Polêmica marca beatificação dos papas João XXIII e Pio IX

João Paulo II:
João Paulo II: "a santidade vive na História"  

3 de setembro, 2000
Às 6:58 PM hora de Nova York (2258 GMT)

CIDADE DO VATICANO -- O papa João Paulo II pôs neste domingo dois de seus predecessores -- os papas Pio IX e João XXIII -- e mais três religiosos, que viveram nos séculos XVIII, XIX e XX, no caminho da santidade.

A cerimônia de beatificação foi realizada pelo sumo pontífice da Igreja Católica diante de 100 mil pessoas, na Praça de São Pedro, no Vaticano.

A beatificação é o penúltimo passo para santidade, na Igreja Católica. Os outros três beatificados no domingo incluem o bispo italiano Tommaso Reggio, o padre francês Guillaume-Joseph Chaminade e a abadessa irlandesa Columba Marmion.

Enquanto a maioria dos fiéis presentes na cerimônia havia comparecido para prestar homenagem a João XXIII, o "papa bom", o mais polêmico dos beatificados do dia foi o ultraconservador papa Pio IX.

João XXIII, o mentor do Concílio Vaticano II (de reformas nos ritos e preceitos da Igreja), no início dos anos 60, é uma unanimidade na Igreja Católica, sendo venerado por sua postura conciliadora e suas freqüentes manifestações de solidariedade aos pobres, no auge da Guerra Fria entre os blocos ocidental e comunista.

O pontificado de Pio IX (de 1846 a 1878) foi o mais longo da história e coincidiu com a perda do poder temporal dos papas e a cessão de grandes extensões de terras, de propriedade da Igreja Católica, durante o processo de unificação da Itália.

Pio, que se opôs veementemente à tolerância religiosa e definiu a Doutrina da Infalibilidade da Igreja, referiu-se, numa ocasião, aos judeus como "cães" e aprovou o seqüestro do menino judeu Edgardo Mortara pela Igreja, num episódio de conversão religiosa que deixou marcas profundas na comunidade judaica da Itália.

Os judeus pediram ao Vaticano que não beatificasse Pio IX, justamente devido às lembranças do seqüestro do menor.

E católicos progressistas também se opuseram à beatificação desse papa, por ter centralizado o poder da Igreja, combatido a modernização e condenado à unificação da Itália.

Mas em sua homilia, o papa João Paulo II referiu-se à polêmica sobre Pio IX, dizendo que a santidade não é imune às influências históricas.

"A santidade vive na História e os santos não estão isentos das limitações e do condicionamento pessoal da nossa natureza humana", disse o papa.

"Ao beatificar um de seus filhos, a Igreja não celebra as escolhas históricas particulares que ele (Pio IX) fez, mas sim o venera por suas virtudes e pela graça divina que brilha em sua pessoa", completou.

João Paulo II não mencionou o seqüestro do menino Mortara, a quem a Igreja criou, mas repetiu a posição manifestada pela Santa Sé de que Pio IX seria beatificado porque lhe foi creditada a milagrosa cura de uma monja francesa que, com dificuldades para caminhar, passou a andar sem dificuldades depois de rezar para esse papa.

(Com informações da Reuters)

Fonte: http://www.cnnbrasil.com/2000/mundo/europa/09/03/papa/index.html 

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