Histórias que Ninguém Contou nos Encontros J.A.
Mártires do Século XX - 5

Heróis na Grã-Bretanha

Não sabemos quantos não-combatentes observadores do sábado havia na Grã-Bretanha quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial. Mas havia alguns. Certo adventista sincero, ao ser convocado para receber sua arma, declarou que não podia lutar.

— Não pode lutar? — estranhou o oficial. — O que você quer dizer com isso?

O soldado explicou seu ponto de vista em algumas breves palavras.

— Recusar-se a lutar contra o inimigo significa morte — disse o oficial do comando.

— Eu esperava que isso acontecesse — respondeu o reservista.

— Mas você será fuzilado — disse o oficial. — Não posso fazer mais nada a não ser ordenar que atirem em você.

— Sim — disse o jovem. — Eu sei que esse é seu dever como militar. Eu já esperava enfrentar isso. Mas, tendo Cristo como meu exemplo, não posso pegar em armas.

O oficial hesitou por um momento enquanto a batalha prosseguia violentamente. Então tomou providências para que esse irmão servisse como não-combatente, de acordo com sua consciência religiosa. Estamos narrando somente o que aconteceu. Nem tudo o que esse soldado fez está de acordo com a nossa posição como Movimento.

Depois de um ano ou mais, o jovem obteve transferência de função. Tendo sido designado para dirigir um caminhão de munições, uma vez mais seus escrúpulos de consciência o colocaram em dificuldades quando declarou a seu comandante que não podia fazer isso.

— Não pode levar a munição até a frente de batalha? Que quer dizer com isso?

O soldado tornou a explicar suas convicções.

— Você será levado perante a corte marcial imediatamente.

— Sim — replicou ele — mas não posso fazer esse tipo de trabalho.

Somente depois de haver demonstrado coragem inflexível na defesa de suas convicções e na aceitação de suas conseqüências, deram-lhe uma ocupação alternativa. (Condensado do livro Providences of the Great War).

Outro jovem contou sua experiência da seguinte maneira:

"Eu estava sozinho no cais no meio de mais ou menos 900 homens desesperados, com guardas armados por todos os lados. Durante a manhã o comandante da guarnição apareceu em sua ronda e mandou buscar-me.

— Você deve trabalhar com este grupo até às seis horas da tarde — disse-me ele — sem essa idéia maluca de Sábado que você nos apresentou na semana passada.

— Desculpe-me, senhor — disse eu — mas, embora eu não queira ser um criador de casos, devo seguir minhas convicções.

O oficial vociferou:

— Olhe aqui! Se esses homens o virem recusando-se a trabalhar ao pôr-do-sol e se rebelarem, você será o responsável e estará sujeito a fuzilamento. ... Hoje você vai aprender a não se rebelar. Volte ao trabalho.

Nesse conflito desesperado, quando o soldado já começava a recuar interiormente, sentiu-se encorajado com o pensamento de que não estava sozinho nessas provações. Sabia que onze outros irmãos adventistas estavam na mesma fornalha da aflição. A constante oração foi sua principal fonte de força.

Quando a negra e solitária sexta-feira estava prestes a findar, ele disse a seu superior imediato:

— Desculpe; não posso mais trabalhar hoje.

Instantaneamente vários guardas o agarraram e o arrastaram para detrás de alguns sacos de aveia, longe da vista dos demais prisioneiros, e ali o espancaram. Depois o acorrentaram e o lançaram numa pequena cela.

"Um oficial veio ter comigo", continua ele, "e disse-me num tom um tanto conciliatório:

— Todos os seus companheiros recobraram o bom senso e estão neste momento trabalhando tranqüilamente. Lamento que você esteja tão desorientado a ponto de trazer sobre si este castigo. Por que não muda de parecer, e desiste dessa idéia impraticável de Sábado, como seus amigos o fizeram?

— Não posso ser infiel às minhas crenças, mesmo que os outros o sejam — repliquei.

"À medida que os passos do guarda se distanciavam, comecei a pensar no silêncio da solidão: Certamente todos os meus companheiros não poderiam ter falhado. Contudo, eu devia escutá-los se eles estivessem nas celas adjacentes. Depois de alguns minutos, assobiei suavemente dois compassos do hino ‘O Senhor é minha luz, meu gozo, minha canção’. Nenhuma resposta. O desânimo começou a apoderar-se de mim. Assobiei o primeiro compasso do hino novamente, e um pouco mais alto. Subitamente o segundo compasso veio da cela adjacente. O cântico dos anjos não podia ter sido mais doce aos pastores do que foi para mim aquele hino assobiado a dizer-me que meus companheiros tinham pela graça de Deus suportado outra prova do Sábado e que estavam regozijando-se em Jesus." —Condensado do livro Seventh-day Adventists in Time of War (Os Adventistas do Sétimo Dia em Tempo de Guerra), de F. M. Wilcox.

Outros irmãos que também sofreram tratamento cruel em prisões contaram-nos suas experiências.

Visto haverem-se recusado a trabalhar no Sábado, foram impelidos como animais selvagens para as celas em meio a imprecações e estalar de chicotes. Ali foram imediatamente algemados. As algemas eram tão pequenas que lhes cortaram as carnes da parte superior das mãos. Depois o sargento debochou deles e esmurrou-lhes os corpos.

Esses jovens foram também submetidos ao que se chamava de "castigo de campo número um" ou "treinamento com pesos". Esse suplício consistia em ter dois pesos enormes sobre as costas e o tórax, com os quais se devia correr de um lugar para outro durante uma hora.

Um desses soldados, taxado como chefe do motim, foi tratado com tanta crueldade e violência que acabou desmaiando e espumando pela boca. Ele não morreu, como temiam que acontecesse, mas ficou em estado grave durante algum tempo.

Sexta-feira de manhã, alinharam-se todos perante o sargento principal, que lhes perguntou o que haviam decidido com relação ao Sábado que se aproximava. Quando disseram que era seu dever antes obedecer a Deus que a homens, guardando o dia santo do Senhor, foram mandados calmamente de volta para as celas. O castigo que receberam foi o isolamento solitário a pão e água, junto com um treinamento diário com peso durante sete dias.

No Sábado seguinte, visto se haverem esses soldados adventistas recusado a quebrar a Lei de Deus, receberam o mesmo tipo de castigo, o que se estendeu por duas semanas. Parecia-lhes que morrer na prisão era somente uma questão de tempo. Oravam ao Senhor continuamente a fim de que Ele lhes concedesse força para suportarem a prova.

Numa sexta-feira, no fim de um período de quatorze dias, um oficial da prisão foi comissionado a falar-lhes em separado. Ele disse a cada um que todos os outros haviam desistido, e sugeriu que cada um fizesse o mesmo. Essa foi a mais severa prova que lhes sobreveio numa ocasião em que se achavam fisicamente fracos pela fome e pela exaustão. Mas Deus inspirou cada um deles com suficiente valor para replicar:

—Ainda que fique só eu, continuarei a obedecer a Deus em vez de ao homem. Também guardarei Seu santo Sábado.

Então um ou dois do grupo começou a assobiar um hino, e logo estavam todos assobiando, transmitindo entre si a certeza de que todos eram leais a Deus. Em resposta à oração, sua força era renovada dia a dia. —Condensado e adaptado do livro Seventh-day Adventists in Times of War.

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Série Completa:

Conheça a História dos Heróis Adventistas Modernos

Fonte: http://www.asd-mr.org.br/biblioteca/reforma/cap05.htm

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