Escola Adventista é Acusada de Constrangimento Ilegal Contra Garoto de 10 Anos


Sábado, 18 de outubro de 2003

Garoto copia jogador. Acaba barrado na escola

Corintiano imitou corte de atleta são-paulino; para diretoria, estilo contraria regulamento

Com esse cabelo, Cayque não entra na escola
(Foto: Mônica Zarattini/AE)

KATIA AZEVEDO

Cayque Isaias Delfino, de 10 anos, sonha tornar-se jogador de futebol profissional e é torcedor fanático do Corinthians. Mas foi por causa de um atleta do São Paulo que acabou barrado na escola, na manhã de ontem.

Cayque quis imitar o visual do atacante Diego Tardeli e, na quinta-feira, adotou um corte de cabelo bem rente, intercalado por faixas raspadas. A inicial de seu nome desenhada na nuca completou o visual, mas a direção da Escola Adventista Alvorecer, onde cursa a 4.ª série, não gostou do estilo e impediu o garoto de assistir às aulas.

"Meu filho ligou da rua, dizendo que não deixaram ele entrar na escola. Fui para lá e encontrei Cayque sentado na calçada, cobrindo a cabeça com um blusão", disse o pai, Roberto Tadeu Delfino. "Isso não se faz, deveriam ter chamado os pais e explicado o problema. Meu filho correu riscos e vou às ultimas conseqüências." Já a mãe, Ana Maria de Melo, acredita que o garoto tenha sido vítima de discriminação. "Meu filho é moreninho, se fosse branco, acho que isso não teria acontecido."

O diretor da escola, Iranildo de Oliveira, argumenta que o aluno infringiu o regulamento, conhecido pelos pais. "Nosso estatuto é bem rígido. Proibimos cortes de cabelo extravagantes, tinturas, brincos e maquiagem." O caso foi parar na delegacia da região, onde Delfino registrou um boletim para "averiguação de constrangimento ilegal".

"As investigações devem concentrar-se na forma como a escola dispensou o aluno, uma vez que o regulamento realmente fazia restrições ao tipo de cabelo e foi assinado pelos pais", disse o delegado Rui Karan.

Cayque pagou R$ 30 para fazer o corte artístico, mas já está conformado com a possibilidade de precisar raspar os cabelos para voltar à escola. "Só faltam dois meses para o ano acabar. Depois, eu mudo de colégio e corto de novo", comentou o garoto, que aproveitou a folga para jogar futebol.

Jogador - Diego Tardeli, que está em Goiânia e hoje joga pelo São Paulo contra o Goiás, soube da polêmica e lamentou o ocorrido. "Acho uma grande pena. As pessoas não podem julgar as outras por um corte de cabelo. O que importa são as atitudes."

Fonte: http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2003/10/18/cid023.html e http://www.jt.estadao.com.br/editorias/2003/10/18/ger030.html (Barrado na Escola por Causa do Cabelo)


POLÊMICA
Escola barra aluno com corte de cabelo inspirado no jogador Vampeta

Um corte de cabelo inspirado no jogador de futebol Vampeta acabou provocando problema ao estudante Cayque Isaías Delfino, 10, no colégio.

O garoto afirma ter sido barrado na entrada da Escola Adventista, no Capão Redondo (zona sul), ontem, às 7h, pelo vice-diretor. "Ele olhou para mim e disse: "Esse aí nem entra'", afirma.

"O contrato da escola diz que o aluno não pode ter cabelo comprido. Não diz nada sobre o corte", diz Adriana dos Santos, 28, tia dele. A família não ficou revoltada pelo fato de o corte não ter sido aceito, mas por Cayque ter sido obrigado a esperar o pai na rua, após ser barrado.

O aluno, corintiano, havia raspado listras brancas na cabeça e uma letra C, de Corinthians, atrás. Ele diz ter se inspirado no jogador corintiano.

Roberto Tadeu Delfino, 35, pai de Cayque, registrou boletim de ocorrência de constrangimento ilegal. O cabelo será raspado.

"A diretoria entendeu que seu corte chamava muita atenção", afirma o delegado Rui Karam, do 47º DP. (DO "AGORA")

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1810200320.htm


POLÊMICA

Escola particular barra aluno por corte de cabelo

MENINO NÃO PÔDE ASSISTIR À AULA POR TER CABELO PARECIDO COM O DE ÍDOLO DO FUTEBOL

Cayque Isaías Delfino, 10 anos, aluno da 4ª série do Escola Adventista -particular-, no Capão Redondo (zona sul da capital), não pôde entrar ontem na escola por causa de seu corte de cabelo.

O garoto afirma ter sido barrado na entrada, às 7h, pelo vice-diretor. "Ele [o vice-diretor] olhou para mim e disse: "esse aí nem entra'", afirma Cayque, que teria ficado na calçada, em frente ao colégio, e ligado de um orelhão para o pai buscá-lo. Segundo familiares, o vice-diretor ainda obrigou o garoto a amarrar a camisa na cabeça para esconder o cabelo.

O corte do aluno, corintiano, foi inspirado no do jogador Vampeta. Ele raspou listras brancas na cabeça e uma letra C, de Corinthians, na parte de trás.

"O contrato da escola diz que o aluno não pode ter cabelo comprido. Não diz nada sobre o corte", diz Adriana dos Santos, 28, tia do estudante. A família não ficou revoltada pelo fato de o corte não ter sido aceito, mas por Cayque ter sido obrigado a esperar na rua.

O operador de máquinas Roberto Tadeu Delfino, 35, pai de Cayque, registrou um boletim de ocorrência de constrangimento ilegal. Amanhã, Cayque raspará o cabelo para assistir à aula na segunda. (Marco de Castro)


Leitor reage

Amigos:

Pois é. Eu vi a matéria e fiquei chocado. Envergonhado mesmo. E vi que a punição (mais certo é "discriminação") se deve ao regulamento que determina que o corte de cabelo seja "NORMAL". Mas o que é normal? Quem determina a normalidade? O corte do cabelo de Jesus era "Normal"? O corte do cabelo de Martinho Lutero, de Guilherme Miller e outros pioneiros, eram "normais? Quem determina o que é ser "normal"?  

Ah, normal deve ser o que a maioria daquele determinado grupo segue. Ah, sim, então por que entrar na justiça para que os nossos jovens realizem as provas de vestibular após o pr do sol, se o "normal" é realizá-las durante o dia?  

Nossa igreja deveria entender melhor o assunto da discriminação e não ser a primeira a tirar pedras em quem não pode se defender. E vou além: eu estava determinado a matricular meu filho pequeno numa escola que deveria ensinar princípios sadios de educação, e esse fato me auxiliou na decisão. Não será em escola que possa discriminá-lo, hoje por corte de cabelo, amanhã, porque a cor dos olhos não combina com a palmatória do diretor.

Ass. Adventista Envergonhado


Contradição ridícula

Olá, Robson! (Risos.) Você, como sempre, cai em contradição. Você nem sabe o que defende. Ora defende os extremistas com idéias absurdas, ora defende esse tipo de coisa...

Que coisa rídicula! Avise os pais desta criança para eles ensinarem o filho a imitar a Jesus Cristo e não um pobre jogador de futebol. Que coisa medíocre, você e seus comentários. Se puder publicar, eu agradeço. -- Mônica.


Resposta do Editor

Estamos defendendo o quê, irmã? Maus tratos a um menino e a sua exclusão de um recinto, para utilização do qual seu pais pagam e caro? Não, não defendemos isso, nem elogiamos o cabelo do garoto. Essa é uma escolha que cabe somente a ele, com a supervisão de seus pais.

Nós apenas publicamos reportagens da imprensa secular acerca do ocorrido, a fim de provocar uma reflexão sobre o tema. E posteriormente, acrescentamos a opinião de um leitor, como fizemos também com a sua.

Se a família não é adventista (como tudo indica) e mesmo que seja, quem deveria ter ensinado ao menino espelhar-se em Cristo, pois são pagos também para isso, eram exatamente os professores e funcionários da escola adventista. Estes, porém, em lugar de fazê-lo, escurraçaram o menino, expondo-o aos perigos do trânsito e da violência da região do Capão Redondo, depois de humilhá-lo e constrangê-lo.

A pior lição PRÁTICA que poderia ter recebido acerca do amor de Cristo, que a todos recebe incondicionalmente, foi a discriminação sofrida por cortar o cabelo de um jeito diferente. Houvesse isto ocorrido com um filho seu, irmã, e sua reação estaria sendo completamente outra. -- Robson Ramos


Culpa dos Pais

Eu gostaria que os irmãos entendessem que o problema não está no corte de cabelo, mas, sim, no modelo a quem o menino está copiando. Nós, como adventistas, não devemos copiar o mundo, mas sim refletir a luz de Cristo.

Sinceramente eu acho que a culpa, no findo, é dos pais que em vez de ensinar ao filho princípios cristãos, estão querendo que ele copie a vida de um pecador, em vez de copiar a vida de nosso salvador.

Eu sinto muita vergonha de ser adventista quando vejo notícias dessas. Eu já não sei se a IASD é Babilônia, como alguns a acusam, ou se os babilônicos é que fazem parte de suas fileiras. Que Deus nos ajude a ter o discernimento devido.

Um adventista na Inglaterra, que nada conhece do Brazil.


Resposta do Editor

Faltou exatamente DISCERNIMENTO ao funcionário da Escola, que sequer permitiu que o menino adentrasse suas dependências, embora seus pais paguem por seus estudos e estivessem confiando que o menino estava em segurança e sob os cuidados da equipe da escola.

Se tivesse discernimento, veria na adoção do tal corte de cabelo uma evidência de que os valores cristãos ensinados na Escola não estavam sendo assimilados pelo menino e que, portanto, alguma coisa estaria falhando...

Talvez, devesse solicitar ou sugerir à direção uma reunião com os professores para tratar do caso. Quem sabe, convocar os pais para um bate-papo... O problema é o menino que não assimila a necessidade de ter a Cristo como modelo, ou falha dos professores que nada lhe disseram a respeito, por estarem preocupados em meramente ministrar suas aulas de maneira isenta, sem qualquer conotação religiosa?

Ora, se queremos levar o menino a fazer de Cristo o seu modelo, será humilhando-o e marginalizando-o que o conseguiremos? Como ele poderá refletir a luz de Cristo, se nem mesmo os funcionários da escola a refletem na PRÁTICA? -- Robson Ramos


Professor concorda com a punição

Permita-me apenas um comentário sobre o fato ocorrido. As escolas adventistas, assim como as não-adventistas, possuem regras internas de comportamento e vestimenta. Já vi muitos alunos, em escolas não-adventistas inclusive, serem barrados na portaria da escola por estarem vestidos inconvenientemente ou com cortes de cabelo que prejudicam a imagem da escola.

Creio que isso não configura crime ou preconceito, mas apenas a não-observação das regras existentes na escola e que foram assinadas pelos pais no ato da matrícula. Portanto, o impedimento a esse jovenzinho não foi um ato hediondo, foi apenas e tão-somente a aplicação de regras que os pais desse menino assinaram. Sou professor em escola não-adventista, amigo Robson, e sei perfeitamente do que estou falando. Não sou leigo em Estrutura e Funcionamento de Escola.

Luís Martini


Resposta do Editor

Se soubesse realmente do que está falando, teria percebido que o regulamento da Escola Adventista refere-se apenas a cabelo comprido, conforme a notícia. 

Além disso, como educador cristão, encontraria uma outra forma de ajudar a recuperar o menino, apontando-lhe Cristo como único modelo a ser imitado por um outro método, que não o da marginalização e exclusão. Uma escola que se propõe a "educar para a eternidade" teria obrigatoriamente de agir de uma outra forma, inclusive mostrando que há atletas que têm outras qualidades dignas de imitação, superiores ao corte de cabelo.

E se o caso não fosse algo incomum, fora de qualquer padrão aceitável, não teria sido notícia nos dois principais jornais do País, O Estado de São Paulo e Folha de S.Paulo.

Você se tornará melhor educador depois que for pai e, com certeza, dar-me-á razão.

Robson Ramos


Cayque volta às aulas, apesar do corte de cabelo 'extravagante'

O estudante Cayque Isaías Delfino, de 10 anos, não precisará mais modificar o penteado para freqüentar as aulas da 4.ª série na Escola Adventista Alvorecer, no Capão Redondo, zona sul de São Paulo. A exigência foi feita na sexta-feira, dia em que Cayque, que é corintiano, foi barrado por exibir um penteado semelhante ao do atacante do São Paulo Diego Tardeli - um corte rente, intercalado por faixas raspadas.

Segundo a escola, o visual extravagante contraria o regulamento, por isso o garoto só teria a entrada liberada quando raspasse os cabelos. Ontem, após conversar com o pai do aluno, Roberto Tadeu Delfino, a diretoria decidiu "abrir uma exceção". "Não queremos prejudicar o estudante e sim encontrar um caminho de convergência e respeito", disse o advogado da escola, Lélio Maximino Lellis.

Segundo Delfino, a negociação não foi fácil. "Eles sugeriram que meu filho usasse uma toca ou um boné, mas Cayque não concordou. No fim, permitiram que ele assistisse às aulas assim mesmo", contou o pai. Segundo ele, o garoto deve retornar às aulas hoje.

Entre as novidades que contará aos colegas está o encontro com seu inspirador, Diego Tardeli, ontem. "Você tem muita personalidade", elogiou o atleta. "E você é um excelente jogador. Vai ser igual ao Ronaldinho", retribuiu Cayque. (Katia Azevedo e Ivan Ventura)

Fonte: http://www.estado.com.br/editorias/2003/10/21/cid017.html


E Cayque encontrou Diego Tardelli

A polêmica envolvendo a família de Cayque Isaías Delfino, de 10 anos, e a escola Adventista Alvorecer pode terminar hoje. O colégio permitiu que ele mantenha o corte de cabelo que imita o visual do jogador do São Paulo Diego Tardelli durante as aulas. Ontem, apesar de não ter ido à escola no período da manhã - enquanto o pai dele acertava sua volta à escola - o garoto não perdeu o dia. O JT (Jornal da Tarde) promoveu o encontro entre o ídolo e o fã, no Centro de Treinamento do São Paulo, na Barra Funda.

Na última sexta-feira, Cayque foi proibido pelo vice-diretor do colégio de usar o visual dentro da escola. Sem avisar os pais, a direção do colégio obrigou o garoto a sair. Ele teve que ligar para o pai, Roberto Tadeu Delfino, e explicar a situação.

Ontem Cayque esqueceu a celeuma e foi de encontro ao ídolo. Saiu de sua casa, no Capão Redondo, extremo sul da cidade, às 15h e seguiu até o CT, acompanhado da tia, a são paulina Daiana Soares Isaias, de 20 anos. Durante o trajeto, o garoto se mostrou impaciente . "Falta muito?", questionava.

Passada pouco mais de uma hora, já dentro do CT o garoto ainda teve que esperar até às 18h, horário previsto para o fim do treino. Na expectativa de encontrar o jogador, se mantinha inquieto: levantava, sentava, tirava o boné (do São Paulo, embora ele seja corintiano) e coçava as mãos. Exatamente às 18h, uma fisionomia conhecida aparece ao longe. Cayque reconhece e brinca:

"Conheço aquele cabelo. É o Diego". Ele não se contém de alegria e vai, a passos largos, em direção ao jogador.

Embaixo do braço, Diego traz uma bola e convida: "Vamos bater uma bola?"

Cayque não pensa duas vezes e, juntos, seguem até um dos campos do CT. No caminho até o gramado o jogador pergunta: "O que te fizeram?". Cayque responde: "Não deixaram eu entrar na escola por causa do meu cabelo". O jogador nega com a cabeça e aconselha: "Não liga para o que eles disseram.

Você é um garoto de personalidade e provou isso. Não queria ser jogador? Se continuar assim está no caminho certo".

Depois de chutes, cabeçadas e cochichos no ouvido, os dois se despedem. No caminho de volta para casa, Cayque revelou o que disse o jogador. "Se você continuar assim vai ser igual ao Ronaldo do Real Madri."

IVAN VENTURA, do Jornal da Tarde.

http://www.jt.estadao.com.br/editorias/2003/10/21/ger018.html


Opinião de Professor da Rede Adventista

Irmão Robson,

É gritante a contradição entre a forma de tratar os alunos das "nossas" escolas adventistas. Como professor na rede, sei que existem casos onde permitem-se a certos alunos quebrar as regras apenas por serem filhos de pastores, diretores ou departamentais e punir aqueles que não possuem esses atributos.

O caso do garoto Cayque é apenas mais uma demonstração de que a Educação Adventista está se estagnando cada vez mais. Não existe mais a boa vontade desses "educadores" de conversar com os alunos, explicar o porquê das regras. É mais fácil punir do que educar.

O professor Luiz Martini criticou-o por defender o aluno, mas ele não leva em conta o mau exemplo dado por colegas nossos que entram em sala vestidos de forma diferente daquela pregada pelo regimento escolar. Professoras portando adereços, pinturas, esmaltes, roupas que nos levam a questionar por que as regras não valem para todos.

Se os professores e administradores da Obra se preocupassem mais em buscar a Cristo e realizar a tão famosa Interação Fé-Ensino, talvez o nome de nossos colégios aparecessem mais na mídia como uma escola modelo para a educação do país. (embora eu, particularmente, ache isso uma utopia).

Espero que o assunto possa ser ainda muito lido e discutido entre meus colegas professores para que não paguemos o preço da ignorância perante nossos alunos e a sociedade.

Um abraço e que Deus o abençoe.

Prof. N.

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