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Ao contrário do que se imaginava,
os doentes de câncer querem
detalhes sobre seu estado

Cristina Poles

Rogerio Voltan
"Queria saber quais eram as minhas reais chances de cura, mas os médicos se restringiam a dizer que não tinham respostas para minhas perguntas. A saída foi procurar informações na internet."
Denise Acciardi, empresária, vítima de câncer de mama

A Universidade Federal de São Paulo publicou recentemente um estudo sobre um dos maiores dilemas médicos: contar ou não toda a verdade a um doente de câncer? Depois de acompanhar 300 pacientes internados no Hospital do Câncer de São Paulo, a psicóloga Renata Novaes Pinto chegou à conclusão de que as vítimas de um tumor maligno desejam, sim, ter o máximo de informações possível sobre seu estado de saúde, ainda que o quadro seja terminal. Dos entrevistados, 95% faziam questão de saber com todas as letras o que tinham – o tipo de tumor, em que estágio ele se encontrava e o seu grau de agressividade. Nove de cada dez queriam conhecer as reais chances de cura. "Ao ser informado do que está ocorrendo, o doente sente-se no controle de sua vida: aceita ou não o tratamento proposto, altera projetos de vida e se prepara para o que está por vir", afirma a autora da pesquisa. Nos últimos anos, vários estudos vêm demonstrando que, quanto maior o número de dados transmitidos aos doentes, maior a confiança deles na equipe médica. Diminui ainda o nível de ansiedade em relação à quimioterapia e à radioterapia ou quanto a possíveis cirurgias.

O que os pacientes almejam parece estar muito distante do que seus médicos tendem a lhes oferecer. Um levantamento anterior, também da Universidade Federal de São Paulo, mostra que quase 80% dos profissionais que cuidam de vítimas de câncer são adeptos da "mentira piedosa". Ou seja, nos casos mais graves não expõem toda a verdade ao paciente. Preferem contá-la à família. Fica a cargo dos parentes revelar ou não o diagnóstico ao principal interessado. O problema é que a notícia dada por um parente tende a ser transmitida cheia de emoções, medos e angústias – o que aumenta o sofrimento da vítima. Um dado curioso é que 90% dos especialistas que não revelavam tudo a um paciente foram categóricos em afirmar que, se fossem eles os doentes, gostariam de ter detalhes sobre o seu quadro clínico.

A empresária paulista Denise Acciardi, de 38 anos, passou por duas situações que ilustram a falta de habilidade dos médicos na hora de dar uma notícia ruim. No final de março de 2000, ela decidiu colocar uma prótese de silicone nos seios. Ao buscar os exames pré-operatórios, o médico foi curto e grosso: "Você tem câncer na mama direita. Está grande e talvez seja preciso extirpá-la completamente". Encaminhada a uma equipe de oncologistas, Denise levou um segundo choque. "Queria saber quais eram as minhas reais chances de cura, mas eles se restringiam a dizer que minhas perguntas não tinham respostas", indigna-se. A saída foi tirar suas dúvidas pela internet – uma solução cada vez mais utilizada por doentes aflitos. "Consegui mais informações dessa maneira do que com os meus próprios médicos", lamenta Denise. -- Fonte: Revista Veja 20/06/01.

Agora, leia este mesmo texto, substituindo-se a palavra câncer por "laodicenite" (a doença de Laodicéia), hospital por igreja, doente por fiel e colocando-se os pastores em lugar dos médicos. O resultado é muito interessante. Clique aqui para ver!

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