Israel Critica Beatificação do Papa Pio IX JERUSALÉM -- Israel manifestou no domingo desapontamento com a beatificação do papa Pio IX, acusado de anti-semitismo por líderes judeus e historiadores. "A beatificação de Pio IX está sujeita a ser interpretada pelo mundo judaico sob o histórico de conversões (religiosas) forçadas praticadas pela Igreja Católica", disse o ministro israelense da Diáspora, Michael Melchior. Ao beatificar Pio IX, o papa João Paulo II disse que seu antecessor foi "muito amado, mas também odiado e difamado". Pio IX, que morreu em 1878, após 31 anos de papado, foi o último chefe da Igreja Católica a confinar os judeus aos guetos de Roma, apesar de ter melhorado as condições de vida nesses locais. Ele foi acusado de ter autorizado o seqüestro do menino judeu Edgardo Mortara, em 1858, e de convertê-lo ao cristianismo. O seqüestro enfureceu o imperador francês Napoleão III, que tentou sem sucesso devolver o menino à família. Edgardo Mortara entrou para o sacerdócio e, posteriormente, foi canonizado. "Nós não temos qualquer intenção de interferir no processo de tomada de decisões do Vaticano, mas como um ministro do governo de Israel que teve a honra de receber o papa em sua visita ao Muro das Lamentações e como alguém que viu essa visita como um marco histórico positivo, eu esperava que o Vaticano mostrasse uma sensibilidade maior com os seguidores de outras religiões", informou Melchior em um comunicado. O ministro israelense considerou lamentável que a beatificação de Pio IX tenha ocorrido juntamente com a do papa João XXIII, a quem descreveu como um "íntegro não-judeu, que abriu o caminho para um verdadeiro diálogo com o povo judeu". João XXIII foi mentor do Concílio Vaticano II, em 1962, o primeiro concílio ecumênico em quase 100 anos, que iniciou o diálogo com outras igrejas e com o mundo laico. A beatificação de Pio IX também foi criticada pelo chefe da Associação Internacional Judaico-Cristã, rabino David Rosen. "Eu estou muito desapontado com esse gesto (de beatificação)", disse o rabino da organização, que reúne grupos das duas religiões. "O Vaticano, que prega o respeito mútuo entre o judaísmo e o cristianismo, deveria ter uma consideração maior pelos nossos sentimentos", acrescentou ele. Em março passado, o papa João Paulo II fez uma visita de seis dias à Terra Santa, Jerusalém, e foi elogiado por Israel como o pontífice que, mais do que qualquer um de seus predecessores, reconheceu o sofrimento do povo judeu ao longo dos dois mil anos do cristianismo. João Paulo II recebeu aplausos ao rezar em frente ao Muro das Lamentações, local considerado o mais sagrado pelos judeus, e ao pedir perdão pelo sofrimento causado ao povo judeu ao longo da história. As declarações do papa foram consideradas um marco, visto que o Vaticano só reconheceu o Estado de Israel em 1993, 45 anos após a sua proclamação. Em 1994, o Vaticano iniciou relações diplomáticas com os israelenses, no mesmo ano em que estabeleceu laços com a liderança palestina. (Com informações da agência France Presse) Fonte: http://www.cnnbrasil.com/2000/mundo/medio/09/03/beatificacaoreage/index.html |
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