre nos frustramos, por não conseguir nada.

Mas onde está o problema? Santificação não é a solução para a cura espiritual? E porque não dá certo? Antes de continuar eu quero vos chamar a atenção para uma historinha pitoresca, mas que ilustra o que estamos falando neste momento.

Certa feita, um barco a vela perdeu a direção num grande temporal e corria o risco de naufrágio não tendo na ocasião um condutor adequado para aquela situação; foi quando o responsável pelo barco se dirigiu aos ocupantes do mesmo perguntando se tinha no meio deles algum marinheiro. Imediatamente se apresentou um cidadão e foi lhe dado um roupão de marinheiro e também botas especiais para que conduzisse a embarcação. Depois de colocar as vestimentas adequadas ficou olhando para o comandante do barco quando este lhe perguntou: Amigo você apartir de agora tomará a direção do barco e isto deve ser rápido.

Foi quando o cidadão disse que não estava habilitado para aquela função. – Mas você não é marinheiro? – Não amigo eu não sou marinheiro eu me chamo Marinheiro. Marinheiro era o sobrenome dele!

Pois bem em síntese : Precisava-se de um marinheiro, apareceu um marinheiro que não era marinheiro, e embora tendo agora roupas de marinheiro, não pode subir no mastro para controlar a embarcação.

Isto nos ensina uma lição: Não adianta termos o nome de cristãos, se não o formos autênticos não poderemos subir ao céu. O título de Adventista não levará ninguém ao céu; o rótulo de ancião ou pastor também não garante a entrada no céu.

Mas então o que difere o verdadeiro do falso cristão?  

Nome e sobrenome

Um amigo meu há uns 18 anos atrás teve um problema terrível quando resolveu comprar uma casa. Problema porque na aprovação do crédito pela Caixa Econômica seu nome apareceu negativado. Também pudera; seu nome era Francisco dos Santos. Apareceram no mínimo uns 200 Francisco dos Santos com restrição, e só depois de uma busca mais apurada é que teve então o crédito aprovado. Seu nome era muito comum.

Vamos citar um outro exemplo: Eu me chamo José, e se perguntarem pelo irmão José na igreja onde freqüento não será possível me identificar. Pois bem eu ainda tenho outro nome: eu me chamo José Roberto, mas já existiram outros José Roberto na minha igreja e alguém que esteve por aqui naquela época poderá  me confundir com outra pessoa. Mas eu tenho ainda um sobrenome; Eu me chamo José Roberto Siqueira. Agora, sim. José Roberto Siqueira na minha igreja só tem eu.

Pois bem o que diferencia uma pessoa da outra geralmente é o sobrenome e isto quando este sobrenome não é muito comum. Os verdadeiros cristãos também são diferenciados dos falsos pelo sobrenome; portanto apenas o nome de cristão certamente não classifica ninguém ao céu, não basta ter nome, precisa também ter sobrenome. E qual é o sobrenome?

No livro de Isaías 6:3, os Serafins se dirigiam ao Senhor  e para identificar a que Senhor se dirigiam chamavam-no pelo Nome: Santo, Santo, Santo... O meu sobrenome é Siqueira porque herdei de meu pai este sobrenome; e se o sobrenome de nosso Pai celestial é Santo; nós na qualidade de Seus filhos também teremos que ter o sobrenome de Santo. É por isto que o verso diz que: Sem a santificação ninguém verá o Senhor. Ser Cristão não quer dizer nada; temos que ser Cristãos Santos.

Se a santificação é a qualificação para subir ao céu, porque então não consigo ser santo? Se eu perguntar aqui o que é santificação, poderei ter várias respostas, mas que se encaminharão mais ou menos nesta direção: Santificação é separação; ou seja ser separado, e é uma obra da vida toda. Ao pensar neste detalhe “uma obra da vida toda” temos a impressão de algo difícil e que requer muito sacrifício; e eu posso afirmar que é isto mesmo que Deus espera de nós. 

Deus espera que tenhamos um firme propósito de: Nunca mais cairmos; nunca mais pecarmos; evitarmos a qualquer custo o pecado, e nos mantermos puros nada menos que até o último dia de nossas vidas; seja isto por 1 , 2, 10, 20 ou 100 anos. “Fiel até a morte” Apoc. 2:10.

Além da firme decisão de não errar, requer que nos esforcemos para melhorarmos espiritualmente, fazendo com que o dia de hoje seja melhor que o de ontem, avançando num processo de purificação sem limites; ou seja, ter como alvo a perfeição de Cristo.

A vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando, brilhando até chegar a ser dia perfeito- Provérbios 4:18  .

Bom parece ser complicado demais e se parássemos por aqui, talvez muitos dos leitores desanimariam por perceber que em suas vidas acontece exatamente o contrário. Parece que cada dia que passa a gente piora um pouco mais. Se isto acontece com você, não fique triste; isto é um bom sinal, isto demonstra que você reconhece as suas fraquezas; pior seria se você achasse que já está perfeito, e não conseguisse identificar defeitos em si mesmo que precisam ser corrigidos.

Mas porque achamos difícil a prática da santificação e nos frustramos cada vez que pensamos nisto? O problema está no fato de que muitas vezes colocamos a carroça na frente dos burros. A salvação envolve vários processos dos quais a santificação faz parte, mas não é o único processo e nem o primeiro; e é aí que está o grande problema. Nós queremos começar pela santificação.  

Banho no porco

Quando falamos com pessoas que ainda não fizeram uma opção pelo cristianismo e que tentam mudar alguma coisa em suas vidas, como preparo para pertencer à igreja; falamos a estas pessoas que Jesus as aceita como estão, e que primeiro tem que aceitar a Jesus em seus corações e a partir daí contarem com a sua ajuda para vencer os defeitos de caráter. Falamos isto, pregamos isto, mas não praticamos isto. Colocando a santificação como primeira coisa a ser feita no processo da salvação estamos fazendo o que tanto condenamos.

Alguém pode estar perguntando- “Você está querendo dizer que a santificação não é prioridade? Poderá ser deixada a segundo plano? Posso deixar para depois? Não! Absolutamente não! Mas no processo de salvação a santificação não vem antes da conversão. Aplicar a santificação antes da conversão é tentar se salvar sozinho sem a interferência de Jesus; é tentar fazer o que é certo pelos próprios esforços; é como ficar constantemente dando banho num porco.

Existe pessoas que estão fazendo isto com até certo êxito. E nós as encontramos no nosso dia a dia e ouvimos delas confissões surpreendentes do tipo: Eu não fumo, não bebo, não jogo, não vivo brigando, não ofendo ninguém, sou incapaz até de dar um pontapé num cachorro, pago todos os impostos em dia, não dou prejuizo a ninguém, amo a minha família vivendo muito bem com eles. Não estou fazendo exatamente o que Jesus mandou?.(1)

Aparentemente estas pessoas estão em situação privilegiada diante de Deus, mas infelizmente eu tenho que dizer que muitas delas com todas estas qualidades estão irremediavelmente perdidas. O problema está no fato de se tentar conseguir o céu pelos próprios esforços. Tudo isto faz parte da santificação, mas praticados em circunstâncias erradas. Antes de nos santificarmos temos que nos convertermos. A conversão tem que anteceder a santificação.

Mas o que é conversão? Conversão significa dar meia volta e retornar pelo caminho por onde estava indo, mas em direção oposta, ou seja: voltar.

Quando a gente está numa estrada seguindo por um caminho errado, o que nos faz tomar consciência de que estamos errados é o guia rodoviário. A Bíblia é o guia que mostra a estrada que conduz ao céu, e ela nos diz que estávamos seguindo para o inferno, e que era necessário dar meia volta porque o caminho para o céu estava em outra direção.

É por isto que conversão tem que anteceder a santificação; porque eu posso estar fazendo tudo o que é certo, mas estar caminhando em direção errada. Eu posso ser honesto, evitar o pecado, amar o próximo, ser bom cidadão, cumprir com todos os meus deveres, ser um fiel guardador de leis, mas estar na direção errada. Posso fazer tudo isto e não estar convertido- o jovem rico que foi ter com Jesus é um exemplo claro disto.  

Primeiro passo: aceitar Jesus

No ato da conversão acontece uma coisa muito importante que tem que ser o marco inicial da caminhada rumo ao céu. Tem que haver um reconhecimento de que apesar de estar fazendo tudo certinho, nada disso poderá me levar ao céu, se não aceitar a Jesus como meu Salvador. Aceitar a Jesus como Salvador é reconhecer que meus pecados o levaram a morrer na cruz e derramar o seu sangue, e é somente pela remissão dos pecados através deste sangue é que poderei ser salvo. Não adianta ser bonzinho sem reconhecer que toda esta bondade aos olhos de Deus não serve para comprar a salvação. É somente através do sangue de Jesus que poderei ser salvo. É somente a misericórdia de Deus que pode me salvar. Olhando para mim é impossível me salvar, mas olhando para Jesus é impossível me perder.

Nós falhamos no processo de santificação porque nos esquecemos de que o que estamos precisando primeiro é de conversão, e a partir daí contar com a ajuda de Jesus para nos santificarmos de acordo com a Sua vontade. Tentar se salvar pelos próprios esforços é santificar-se antes de converter-se e isto geralmente resulta em profunda frustração, mas depois de convertidos sempre acharemos defeitos em nós, mas sempre convictos de que para o grande pecador que sou eu foi providenciado um grande Salvador que é Jesus Cristo. Quando lutamos pelos próprios esforços nos decepcionamos a cada vez que tropeçamos. Quando somos totalmente dependentes de Jesus, sempre encontraremos defeitos em nós, mas nunca duvidamos de que Jesus poderá nos salvar. Aliás quanto mais nos aproximarmos da luz a sujeira poderá ser identificada com mais facilidade; se não conseguirmos ver defeitos em nós isto pode ser uma evidencia de que estamos bem longes da luz.

Eu preciso saber se o que preciso no momento é de santificação ou conversão. Somente o estudo da bíblia é que poderá me dizer o que é que estou realmente precisando. A bíblia irá me dizer se estou convertido ou não. Primeiro a conversão, e aí a companhia de Jesus para prosseguirmos na carreira cristã, e o Espírito Santo vai nos santificando através da palavra de Deus. Só assim seremos vitoriosos, porque Deus estará conosco nos auxiliando em nosso decidido esforço de abandonar a cada dia o pecado. A santificação é uma obra da vida toda, porque a eternidade é uma vida de pureza que deve ser a continuidade daquilo que decidimos ser agora. Uma vida toda porque nunca chegaremos a achar que estamos prontos, sempre encontraremos defeitos em nós se formos estudantes da bíblia, mas é a própria bíblia também que nos dá a segurança de que estamos caminhando para o céu , e este céu será habitado por pecadores como eu.

Ainda em nosso texto no verso 15 nos diz que devemos ter o cuidado para que nenhuma raiz de amargura brotando em nosso meio nos perturbe fazendo com que muitos se contaminem. Isto acontece como conseqüência da falta da graça de Deus. O escritor aos Hebreus sabia muito bem que uma pessoa mesmo estando convertida, mesmo tendo recebido Jesus em seu coração e ter feito um propósito com Deus de ser fiel até a morte, procurando santificar a sua vida; poderia ter a vida espiritual afetada por uma raiz de amargura.

Quando você corta superficialmente uma planta ou até mesmo um pé de grama e deixa na terra a raiz, você sabe perfeitamente que esta planta terá toda a possibilidade de brotar e vir a crescer novamente. Hoje muitas vezes ouvimos falar de doenças malignas: (por exemplo o câncer) que por sobrar uma raiz; apenas um vestígio, torna-se igual ou pior que anteriormente.

A palavra de Deus nos recomenda a termos cuidado para que a amargura não se aloje em nosso coração. Somos o corpo de Cristo, e como corpo de Cristo temos que estar unidos sem rancor ou ódio de uns para com os outros.

Jesus julgou este detalhe tão importante que disse: que se Ao trazermos a oferta, lembrarmos de alguma diferença com alguém, deveríamos deixar a oferta, ir primeiro Ter com o irmão de depois vir e oferecer a oferta para que esta fosse aceita por Deus. Mat. 5:23.

Este assunto é tão sério que o texto diz que por uma única raiz de amargura muitos podem ser contaminados. O Diabo tem usado este artifício para atrapalhar a unidade da igreja, porque ele sabe que esta igreja unida, nem o inferno poderá prevalecer contra ela. Portanto irmão elimine de sua vida toda a possibilidade de mágoas e amargura contra alguém. A arma contra este fracasso espiritual é amarmos incondicionalmente uns aos outros. A santificação serve exatamente para eliminarmos estas raizes do pecado que sobraram em nossas vidas; e no processo de santificação não é só a amargura que pode atrapalhar, mas o verso 16 fala que: Por um manjar poderemos perder o direito de primogenitura.

Todos nós conhecemos a história de Esaú que por um prazer momentâneo sacrificou uma benção que o acompanharia por toda a sua vida.

Caim também perdeu a benção por acalentar no coração amargura e sentimentos de rebeldia que o fez oferecer sacrifício parcial a Deus.

Moisés deixou de entrar em Canaã por uma atitude impensada de ira e desobediência parcial da ordem de Deus.

A Bíblia registra a história de Balaão, que era profeta de Deus e foi ele que pronunciou uma das mais belas profecias referente a Jesus em Números 24:17- Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei mas não de perto; “UMA ESTRELA PROCEDERÁ DE JACÓ”

Foi ele também que citou uma das maiores característica do caráter de Deus: Deus não é homem para que minta e nem filho do homem para que se arrependa. Números 23:19.

No entanto por amar presentes e riquezas, se corrompeu deixando de ser uma benção para ser uma maldição para o povo de Deus. No livro Patriarcas e Profetas na pag. 465 está escrito que  “Mediante esta única falta, Satanás obteve inteiro domínio sobre ele.

Sansão, homem escolhido por Deus, teve uma carreira frustrante por deixar as paixões carnais dominarem sua vida. Deus prometeu livrar Israel dos Filisteus por seu intermédio e cumpriu esta promessa na sua morte, ato este que levou seu nome para a galeria dos heróis da fé- Hebreus 11:32, mas poderia ter sido diferente o fim de Sansão.

Poderíamos continuar citando muitos exemplos de pessoas boas que mancharam o caráter por apenas uma deficiência. É possível que todos nós tenhamos um pecado acariciado, e por este único pecado Satanás nos escraviza e por este único pecado poderemos perder o nosso direito de primogenitura. Veja bem; o direito é seu, mas tal como Esaú que o transferiu para Jacó, você pode também  estar transferindo  o seu direito para outra pessoa.

Em Apocalipse 3:11-diz que devemos ter o cuidado para que ninguém tome a nossa coroa.

Eu ouvi certa vez alguém contando um fato sobre a perseguição que os cristãos sofreram no passado e nesta história conta-se que foi formado um pelotão de cristãos para serem fuzilados e foi dada a oportunidade para alguém que quisesse negar a fé em Jesus e se livrar da morte. Uma pessoa do grupo saiu do seu lugar aproveitando a oportunidade e o curioso é que um dos soldados que tomaria parte no fuzilamento daqueles cristãos, jogou imediatamente a arma no chão e ocupou o lugar do covarde. Ao ser interpelado por que ocuparia o lugar de alguém que seria morto disse que quando aquela pessoa saiu do lugar onde estava viu uma coroa cair no chão; e ele agora preferia morrer para ter o direito àquela coroa que minutos antes pertencia a outra pessoa.

Eu vou lhes contar uma outra história, talvez fictícia, mas, que exemplifica muito bem isto. Nesta história, retrataremos duas pessoas totalmente antagônicas. Um teve inúmeras oportunidades de se salvar e se perdeu. O outro, agarrou a primeira oportunidade que teve.

Judas Iscariotes que teve tantas oportunidades de se salvar acabou perdendo sua coroa para outra pessoa.

Judas tinha um amigo de infância e cresceram juntos na mesma região, até que ambos se tornaram jovens e se apaixonaram pela mesma moça. A moça casou-se com o seu rival e Judas não podendo conter o ciúme jurou publicamente vingança. Algum tempo depois, se mudou para outro lugar cheio de amargura e sem abandonar suas ameaças.

A mãe de Judas morreu por ocasião de seu nascimento. Ele se tornou um menino solitário e mais tarde quando seu pai também morreu, a família Iscariotes foi praticamente esquecida.

Com o passar dos anos aquele seu amigo de infância acabou o esquecendo e já não se lembrava mais de suas ameaças cheias de ira. Este homem mudou-se para a planície do Jordão, onde tornou-se muito rico como agricultor

Um dia ouviu dizer que Judas havia se tornado discípulo de uma apagada figura de Rabí Galileu. Dizia-se também que o professor galileu, que rapidamente ganhava popularidade e prestígio, estava causando desassossego e descontentamento entre o povo por declarar-se o Messias Prometido dos judeus.

Caifás e o concílio, entre quem Jesus estava causando muitas dificuldades, propuseram silenciá-lo. Procuravam apenas testemunhas que depusessem contra ele para o encerrá-lo na prisão.

Nesta ocasião Judas aproveitou o momento para se vingar daquele seu antigo amigo de infância; por quem havia nutrido tanto ódio, acusando-o de seguidor de Jesus. Judas seria capaz de tudo: subornar testemunhas, diria que Jesus estaria protegendo seus amigos caso negasse que este seu amigo de infância não era seu seguidor.

Judas é o exemplo de alguém que permitiu que uma raiz de amargura brotasse em seu coração. O Diabo possuiu o perverso Judas, abrigando em seu coração não somente avareza, mas também inveja, ciúmes e vingança.

Aquele seu amigo de infância recebeu a intimação para comparecer perante o concílio para responder as acusações feitas por ele. Atendeu a intimação, mesmo sem ao menos conhecer Jesus e no caminho pensava como se livraria das acusações; e no momento ponderava que um homem poderia salvá-lo de tais acusações e este homem era O PRÓPRIO CRISTO negando que o conhecia e que era seu seguidor.

Uma coisa todavia era certa: Se ele fosse visto com Jesus, o fato por si só o condenaria. O problema é que seria muito difícil conversar com Jesus sem ser visto.

Quando aproximou-se da cidade, viu a distância uma verdadeira multidão subindo vagarosamente a colina que fica na saída de Jerusalém para o Gólgota. Ele observava a multidão excitada, e mesmo a distância percebia que todos gritavam e gesticulavam desordenadamente. Chegando mais perto distinguia soldados romanos tentando subjugar a desordem.

Sua curiosidade aumentou e resolveu aproximar-se da multidão; desceu do animal e agora prosseguia a pé a fim de ter uma visão melhor da cena. Aproximou-se de alguém da multidão e perguntou:

-Pode  me dizer amigo, porque toda esta confusão?  O estranho respondeu em gritos, atônito, possesso:      

-Voce não ouviu falar de Jesus de Nazaré? Todo mundo aqui vai seguindo para o cruxificá-lo!

Ai ele caiu em si e pode perceber do que Judas era capaz, e concluiu: Então aquele velhaco do Judas mandou seu próprio mestre para a morte?. Foi então que teve um intenso desejo de ver quem era Jesus. Esqueceu o perigo que representava um contato com o Nazareno, foi abrindo caminho por entre a turba esvairada até chegar bem no meio da multidão.

Ali ele viu o Galileu; seu forte corpo debatendo sob incômoda, pesada e rude cruz. Cena mais infeliz nunca vira; percebia porém que o Galileu não temia os soldados, não se incomodava com a humilhante morte que o aguardava; estava porém fisicamente esgotado, mas se esforçava entres gritos e blasfêmias, com roupas rasgadas, coroa de espinhos na cabeça, sendo cuspido e insultado e a turba enfurecida davam-lhe punhadas, batiam com canas, e os soldados o obrigavam a andar mais depressa, usando lanças para ferí-lo. Teve uma hora que Jesus fraquejou e caiu debaixo da pesada cruz, contorcendo-se, tentou continuar cambaleante...

Foi neste momento que este homem do qual estamos falando; o amigo de infância de Judas; o rico fazendeiro da planície do Jordão; percebeu que Jesus num esforço tremendo virou a cabeça e fitou os olhos nele. Percebeu em seus olhos que mesmo em situação tão difícil, não temia, estava cheio de coragem e aquele olhar parecia lhe dizer alguma coisa.

Percebeu então que não se tratava de um homem comum e mesmo sem sequer ouvir uma palavra de Jesus, mas seu gesto e olhar o convenceram de que realmente estava diante do Messias, porque somente Deus poderia se manter tão calmo diante te tal situação. E neste momento esqueceu de que qualquer contato com Jesus, validaria as acusações contra si, e sem hesitar, sabendo muito bem o que estava fazendo, deu alguns passos a frente, tomou sobre os ombros a pesada cruz de Jesus, e começou sua escalada da montanha ao lado de Cristo.

Sim estamos falando de Simão, o Cirineu.(2)

Judas ouviu muitos sermões de Jesus e acabou perdendo sua coroa para alguém que não tinha ouvido nenhum sermão, mas compreendeu um gesto: o meigo olhar de Jesus.

E nós devemos ter o cuidado de que depois de ouvir muitos sermões a respeito de Jesus, durante tantos anos, não venhamos a perder a nossa coroa para alguém que poderá ocupar o nosso lugar nos instantes finais da história deste mundo. Judas representa os que estão na igreja mas desviaram os olhos de Jesus. Simão representa os que estão fora da igreja, mas quando perceberem o olhar de Jesus o fitarão para nunca mais se desviar dele.

As lágrimas de Esaú representam as lágrimas de todos aqueles que depois de ter a salvação nas mãos, por qualquer prazer momentâneo a perderá, e certamente chorará e lamentará no julgamento final sem mais chance de arrependimento.

Irmão, não venda o seu direito de primogenitura por um manjar. Não troque a sua coroa por nada deste mundo. Amém! -- José Roberto Siqueira, Email: joseroberto@siqueira.com.br 

Referências:
(1) Do livro Como ser Cristão sem ser Religioso
(2) Do livro Desvenda os Meus Olhos

 

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