Líder J.A. Reage às Recentes Críticas aos Desbravadores

O Clube de Desbravadores surgiu a partir da iniciativa de dois adolescentes adventistas, Luther Warren (14anos) e Harry Fenner (17 anos). Foi no no ano de 1879. Preocupados com as necessidades sociais e espirituais dos jovens da igreja, esses dois rapazes tiveram a idéia de fundar uma sociedade que os ajudasse nesse sentido. Convidaram mais sete jovens. E logo foi feita a primeira reunião. (A história toda pode ser lida em em http://www.desbravadores.org.br/historico.html.) 

Em 1928, Lester Bond, secretário do departamento de jovens da Associação Geral, começou a desenvolver as primeiras especialidades. Inicialmente foram chamadas "méritos vocacionais". Mas apesar de seu empenho em conservar os jovens ligados à igreja, Lester foi acusado de "trazer o mundo para dentro dela". Vários clubes foram formados, embora alguns não recebessem apoio das igrejas. Houve casos em que o clube foi dissolvido sob ameaça de disciplina e exclusão dos diretores. 

Somente em 1946, o pastor Hancock, da Associação do Sudoeste da Califórnia, decidiu apoiar oficialmente os clubes, após receber a visita da mãe de um jovem desbravador. Ela foi à casa dele especialmente para lhe dizer que gostaria que o acampamento tivesse a duração de um ano, pois o seu filho voltara transformado!

Décadas depois (Ano 2000!), pouca coisa parece ter mudado e vemos os Clubes de Desbravadores sofrendo “novas” críticas e alguns poucos elogios. Mais uma vez, somos acusados de estar deturpando os princípios da Igreja, de estar gastando o tempo dos nossos juvenis à toa, de ser irresponsáveis quanto à segurança dos juvenis nos passeios... Só falta dizerem que fomos nós que mudamos a observância do sábado para o domingo!

Mesmo depois da oficialização dos clubes pelas Associações, durante muito tempo o apoio quanto a cursos, literatura e outros materiais era irrisório. Aliás, costumo dizer que o apoio para com o Clube de Desbravadores é inversamente proporcional ao tamanho da igreja: quanto maior igreja, menor o apoio. O descaso anda tão grande que tem clube pensando em virar comitê eleitoral e fazer campanha para candidato adventista, só porque ele prometeu ajudar.

O grande problema é que a maioria dessas críticas vem de pessoas que não refletiram sobre a importância do clube na integração social e espiritual dos jovens e simplesmente não simpatizam com os desbravadores e têm raiva de quem o faz. Nunca estiveram numa reunião do clube. Nunca estudaram seu funcionamento. E muito menos tiveram o interesse de ajudar. Mas sabem criticar como ninguém...

"Quem poderá nos ajudar?"

É engraçado observar que os Clubes de Desbravadores passam meses e meses esquecidos. De repente, é preciso cumprir um calendário da Organização e realizar uma semana de oração em alguma igreja pequena e o pastor distrital, por alguma razão, não pode ir, então os clubes são lembrados!

Os desbravadores são também convocados em outras situações: fazer a segurança de algum congresso, cuidar do estacionamento, manter a ordem nos grandes eventos... O pior é que nesses momentos ainda precisamos agüentar “sorridentes” a falta de respeito de grande parte dos irmãos, inclusive de pastores, anciãos, diáconos... 

Falando neles, vocês precisavam ver a guerra que é a hora da escolha do ancião de desbravadores. Ninguém quer ser! E geralmente o que fica com o cargo, passa o ano todo sem se apresentar para o trabalho e os meninos e meninas nem ficam sabendo quem é. Os pastores... nem todos têm o "dom" de agüentar a criançada. E ultimamente anda tão difícil receber uma visita do pastor distrital, que tem Associação dando pontos para os clubes que conseguem essa proeza. Mas, é claro, existem muitos pastores que amam esse trabalho com as crianças e têm feito muito por essa causa. 

E os "ralos"?

Ah, o clube também é lembrado quando se discutem os “absurdos” que foram cometidos em alguns acampamentos! Admito que podem ter ocorrido abusos mesmo por parte de alguns diretores na hora do famoso “ralo” em acampamentos pelo Brasil afora. Mas digo com certeza que se estivessem acompanhados por um pastor ou pelo ancião dos desbravadores, nada disso teria acontecido. 

Além disso, nem tudo que denominam "ralo" tem o caráter agressivo que o termo conota. Muitas vezes uma aventura no meio da noite é encarada como absurdo, quando na verdade é uma experiência incrível que estará para sempre na lembrança dos desbravadores. Participei de “ralos” muito divertidos, que estão até hoje em minha mente. E a maioria dos desbravadores da minha época permaneceram no clube. O “ralo” não espantou ninguém. 

Muitos que não eram batizados, batizaram-se e hoje trabalham com garra na divulgação da última mensagem de Deus ao mundo e em apoio às nossas crianças e jovens. Aos sábados, a igreja nos ensina tudo que não podemos fazer. Aos domingos, no clube, vemos que é possível ser adventista e feliz porque descobrimos muitas atividades lícitas alternativas. O Clube de Desbravadores, além de sua missão evangelística por ser parte da igreja, tem o papel de proporcionar uma diversão saudável aos juvenis e jovens. 

Pais preguiçosos

Nós, líderes, somos também lembrados quando a criança faz alguma malcriação (má-criação?) e os pais resolvem culpar os Clubes e seus diretores por isso. Pais que não dedicam tempo para educar seus filhos e os “depositam” no Clube, como se o Clube e os diretores tivessem a obrigação de lhes dar a orientação que não está sendo dada em casa. 

Bem que o clube pode realmente ajudar, mas não pode fazer isso sozinho! Tem pai que nem vai ao clube para assinar a autorização de ingresso no Clube de Desbravadores. Pede para o filho levar o papel para ser assinado em casa. A reunião de pais é um desastre. Uma minoria de pais comparece. E geralmente os que vão são aqueles que nem precisavam. São aqueles que estão sempre a par de tudo, que já apoiam o Clube como podem. As vezes já têm até cargo no Clube. Entram junto com o filho para acompanhar de perto. 

Apoio departamental

Apoio dos outros departamentos? Também não tem sido fácil. A culpa talvez seja exatamente desse termo: "departamento”, que dá a idéia de alguma coisa isolada, separada. Tem gente que até fala: “Este não é meu departamento.” Não existe aquele sentimento de unidade, ação conjunta. Às vezes, dá a impressão de que estamos em meio a uma competição entre os diferentes setores da administração da igreja. Qual departamento realizou mais trabalho missionário? Qual departamento batizou mais? 

Cada departamental tem seus alvos a cumprir e relatórios a presentar e, por isso, disputam resultados, dividindo forças em vez de juntar. A gente percebe muito bem isso, quando são ministrados os cursos de líderes de desbravadores. Enquanto outros cursos como os de Colportagem, Música ou Diretores J.A. são gratuitos, os cursos para Desbravadores são sempre pagos. E olha que, enquanto sobram vagas nos que são “grátis”, em nossos cursos faltam vagas!

Nunca vi departamento nenhum que gaste tanto com literatura específica e outros materiais como o dos Desbravadores. E convém ressaltar que não lemos apenas sobre tipos de nós e amarras ou especialidades. Temos consciência de nossas necessidades principais e as satisfazemos com livros do Espírito de Profecia, história da igreja e literatura devocional.

Desbravador, seja ele líder ou colaborador, participante do clube, não tem preguiça de gastar. Fica sem lanchar, carpe quintal, faz hora-extra se for preciso, tudo para comprar um equipamento ou livro novo, ou para ir a um curso ou acampamento. Infelizmente, com grande pesar, chego a pensar que nos tornamos apenas mais um segmento de mercado consumidor a ser explorado, capitalisticamente falando. E como são caros os livros e outros materiais produzidos para os desbravadores. Meu avô, que foi pioneiro dos desbravadores em meu Estado, conta que isso antes não acontecia. 

Conclusão

Não quero dizer que todos os diretores são “santos” incompreendidos. Só acho que muita gente fala sem saber o que de fato acontece, sem se interessar em realmente ajudar. Quero dizer também que temos a maior disposição em aprender. 

Se você é um daqueles acham um absurdo o tal do “ralo” , não se preocupe. Raríssimos são os casos hoje em dia, porque há um esforço enorme por parte das Associações (pelo menos das que eu conheço) em evitar que as crianças sofram qualquer tipo de trauma seja físico ou psicológico. Se você conhece algum Clube que ainda usa essa prática e tenha se esquecido da missão evangelística, participe desse Clube. Dê um Manual dos Desbravadores para o diretor! Estude com ele e colabore com essa missão. 

Helena, 19 anos, Brasil.

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