Muçulmanos e Judeus Aproximam-se do Adventismo*

Vanessa Candia (*Recebido pela internet e publicado sem consulta a autora.)

Engenheiro Coelho, SP (Abrajor/Diário do Campus) - O mundo observa com espanto e expectativa a possibilidade de judeus e muçulmanos viverem um dia em harmonia. Argumenta-se que o pano de fundo de tantos conflitos e guerrilhas é a religião, extraída de seu real objetivo de manter a paz e união entre nações. Ao mesmo tempo em que muçulmanos e judeus sentem necessidade de mudanças, o estabelecimento de relações amigáveis torna-se complexo, pois envolve quebra de costumes e tradições.

Para compreender melhor esta dificuldade, basta saber o que acontece com o muçulmano ao abandonar sua crença. Aparentemente ele se torna diferente no modo de vestir e isso o condena perante a sociedade. Como conseqüência, ele deve ser morto pelo pai ou por um parente mais próximo. Mas não há necessidade de abandonar completamente os costumes culturais para viver uma religião genuína.

Em São Paulo, por exemplo, os islâmicos podem freqüentar a Casa de Oração da Comunidade Árabe Aberta, sob responsabilidade do pastor adventista Assad Bechara.

Pessoas de outras etnias também freqüentam a comunidade, como um xeique judeu e outro católico. Isso mostra que a religião pode unir povos de diferentes culturas.

Entre os membros assíduos, há um ex-combatente do Irã. No início, ele estranhou a existência de cadeiras e a maneira de louvar, mas por fim acostumou-se. Atualmente, comparando com outras mesquitas, o ex-combatente se sente bem melhor.

Costume islâmico

Toda a cerimônia se realiza em acordo com o costume islâmico. Os membros tiram o sapato ao entrar na mesquita, simbolizando respeito. Sentam e fazem suas orações em tapetes. Antes das orações, lavam os pés e antebraços. Logo depois, recitam versos do Alcorão em árabe. A escolha dos versículos é feita de acordo com temas compatíveis à Bíblia.

Neste trabalho de evangelização, os cristãos usam a contextualização, utilizando o Alcorão para mostrar a verdade bíblica. Segundo Bechara, já foram encontradas 27 doutrinas bíblicas dentro do Alcorão.

Segundo o islamismo, não é necessário ter uma religião para ganhar o céu. Para eles, basta ser um bom cristão ou um bom judeu. Não é preciso temer o juízo, pois o importante é obedecer à vontade de Alá.

O trabalho de evangelização da Igreja Adventista com islâmicos não se limita somente ao Brasil. Na Ásia, há uma mesquita com cinco mil membros. Os responsáveis por esse grupo utilizam o mesmo processo de contextualização usado no Brasil. Os membros dessa comunidade foram evangelizados e respeitados sem contudo abandonar costumes que os denunciariam como ex-islâmicos, algo que poderia custar a própria vida.

No dia 16 de junho deste ano, a Comunidade Árabe Aberta foi incluída no Ciaci (Conselho Internacional de Aproximação Cristã-Islâmica), com sede na Unisa (Universidade de Santo Amaro). O grupo mantém excelente relação com islâmicos de outras comunidades. Esteve presente na cerimônia de instalação do Ciaci Samir Al Haiek, um dos maiores teólogos islâmicos.

Evangelismo aos judeus

Com o mesmo respeito aos costumes e tradições judaicas, o pastor adventista Reinaldo Siqueira fundou o Templo Judaico-Adventista. Com sede em São Paulo, o Templo funciona desde 1999. Num trabalho de evangelização, semelhante ao realizado com islâmicos, a Igreja Adventista trata as variadas etnias sem repressões e violências, mas com liberdade e respeito.

Atualmente, o Templo Judaico-Adventista encontra-se em quatro cidades, além de São Paulo, a saber, Campinas, Sorocaba, Rio de Janeiro e Curitiba, totalizando 120 membros. Os cultos são feitos dentro dos costumes judaicos, principalmente às sextas e aos sábados. No pôr-do-sol de sexta, efetua-se o Qabalat Shabat, ou Recepção do Sábado.

Salmos e hinos são cantados em hebraico e português. Os momentos de oração são feitos de várias formas. Destaca-se o Shemá, no qual os membros fazem leitura de trechos do livro de Deuteronômio. Logo após vem a Amida, ou Oração Silenciosa.

Terminado o momento de oração, os membros lêem excertos do Novo Testamento. Comparam versos do Antigo Testamento comprovando e ensinando a messianidade de Cristo. Mostram, através de costumes retratados no texto bíblico, que Jesus era judeu.

Com o término do culto todos participam do kidush. Uma confraternização em que compartilham algum alimento, geralmente pão e vinho, representando as bênçãos de Deus. Para o judeu, o kidush é algo muito importante. Comer junto com outra pessoa significa amizade. Quando um membro convida outro para almoçar, isso significa que ele quer oferecer a sua amizade. Negar esse tipo convite é fechar as portas para relações cordiais.

Também faz parte do culto a leitura do Pentateuco, um rolo de couro escrito à mão com os cinco primeiros livros da Bíblia - Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Enquanto o livro é passado de mão em mão, a congregação canta, demonstrando total respeito. Para finalizar, todos são convidados para uma confraternização.

Festas judaicas

Algumas das antigas festas judaicas são lembradas e comemoradas. Os membros do Templo Judaico-Adventista comemoram a Páscoa, o Pentecostes (Chag Ha Shavuot), a Festa da Expiação e a Festa dos Tabernáculos. De acordo com o calendário judaico, comemora-se o Ano Novo no dia 6 de setembro. Para eles, o ano 2002 equivale ao ano de 5763.

Durante a festa de Ano Novo o número de visitas aumenta. Na última comemoração, cerca de cem pessoas visitaram o Templo, na sua maioria, judeus.

Todavia, o objetivo da Comunidade Árabe Aberta e do Templo Judaico-Adventista, é quebrar barreiras que ao longo da história criou-se em torno desta nação. Muitos não têm conhecimento da enorme contribuição deles para a humanidade e sua vital importância como instrumentos culturais e religiosos. Assim, as comunidades permitem uma convivência maior entre cristãos e judeus.

Serviço:

Endereços dos templos judaico-adventistas

  • São Paulo - Rua Marinque, 61 - Vila Mariana. Sexta - 19h. Sábado - 9h.
  • Campinas - Rua Espanha, 260 - Bonfim. Sexta - 19h.
  • Rio de Janeiro - Rua Dezenove de Fevereiro, 140, esquina com Mena Barreto. Auditório do Centro Médico

Comunidade Árabe Aberta

  • São Paulo - Rua Coronel Lisboa, 532 - Vila Mariana. Domingo - 19h. Quarta e sexta - 20h. Sábado - 9h30.

Leia também:

Retornar

Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com