TRINDADE: Verdade Progressiva ou Mentira Introduzida?!
AS (DES)RAZÕES DE MARCOS DE BENEDICTO PARA CRER NA TRINDADE.
No artigo que escreveu na Revista Adventista de julho de 2007 em defesa do
dogma católico da trindade, o articulista, senhor Marcos de Benedicto,
editor de livros da Casa Publicadora Brasileira, reconhece algumas verdades
que a instituição que ele representa estava tentando esconder. Os editores
da literatura denominacional da IASD, estão, pela força das circunstâncias,
sendo obrigados a reconhecer publicamente que a IASD enfrenta uma séria
crise teológica, crise determinada exatamente pela imagem que ela vendeu de
si mesma para os seus membros. Em determinado momento, uma parcela mais
esclarecida de sua membresia leiga tomou conhecimento das mudanças
doutrinárias que a referida igreja promoveu em seu corpo de ensinos. Essas
mudanças doutrinárias foram tão significativas que os teólogos atuais da
referida instituição religiosa afirmam que hoje, não haveria lugar dentro
dela para os seus fundadores, Tiago White, Uriah Smith, John Loughborough,
John Andrews entre outros. Os teólogos que promoveram as mudanças no passado
e os que fazem a defesa das mudanças no presente, argumentam que a igreja em
questão caminhou progressivamente em direção à uma “verdade” que os seus
fundadores recusaram aceitar e contra a qual usaram toda a força de seu
intelecto. Estavam os fundadores da IASD errados no seu anti-trinitarianismo
ou erraram os teólogos que permitiram o ingresso do dogma trinitariano no
corpo de doutrinas da IASD? Qualquer que seja a resposta para essa pergunta,
ela colocará a IASD em uma situação delicada.
“IGREJA REMANESCENTE”
INICIADA COM UM ERRO DOUTRINÁRIO GRAVE OU “IGREJA REMANESCENTE” QUE SE
AFASTOU DA VERDADE?
Caso os fundadores da IASD tenham errado na sua idéia de Deus (para eles o
Dogma da Trindade era vinho de Babilônia), então como sustentar a idéia da
igreja verdadeira se no seu início, aquela que deveria levar ao mundo entre
outras coisas, os mandamentos de Deus, pecava justamente contra o primeiro
mandamento que diz “não terás outros deuses diante de mim”, quando os seus
fundadores rejeitavam o deus trindade com o argumento de que ele era uma
invenção demoníaca pregada e ensinada pela Igreja Católica? Se Deus é
trindade, então os fundadores da IASD e por conseqüência, a própria IASD,
rejeitaram no seu início, o próprio Deus. Os fundadores da referida igreja
fizeram com que ela nascesse sob o signo da inimizade contra Deus,
evidentemente, caso ele fosse trindade.
Se por outro lado os fundadores da IASD estivessem certos, e Deus não sendo
trindade, então aquela que supostamente um dia foi a igreja remanescente,
deixou de sê-lo. Concluímos então que ou a IASD nunca foi igreja
remanescente ou se um dia foi, hoje deixou de ser.
VERDADE PROGRESSIVA OU MENTIRA INTRODUZIDA?
O articulista Marcos de Benedicto afirma que a introdução do dogma
trinitariano no conjunto de doutrinas de sua igreja, foi o resultado do
caminhar da mesma em direção à uma suposta “verdade progressiva”. Mas como
neste caso a verdade pôde ser progressiva se ao invés dela lançar mais luz
sobre a fé dos pioneiros, ela fez justamente o contrário? “...a igreja
começou a mudar sua posição ainda no século 19, especialmente por influência
de Ellen White”. (de Benedicto). A chamada “verdade progressiva” à qual
o senhor Benedicto faz alusão, não clareou, não aperfeiçoou, não iluminou a
crença que os pioneiros tinham a respeito de Deus; a “verdade progressiva”
do senhor Benedicto eliminou, destruiu e ainda tornou herética a doutrina
sobre Deus defendida e ensinada pelos fundadores da IASD. O senhor Marcos de
Benedicto errou ao dizer que a mudança doutrinária ocorrida na Igreja
Adventista foi o resultado da progressividade da verdade. Se, como diz o
articulista em questão, os pioneiros adventistas estavam errados, crendo na
mentira, como é que então a verdade poderia ser progressiva, se a mesma nem
ao menos estava presente. Só pode haver progressividade na verdade se a
verdade estiver presente.
OS PIONEIROS ADVENTISTAS E O DOM PROFÉTICO DE UMA ELLEN WHITE TRINITARINA
Os modernos teólogos adventistas que defendem a trindade colocam
inadvertidamente, sob dúvidas, o dom profético de Ellen White. Segundo esses
teólogos, foi a profetisa do advento que conduziu os adventistas em direção
ao dogma católico da trindade. Se isso for verdade, então temos motivo mais
do que suficiente para descrer no dom profético da Sra. White. Nós podemos
seguramente descrer, pois temos a certeza que nem o seu marido, Tiago White,
um ferrenho anti-trinitariano, acreditava em seus ensinos. Se Ellen White
fosse profetisa verdadeira e os pioneiros acreditassem nisso, sob hipótese
alguma eles poderiam deixar de seguir os ensinos e as orientações vindas de
sua profetisa. Constitui-se numa declaração de falsa profetisa dizer que
fosse possível Tiago White ser um inimigo implacável da trindade romana ao
mesmo tempo em que sua mulher, Ellen White estava conduzindo a igreja para o
trinitarianismo. Se Ellen White era trinitariana seu marido tinha obrigação
de também ser, sob o risco de por em descrétido o dom profético de sua
mulher. Sabemos que todos os pioneiros citados pelo senhor Marcos de
Benedicto e ainda vários outros, sem falar no filho de Sra. White que morreu
muito tempo depois que sua mãe, levaram suas crenças anti-trinitarianas até
a sepultura. Essa verdade nos leva a duas conclusões inevitáveis: os
modernos teólogos adventistas estão mentindo e Ellen White nunca foi
trinitariana ou então ela era uma falsa profetisa que nem os seus líderes
contemporâneos de igreja, inclusive seu marido e filho, acreditavam no que
ela dizia.
1ª (des) razão para o senhor Marcos de Benedicto crer na trindade: “A
combinação dos nomes de Deus no plural com os verbos no singular sugere uma
unidade plural”.
O senhor Marcos de Benedicto afirma por ignorância ou má-fé que a palavra
hebraica Elohim seja um plural quantitativo e que por supostamente
expressar quantidade (deuses), ela seja um indicativo, uma sugestão, um
“evidenciamento” da pluralidade de pessoas em Deus. Se o senhor de Benedicto
tivesse tido a prudência de verificar o que o Comentário Bíblico Adventista
diz sobre o assunto, ele não teria escrito o que escreveu.
“Al
referirse a Dios, se usa el substantivo Elohim casi exclusivamente en el
plural. Algunos han entendido que aqui se deja traslucir la doctrina de la
Trindade. Fue Elohim quien dijo: ‘Hagamos al hombre a nuestra imagen,
conforma a nuestra semejanza.’ Este uso del plural sugiere ciertamente la
plenitud y las múltiples capacidades de los atributos divinos. Al miesmo
tiempo, el uso constante de la forma singular del verbo (disse Deus) recalca
la unidad de la Deidady constituye uma repreensión para el politeísmo”.
COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA DEL SÉPTIMO
DIA. Tomo I, pág. 180
Segundo o comentário teológico citado acima, a palavra hebraica Elohim
é sim uma forma plural, porém, não é um plural quantitativo e sim
qualitativo. A palavra não expressa quantidade e sim qualidade. E mesmo que
ela expressasse quantidade seria impossível definir que a quantidade em
questão fosse 3.
Segundo o já falecido professor de línguas bíblicas no seminário adventista
Pedro Apolinário,
“Elohim
inclui a plenitude da Divindade. ‘Seu uso no plural tem levado alguns a
quererem provar com ele a Doutrina da Trindade’. Sabemos que o plural nas
línguas semíticas servia como uma espécie de superlativo ou de intensidade.
Por exemplo a palavra céu aparecia sempre na forma plural par designar sua
majestade ou extensão. O mesmo que acontece com a palavra mar”. APOLINÁRIO,
PEDRO. Apostila sobre as testemunhas de Jeová e a exegese. São Paulo:
I.A.E, 1981, p. 62
Para o antigo professor de grego no Seminário Teológico Adventista, Elohim
não era uma forma plural quantitativa e sim qualitativa. O termo Elohim
usado para se referir a Deus, não tinha intenção de expressar quantidade de
pessoas em Deus e tão somente destacar as múltiplas capacidades do ser
divino. Outros estudiosos da língua grega fora do círculo adventista,
afirmam a mesma coisa em relação ao termo Elohim.
“A
palavra portuguesa (sic) Deus, que tem a mesma na língua latina, representa
alguns nomes da Bíblia, referentes ao criador. O termo que é de mais
freqüente uso é Elohim, que restritamente falando é uma forma do plural,
derivando-se provavelmente da palavra Eloah. Mas, embora seja plural, é
certo que, quando se refere ao único verdadeiro Deus, o verbo na oração, de
que Elohim é o sujeito e o nome predicativo vão quase invariavelmente para o
singular. (...) A causa deste estranho uso, de indicar Deus por meio de uma
forma do plural, não se acha determinada; mas pode provavelmente estar no
fato de ter algumas vezes o plural na língua hebraica um sentido intensivo”.
BUCKLAND, Rev. A.R. Dicionário Bíblico
Universal. Rio de Janeiro: Livros Evangélicos, 1957, 2ed. p. 225
“Embora seja
plural, podendo ser traduzida por ‘deuses’, essas palavra pode indicar o Ser
Supremo, sendo usado o plural para enobrecer a palavra, e não para que
pensemos no verdadeiro plural. A própria palavra é um plural de El e retém,
por isso mesmo, o sentido básico de ‘força’, ‘poder’. A presença desse nome,
na narrativa da criação (no plural), tem dado origem a interpretação
trinitariana da palavra; mas isso é uma cristianização da passagem, e não
uma verdadeira interpretação”. CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopédia da
Bíblia Teologia e Filosofia. São Paulo: Editora e Distribuidora Candeia,
1991, p. 109
Diante do que está exposto, afirmar que o termo Elohim seja uma palavra que
expressa mais de uma pessoa em Deus, só mesmo por ignorância ou má-fé.
2ª (des) razão para o senhor Marcos de Benedicto crer na trindade: “O uso do
pronome ‘nós’ em referência a Deus sugere a pluralidade na Divindade”.
O senhor de Benedicto afirma em seu artigo, que os verbos “façamos,
desçamos e confundamos” apresentam Deus usando de referências plurais
para falar de si mesmo. Essa idéia soa mais como um jogral composto por três
pessoas. Imaginem três deuses falando ao mesmo tempo: façamos, desçamos,
confundamos. Se fosse somente um Deus falando de si mesmo com referências
plurais, então as três pessoas em Deus seriam apenas máscaras deste Deus. Se
fossem três pessoas falando ao mesmo tempo, seriam então três deuses. Deus
que é único (no sentido de unidade), deu ao homem uma mente lógica. A idéia
louca de um Deus em três pessoas ou três pessoas em Deus, não cabe na mente
lógica do homem.
Caso o senhor Marcos de Benedicto cresse na Sra. White, rapidamente largaria
essa idéia mirabolante de uma divindade trina. Segundo a profetisa na qual
ele diz acreditar, não eram três pessoas em Deus ou um Deus em três pessoas
que usou o verbo façamos no plural, e sim, apenas a pessoa do Pai.
“Mas quando
Deus disse a seu Filho: ‘Façamos o homem à nossa imagem’, Satanás teve
ciúmes de Jesus (...). Ele desejou receber no céu a mais alta honra depois
de Deus” WHITE, Ellen G. Primeiros escritos. São Paulo: Casa
Publicadora Brasileira, 1988, p. 145
“Depois que
a Terra foi criada, com sua vida animal, o Pai e o Filho levaram seu
propósito, planejado antes da queda de Satanás, de fazer o homem à Sua
própria imagem. Eles tinham operado juntos na criação da Terra e de cada ser
vivente sobre ela. E agora disse Deus a seu Filho: ‘Façamos o homem à nossa
imagem’ “.WHITE, Ellen G. História da Redenção. Tatuí: Casa
Publicadora Brasileira, 1996, p. 20 – 21
Como está demonstrado, crendo o senhor Marcos de Benedicto em Ellen White,
tem por obrigação abandonar a idéia tola de um Deus falando em três pessoas
ou três pessoas falando em um Deus.
3ª (des) razão para o senhor Marco de Benedicto crer na trindade: “Os casos
em que aparecem múltiplos Elohim/Yahwehs no mesmo contexto sugerem a
existência de pluralidade na Divindade”.
O senhor Marco de Benedicto está absolutamente enganado na afirmação que
faz. O contexto que ele menciona não faz em nenhum momento qualquer
insinuação sobre pluralidade na Divindade. O termo Elohim servia tanto para
se referir ao Deus de Israel, como para qualquer divindade pagã ou ainda
mesmo anjos. Alguns homens inclusive foram chamados de Elohins. No contexto
é perfeitamente possível saber quando o termo Elohim se refere a Deus,
quando a um anjo, quando ao Anjo do Senhor e quando aos homens. No texto em
questão percebe-se claramente que o Anjo do Senhor, diante do qual Abraão se
ajoelhou, já havia se retirado para o céu (provavelmente) (Gênesis 18:33) e
que ficara na região apenas dois anjos e foram estes os que estiveram com Ló
em Sodoma (Gênesis 19:1). Nenhum dos anjos que estavam com Ló fizeram
qualquer pedido para que descesse fogo do céu sobre as cidades. O Anjo do
Senhor já não estava fisicamente presente; não havia nenhum Elohim/Yahweh
(Deus) presente fisicamente no local. Havia apenas dois anjos que tiraram Ló
e sua família das cidades impenitentes. O que o texto em questão mostra
claramente e que o Anjo do Senhor (já no céu provavelmente), faz descer fogo
do céu da parte do Senhor e as cidades são consumidas.
Marcos de Benedicto também cita Salmos 45:6 e 7, tentando mostrar
pluralidade na Divindade. O que o texto realmente mostra é a unção do Filho
de Deus por Deus. Inclusive Deus é também Deus do Ungido. Usasse a mesma
palavra para referir-se tanto a uma como a outra pessoa, mas Davi não tinha
nenhuma dúvida de quem era quem. Marcos de Benedicto também insinua que
Isaías 44:6 carrega um viés de pluralidade divina. O que o texto realmente
mostra é que temos um Redentor que está no final de todas as coisas. “Deus
amou o mundo de tal maneira que deu seu único Filho”, seu Ungido para nos
salvar. Os outros textos citados pelo senhor Marcos de Benedicto como textos
sugerindo pluralidade na Divindade, estão longe, mas muito longe da Doutrina
da Trindade. O que eles mostram é Deus providenciando salvação para o seu
povo, por intermédio do seu Ungido.
4ª (des) razão do senhor Marcos de Benedicto para crer na trindade:
“Referências a Deus usando verbos/modificadores no plural sugerem
pluralidade na Divindade”.
Neste ponto Marcos de Benedicto repete o mesmo erro que cometeu na 1ª (des)
razão para crer na trindade. O termo Elohim é plural não de quantidade, mas
de qualidade ou intensidade. Ele expressa não pluralidade de pessoas, mas as
múltiplas capacidades de Deus. Que tal imortalidade, onisciência,
onipotência e onipresença?
5ª (des) razão do senhor Marcos de Benedicto para crer na trindade: “A
existência do (Anjo) de Yahweh falando/agindo como Yahweh sugere pluralidade
na Divindade”.
Se o senhor Marcos de Benedicto aceitasse apenas o que está escrito, ele
então entenderia que o Anjo do Senhor é exatamente isto: Anjo do Senhor,
Enviado do Senhor, Ungido do Senhor, Filho do Senhor e não o próprio Senhor.
O senhor Marcos de Benedicto sabe que os dois são pessoas distintas, que são
duas pessoas. Insistir em afirmar que as duas são em todos os aspectos
Yahweh, é ser um autêntico politeísta. Deus de fato pôs em seu Anjo o seu
próprio nome, mas o Anjo do Senhor em nenhum momento deixou de ser submisso
ao seu Senhor. O Anjo do Senhor é o nosso Senhor; mas o Pai do Anjo do
Senhor é o nosso único Deus. O senhor Marcos de Benedicto não consegue
perceber que Moisés fora instruído a ser submisso ao Anjo, porque o nome de
Deus estava nele. A presença do Anjo do Senhor deveria ser entendida e
reverenciada como a presença do próprio Deus. “Guarda-te diante dele, e
ouve a sua voz, e não o provoques à ira, porque não perdoará a vossa
rebelião; porque o meu nome está nele”. Êxodo 23:21. Como disse o senhor
de Benedicto, “isso significa que o Anjo de Yahweh carrega a glória, o poder
e a reputação de Yahweh”. O que o senhor de Benedicto resiste em aceitar é
que o Anjo de Yahweh não é “um” Yahweh, caso ele o fosse, então Deus não
seria único. Se esse Anjo fosse um Yahweh em si mesmo, não precisaria
carregar a glória, o poder e a reputação de outro Yahweh. O que o senhor
Marcos de Benedicto tenta defender é uma re-interpretação do monoteísmo
judaico.
“A
fé cristã na Trindade Santíssima deverá assimilar, à sua maneira, a fé de
nossos Pais Abraão, Isaac, Jacó, Moisés e todos os profetas e sábios”.
BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade.
Petrópolis: Editora Vozes, 1987, p.30.
Quando o Cristianismo católico rompeu com o monoteísmo judeu, ele teve então
que desenvolver uma nova idéia de Deus, para à sua maneira, substituir o
Deus de Abraão, Isaac, Jacó, Moisés e de todos os profetas e sábios.
6ª (des) razão para o senhor Marcos de Benedicto crer na trindade: “A
palavra hebraica usada na Shema para descrever Deus como ‘um’ pode sugerir
complexidade na Divindade”.
“Ouve, Israel, o Senhor
nosso Deus é o único Senhor”. Deuteronômio 6:4.
Essa afirmação do Antigo Testamento revela de alguma forma qualquer traço
trinitariano? Absolutamente não! Como o próprio articulista da Revista
Adventista afirma, o termo echad pode ter vários significados, dependendo do
contexto. A “complexidade” que o senhor de Benedicto enxerga só passa a
ocorrer quando se tenta aplicar um único significado para o termo em
contextos diferentes. Dizer que echad em Gênesis (Adão e Eva), tem o
mesmo significado em Deuteronômio, é um absurdo pelos seguintes motivos:
a – A “unidade composta” em Gênesis não era é uma pessoa. A unidade de Adão
com Eva acontecia apenas no campo do ideal. Eles eram um apenas em
propósitos, desejos, ideais. Eles não formavam uma nova pessoa. A
“unidade” existia apenas no campo da abstração. Caso a suposta “unidade de
três pessoas divinas” fosse como a unidade de Adão com Eva (echad), o
Deus triúno não existiria de fato. Estaríamos diante de alguém cuja
existência ocorreria apenas e de forma abstrata na mente dos homens. O deus
trinitariano é simplesmente a negação de Deus como pessoa.
b – (Echad) quando aplicado a Deus expressa ao mesmo tempo
individualidade (um) e distinção (entre todas as divindades da antiguidade,
somente Jeová deveria ser o Deus dos judeus). “Hoje escolhei a quem
sirvais”. Moisés quis ensinar para os judeus que Deus é um (quantidade) e
único (qualidade) ao mesmo tempo.
c – Se Deus fosse uma trindade (três pessoas divinas), seria muito mais
fácil ser aceito pelos judeus em razão da contaminação politeísta a que
foram submetidos durante 430 anos no Egito; mas ao contrário, os judeus
levaram anos e anos para compreenderem que Jeová é um e único. Se Deus fosse
plural, bastaria ele se mostrar como tal. E já que o articulista da Revista
Adventista se atreveu a fazer uma tradução da Bíblia que reflete o seu
pensamento trinitariano, ouso também sugerir para os trinitarianos uma nova
tradução de alguns versos da Bíblia:
a – “Então falaram os deuses todas estas palavras, dizendo: Nós somos os
senhores teus deuses que te tiramos da terra do Egito, da casa da servidão.
Não terás outros deuses diante de nós”. Êxodo 20:1 a 3 em nova versão
trinitariana.
b – “Ouve, o Israel, os senhores nossos deuses são os únicos senhores”.
Deuteronômio 6:4 em nova versão trinitariana.
7ª (des) razão para o senhor Marcos de Benedicto para crer na trindade: “No
Novo Testamento, Jesus é apresentado como divino, o que sugere pelo menos
uma bi-unidade na Divindade”.
Sem querer o senhor Marcos de Benedicto mostra a sua falta de convicção na
crença trinitariana. Ele sugere em seu artigo a existência de “pelo menos
uma bi-unidade na divindade”. Ele não tem convicção para afirmar
categoricamente a existência de uma tri-unidade na divindade. Que existem
duas pessoas divinas a Bíblia é simplesmente claríssima. No céu existem
apenas dois tronos, o do Pai e o do Filho. Cristo afirmou que ele e o Pai
são um (não em pessoa). A Bíblia ensina que a nossa comunhão é com o Pai e
com seu Filho Jesus Cristo. São inúmeras as referências bíblicas a duas
pessoas divinas. O que a Bíblia não ensina é o que sugere o articulista em
questão: Um Cristo Deus, tanto quanto o Pai. É o Pai que tem a vida em si
mesmo e deu ao Filho também ter (João 5:25). Somente o Pai habita na luz
inacessível e possui a imortalidade (I Timóteo 6:16). Cristo existia no céu
em forma de Deus, porque nele habitava plenamente toda a plenitude da
divindade, só que para a plenitude habitar nele, ela teve que vir de fora
pela vontade do Pai.
Na sua 7ª (des) razão, o senhor de Benedicto afirma que no Novo Testamento
Jesus é apresentado como divino, mas na mesma condição de Deus, o Pai. Sem
entrar no mérito da questão simplesmente por falta de tempo, vou apenas
transcrever o trecho de um livro da maior autoridade mundial em texto
bíblico.
“Os
primeiros dezoito versículos de João são, as vezes, chamados de seu prólogo.
É ali que João fala do ‘Verbo de Deus’ que estava no ‘princípio com Deus’ e
que ‘era Deus (versículos 1-3). Esse Verbo de Deus fez com que todas as
coisas existissem. E é, ainda, o modo de Deus se comunicar com o mundo; o
Verbo é como Deus se manifesta a si mesmo aos outros. E, a certa altura,
ficamos sabendo que o ‘Verbo se tornou carne e passou a habitar entre nós’.
Em outras palavras, o próprio Verbo Verbo de Deus se tornou um ser humano
(versículo 14. Esse ser humano era ‘Jesus Cristo’ (versículo 17). Segundo
esse modo de ver as coisas, Jesus Cristo, portanto, representa a
‘encarnação’ do próprio Verbo de Deus, que estava com Deus desde o princípio
e que era Deus, por meio do qual Deus fez todas as coisas.
O prólogo se encerra com algumas palavras surpreendentes, que
nos chegam de duas formas variantes: ‘Ninguém jamais viu a Deus, exceto o
Filho único / o Deus único que está no seio do Pai, aquele que o torna
conhecido’ (versículo 18). O problema textual está na identificação de quem
é esse’ único’. Deve ser ele identificado com o ‘Deu único no seio do Pai’
ou com como o’ Filho único no seio do Pai’? È preciso reconhecer que a
primeira variante é aquela que se encontra nos manuscritos mais antigos e
que geralmente é considerada a melhor – os manuscritos da família textual
alexandrina. Mas o que surpreende é ver que ela raramente é encontrada em
manuscritos não associados com Alexandria. Será que ela pode ser uma
variante textual criada por um copista em Alexandria e ali popularizada? Se
assim for, estaria explicado por que a esmagadora maioria dos manuscritos de
outros lugares traz a outra variante, na qual Jesus não é chamado o Deus
único, mas o Filho único.
Há outras razões para pensar que a última variante é, de
fato, a correta. O Evangelho de João usa a expressão ‘o Filho único’
(algumas vezes traduzida erradamente como o ‘Filho primogênito’) em várias
outras ocasiões (João 3,16.18); em nenhum lugar ele se refere a Cristo como
‘o Deus único’. Além do mais, o que significaria chamar Cristo assim? O
termo único em grego significa ‘da mesma espécie’. Só pode haver um que é da
mesma espécie. O termo Deus único deve fazer referência ao próprio Deus Pai
– de outro modo, ele deixa de ser único. Mas se o termo se refere ao Pai,
como pode ser utilizado para o Filho? Visto que a frase mais comum (e
compreensível) no Evangelho de João é ‘o Filho único’, parece que esse era o
texto originalmente escrito por João em 1,18. Trata-se de uma visão
altamente elevada de Cristo – ele é o ‘Filho único que está no seio do Pai’.
E é o único que explica Deus a todos os demais.
Parece, porém, que alguns copistas –
possivelmente radicados em Alexandria – ainda não estavam contentes com essa
visão exaltada de Cristo e, por isso, a exaltaram ainda mais, transformando
o texto. Desse modo, Cristo deixa de ser simplesmente o Filho único de Deus
e passa a ser ele próprio, o Deus único!”
EHRMAN, D. Bart. O que Jesus disse? O que Jesus não disse? Quem mudou a
Bíblia e por quê. São Paulo: Prestígio, 2006, p. 171,172.
O autor do texto citado acima também afirma e dá detalhes das alterações que
foram feitas no texto bíblico pelo Cristianismo católico com o objetivo de
construir um Cristo trinitariamente divino, diferente do Cristo das antigas
profecias judaicas, o Cristo Filho de Deus.
Marcos de Benedicto comete ainda mais um grave erro de interpretação quando
não consegue compreender qual o significada da expressão “Filho de Deus”
usada por Cristo e pelos escritores autógrafos do Novo Testamento. Quando
Cristo disse “sou Filho de Deus”, diferentemente dos trinitarianos antigos e
atuais, os judeus que ouviram essas palavras as compreenderam num sentido
literal. Para os judeus que ouviram Cristo dizer que ele era Filho de Deus,
as palavras suas palavras não foram entendidas como metáfora, mas como uma
expressão que para eles era uma heresia. Se Cristo estava afirmando que ele
era Filho de Deus, então ele reivindicava para si mesmo a condição de ser
divino. Se era Filho de Deus, então deveria ser encarado como pertencente a
categoria de ser divino. Os judeus entenderam que Jesus Cristo estava
puxando para si, a condição de divino. O raciocínio dos judeus era simples e
claro: Se era Filho de Deus, também era Deus; pois filho de peixe, peixe é.
Porém, Cristo nunca afirmou que ele era Deus, quer sendo membro de uma
trindade ou individualmente. Ele sempre dissera que era Filho de Deus.
Existe diferença entre ser Deus e Filho de Deus? Existe sim muita diferença.
Deus é o ser absoluto, sempre esteve acima do tempo, dentro dele e fora
dele. Deus é imortal e habita na luz inacessível; Deus é a fonte da vida e o
único que concedeu a Cristo também ter a vida em si mesmo; Deus é o autor da
lei e único autor da lei, cuja lei seu próprio Filho também obedeceu; Deus é
o que perdoa e o único que pôde conceder a Cristo o poder para também
perdoar pecados; Deus é o que nos ama e esse amor está escondido em seu
Filho Jesus Cristo. Quando comparamos Cristo com o Pai, vemos a todo tempo o
poder, a glória, a honra sempre partindo do Pai em direção ao Filho e nunca
o contrário. Em nenhum momento os dois são colocados em pé de igualdade. O
Filho se ajoelha diante do Pai, e nunca o contrário. O Pai é Deus do Filho e
nunca o contrário. O Filho ensinou que sempre devemos orar ao Pai e nunca
para si mesmo. Foi Deus que amou o mundo e deu seu Filho único para morrer
pelos nossos pecados. Se o Pai tivesse outra meio para resgatar o mundo, o
Filho teria preferido outro caminho que não o da cruz. Cristo é divino, é
Filho de Deus, não está em pé de igualdade com Deus, nem acima de Deus.
Cristo esteve, está e sempre estará em situação de submissão ao seu Pai.
“Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos seus pés. Mas, quando diz que
todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele
que lhe sujeitou todas as coisas. E, quando todas as coisas lhe estiverem
sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas
lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos”. I Coríntios 15:27 e 28
8ª (des) razão para o senhor Marco de Benedicto crer na trindade: “No Novo
Testamento, Jesus é adorado como Deus, o que sugere uma reinterpretação do
monoteísmo judaico”.
Querer “reinterpretar” o monoteísmo judaico é o mesmo que dizer que ele
estava errado e por isso necessita de uma reinterpretação. É o mesmo que
dizer que a Revelação está errada. No Novo Testamento Jesus é adorado, da
mesma maneira que no Antigo Testamento o Anjo de Jeová era adorado. Fora
Jeová quem colocara seu nome no seu Anjo e por isso, ele poderia e deveria
ser adorado. Mas, mesmo adorando o Anjo de Jeová, Moisés principalmente
nunca perdera de vista quem era o único Deus e quem era o Anjo de Jeová. O
Novo Testamento nos ensina a adorar a Jesus, mas também nos ensina que
quando prestamos adoração a Jesus, em última análise, quem está sendo
exaltado é a pessoa do Pai. “Pelo que também Deus o exaltou
soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome. Para que ao nome
de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e
debaixo da terra; E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para
a glória de Deus Pai”. Precisamos de maior clareza para percebermos quem
é o Pai e quem é o Filho?
9ª (des) razão para o senhor Marcos de Benedicto crer na trindade: “O
Espírito Santo é apresentado na Bíblia como um agente inteligente e distinto
de Deus, o que sugere a existência de uma terceira pessoa na Divindade”.
O senhor Marcos de Benedicto faz uma afirmação vazia de sentido. Tão vazia
que foi incapaz de oferecer um único verso bíblico que pudesse provar dentro
do seu contexto nas Escrituras que o suposto espírito pudesse ser “um agente
inteligente e distinto de Deus”. O que ele apresentou são apenas suposições
baseadas em interpretações livres das Escrituras Sagradas bem ao gosto dos
trinitarianos.
Na Bíblia, o espírito santo é o espírito de Deus, o espírito com o qual
Cristo foi ungido para evangelizar. “O Espírito do Senhor é sobre mim,
pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os
quebrantados do coração...”. Lucas 4:18”. O Espírito é do Senhor e não
Senhor Espírito. Deus e Cristo são inúmeras vezes chamados se Senhor.
Quantas vezes o Espírito Santo é chamado de Senhor Espírito Santo? Nenhuma!
Ouso dizer.
10ª (des) razão para o senhor Marcos de Benedicto crer na trindade: “As
fórmulas triádicas sugerem a tri-unidade da Divindade”.
Caso os autores do texto bíblico quisessem ensinar o dogma trinitariano,
eles não apenas “sugerido” de passagem o tal dogma. Eles não tinham nenhum
motivo para não serem explícitos na questão. Os textos que o senhor Marcos
de Benedicto cita em apoio à uma possível “sugestão” do dogma trinitario,
nem de longe sugerem tal coisa. O primeiro texto citado pelo autor do artigo
na Revista Adventista, é o famoso Mateus 28:18 e 19. Logo no verso 18 já
posta no chão qualquer tentativa de “trinitarizar” esse grupo de versículos.
No verso 18 Cristo afirma que todo o poder lhe fora dado no céu e na terra.
Como é que um ser divino (na versão trinitariana), precisaria receber de
fora todo o poder? Se todo o poder fora dado a Cristo, então é desmontada no
verso 18 qualquer tentativa de enxergar a trindade no verso 19. E ainda
mais, por que insistir em provar a trindade usando um versículo tão
controverso? As chances de Mateus 28:19 ter sido um acréscimo tardio ao
texto bíblico, são das mais sérias possíveis; e mesmo que não seja um
acréscimo tardio, certamente Deus terá mais misericórdia dos unitaristas
caso estejam errados, do que dos trinitarianos, caso sejam eles os errados.
O trinitarianismo no máximo, é apenas vagamente “sugerido” nas escrituras;
ao contrário, o unitarismo é explicitamente apresentado.
O segundo verso citado pelo articulista da Revista Adventista é I Coríntios
12:4 a 6. No verso 4 é nos dito apenas que todos os dons vem de um único
espírito. No verso 5 é nos dito que apesar dos dons/ministérios serem
diferentes, o Senhor é o mesmo. No verso 6 é identificado que Deus é o
Espírito que opera tudo em todos. No verso 27 o apóstolo identifica a igreja
como corpo de Cristo e no 28 por fim, Paulo deixa bem claro que é Deus que
põe cada um na sua função dentro da igreja, que antes o apóstolo já tinha
definido como o corpo místico de Cristo. Em todo o capítulo onde o senhor
Marcos de Benedicto enxergou o trinitarianismo o que vemos é a pessoa de
Deus, do Pai agindo com o seu Espírito para dotar a igreja, corpo de Cristo,
para a sua missão de evangelização do mundo.
No terceiro verso que o senhor Marcos de Benedicto apresenta como
supostamente trinitariano (Romanos 15:30), vemos, muito pelo contrário, uma
autentica pregação anti-trinitariana. Paulo está pedindo em nome de Jesus,
que os cristão romanos se lembrem dele, apóstolo, quando orarem a Deus.
Paulo tinha em mente a plena certeza que o seu sucesso dependia de Deus
realizar nele e através dele a obra. Por isso, Paulo pediu aos romanos em
nome de Jesus que não se esquecessem dele nas suas orações. Se Deus fosse
uma trindade de pessoas iguais em todos os aspectos dos atributos divinos,
então não teria sentido ter o acesso a uma pessoa, o Pai, sempre por
intermédio do Filho. Quero ainda lembrar que o acesso ao Pai é sempre feito
por meio do Filho e que para irmos ao Filho, pelo menos nas orações, não
precisamos de nenhum intermediário. O acesso ao Pai não pode ser direto, mas
ao Filho pode. São iguais o Pai e o Filho?
No quarto verso citado pelo referido articulista (II Coríntios 1:21 e 22) o
que também vemos é o controle absoluto do Pai sobre todas as coisas. Paulo
afirma categoricamente que Cristo é a realização/efetivação de todas as
promessas de Deus. Deus confirmava em Cristo a união de Paulo com os
coríntios, além de tê-los ungido com o Espírito Santo, não como pessoa, mas
como Espírito de Deus.
No quinto verso citado na Revista Adventista como sugestão efêmera de uma
suposta trindade (II Coríntios 13:13), nos vemos apenas que a graça veio por
Cristo por que Deus nos amou e nos fez pelo seu Espírito Santo termos
comunhão uns com os outros e com seu Filho.
Se houvesse uma terceira pessoa responsável por nossa comunhão com Deus e
com Cristo, João, o discípulo amado jamais teria escrito: “...Nossa comunhão
é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo”. I João 1:3
Os outros textos citados no artigo da Revista Adventista, somente com uma
dose elevada de criatividade tendenciosa poderiam ser vistos como prova de
alguma idéia trinitariana.
O DEUS SOCIAL DO FREI LEONARDO BOFF ASSUMIDO PELOS ADVENTISTAS
Não poderia deixar de concluir este artigo sem antes dedicar algumas
palavras à idéia de Deus como “uma sociedade de amor”. Como Marcos de
Benedicto esclarece em seu artigo, essa idéia pertence a um frei católico,
Leonardo Boff. Esse frei, punido pela Congregação para a Doutrina da Fé,
nome moderno para o Tribunal da Inquisição, foi durante muito tempo um dos
defensores da Teologia da Libertação. Leonardo Boff, a partir do dogma
trinitariano, da suposta igualdade das pessoas divinas, desenvolveu uma tese
que colocava em cheque toda autoridade centralizadora, inclusive a do
próprio papa. Segundo Boff, as três pessoas divinas ao compartilharem
poderes iguais, sem competição, submissão ou hierarquia, deveriam ser
exemplos para a organização da sociedade. Pregando essa visão sobre a
trindade como exemplo para uma nova organização da sociedade, Boff foi
considerado um subversivo para o catolicismo, que é altamente centralizador.
Com base na sua idéia particular sobre a trindade, Leonardo Boff questionou
todas as autoridades, inclusive a do líder maior do catolicismo, o papa.
Boff foi proibido de lecionar e escrever passando algum tempo no ostracismo.
Marcos de Benedicto colocou apenas parcialmente as mãos nas idéias de
Leonardo Boff; se tivesse colocado em pouco mais, estaria hoje questionando
todas as suas autoridades superiores.
Mas o que Marcos de Benedicto tomou emprestado de Leonardo Boff, já mostra
claramente como é que os trinitarianos têm que enxergar a Deus: como uma
“sociedade de amor”. Mesmo sendo de amor, não deixa de ser apenas uma
sociedade, e, sociedade não é pessoa. Caso essa “sociedade” seja uma pessoa,
então os trinitarianos não têm apenas três pessoas, mas quatro: as já três
pessoas conhecidas e mais a quarta pessoa, resultado da união das três
primeiras. Triteístas os trinitarianos já são, só falta entenderem que são
também quarteístas.
As três pessoas divinas não são separadas e concorrentes, mas são divinas e
se são divinas, devem possuir em si mesmas os atributos da Divindade. O
trinitariano diz que Jesus é Deus, que o Pai e Deus e que o Espírito Santo é
Deus. Para alguém ser Deus, ele precisa necessariamente dos atributos
divinos: imortalidade, onisciência, onipotência e onipresença. Ou cada uma
das pessoas divinas possua em si mesma e individualmente esses atributos e,
portanto temos três Deuses (triteísmo), ou a Divindade seja a dona efetiva
dos poderes divinos e as pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo, são apenas
manifestações da divindade. A divindade inclusive já aparece no texto do
senhor de Benedicto como uma pessoa, quanto ele a menciona com inicial
maiúscula: Divindade. Ouso então perguntar ao senhor Marcos de Benedicto: A
divindade é composta por três pessoas divinas ou as três pessoas divinas são
manifestações da divindade? Se a divindade for o resultado da união das três
pessoas divinas, então ela é apenas uma “sociedade”, não existe de fato; a
sua existência é apenas abstrata. Se as três pessoas divinas for apenas
manifestação da divindade, então quem não existe de fato são as três pessoas
divinas; elas são apenas manifestações da divindade, ou melhor, são as três
máscaras que a divindade usa para falar com o homem.
Paradoxo divino ou loucura humana?
Segundo o senhor Marcos de Benedicto “é correto, portanto, adotar o paradoxo
bíblico de um Deus singular e plural, uno e triúno”. Dizer de Deus tal
absurdo é o mesmo que dizer que ele é e não é. O articulista da Revista
Adventista afirma que “querer raciocinar abstratamente sobre o ser de Deus,
independente da sua revelação, é quase um ato de incredulidade e presunção”.
Quem é que raciocina abstratamente sobre o ser de Deus? Os trinitarianos ou
os unitarianos? Quem é que usa a abstração para dizer que Deus é uno e
triúno ao mesmo tempo? Quem é que usa a abstração para dizer que Deus não é
complicado, mas complexo? Quem é que tenta explicar Deus, independente da
Revelação? Quem é que o tempo todo tentou explicar Deus?
Depois de ter tentado explicar Deus e não ter conseguido; depois de ter se
perdido no emaranhado de pensamentos confusos e contraditórios, o
articulista da Revista Adventista não teve outra saída senão afirmar: o deus
triúno é “complexo demais para ser entendido e explicado pela mente humana
infinita”. Se ele é complexo demais e a mente humana finita, porque então
tentar explicá-lo?
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