Processo de Sucessão do
Papa Parece Ter Começado no Vaticano
30/09/2003
Henri Tincq
João Paulo 2º nomeou 31 novos cardeais neste domingo (28/09). O colégio eleitoral que
irá escolher o próximo papa conta 135 membros, um recorde absoluto. Outras mudanças
poderiam ocorrer na cúpula da Cúria. A aceleração das medidas precede as celebrações do
25º aniversário do pontificado, em outubro.
Será que as grandes manobras destinadas a preparar a sucessão de João Paulo 2º já
começaram? No Vaticano, o agravamento do estado de saúde do papa parece ter acelerado de
fato o processo de sua sucessão, o qual havia sido previsto inicialmente para ocorrer
depois das celebrações do 25º aniversário do pontificado (de 14 a 19 de outubro).
O nono consistório de João Paulo 2º - nome dado à cerimônia que indica em Roma novos
cardeais - estava previsto para fevereiro de 2004. Ele acaba de ser agendado para 21 de
outubro próximo. A lista dos promovidos foi anunciada três semanas antes, neste domingo
(28/09), conforme manda a tradição. Daqui até 21 de outubro, eles permanecerão apenas
"nomeados" e não poderão participar de um eventual conclave (reunião dos cardeais
destinada a eleger o papa), caso João Paulo 2º viesse a morrer até lá.
A segunda etapa do processo de sucessão poderia ser um remanejamento na "cúpula" da
Cúria romana, cujo papel se tornou mais importante com a doença do papa. Os finais de
reinado sem dúvida nunca são propícios para mudanças de equipe. No entanto, a promoção
como cardeal do francês Jean-Louis Tauran, 60 anos, que atuava até então como uma
espécie de "ministro das relações exteriores", vai obrigá-lo a se demitir desta função,
uma vez que um cardeal não pode ter como superior hierárquico um outro cardeal. Vários
rumores designavam-no neste domingo como o possível sucessor de seu atual superior, o
cardeal-secretário de Estado Angelo Sodano, que já alcançou o limite de idade de 75 anos
para poder exercer o cargo, considerado como o segundo mais importante na hierarquia da
Cúria (depois do papa). O cardeal Tauran poderia até mesmo suceder, em Paris, ao
arcebispo Jean-Marie Lustiger. Mas, dizem que ele está doente e que, por conta disso,
João Paulo 2º poderia confiar-lhe uma função mais modesta na Cúria.
Contudo, se Dom Tauran, ou um outro "estrangeiro", se tornasse secretário de Estado, a
escolha de um papa italiano seria mais fácil. Se a função de secretário de Estado fosse
atribuída a um outro Italiano, tal como Giovanni-Battista Ré, o homem de confiança do
papa na Cúria, então o caminho da sucessão pontifical estaria aberto para um cardeal do
terceiro mundo.
A lista dos promovidos, que o papa tornou pública neste domingo, na hora do Ângelus,
surpreende em primeiro lugar pela sua amplidão. Trinta e um novos cardeais, é muito mais
do que exigem as próprias regras da Igreja, que João Paulo 2º , mais uma vez,
transgrediu. Se o conclave ocorresse depois de 21 de outubro, 135 cardeais eleitores de
menos de 80 anos teriam o direito de participar dele, embora o limite máximo exigido
para o colégio eleitoral seja de 120, tendo sido fixado por Paulo 6o em 1975 e
confirmado pelo próprio João Paulo 2º em 1996. No entanto, está claro que esse "teto"
deixou de ser conveniente.
Existe também a possibilidade de o papa apostar, apesar de sua doença, numa provável
redução do colégio que deverá ocorrer aos poucos, por causa do limite de idade que
atingirá vários de seus integrantes. Com efeito, dez cardeais devem transpor o limite
dos 80 anos daqui até março de 2004. Mas, mesmo assim, o número ainda seria de 125.
No quadro de um conclave - que consiste numa eleição sem candidato, nem campanha -, não
existe nenhum "bloco" nacional ou continental. Mas o peso da Europa - que foi
contemplada com 15 promovidos neste domingo num total de 31, e que conta 66 eleitores
entre 135 - está se tornando mais importante. Com três novos cardeais, a França até que
foi bem servida, mas ela estava longe atrás. Ela não tinha mais do que dois eleitores
(Jean-Marie Lustiger e Paul Poupard). A Itália ainda está na frente, com seis
promovidos: Angelo Scola, Ennio Antonelli e Tarcisio Bertone, que são os novos titulares
das funções cardinalícias de Veneza, Florência e Gênova. Além deles, há três membros da
Cúria, dos quais dois são muito influentes: Renato Martino, um antigo observador da
Santa-Sé na ONU e o presidente do conselho pontifical Justiça e Paz, e Attilio Nicora, o
presidente do patrimônio apostólico, uma outra estrela que sobe. Já, as promoções dos
novos arcebispos de Sevilha (Carlos Amigo Vallejo), de Zagreb (Josip Bozanic), de
Budapeste (Peter Erdo), e de Edimburgo (Keith O'Brien) eram esperadas.
O "terceiro mundo" - que conta 24 latino-americanos, 13 africanos e 13 asiáticos -
representa muito mais do que o terço dos votos de um eventual conclave (o que
corresponde à minoria de bloqueio). No dia decisivo, nenhuma decisão será tomada sem
ele. Pela primeira vez, países africanos tais como Gana e o Sudão contam um cardeal:
Peter Tukson (Cape Coast) e Gabriel Zubeir Wako, o arcebispo de Cartum, um conhecido
defensor dos cristãos na guerra que vem ocorrendo no sul do Sudão. O nigeriano Anthony
Okogie (Lagos) também foi promovido, mas este não foi o caso dos novos arcebispos de
Nairobi (Quênia) e de Dakar (Senegal). Na Ásia, a promoção do vietnamita Jean-Baptiste
Pham Minh Man, o arcebispo da cidade de Ho Chi Minh, deverá agradar ao regime: a sua
nomeação como bispo, em 1998, havia sido aprovada por unanimidade, tanto pelas
autoridades locais como pelo Vaticano.
A América do Sul conta apenas dois promovidos (enquanto estes eram mais de dez em 2001):
o brasileiro Eusébio Scheid, o novo arcebispo do Rio de Janeiro, e um guatemalteca.
Segue a América do Norte, que desponta no caso como "parente pobre". Um único americano,
Justin Rigali, um amigo de João Paulo 2º, que acabara de ser nomeado como o novo
arcebispo de Filadélfia, entra no colégio cardinalício. Já, o novo responsável da
diocese de Boston, que sucedeu ao cardeal Law, desacreditado pelo escândalo dos padres
pedófilos, não foi incluído entre os eleitos. Por sua vez, a promoção de Marc Ouellet, o
arcebispo de Québec, estava prevista.
Dos quatro cardeais octogenários (que não irão participar do conclave) que foram
nomeados neste domingo, destaca-se o nome, estimado em Roma, do suíço Georges Cottier, o
teólogo oficial do papa. Por fim, este último nomeou "in pectore" (sem revelar o seu
nome por razões pessoais ou políticas) um trigésimo primeiro cardeal, que poderia ser ou
Joseph Zen, o campeão dos direitos humanos em Hong Kong, ou Stanislas Dziwiscz, o seu
fiel secretário particular.
Tradução: Jean-Yves de
Neufville
Fonte:
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lemonde/ult580u900.jhtm
Cardeal diz que Papa está
muito mal e pede orações
O diretor da Congregação para a Defesa da Doutrina da Fé, o cardeal
alemão Joseph Ratzinger, afirmou hoje (30/09/2003) que o estado de saúde do papa João
Paulo II é muito delicado. "João Paulo II está muito mal. Temos que rezar pelo Papa", diz
Ratzinger em declarações publicadas hoje pela edição eletrônica da revista Bunte.
Ratzinger, uma das pessoas mais próximas do Pontífice, admite que o Papa
está fazendo muito esforço para manter seu estado de saúde. O secretário particular de
Ratzinger, o monsenhor Gerog Gaenswein, destaca que o estado de saúde do Papa não é
promissor, ao mesmo tempo que elogia o fato de o Santo Padre não se entregar à sua doença.
"O Papa já não pode andar nem ficar de pé, mas para os fiéis ele é um herói. O fato de não
se entregar, apesar de sua doença, lhe dá ainda mais credibilidade", declara o religioso à
Bunte on-line.
Gaenswein acrescenta que o Papa, apesar de seu estado de saúde, não
deixará de viajar.
Fonte:
http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI150806-EI312,00.html
Nomeações do Papa fortalecem
conservadores
A escolha dos 31 novos cardeais nomeados pelo papa João Paulo II deve
fortalecer a ala conservadora da igreja Católica, segundo o padre e teólogo suíço Hans
Küng. Para ele, a não ser que entre os nomeados esteja disfarçado um "Gorbachov católico"
- ou seja, um reformista - a eleição para o novo papa seguirá a linha conservadora
defendida por João Paulo II.
"Está claro que o papa pretende predeterminar as eleições papais",
afirmou Küng. Com as novas indicações, 96% dos cardeais atuais foram escolhidos por João
Paulo II.
Entre eles está Dom Eusébio Oscar Scheid, arcebispo do Rio de Janeiro.
Além dele, foram nomeados sete funcionários do Vaticano e ainda arcebispos de países como
Itália, Nigéria, França, Espanha, Vietnã, Polônia, Estados Unidos, Guatemala e Índia.
Saúde
Com a saúde de João Paulo II cada vez mais debilitada,
crescem as especulações sobre seu sucessor, em um
momento em que a igreja Católica atravessa uma das fases mais difíceis de sua existência.
"Hoje, a igreja Católica nos Estados Unidos está à beira de um declínio irreversível ou de
uma transformação completa", diz Küng, referindo-se aos estragos causados pelos
casos de pedofilia envolvendo padres da região de Boston.
O especialista em teologia, Francisco Pimentel, concorda com a análise.
Para ele, o estrago foi tão grande que dentro da cúpula católica existe quase uma
unanimidade sobre a necessidade de mudanças. "O próximo papa tem que ser progressista, os
cardeais sabem disso", afirma Pimentel. "O número de fiéis no mundo inteiro está caindo.
No Brasil a igreja católica perde milhares de fiéis para as igrejas evangélicas a cada
ano."
Reformista
Apesar das pressões por mudanças, o padre suíço Küng acha difícil que entre os
recém-nomeados cardeais esteja algum reformista. "Nunca ouvi qualquer coisa sobre qualquer
um deles que mostre que eles são mais abertos", destaca.
Dom Eusébio, entretanto, já causou polêmica ao defender a descriminação
das drogas do Brasil, embora, apesar disso, seja considerado conservador. Todos os
cardeais com menos de 80 anos têm o direito de participar da eleição papal.
O nome de um dos cardeais nomeados foi mantido em sigilo. O Vaticano age
assim quando o cardeal apontado vem de um país em que a igreja é oprimida. Os indicados
assumem o cardinalato em uma assembléia de cardeais - conhecida como consistório -
presidida pelo papa, no dia 21 de outubro. Esta foi a nona ocasião em que o papa João
Paulo II nomeou novos cardeais.
Fonte:
http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI150197-EI312,00.html
30/09/2003 - 11h05
Cardeal diz que papa está mal e
pede que católicos rezem por ele
da Folha Online
O cardeal alemão Joseph Ratzinger, chefe do órgão do Vaticano que supervisiona assuntos
doutrinários, afirmou que a saúde do papa João Paulo 2º, 83, "está mal" e pediu aos
fiéis que rezem por ele, segundo informou hoje a revista alemã "Bunte".
"Ele está mal", afirmou Ratzinger à revista "Bunte" em entrevista realizada no dia 22 de
setembro. "Devemos rezar para o papa."
Ratzinger, que dirige a Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé, disse que João
Paulo 2º provavelmente estava fazendo coisas demais, mas que ele não tinha o dever de
detê-lo.
No Vaticano, o papa recebeu hoje bispos filipinos e peregrinos poloneses, e a audiência
semanal de quarta-feira está prevista para acontecer normalmente amanhã.
Em uma visita à Eslováquia há algumas semanas, o papa precisou de ajuda para ler seus
sermões. Na semana passada, o pontífice desmarcou sua audiência geral devido a um
mal-estar descrito pelo Vaticano como um indisposição intestinal.
O secretário particular de Ratzinger, Georg Gaenswein, disse que era impressionante como
o papa, que sofre de mal de Parkinson, conseguia se manter.
"Ele não pode mais andar e ficar de pé, mas ele é um herói para a fé. O fato de que ele
não desiste apesar de sua doença faz dele ainda mais crível", afirmou Gaenswein à
revista "Bunte".
Segundo ele, o papa não deixará de viajar. "Quando ele não tiver mais permissão para
viajar, então Deus virá buscá-lo", disse Gaenswein à revista.
Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u63652.shtml
Segunda-Feira, 29 de Setembro, 12:10 PM
Nomeação de cardeais faz crescer
especulação sobre próximo papa
Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - A grande bolsa de apostas para assuntos papais está
aberta. Com a nomeação, no domingo, de 31 novos cardeais, os católicos de todo o mundo
agora se perguntam quais as chances de o sucessor do papa João Paulo 2o. não ser um
italiano.
Ninguém, ao menos abertamente, concorre ao cargo de papa. No Vaticano, não há príncipes
herdeiros.
Assim, toda vez que o papa nomeia novos "príncipes" (cardeais), os boatos começam a
circular. Desta vez, porém, as especulações parecem mais frenéticas, por conta da saúde
debilitada do pontífice de 83 anos.
"A responsabilidade é maior para nós do que para os cardeais de 24 anos atrás", afirmou
o arcebispo Philippe Barbarin, de Lyon (França), um dos novos cardeais.
"O papa está chegando ao final de sua caminhada", disse ele à rádio Europe 1 na
segunda-feira. "Essa é uma grande responsabilidade para nós. O papa está muito mal."
As nomeações de domingo foram provavelmente a última chance para João Paulo 2o. moldar o
grupo que escolherá o seu sucessor.
Novamente, ele trouxe religiosos de várias partes do mundo, entre as quais Brasil,
Sudão, Gana, Nigéria, Vietnã, Guatemala, e Índia, aumentando as chances de o novo papa
não vir da Europa.
"As escolhas dele melhoram a representação da Igreja Católica no mundo hoje. Elas
preparam os cardeais para uma discussão mais apropriada no próximo conclave", disse
Marco Politi, biógrafo do papa.
João Paulo 2o. comemora os 25 anos de seu papado no próximo mês e prepara claramente o
caminho para sua sucessão.
POSTURA CONSERVADORA
Com exceção de cinco cardeais, o atual pontífice escolheu todos os outros que formam o
Colégio de Cardeais, aumentando as chances de o próximo líder católico seguir a mesma
postura conservadora do atual. .
Vários membros da Igreja disseram que o próximo pontífice deveria sair do mundo em
desenvolvimento porque é nessa região onde o catolicismo é mais forte e onde está em
expansão.
O arcebispo do Rio de Janeiro, dom Eusébio Oscar Scheid, escolhido como cardeal na
última onda de nomeações, afirmou que o próximo pontífice deveria vir da África.
Segundo dom Eusébio, a escolha seria um sinal poderoso a favor do continente, onde "há
muito sofrimento".
A Europa detém cerca de 50 por cento do Colégio de Cardeais, mas muitos dos cardeais
europeus não querem a volta de um pontífice italiano. João Paulo 2o. foi o primeiro papa
não-italiano em 455 anos.
Fonte:
http://br.news.yahoo.com/030929/16/enti.html
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