Ex-Pastor Abre o Jogo - Parte 3:
Você Sabe o que se Conversa Durante os Concílios Pastorais?

Os pastores se reúnem regularmente nos concílios ministeriais. Alguns campos fazem estes concílios mensalmente; outros, porém, só o fazem semestralmente (como na região Norte, por exemplo).

Se tem uma coisa que não se pode deixar de levar são as FICHAS BATISMAIS. Aliás, segundo o próprio Pr. Bullón, as duas preocupações que um pastor distrital precisa ter para crescer na organização são as seguintes:

1 - Crescimento de batismos

2 - Crescimento de dízimos

É por isso que a maior parte do tempo dos concílios é tomada pelos relatórios e "incentivos" dos departamentos dessas duas áreas. O departamento de jovem e o Ministério da Muler, coitados, mal tem tempo para falar, e quando falam ninguém dá atenção. Todos só querem saber de BATIZAR MAIS e AUMENTAR AS ENTRADAS FINANCEIRAS, pois aumentando as entradas aumentam os benefícios para o grupo.

Todo plano que não tenha que ver com crescimento numérico ou financeiro, é menosprezado. Lembro-me de uma ocasião em que um colega apresentou um programa que ele estava seguindo para visitação dos membros. Um programa realmente organizado e eficiente. Foi apresentado diante do grupo, e fez-se menção para que os interessados o procurassem ao final do concílio. Sabe quantos o procuram? Apenas dois, dentre algumas dezenas de distritais.

Aqueles que trazem mais fichas são tratados como heróis e campeões. Têm até o privilégio de sentarem perto do presidente na hora do almoço, para poderem contar o que estão fazendo de tão produtivo, e assim poderem contribuir para o crescimento dos demais.

É triste ver que aqueles que estão em áreas mais difíceis, e portanto menos "produtivas" são relegados à margem, e muitas vezes nem mesmo recebem as ajudas financeiras que seus "colegas" do primeiro escalão recebem. Penso que o raciocínio deveria ser exatamente o contrário: "Vamos investir mais naqueles que estão com problemas, para que eles também atinjam suas metas e alvos". Mas não, o pensamento utilizado é o inverso: quanto menos vc produz, menos vc recebe como auxílio evangelístico.

Conheço alguns que eram aclamados por conseguirem batizar centenas, enquanto que outro era humilhado por trazer umas poucas fichas. Mas não se dizia que aquele "campeão" tinha uma equipe de 5 obreiros bíblicos (pagos pela Associação) o ajudando, enquanto que o outro, coitado, só recebia as Bíblias e as lições dos cursos bíblicos... e muita cobrança!

Nas rodas de conversas (seja durante o almoço ou nos intervalos) os assuntos sempre giram em torno daquelas duas áreas que falei no início (BATISMOS e DÍZIMOS). Pouco se fala sobre a visitação, sobre a qualidade da pregação, sobre o aconselhamento aos jovens... Na cabeça de muitos pastores (quase todos) permanece a pressão: FICHAS, FICHAS, FICHAS... No Norte do Brasil, se um pastor não atinge as metas numéricas determinadas, ele pode até ser demitido, especialmente se for um aspirante.

Portanto, a prioridade nº ZERO do pastor distrital tem que ser o proselitismo... mesmo que seja na base do "banho". Basta verificar a qualidade dos "evangelismos" realizados nos últimos anos. Batizam-se milhares, mas as igrejas permanecem vazias... Onde está este povo todo?!

Os demais assuntos tratados também passam longe do cuidado da Igreja:

- O aumento do FPE (teto máximo de salário na Divisão Sul-Americana, que deve estar hoje na casa dos R$ 2.500,00)

- Financiamento de automóveis

- Compra de terrenos e casas

- Auxílio-equipamento

- Compra de notebook e projetor

- Diárias de viagem

- Quais os departamentais que saem e que ficam, abrindo vagas para outros.

- ...

No próximo artigo, quero continuar este assunto.

Estou esperando seu e-mail.

Até a próxima!

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