Leitor Pede que Robson Ramos se Defina Quanto à Inspiração de Ellen G. White
Prezado irmão Robson, Desculpe-me a franqueza, mas o que tenho de dizer, digo na lata, sem rodeios. Sabe, creio ser necessário explicar melhor essa sua posição quanto à inspiração da Sra. White. Se acredita nela, por que não aceita os textos do livro Evangelismo favoráveis à Trindade como inspirados? Ou melhor, por que não aceita que uma doutrina bíblica esteja ou possa estar fundamentada somente no que Ellen White escreveu? Estaria Deus proibido de inspirar outros profetas depois da Bíblia? Não foi a definição do cânon bíblico uma decisão tão católica quanto a formulação da doutrina da Trindade? Por que o irmão diz aceitar a Bíblia como a conhecemos como Palavra de Deus, se o cânon foi definido pela Igreja Católica? E por que rejeita a Trindade, se aceita o cânon? Para mim, Ellen White ou qualquer outro profeta que Deus mandar estão na mesma condição dos profetas da Bíblia. Quer dizer, tanto faz a doutrina estar na Bíblia quanto num livro da Sra. White, para mim é a mesma coisa, Palavra de Deus do mesmo jeito... É isso. Espero que responda. Jorge E. S. Caro irmão, Aproveito as questões formuladas em sua mensagem para tentar expor mais uma vez aqui no site e para alguns irmãos que me escrevem particularmente, aquilo que penso acerca da inspiração profética concedida à Sra. White. Mas, para começo de conversa, deixe-me primeiro definir o que entendo por inspiração à luz da revelação bíblica: Inspiração é um processo sobrenatural pelo qual Deus, através de Seu Espírito, confia individual e ocasionalmente mensagens a um ser humano divinamente escolhido (profeta) para que este as comunique como advertência ou instrução ao Povo de Deus. Essas mensagens são concedidas na forma de sonhos, visões, vozes ou pensamentos, que devem ser fielmente relatados ou expressos pelo próprio profeta, seja através de sua voz ou de textos por ele redigidos (ou redigidos sob sua máxima supervisão). A partir desta definição, creio ser correto afirmar que: 1. Não pode haver divergências entre profetas divinamente inspirados, uma vez que as mensagens de ambos provêm de um único Deus, em que não há mudança nem sombra de variação, sendo Ele o mesmo ontem, hoje e amanhã. 2. Sendo assim, as mensagens de profetas mais recentes, como Ellen White, devem concordar plenamente com o conjunto de mensagens de todos os outros profetas, reconhecidamente inspirados, que viveram e ensinaram antes dela. 3. Por essa razão, os ensinos de um profeta posterior só podem servir de base para uma nova doutrina se o que disser estiver de acordo com toda a revelação profética que o precedeu. Isso é válido não apenas em relação à Trindade, mas para qualquer doutrina, por exemplo, o dízimo É por essa razão que a Bíblia nos recomendar avaliar a cada mensagem dos supostos profetas que surgem na igreja, sob o crivo último da "Lei e o Testemunho", ou seja os cinco livros de Moisés e as duas tábuas da lei, escritas pelo dedo do próprio Deus. Foi com esse critério e sob a direção divina, que se definiu quais os livros que poderiam constar tanto das Escrituras do Antigo quanto do Novo Testamento. Como já dissemos em comentário anterior, isto não desmerece o profeta de maneira alguma, prova é que o próprio Senhor Jesus Cristo sujeitou-se às Escrituras de Seu tempo! Exemplos:
E mais:
Ora, se o Filho de Deus se sujeitou às Escrituras de Seu tempo, por que as mensagens de Ellen G. White ou de qualquer outro profeta posterior não podem passar pela mesma avaliação? O mesmo Jesus que afirmou que aqueles que recebiam os apóstolos, estavam recebendo a Ele próprio, alertou também para que tivéssemos CUIDADO com os falsos profetas:
Paulo ensinou que a Igreja deve EXAMINAR TUDO e RETER apenas o que é bom, isto é, JULGAR as mensagens proféticas:
João recomenda que coloquemos os profetas À PROVA:
O parâmetro para a avaliação é a BÍBLIA, especialmente os cinco livros de Moisés e as tábuas do Testemunho...
No caso de Ellen White, isto significa que para nos certificarmos de que foram inspiradas, é preciso comparar suas mensagens com o conjunto do que os escritores bíblicos ensinaram acerca daquele tema. Quando há divergência, é justo concluirmos que, no mínimo, o profeta posterior não foi inspirado em relação a aquela mensagem; ou que o texto, de fato, não lhe pertence e está sendo falsamente atribuído a ele. Pode ocorrer também que o profeta esteja apresentando meramente a sua opinião pessoal. 4. Exceção importante: Se o próprio profeta disser que não deve ser tido como fundamento de verdades, isto deve ser respeitado e considerado como recomendação divina. É o caso da Sra. White, que, repetidas vezes, remete seus leitores à Bíblia, como única regra autorizada de fé e prática:
Portanto, irmão, creio tanto na inspiração de Ellen G. White que acato o posicionamento dela quanto à Bíblia como inspirada Palavra de Deus e exclusiva regra cristã de fé e prática, pela qual haveremos de ser julgados. Como vimos acima, a própria irmã White nos recomenda que não fundamentemos doutrinas sobre seus escritos, mas, sim, sobre a Bíblia. Desse modo, apesar de posterior, confirma a seu modo a formação do cânon como tendo sido conduzida por Deus, apesar da interferência de "homens doutos" nas traduções: "Vi que Deus havia de uma maneira especial guardado a Bíblia, ainda quando Se dizemos crer na inspiração de Ellen White, devemos aceitar a superioridade que ela atribui à Bíblia, em relação a seus próprios escritos. Inspirada por Deus, ela nos assegura que até a definição do cânon, não houve problemas tão graves com as Escrituras e remete-nos de volta à Bíblia como única fonte de verdade. Como vimos em citações acima, ela própria não se recomenda como autoridade doutrinária, provavelmente por estar consciente da forma como boa parte de seus escritos foi produzida, saber por antecipação (revelação?) das alterações e manipulações a serem praticadas após sua morte em seus escritos (Afinal, disse que apostasia ômega faria com que fosse escritos livros de uma novar ordem) e por reconhecer a limitação de alcance de seus escritos em comparação com a Bíblia. 5. Em relação à Divindade, Jesus é a revelação máxima, pois é o próprio Filho de Deus, que antes nos falava pelos profetas, mas, na plenitude dos tempos, falou-nos pelo Filho. Esses ensinos máximos do próprio Filho de Deus sobre a divindade, estão nos Evangelhos e no Apocalipse. 6. O profeta para ser tido como autoridade, não pode permitir a interferência de terceiros não inspirados, no conteúdo das revelações que teria recebido de Deus, nem produzir grande volume de material para ser impresso, copiando de terceiros e com a ajuda de outros escritores, para atender a uma demanda comercial, ou assenhorear-se dessa "revelação" de "múltiplas fontes" a ponto de cobrar direitos autorais por ela e reservá-lo com herança em testamento para seus filhos. Isso compromete a credibilidade do dom, uma vez que no passado, os profetas se recusavam a receber por aquilo que era feito pelo poder de Deus (Veja o caso de Geazi!) e nenhum dos autores bíblicos, por exemplo, exigiu participação nos direitos autorais da Bíblia para seus descendentes. Jeremias 23 aponta algumas práticas que desagradam a Deus no ministério profético:
7. Um profeta verdadeiro também não pode contradizer-se a si mesmo, sob pena de sua mensagem posterior e contraditória ser considerada apócrifa (falsamente atribuída a ele) ou falsa (não-inspirada) no mínimo. Em casos extremos, até a procedência divina de todas as suas mensagens pode ser colocada em dúvida. Afinal, a palavra do servo de Deus deve ser sim, se sim, ou não, se não, o que passar disto é de procedência maligna. Essa é a principal razão pela qual rejeitamos as citações favoráveis à trindade reunidas no livro Evangelismo. Elas destoam de centenas, talvez, milhares de outras passagens em que Ellen G. White sustenta a verdade bíblica de que há um só Deus, o Pai, e um só Senhor, Jesus cristo, Seu Filho unigênito, nosso Salvador. -- Robson Ramos |
Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com |