A Maior Reunião de Líderes Mundiais na História

A Cúpula do Milênio entrará para a história como a maior reunião de líderes mundiais já realizada. E, apesar da preocupação com problemas globais, cada um promete levantar questões domésticas ou regionais que afligem seus respectivos países.

Reis, generais, presidentes e primeiros-ministros do mundo inteiro - incluindo o presidente de Cuba, Fidel Castro -- começaram a chegar nesta terça-feira para o encontro, que buscará meios de reduzir as guerras, a pobreza, o analfabetismo e as doenças no século 21.

E, por unanimidade, os participantes concordam: esta poderá ser a última chance para que palestinos e israelenses concluam o acordo definitivo de paz.

Guardas protegem a área que circunda a sede da ONU, em Nova York
Guardas protegem a área que circunda a sede da ONU, em Nova York  

A segurança em torno do complexo das Nações Unidas mexeu com a vida dos nova-iorquinos e desencadeou diversas detenções no último fim de semana. Cerca de 40 mil policiais e agentes de segurança estão mobilizados para evitar ataques e outros incidentes.

Mais de 90 manifestações e protestos foram planejados para os dias da cúpula, que será assistida por cerca de 150 chefes de governo e Estado. Uma delas, realizada na terça-feira, reuniu centenas de dissidentes iranianos que protestavam contra a delegação do regime fundamentalista islâmico de seu país, liderada pelo presidente Mohamad Khatami.

Na conclusão da cúpula, seus participantes deverão adotar a chamada Declaração do Milênio, comprometendo-se em erradicar a pobreza, promover a educação e conter a disseminação da Aids e de seu vírus causador, o HIV.

Um esboço do documento, com nove páginas, circulou na segunda-feira entre os jornalistas credenciados para o evento. A declaração ressalta que mais de cinco milhões de pessoas morreram em guerras na década passada e que não se deve poupar esforços com vistas ao fim dos conflitos.

O documento também pede a promoção da democracia e o fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais -- inclusive o "direito ao desenvolvimento", uma exigência dos países do Terceiro Mundo.

Um dos primeiros a desembarcar em Nova York foi o primeiro-ministro israelense Ehud Barak, que logo visitou a sede da ONU e destacou a necessidade de seu país chegar a um acordo com os palestinos, o mais rapidamente possível.

Enquanto isso, no Cairo, o ministro do Exterior da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Faruq Qadoumi, revelou que são poucas as probabilidades de o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, declarar um estado independente no próximo dia 13.

A expectativa de acordo desponta também no lado israelense, com fontes próximas a Barak dizendo que os dois lados nunca estiveram tão perto do pacto definitivo. Por outro lado, reiteram que o tempo está se esgotando.

"Chegamos a um momento decisivo", afirmou Barak. "Há uma grande chance, um grande risco e o tempo é curto. Não precisa ser uma questão de dias, mas também não tem que se prolongar por meses".

Barak conversa com Annan
Barak conversa com Annan  

Tanto Barak como Arafat deverão se reunir em separado com o presidente norte-americano Bill Clinton esta semana. Um encontro trilateral, entretanto, ainda não está marcado.

Metas pessoais

Palestinos e israelenses à parte, os líderes mundiais que já estão em Nova York trataram de defender suas metas pessoais durante a elaboração do esboço da Declaração do Milênio.

O líder militar do Paquistão, general Pervez Musharraf, pretende destacar a disputa com a Índia em torno da região da Caxemira; o presidente do Vietnã, Tran Duc Luong, deverá usar a cúpula para convidar Clinton a visitar seu país.

Todos os problemas mundiais serão postos na mesa de discussões.

A África enfrenta o caos: Congo tenta encontrar a paz e o governo de Serra Leoa luta contra os rebeldes. Na Ásia, o Afeganistão ainda sofre com a guerra civil e Timor Leste continua sofrendo a ameaça das milícias leais a Jacarta, o que atrapalha suas iniciativas para legitimar a independência.

Na Europa, a província iugoslava de Kosovo é abalada pela violência contínua entre a maioria albanesa e a minoria sérvia.

(Com informações do correspondente James Martone e das agências Reuters, France Presse e Associated Press)

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